LINDENBERG,
Carlos
*rev. 1930; const. 1934-1934; dep.
fed. ES 1935; dep. fed. ES 1935-1937; const. 1946; dep. fed. ES 1946; gov. ES
1947-1950; sen. ES 1951-1959; gov. ES 1959-1962; sen. ES
1967-1975.
Carlos Fernando Monteiro Lindenberg nasceu em Cachoeiro do Itapemirim (ES) no dia 13 de janeiro
de 1899, filho de Carlos Adolfo Lindenberg e de Bárbara Monteiro Lindenberg.
Era sobrinho de Jerônimo de Sousa Monteiro, deputado federal, senador e
governador do estado do Espírito Santo de 1908 a 1912; de Bernardino de Sousa Monteiro, vereador, deputado estadual, senador e governador do
mesmo estado de 1916 a 1920, e de Fernando Sousa Monteiro, que foi bispo de
Vitória.
Cursou
o primário na Escola Isolada Municipal de Cachoeiro do Itapemirim, e o
secundário nos colégios do Verbo Divino, Salesiano de Santa Rosa, em Niterói
(RJ), e no ginásio estadual do Espírito Santo. Escriturário da Secretaria de
Fazenda entre os anos 1918 e 1920, nesse período, em 1919, tornou-se também
administrador da fazenda Monte Líbano, em sua cidade natal, função que
exerceria até 1924. Em 1920 ingressou no Partido Republicano, liderado por seu
tio Jerônimo de Sousa Monteiro.
Em
1922 bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e engajou-se na
Reação Republicana, coligação de forças políticas que sustentava a candidatura
de Nilo Peçanha à presidência da República em oposição à de Artur Bernardes, e
que representava um movimento da classe média em defesa do liberalismo
político, contra as oligarquias republicanas estaduais. Em 1930 participou, em
âmbito estadual, do movimento revolucionário que depôs o presidente Washington
Luís, articulando-se com Joaquim de Magalhães Barata, o tenente Pio Borges da
Cunha e outros.
Entre os anos 1930 e 1931 foi membro da Comissão de
Sindicâncias no Espírito Santo e, nesse período, em 1930, tornou-se também
presidente da Junta Nacional da Associação Comercial, cargo que exerceria até
1934. Em 1932 foi nomeado vice-presidente da Associação Comercial do Espírito
Santo, função na qual permaneceria até o ano seguinte.
Com a vitória da revolução e a posse de seu líder, Getúlio
Vargas, no Governo Provisório (3/11/1930), foram marcadas para maio de 1933 as
eleições para a Assembléia Nacional Constituinte, que deveria elaborar a nova
Carta. Lindenberg participou da fundação do Partido Social Democrático (PSD) de
seu estado e, nessa legenda, foi eleito deputado constituinte, iniciando seu
mandato em 15 de novembro de 1933. Com a promulgação da nova Constituição
(16/7/1934), teve o mandato estendido até maio de 1935.
Reeleito em outubro de 1934 deputado federal pelo Espírito
Santo, ainda na legenda pessedista, deixou contudo a Câmara no ano seguinte,
quando assumiu a Secretaria de Fazenda do estado, a convite do governador João
Punaro Bley. Chefiou cumulativamente, a partir de 1936, a Secretaria de Agricultura. Após o golpe do Estado Novo (10/11/1937), que fechou todos os
órgãos legislativos do país, continuou ocupando a Secretaria de Agricultura, em
virtude de o governador João Punaro Bley ter sido nomeado por Getúlio Vargas
interventor no Espírito Santo. Deixou a secretaria em 1939. Entre 1941 e 1946
foi primeiro presidente da Junta de Conciliação e Julgamento em Vitória.
Com a criação, em 1945, do novo PSD, agora um partido de
âmbito nacional, Carlos Lindenberg a ele se filiou. Após a deposição de Vargas
pelos chefes militares (29/10/1945), seguiram-se eleições para a Assembléia
Nacional Constituinte, nas quais Lindenberg foi eleito por seu estado. Ocupando
sua cadeira em fevereiro de 1946, participou dos trabalhos constituintes e, com
a promulgação da nova Carta (18/9/1946), passou a exercer o mandato ordinário.
Em janeiro de 1947 concorreu, na legenda do PSD, ao governo do Espírito Santo.
Eleito, foi empossado na chefia do Executivo estadual em 29 de março de 1947.
Em 26 de julho desse ano foi promulgada a nova Constituição estadual.
