SERRA,
Astolfo
*religioso; rev. 1930; interv. MA 1931.
Astolfo do Barros Serra
nasceu na vila de Matinha, atual município de Matinha (MA), no dia 22 de maio
de 1900, filho do professor Joaquim Inácio Serra e de Judite de Barro Serra.
Fez
o primário e o ginásio em São Luís e estudou depois no Seminário de Santo
Antônio, pelo qual se formou em ciências eclesiásticas.
Ordenou-se
padre secular em março de 1925, tornando-se vigário de Mirador, no sertão
maranhense. Aí fez contato com a Coluna Prestes, movimento formado em abril de
1925 e que, sob a liderança de Luís Carlos Prestes e de Miguel Costa, percorreu
o interior do país até internar-se na Bolívia, em fevereiro de 1927, e no
Paraguai, em março seguinte. Transferido para Flores (PI), Astolfo Serra fez
propaganda revolucionária e, estabelecendo-se em Teresina, ajudou a organizar o
Partido Democrático. Na ocasião já se dedicava às atividades jornalísticas.
Tornou-se posteriormente fiscal do ensino secundário do Ginásio Maranhense e
diretor da Junta Comercial do Maranhão.
A
partir de 1929 militou na Aliança Liberal. Participou da Revolução de 1930, o
que lhe valeu a nomeação para interventor federal no Maranhão pelo Governo
Provisório de Getúlio Vargas, que tentava mediar a luta pelo poder no estado.
Empossado no dia 9 de janeiro de 1931, em substituição ao major José Luso
Torres, mandou prender elementos oposicionistas sob a acusação de serem
comunistas e agitadores, criando dessa forma um clima de instabilidade na
política estadual. Em maio renunciou aos votos eclesiásticos e em julho foi
suspenso de suas ordens pelo arcebispo do Maranhão, dom Otaviano Pareira de
Albuquerque, que se opunha a seu governo. Em agosto transmitiu a interventoria
ao comandante do 24º Batalhão de Caçadores, tenente-coronel Joaquim Guadie de
Aquino Correia, que ficaria no cargo até a escolha do novo interventor. Logo
que assumiu, o militar libertou os adversários políticos de Astolfo Serra, que
imediatamente atacaram a tiros a casa em que se encontrava, sendo por isso
novamente presos.
Durante
o Estado Novo (1937-1945) mudou-se para o Rio de Janeiro, então Distrito
Federal, onde foi nomeado em 1942 diretor do Departamento de Turismo e
Publicidade da Estrada de Ferro Central do Brasil. Após a redemocratização do
país, foi diretor do Departamento Nacional do Trabalho, de fevereiro a novembro
de 1946, e presidente da Comissão Técnica de Orientação Sindical do Ministério
do Trabalho, Indústria e Comércio, de fevereiro e setembro do mesmo ano, além
de exercer, interinamente, a presidência da Comissão de Imposto Sindical desse
órgão. Foi também presidente da Comissão de Enquadramento Sindical, no mesmo
ministério, e membro da Comissão Permanente de Direito Social, onde ficou até
1947. Em 1949 foi nomeado ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), do
qual foi presidente em 1964. Em 1966 tornou-se corregedor-geral da Justiça do
Trabalho.
Jornalista,
escreveu nos periódicos maranhenses Folha do Povo, Pátria, Combate, Pacotilha,
Tribuna e Notícia, do qual era proprietário, além de ter colaborado nos
principais jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo, com artigos sobre
história, sociologia e geografia humana. Pertenceu à Academia Maranhense de
Letras e ao Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 19 de fevereiro de 1978.
Publicou os livros Gleba que canta (poesia, 1927), Profetas
de fogo (poesia, 1928), Terra enfeitada e rica (1941), Caxias e seu governo
civil na província do Maranhão (1943), A vida simples de um professor de aldeia
(biografia, 1944), A vida vale um sorriso (1945), Guia histórico e sentimental
de São Luís do Maranhão (1965), A balaiada (história, 1966), Aspectos de uma
campanha, Noventa dias de governo, Argila iluminada (poesias), Manipueira
(poesias), Caricatura de uma campanha política, Depoimentos para a história
política do Maranhão e Vértice (filosofia).
FONTES: ARQ.
OSVALDO ARANHA; COUTINHO, A. Brasil; Grande encic. Delta; HIRSCHOWICZ, E.
Contemporâneos; Jornal do Brasil (21/2/78); MEIRELES, M. História; MENESES, R.
Dic.; PEIXOTO, A. Getúlio; POPPINO, R. Federal; VELHO SOBRINHO, J. Dic.