FARAH,
Benjamin
*const. 1946; dep. fed. DF 1946-1960;
dep. fed. GB 1960-1967; sen. GB 1971-1975; sen. RJ 1975-1979; dep.
fed. RJ 1979-1983.
Benjamim Miguel Farah nasceu
em Corumbá (MS), então no estado de Mato Grosso, no dia 31 de março de 1911,
filho de Alexandre José Farah e de Leonarda de Oliveira Farah.
Em 1932, transferiu-se para o Rio de Janeiro, então Distrito
Federal, onde ingressou na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro,
graduando-se em 1937.
Ainda nesse ano, diplomou-se pela Faculdade de Medicina do
Rio de Janeiro. Durante o período do Estado Novo (1937-1945), trabalhou em
diversos serviços hospitalares do Rio de Janeiro, entre eles o Serviço de
Cirurgia da Marinha, o Serviço de Clínica do Hospital São Francisco de Assis e
o Serviço de Cirurgia do Hospital Central do Exército. Clinicou em vários
sindicatos como o do Trabalhadores em Calçados, no qual foi chefe do serviço
médico. Em 1940, paralelamente às suas atividades na medicina, tornou-se
professor de química do Colégio Pedro II.
Iniciou sua vida política após a desagregação do Estado Novo,
que culminou com a deposição de Getúlio Vargas pelos chefes militares em 29 de
outubro de 1945, elegendo-se em 2 de dezembro, com amplo apoio da base sindical
em que exercia a medicina, deputado pelo Distrito Federal à Assembléia Nacional
Constituinte na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). No mesmo
pleito, o general Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente da República.
Participou dos trabalhos constituintes iniciados em fevereiro
de 1946 e com a promulgação da nova Carta, em 18 de setembro de 1946, passou a
exercer mandato legislativo ordinário. Foi membro da Comissão de Educação e
Saúde da Câmara. Em 1949, ingressou no Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e
da Economia Nacional (CEDPEN) — um dos principais promotores da Campanha do
Petróleo desenvolvida pelos partidários de uma solução nacionalista para a
questão — tornando-se membro do conselho deliberativo desse órgão e depois de
seu conselho consultivo.
No pleito de 1950 não teve seu registro homologado pelo
presidente do PTB do Distrito Federal, Segada Viana, ficando sem partido para
concorrer às eleições. Filiou-se ao Partido Social Progressista (PSP), sendo
eleito o único representante dessa agremiação pelo Distrito Federal. Durante o
mandato participou da Comissão de Segurança Nacional e foi um dos que aprovaram
a Lei nº 2.004, de 3 de outrubro de 1953, que criou a Petrobras e lhe atribuiu
a execução do monopólio estatal do petróleo. Ainda em 1953, fez o curso de
comando superior de guerra oferecido pela Escola Superior de Guerra (ESG).
Reeleito em outubro de 1954, assumiu no ano seguinte a secretaria da mesa da
Câmara e, em 1958, liderou a bancada do PSP na Câmara dos Deputados. Em outubro
desse mesmo ano elegeu-se mais uma vez deputado federal. Em 1960, a convite do marechal João Batista Mascarenhas de Morais, comandante da Força Expedicionária
Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, acompanhou os restos mortais dos
pracinhas brasileiros que foram removidos da Itália para o Brasil. No mesmo
ano, atendendo à solicitação do presidente da República, João Goulart, retornou
ao PTB, legenda pela qual foi reeleito mais uma vez para a Câmara em outubro de
1962.
Em março de 1964 foi nomeado pelo presidente João Goulart
como observador parlamentar na I Conferência Mundial de Comércio e
Desenvolvimento, realizada em Genebra, na Suíça. Encontrava-se naquele país por
ocasião do movimento político-militar que afastou Goulart da presidência. Com a
extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (AI-2) em 27 de
outubro de 1965 e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se ao
Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar
instaurado no país em abril de 1964. Candidatou-se em novembro desse ano ao
Senado pelo estado da Guanabara, mas o pleito deu a vitória a Mário Martins,
outro candidato emedebista. Após 21 anos de trabalho parlamentar, em que foi
vice-presidente da Comissão de Segurança Nacional e membro das comissões de
Saúde, de Educação, de Finanças e de Diplomacia, além de ter participado de
diversas comissões mistas e especiais, em janeiro de 1967 Farah deixou a
Câmara.
Nesse
mesmo ano voltou a lecionar no Colégio Pedro II, onde foi coordenador-geral e
professor de educação moral e cívica, ao mesmo tempo em que lecionava estudos
de problemas brasileiros na Fundação Sousa Marques. Posteriormente, acumulou as
funções de médico do Tribunal de Contas do então estado da Guanabara e membro
da junta de controle da Superintendência de Saneamento (Sursan).