Amparado
por forte base política, o governador Carlos Lindenberg voltou-se para a
adaptação de todo o aparelho administrativo do Espírito Santo aos novos
mandamentos constitucionais e para o saneamento das finanças estaduais. Dirigiu
a atenção especialmente para a agricultura e a pecuária. Fez construir a
rodovia que liga São Domingos, no município de Colatina, à cidade de Barra de
São Francisco, concluiu, em agosto de 1947, o trecho estadual da estrada
Vitória — Rio de Janeiro e, em setembro desse ano, fez correr em nova linha a
Estrada de Ferro Vitória — Minas Gerais. No campo do ensino, reabriu, em março
de 1950, a Faculdade de Odontologia do Espírito Santo e criou a Faculdade de
Medicina, ambas incorporadas, a partir de 1961, à Universidade Federal do
Espírito Santo.
Em outubro de 1950 foi eleito senador pelo Espírito Santo na
legenda da coligação PSD-Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), para o período
legislativo 1951-1959. Deixou o governo do estado em janeiro de 1951, assumindo
sua cadeira no Senado no mês seguinte. Em julho de 1952 foi designado para
representar o Senado no Congresso Econômico de Blumenau (SC). Durante o
mandato, tomou parte na comissão incumbida de dar parecer sobre o veto do
presidente da República, Getúlio Vargas, ao projeto de lei que alterava
dispositivos da Consolidação das Leis de Imposto de Consumo. Além disso,
presidiu a Comissão de Economia, integrou as comissões de Redação, de Serviço
Público Civil e de Finanças e foi, durante dois anos, terceiro-secretário da
mesa do Senado.
Em outubro de 1958 voltou a se eleger governador de seu
estado na legenda do PSD, sendo empossado em 31 de janeiro de 1959, quando
deixou o Senado. Nessa segunda gestão manteve a política de recuperação
financeira que adotara na anterior. Voltou-se igualmente para os problemas do
campo, da saúde pública e da ampliação da rede escolar do estado. Cuidou do
asfaltamento das estradas e da eletrificação das sedes de vários municípios.
Deu prosseguimento às campanhas de seleção e incremento da criação de gado
bovino e de adubação da lavoura cafeeira. Respondeu pelo Executivo estadual até
6 de julho de 1962, quando afastou-se para disputar a eleição ao Senado, em
outubro desse ano, ainda na legenda pessedista. Contudo, não conseguiu se
eleger, sendo derrotado por Eurico Resende e Raul Guiberti.
Após
o movimento político-militar de 31 de março de 1964, com a dissolução dos
partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (AI-2), de 27 de outubro de
1965, e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança
Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do regime militar. Em 1966,
graças a seu prestígio político, indicou Cristiano Dias Lopes Filho para o
governo do Espírito Santo, nas eleições indiretas estabelecidas pelo AI-3, de 7
de fevereiro de 1966. Aceita a indicação pela Arena capixaba, Cristiano foi
eleito pela Assembléia Legislativa em setembro do mesmo ano. Em novembro
seguinte, Lindenberg elegeu-se senador pelo Espírito Santo, na legenda
arenista, e iniciou seu mandato em fevereiro de 1967. Em 1970 indicou para o
governo do estado Artur Carlos Gerhardt Santos e, mais uma vez, a Arena
ratificou a indicação, sendo seu candidato eleito em novembro.
Primeiro-vice-presidente da mesa diretora do Senado a partir
de 1971, Lindenberg foi também vice-presidente da Comissão de Projetos do
Executivo e membro titular das comissões de Constituição e Justiça, de
Economia, de Finanças, de Minas e Energia, de Relações Exteriores e de
Transportes e Comunicações. Com o término de seu mandato, em janeiro de 1975,
afastou-se da vida política, dedicando-se apenas a atividades de diretor da
Companhia Vale do Rio Doce, cargo que ocupava desde o governo de marechal
Humberto Castelo Branco (1964-1967) e, posteriormente, a atividades de
consultoria.
No decorrer de sua longa vida pública foi ainda coletor
estadual em Domingos Martins (ES), promotor interino da comarca de Vitória, e
membro do Conselho Federal Rural do Espírito Santo.
Faleceu no dia 6 de janeiro de 1991.
Era casado com Maria Antonieta Queirós Lindenberg, com quem
teve três filhos.
FONTES: ASSEMB.
NAC. CONST. 1934. Anais; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1946-1967);
CÂM. DEP. Relação dos deputados; Câm. Dep. seus componentes; CISNEIROS,
A. Parlamentares; COUTINHO, A. Brasil; Encic. Mirador; GODINHO,
V. Constituintes; Grande encic. Delta; INF. FAM Carlos Lindenberg Filho;
Jornal do Brasil (16/10/66); NÉRI, S. 16; NOVAIS, M. História;
OLIVEIRA, J. História; Perfil (1972); Rev. Ciência Pol.; SENADO.
Dados biográficos; SENADO. Endereços; SILVA, G. Constituinte; VÍTOR,
M. Cinco.