CASOY,
Bóris
* jornalista
Bóris
Casoy nasceu na cidade de São Paulo no dia 13 de fevereiro
de 1941, filho de Raíza Casoy e de Casoy I. Srulevitch, imigrantes judeus
russos que chegaram ao Brasil em 1928. Foi o último dos cinco filhos do casal.
Fez
os estudos básicos nos colégios Stanfford e Mackenzie e foi reprovado várias
vezes no curso científico, pois queria cursar o antigo clássico, idéia não
aceita por uma família de engenheiros. Freqüentou então o curso livre Santa
Inês e em seguida iniciou, sem concluir, o curso de direito na Universidade
Mackenzie.
Teve sua
primeira experiência profissional aos 15 anos, no Plantão Esportivo da Rádio
Piratininga de São Paulo. Transferiu-se depois para a Rádio Difusora Hora
Certa de Santo Amaro, da comunidade japonesa, e aí fez locução de comerciais e
transmissões esportivas. De 1963 a 1968, foi locutor da Rádio Eldorado.
Em 1968,
foi nomeado secretário de Imprensa de Herbert Levy, secretário de Agricultura
do governo Abreu Sodré em São Paulo. Nesse ano a revista O Cruzeiro
publicou uma reportagem com líderes estudantis e o apontou como integrante do
grupo de extrema-direita Comando de Caça aos Comunistas (CCC). A informação foi
por ele rechaçada; esclareceu ter apoiado o golpe de 1964, mas afirmou que não
incentivava ações violentas e que era portanto contra as atividades do CCC na
universidade que freqüentou. Referindo-se ao episódio 20 anos depois, declarou
à revista Imprensa ter consciência do “quanto a imprensa pode
estigmatizar alguém. Eu senti isso na carne. E não esqueço”.
Em 1969, quando Herbert Levy foi
substituído na Secretaria de Agricultura, continuou a trabalhar com o novo
titular, Antônio Rodrigues Filho. Com a eleição de Rodrigues Filho para o cargo
de vice-governador de Laudo Natel, tornou-se em 1970 assessor de Imprensa de
Luís Fernando Cirne Lima, ministro da Agricultura do governo Emílio Médici.
Pôde então viajar pelo país e conhecer as capitais, o interior e a região
Nordeste. Em seguida, nos anos de 1971 e 1972, foi secretário de Imprensa do
prefeito de São Paulo, José Carlos Figueiredo Ferraz. Desiludido com o meio
político, quando da exoneração de Figueiredo Ferraz, aceitou o convite de Caio
Alcântara Machado para trabalhar na Alcântara Machado Feiras.
Seu
primeiro trabalho em jornal foi na Folha de São Paulo, em 1974, onde,
convidado por Otávio Frias de Oliveira, tornou-se editor de política. Três
meses depois de assumir a editoria de política, em junho de 1974, foi promovido
a editor-chefe no lugar de Rui Lopes, transferido como diretor para a
sucursal de Brasília. Em uma entrevista de 1995, relembrou que o jornal nesse
período era produto de uma reunião entre ele, Cláudio Abramo, Otávio Frias de
Oliveira e o filho deste, Otávio Frias Filho. “Durante muitos anos, a gestão da
redação, a análise dos problemas, a posição editorial do jornal foi produto
dessa reunião que a gente fazia. ... Eram momentos difíceis, ... onde o jornal
lidou com a própria sobrevivência”.
Ficou na Folha
até junho de 1976, quando saiu e passou a dirigir a Escola de Comunicação e o
setor cultural da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Acerca de sua
saída do jornal, declarou, na mesma entrevista de 1995, que o trabalho
tinha-se tornado uma carga muito pesada para a qual “não estava preparado
psicologicamente nem tecnicamente”.
Retornou,
contudo, à Folha de São Paulo em 1977, onde passou a escrever uma
coluna sobre os bastidores políticos intitulada “Painel”. Em setembro do mesmo
ano, tornou-se editor-responsável pelo jornal no lugar de Cláudio Abramo, que
saiu após uma crise envolvendo o jornalista da Folha Loureço Diaféria.
Assumiu o jornal aos 36 anos, no que classificou como uma operação de
“salvamento”, e lá permaneceu até 1984, quando Otávio Frias Filho assumiu a
direção. Voltou então a escrever a coluna “Painel”.
Em
novembro de 1985, durante um debate político na TV Globo com os candidatos à
prefeitura de São Paulo, perguntou ao candidato do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), Fernando Henrique Cardoso, se acreditava em
Deus. A pergunta e a resposta, na qual Cardoso teria afirmado que a questão,
conforme combinação prévia, não seria levantada, passaram a ser consagradas
como fatores decisivos para a derrota do candidato peemedebista para Jânio
Quadros.
Em julho de
1988, convidado pelo diretor do departamento de jornalismo do Sistema
Brasileiro de Televisão (SBT), Marcos Wilson, e pelo diretor-executivo do
departamento de jornalismo do SBT, Luís Fernando Emediato, deixou a Folha
de São Paulo para apresentar o telejornal TJ Brasil. Justificando
sua transferência, declarou que “na Folha já tinha feito tudo, tinha
batido no teto duas vezes, não tinha nenhum desafio”. Tornou-se assim o
primeiro “âncora” — locutor de telejornais que tem como característica dar sua
opinião sobre os fatos anunciados — da televisão brasileira, baseando seu
desempenho na experiência dos âncoras norte-americanos. Ao se desentender com
Marcos Wilson, que, segundo sua avaliação, desejava frear sua autonomia
enquanto editor-chefe do TJ Brasil, desligou o programa do departamento
de jornalismo do SBT e tornou-o um núcleo independente dentro da emissora. Em
junho de 1997 Casoy deixou o SBT para comandar o telejornalismo da Rede Record,
controlada pelo Bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus.
Desde que
se dedicou ao telejornalismo vem marcando sua presença por comentários e
críticas aos acontecimentos diários e pela criação de “bordões” como: “isto é
uma vergonha” ou “é preciso passar o Brasil a limpo”.
Beatriz
Kushnir
FONTES: ENTREV. BIOG.;
SQUIRRA, S. Âncora; SQUIRRA, S. Boris.