Com as cassações ocorridas no final de 1968 após a edição do
Ato Institucional nº 5 (AI-5), que afastou da vida pública diversos membros do
MDB, Benjamim Farah reorganizou o diretório carioca do partido oposicionista,
juntamente com Antônio de Pádua Chagas Freitas, Erasmo Martins Pedro, Antônio Mourão
Filho e Reinaldo Santana. Candidatou-se pela segunda vez ao Senado em novembro
de 1970, conseguindo eleger-se. Assumiu o mandato em fevereiro de 1971 e nesse
mesmo ano foi designado para representar o Senado em várias ocasiões como no I
Congresso Brasileiro de Produtividade da Indústria, realizado em agosto, no Rio
de Janeiro, e na Exposição Técnica e Científica Francesa montada no parque
Anhembi, em São Paulo, no mês seguinte.
Nessa legislatura, integrou como suplente a mesa do Senado em
1971 e 1972 e, em 1975, como segundo vice-presidente. Foi também
vice-presidente da Comissão de Minas e Energia, titular das comissões de
Economia, de Orçamento e de Segurança Nacional, e suplente das comissões de
Saúde e de Transportes, Comunicações e Obras Públicas. Em 1973 foi escolhido
vice-líder do MDB no Senado e, em março de 1974, por ocasião da posse do
general Ernesto Geisel na presidência da República, foi um dos sete senadores
do partido de oposição a comparecer à solenidade. Em 1976 representou o Senado
na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e ao retornar ao
Brasil tornou-se presidente da Comissão de Serviço Público.
Pretendendo
reeleger-se em novembro de 1978, inscreveu-se na terceira sublegenda do MDB ao
Senado, mas como o partido optou pela candidatura única de Nélson Carneiro,
renunciou às suas pretensões e aceitou concorrer à Câmara dos Deputados. Eleito
em janeiro de 1979, concluiu o mandato de senador e no mês seguinte assumiu uma
cadeira na Câmara.
Em junho desse ano, foi o único deputado oposicionista
considerado “não radical” a ser incluído na comissão mista do Congresso
encarregada de examinar o projeto de anistia apresentado pelo governo do
general João Batista Figueiredo. Na oportunidade, declarou que votaria de
acordo com seu partido, por uma anistia ampla e irrestrita. Com a extinção do
bipartidarismo em 29 de novembro de 1979 e a conseqüente reformulação
partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Porém, com a incorporação do Partido Popular (PP) ao PMDB em fevereiro de 1982,
desligou-se do partido. Recusou a proposta de filiação ao Partido Democrático
Trabalhista (PDT) oferecida por Leonel Brizola, vinculando-se ao Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB) presidido pela ex-deputada Ivete Vargas.
Candidatou-se à Câmara dos Deputados pelo estado do Rio de Janeiro em novembro
de 1982, mas não conseguiu se eleger. Deixou a Câmara definitivamente em
janeiro de 1983.
Desiludido com o PTB, Farah retornou ao PMDB, apoiando os
candidatos do partido nos pleitos eleitorais que se seguiram. Sempre sondado
pelo PDT, terminou ingressando nessa agremiação pela qual disputou sem êxito o
cargo de vereador pelo Rio de Janeiro, em novembro de 1988.
Em entrevista a O Estado de S. Paulo, em 11 de junho
de 1995, aos 84 anos, Benjamim Farah defendeu o nacionalismo, criticou o
projeto de privatização das empresas estatais e a quebra do monopólio na
exploração de petróleo: “O nacionalismo não deve morrer. Quando defende a
quebra do monopólio, o presidente costuma dizer que o mundo mudou. O problema é
que as mudanças são contra os interesses do Brasil.”
Faleceu no Rio de Janeiro em 30 de abril de 1997.
Casou-se com Elza França Farah, com quem teve quatro filhos.
Um dos seus sobrinhos, Alexandre Farah, foi deputado estadual no Rio de
Janeiro.
Publicou os livros Paulo Setúbal, Para
imortalidade: sobre Clementino Fraga, o BCG, Oswaldo Cruz, Caxias,
Rondon, Santos Dumont e A cadeira de tisiologia.
FONTES: CÂM. DEP. Anais
(1960 e 1961); CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Relação dos dep.;
CÂM. DEP. Relação nominal dos senhores; CARVALHO, E. Petróleo;
CISNEIROS, A. Parlamentares; Diário do Congresso Nacional; Grande
encic. Delta; INF. BIOG.; Jornal do Brasil (16/10/66; 16/1 e 29/6/74
16/9/78); NÉRI, S. 16; Perfil (1972 e 1980); SENADO. Dados;
SENADO. Dados biográficos (8); SENADO. Endereços; SENADO. Relação;
SENADO. Relação dos líderes; SILVA, G. Constituinte.