CANET JÚNIOR, Jayme
*gov. PR 1975-1979.
Jayme Canet Júnior nasceu
em Ourinhos (SP) no dia 10 de janeiro de 1925, filho de Jayme Canet e de Anita
Lopes Canet.
Com a mudança de sua família para Curitiba ainda em seu
primeiro ano de vida, foi na capital paranaense que cresceu e fez os estudos
primários no Grupo Escolar 19 de Dezembro, cursando o secundário nos colégios
Belmiro César e Paranaense.
Em 1943, aos 18 anos de idade, iniciou sua carreira de
empresário que iria transformá-lo num dos homens mais ricos do Paraná. Fundou a
Fazenda do Horizonte, em Bela Vista do Paraíso, no norte do estado, a qual
viria a ser uma das mais modernas e bem equipadas para o plantio de café, e
ingressou também por essa época na Escola de Engenharia da Universidade do
Paraná, cujo curso não chegaria a concluir.
Sua entrada na vida pública decorreu das ligações que
mantinha com Ney Braga desde os tempos em que este era prefeito de Curitiba, em
meados da década de 1950. Quando Ney Braga se elegeu governador do Paraná
(1961-1966), Canet Júnior foi por ele nomeado o primeiro presidente da Café do
Paraná — Companhia Agropecuária de Fomento Econômico do Paraná. Nesse mesmo
período atuou como representante do governo do estado na junta administrativa
do Instituto Brasileiro do Café (IBC).
Em
1966, após a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2
(27/10/1965) e a subseqüente instauração do bipartidarismo, Canet Júnior
filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), tendo sido o presidente da
comissão que instalou o diretório municipal do partido em Curitiba. Também em 1966, no mês de março, tomou posse no governo do Paraná o ex-secretário
de Agricultura de Ney Braga, Paulo Pimentel, eleito com o apoio de seu
antecessor. Como parte do acordo entre ambos, Canet Júnior assumiu a
presidência do Banco do Estado do Paraná. Entretanto, a aliança entre Braga e
Pimentel não tardou a se transformar em aberto antagonismo, deflagrado
justamente pela demissão, ainda em 1966, de Canet Júnior, que voltou a suas
atividades empresariais. A partir daí, tornou-se diretor da Exportadora Canet e
da Bley Canet de Comercialização de Café e presidente da Habitação, responsável
pela construção e incorporação de grandes edifícios residenciais em Curitiba. Integrou ainda o conselho de administração do Banco Bamerindus e adquiriu
três fazendas em Londrina, principal cidade do norte do Paraná, onde se
especializou na criação de gado da raça Nelore.
A sucessão de Paulo Pimentel foi resolvida pelo então presidente
da República, general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), de uma maneira que
contrariou tanto Pimentel quanto Ney Braga. O indicado para o governo
paranaense foi o deputado federal Haroldo Leon Peres. Acusado de corrupção e
sob o fogo convergente dos ataques de seus dois predecessores, Leon Peres foi
obrigado pelo presidente Médici a renunciar ainda em 1971, ano de sua posse,
sendo substituído pelo vice-governador Pedro Parigot de Sousa. Parigot faleceu
em julho de 1973 e, para completar seu mandato, do qual restavam ainda um ano e
nove meses, a Assembléia paranaense elegeu em agosto o deputado estadual Emílio
Gomes, tendo Canet Júnior como vice-governador. Começara a delinear-se um novo
período de hegemonia da corrente de Ney Braga dentro da Arena e da política do
Paraná.
Governador
do Paraná
Em outubro de 1974, Ney Braga, então ministro da Educação do
presidente Ernesto Geisel, pôde garantir a indicação de Canet Júnior com sua
eleição pela Assembléia Legislativa para o governo do estado, embora a maioria
dos arenistas locais fosse favorável ao nome do presidente do diretório
regional do partido, senador Francisco Acióli Filho. Canet Júnior tomou posse
em 15 de março do ano seguinte e, em maio de 1976, quando o desentendimento
entre Ney Braga e Pimentel se acirrou novamente, cortou todas as verbas de
propaganda oficial para os jornais e emissoras de rádio e televisão da rede de
comunicações pertencente a Pimentel, que sofreu sério golpe
econômico-financeiro, colocando-se politicamente na defensiva. Durante seu
período de governo, aproveitando-se das boas relações que mantinha com o então
presidente da República, Ernesto Geisel, empreendeu uma ampla reestruturação da
economia paranaense, estimulando a eletrificação rural e a pavimentação de
estradas de rodagem no interior do estado, além de ter efetuado um grande
investimento na área educacional, notabilizando-se por inaugurar mil escolas de
primeiro e segundo graus em apenas um dia.
