BARRETO,
João Carlos
*militar; ch. Depto. Prod. e Obras Ex. 1958-1960; ch.
EMFA 1960-1961.
João Carlos Barreto nasceu em Fortaleza no dia 2 de junho de 1895, filho de
Antônio Carlos Barreto e de Tecla da Mota Barreto.
Iniciou seus estudos num colégio particular de sua cidade
natal, cursando de 1906 à 1910 o Colégio São Bento no Rio de Janeiro, então
Distrito Federal. Sentou praça em março de 1912 ao ingressar na Escola Militar
do Realengo, também na capital federal, sendo declarado aspirante-a-oficial em
janeiro de 1915. Promovido a segundo-tenente em agosto do ano seguinte e a
primeiro-tenente em fevereiro de 1918, fez curso de aperfeiçoamento na Escola
de Artilharia e Engenharia do Exército, que concluiu em 1918, e na Escola
Politécnica do Rio de Janeiro, pela qual se diplomou engenheiro geógrafo e
civil em 1920.
Promovido
a capitão em agosto de 1921, dirigiu de maio de 1922 a janeiro do ano seguinte o Serviço de Geodésia do Exército. Em 1927 formou-se engenheiro
mecânico-eletricista pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro e, após a
Revolução de 1930, serviu de outubro a novembro desse ano como
oficial-de-gabinete do general Augusto Tasso Fragoso, presidente da junta
governativa que substituiu no poder o presidente Washington Luís.
Promovido a major em outubro de 1931 comandou de maio de 1932 a dezembro de 1933 o 7º Grupo de Artilharia de Costa, em Niterói, então capital do estado do Rio
de Janeiro, exercendo em seguida o comando do 6º Grupo de Artilharia de Costa,
no Distrito Federal, de janeiro a março de 1934. Ainda em 1934 concluiu o curso
da Escola de Arma e, no ano seguinte, o do Centro de Instrução de Artilharia da
Costa, ambos no Rio de Janeiro. De janeiro de 1935 a janeiro de 1937 comandou o 3º Grupo de Artilharia de Costa, também no Distrito Federal, sendo
nesse ínterim promovido a tenente-coronel em dezembro de 1936.
Cursou em seguida a Escola de Estado-Maior do Exército,
formando-se em 1939. Em maio de 1941 alcançou a patente de coronel, assumindo
em outubro desse ano a chefia do estado-maior da 7ª Região Militar (7ª RM),
sediada em Pernambuco, onde permaneceu até novembro de 1942. De volta ao Rio de
Janeiro, foi diretor de estudos e comandante da Escola Técnica do Exército,
atual Instituto Militar do Exército (IME), de janeiro a agosto de 1943, mês em
que foi designado para substituir o general Júlio Caetano Horta Barbosa na
presidência do Conselho Nacional do Petróleo (CNP). Nessa data tornou-se também
presidente da comissão executiva e do conselho pleno do órgão e membro do
Conselho Nacional de Combustíveis e Lubrificantes, cargos para os quais foi
reconduzido em 1945.
Sua
gestão à frente do CNP coincidiu com o início de um progressivo esvaziamento do
órgão. Criado para definir e controlar a política oficial relativa ao petróleo
em consonância com o poder de decisão do presidente Getúlio Vargas (1930-1945),
adepto de soluções nacionalistas e do monopólio estatal do setor, o CNP
começou, em 1945, a orientar-se de acordo com os interesses dos empresários
privados. Essa reorientação concretizou-se, essencialmente, na tentativa de
abertura, aprofundada durante o governo do presidente Eurico Dutra (1947-1951),
do setor petrolífero ao capital privado, em especial na proposta, formulada
pelo CNP, de atração de recursos externos para o financiamento e a
industrialização do petróleo brasileiro. A tese do monopólio estatal, porém,
acabaria por se impor com a criação da Petrobras em 1953, durante o segundo
governo de Vargas (1951-1954).
Promovido a general-de-brigada em maio de 1946, presidiu de 1948 a 1949 a Comissão de Combustíveis da Comissão Mista Brasileiro-Americana de Estudos Econômicos
e, em abril de 1951, deixou a presidência do CNP. Elevado à patente de
general-de-divisão em agosto de 1952, exerceu de janeiro de 1953 a dezembro do ano seguinte o comando da 7ª RM, que deixou para assumir, em janeiro de 1955, o
cargo de diretor-geral do Ensino do Exército, ocupando-o até fevereiro de 1956.
De agosto a setembro desse ano exerceu interinamente a função de ministro do
Superior Tribunal Militar (STM).
Em
dezembro de 1958 assumiu a chefia do Departamento de Produção e Obras do
Exército, atual Departamento de Engenharia e Comunicações, em substituição ao
general Ângelo Mendes de Morais. Transferiu o cargo para o general Nicanor
Guimarães de Sousa em março de 1960, mês em que assumiu a chefia do
Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), até então exercida pelo general Artur
Hescket Hall. Em fevereiro de 1961 foi substituído pelo general Osvaldo
Cordeiro de Farias, tornando-se ainda nesse ano delegado brasileiro e
presidente da Comissão Militar Brasil-Estados Unidos.
Durante
sua carreira militar, na qual atingiu o posto de marechal, foi também oficial do1º
Regimento de Artilharia Montada, no Rio de Janeiro, assistente do comando do
Grupamento Oeste do 1º Grupo de Artilharia de Costa, sediado em Niterói,
adjunto da 2ª Seção do Estado-Maior do Exército e subchefe do estado-maior da
2ª RM, com sede em São Paulo.
Lecionou física industrial na Escola Nacional de Engenharia
da Universidade do Brasil e matemática no Colégio Militar, integrando ainda a
Comissão de Planejamento do Conselho de Segurança Nacional.
Cursou também a Escola Superior de Guerra (ESG).
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 7 de outubro de 1970.
FONTES: BULHÕES, O.
Margem; COHN, G. Petróleo; CORRESP. ESTADO-MAIOR DAS FORÇAS
ARMADAS; CORRESP. SECRET. GER. EXÉRC.; COUTINHO, A. Brasil; HIRSCHOWICZ,
E. Contemporâneos; MIN. GUERRA. Almanaque (1958); MIN. MAR. Almanaque;
SOC. BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem; Veja (10/70).