CANHIM,
Romildo
*militar; min. ch. SAF 1992-1994.
Romildo Canhim nasceu
em Cachoeiro de Itapemirim (ES) no dia 25 de julho de 1933, filho de
Hermenegildo Canhim e de Adiles Fernandes Canhim.
Sentou
praça na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em março de 1953. Declarado
aspirante-a-oficial em janeiro de 1956, foi promovido a segundo-tenente em
agosto do mesmo ano e, dois anos depois, a primeiro-tenente. Capitão em
dezembro de 1962, nessa patente realizou o curso da Escola de Aperfeiçoamento
de Oficiais (EsAO), no ano de 1965, e ingressou no curso da Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército (ECEME) em 1969. Em abril do ano seguinte chegou a
major e, em 1971, concluiu o curso da ECEME. Promovido a tenente-coronel em
dezembro de 1975, fez o curso básico para comando superior na Escola Superior
do Exército espanhol, em 1977. Quatro anos depois, em agosto de 1981, foi
alçado à patente de coronel.
Durante o governo de José Sarney (1985-1990), ocupou os
cargos de diretor administrativo do palácio do Planalto, de subchefe do
Gabinete Militar e, posteriormente, do Conselho de Segurança Nacional.
Ao ser promovido a general em 1988, comandou tropas em
Campinas (SP) e Florianópolis, além de ter exercido o cargo de diretor de
Assistência Social do Exército.
No
início de 1992 foi comandante da XI Brigada de Infantaria Blindada de Campinas,
comandando, também, a Escola Preparatória de Cadetes na mesma cidade. Passou
para a reserva em abril de 1992. Um pouco antes, constituiu a Máxima, empresa
de segurança localizada em Campinas.
Em
maio de 1993, durante o governo de Itamar Franco (1992-1994), Canhim foi
indicado pelo ministro do Exército, Zenildo Lucena, para ocupar o cargo de
ministro-chefe da Secretaria de Administração Federal (SAF), atual Ministério
da Administração Federal e Reforma do Estado, em substituição a Luísa Erundina,
que denunciara irregularidades na SAF. A posse do novo ministro foi marcada por
vaias e protestos de servidores em greve, que reivindicavam a definição do
índice de reajuste dos salários. A greve dos servidores, que durou
aproximadamente um mês, só terminou depois que o governo anunciou, além do
reajuste de 85%, a nova política salarial para a categoria.
Ao assumir o cargo, Canhim destacou a importância da
reorganização do aparelho administrativo do Estado, defendeu o fim da
estabilidade dos servidores públicos, bem como a descentralização das funções
do SAF e a desburocratização da relação do funcionalismo federal com a máquina
pública.
Logo no início de sua gestão, Canhim teve que enfrentar o
problema da readmissão de funcionários públicos dispensados com a reforma
administrativa, implantada no governo de Fernando Collor. Para tanto, em junho
de 1993 foi criada, por decreto do presidente Itamar Franco, uma comissão
especial presidida por Canhim e formada por representantes dos funcionários
demitidos e dos ministérios da Justiça, Trabalho, Minas e Energia, Comunicações
e Transportes, que passou a examinar os atos de dispensa e de rescisão de
contratos de trabalho ocorridos entre 1990 e 1992.
No
mês seguinte, o novo secretário anunciou a adoção de matrícula única, com
vistas a impedir que servidores transferidos de outros órgãos recebessem duplo
salário. A suspeita sobre o pagamento dobrado surgira com a denúncia da
demissionária Luísa Erundina, através de um dossiê entregue a Canhim,
intitulado “Irregularidades na administração do pessoal dos ex-territórios”. A
reforma do sistema de matrículas objetivava, também, o controle sobre os cargos
de comissão e respectivas gratificações.
Dando continuidade ao levantamento iniciado em abril de 1993
pela SAF, Canhim entregou ao presidente Itamar Franco, em janeiro seguinte,
relatório sobre os altos salários pagos aos funcionários de 13 estatais, com o
objetivo de eliminar as distorções salariais e nortear as medidas de controle
que o governo viria a impor até o final de 1994.
De 23 de dezembro de 1993 a 8 de março de 1994, Canhim ocupou ainda o cargo de ministro interino da Integração Regional. Deixou a Secretaria
de Administração Federal ao findar o governo Itamar Franco. Foi substituído no
cargo por Luís Carlos Bresser Pereira, integrante do governo de Fernando
Henrique Cardoso, empossado em 1º de janeiro de 1995.
Membro
do conselho de administração da Fundação Habitacional do Exército (FHE), Canhim
assumiu, em agosto de 1996, o cargo de vice-presidente do Banco de Fortaleza
S.A. (Banfort). Naquela mesma ocasião, a FHE comprara 49% das ações ordinárias
do Banfort, no valor de 39 milhões de reais, bem como pretendera assumir parte
do controle da instituição. Tal fato foi denunciado pelo deputado Augusto
Carvalho, do Partido Popular Socialista (PPS) do Distrito Federal, levantando
suspeita de irregularidades na operação. No final de agosto, o ministro do
Exército, Zenildo Lucena, determinou que a fundação fosse detentora apenas das
ações — já que não tinha poderes para anular a transação — e não gestora do
banco, como previa o acordo de acionistas. Em novembro do mesmo ano, Lucena
exonerou Canhim do cargo de membro do conselho da fundação e substituiu toda a
cúpula do órgão. Em maio de 1997, o Banfort foi liquidado extrajudicialmente
pelo Banco Central por absoluta falta de recursos em caixa para saldar os seus
compromissos. Mesmo na condição de vice-presidente executivo, Canhim escapou de
ter decretada a indisponibilidade de seus bens pelo Banco Central, porque o seu
nome não havia sido encaminhado como integrante da cúpula do Banfort.
Faleceu
em Campinas (SP) no dia 11 de dezembro de 2006.
Era casado com Wilna Silva Canhim, com quem teve quatro
filhos.
Suzana
Cesa
FONTES: Almanaque
do Pessoal Militar do Exército (1984); Estado de S. Paulo (21/5, 8 e
26/6 e 31/7/93); Folha de S. Paulo (8/6/93); GOVERNO FEDERAL. Internet; Jornal
do Brasil (30/7/93, 6/1/94, 11/11/96, 17/5/97).