No início de 1977, Canet Júnior pronunciou-se contra as prorrogações
de mandatos, ou seja, a favor da realização das eleições parlamentares marcadas
para novembro de 1978. As eleições para governadores nesse ano ainda foram,
porém, indiretas e, no Paraná, o candidato da Arena indicado pelo presidente
Geisel foi Ney Braga, a quem Canet Júnior transmitiu o governo em 15 de março
de 1979.
Canet
Júnior começara, entretanto, a trilhar caminhos diferentes dos de seu antigo
chefe. Assim, quando o presidente João Batista Figueiredo extinguiu o
bipartidarismo impondo a reformulação partidária em novembro de 1979, não ficou
no partido governista, o Partido Democrático Social (PDS), tornando-se um dos
fundadores do Partido Popular (PP) no Paraná, não obstante haver reiterado
pouco antes seu apoio a Ney Braga. Admitindo já há algum tempo a hipótese de
concorrer a um novo mandato de governador do Paraná, depois da adesão ao PP,
teve sua candidatura lançada por esse partido. Em agosto de 1981 declinou de um
convite do ex-presidente Geisel para se reconciliar com Ney Braga e ingressar
no PDS, para ser o candidato do partido do governo.
Com a incorporação do PP ao Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB) em fevereiro de 1982, filiou-se a essa legenda e, em seguida,
retirou sua candidatura, passando a apoiar o candidato do seu novo partido,
José Richa. Meses depois, por outro lado, Paulo Pimentel anunciava a retirada
de sua candidatura na legenda do novo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e
sua adesão ao PDS, para apoiar o candidato a governador patrocinado por Ney
Braga, Saul Raiz. No pleito de novembro do mesmo ano, Richa elegeu-se
governador do estado, enquanto Álvaro Dias, candidato do PMDB ao Senado também
apoiado por Canet, superava Ney Braga.
Nos anos seguintes Canet permaneceu no PMDB, dedicando-se
primordialmente às atividades empresariais nos ramos agropecuário, hoteleiro e
de construção civil, sendo proprietário da rede de hotéis Deville e da
Construtora Harbour, em Curitiba. Embora não concorrendo a mandatos eletivos,
continuou a atuar na política paranaense, organizando o apoio do empresariado
local a candidatos a cargos públicos e participando de diversas articulações
políticas, conservando assim sua forte base política no interior do estado.
Em dezembro de 1988 desvinculou-se do PMDB, filiando-se em
seguida ao Partido Democrata Cristão (PDC), no qual permaneceu até a fusão
desta agremiação com o PDS, que deu origem ao Partido Progressista Reformador
(PPR) em abril de 1993. Segundo notícias veiculadas pela imprensa, nesse período
Jayme Canet fez parte de um grupo político informal denominado “grupo dos cinco
jotas”, também integrado pelo ex-governador José Richa, pelo então prefeito de
Curitiba Jaime Lerner, pelo senador José Eduardo de Andrade Vieira e pelo
presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), José Carlos Gomes de Carvalho, com grande influência na política paranaense.
Com
a posterior fusão, em agosto de 1995, do PPR ao Partido Progressista (PP),
dando origem ao Partido Progressista Brasileiro (PPB), Canet filiou-se à nova
agremiação, liderada nacionalmente pelo político paulista Paulo Maluf, na qual
permaneceu a partir de então.
Embora formalmente afastado das atividades políticas,
continuou a ser um dos empresários com maior influência na vida política do
estado. Como reconhecimento pelo apoio que assegurou à educação durante sua
gestão no governo do estado, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela
Universidade Federal do Paraná. Em dezembro de 2008 foi homenageado pela Associação
Brasileira da Indústria de Hotéis do Paraná (ABIH-PR) num evento que reuniu as
principais lideranças do setor.
Casou-se com Maria de Lurdes de Araújo Canet, com quem teve
três filhos.
FONTES: BRAGA, N. Entrevista;
CARNEIRO, D. & VARGAS, T. História; CASA CIVIL DO PARANÁ; CORRESP.
BIB. PÚBL. (PR); Estado de S. Paulo (14/8/81, 2/11/86); FARIA, E. &
SEBASTIANI, S. Governadores; FLEISCHER, D. Conseqüências; Gazeta
do Povo (20/4/09); Globo (11/8/81); Jornal do Brasil (20/7/76,
11/3/77, 30/3/82, 30/8/87, 8/1/89); NÉRI, S. 16; OLIVEIRA, D. A
política; Perfil (1975); Portal Joaquim de Paula acesso em 20/4/09;
SúmuIas; Veja (25/7/73 e 29/5/74).