TINOCO,
César
*jornalista; rev. 1922; rev. 1930; const. 1934; dep.
fed. RJ 1935-1937.
César Nascentes Tinoco nasceu
em Campos (RJ) no dia 2 de dezembro de 1884, filho de Benedito César Tinoco e
de Maria Nascentes Tinoco.
Fez
os estudos preparatórios no Liceu de Humanidades de Campos, onde passou a
exercitar sua vocação de jornalista a partir de 1903, fundando naquele
estabelecimento de ensino a revista O Ideal. Ainda em Campos foi redator da
Gazeta do Povo, órgão do Partido Republicano Fluminense (PRF), liderado por
Nilo Peçanha, e de O Tempo. Matriculou-se na Faculdade de Ciências Jurídicas do
Rio de Janeiro, tendo trabalhado nesse período como telegrafista e também como
jornalista na Folha do Dia, na Gazeta da Tarde e no Correio da Noite.
Vinculado a Nilo Peçanha, tomou parte de todas as suas
campanhas políticas, tanto em nível estadual quanto federal. Participou também
da Campanha Civilista, movimento que promoveu em 1909 e 1910 a candidatura
de Rui Barbosa à presidência da República, em oposição à do marechal Hermes da
Fonseca, afinal eleito em março de 1910.
Após formar-se em 1912 retornou a Campos, onde fundou os
jornais A Noite e Rio de Janeiro, este último de grande penetração na cidade,
destacando-se entre os órgãos de imprensa locais.
Foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Campos e
mais tarde deputado estadual no Rio de Janeiro durante o governo de Raul Veiga
(1918-1922). Nessa condição ocupou a vice-presidência da Assembléia fluminense
e do estado do Rio de Janeiro, tendo integrado em 1919 a Comissão de Revisão da
Constituição estadual. Afastou-se da Assembléia logo após a votação do novo
texto constitucional, em 1920.
Prefeito de Campos entre 1921 e 1922, participou da Reação
Republicana, movimento que promoveu a candidatura de Nilo Peçanha à presidência
da República, derrotado em março de 1922 por Artur Bernardes. Ainda nesse ano
foi preso e processado sob a acusação de ter participado da Revolta do 5 de
Julho de 1922, irrompida no Rio e em Mato Grosso em protesto contra a eleição
de Artur Bernardes e contra as punições impostas pelo governo Epitácio Pessoa
(1919-1922) aos membro do Clube Militar e a prisão do marechal Hermes da
Fonseca. Esse movimento iniciou o ciclo de revoltas tenentistas da década de
1920. Durante o governo de Artur Bernardes (1922-1926), César Tinoco fundou em
Campos o jornal O Dia, publicado em pleno estado de sítio, tornando-se seu
diretor.
Revolucionário em 1930, foi secretário do Interior e Justiça
do estado do Rio de Janeiro na interventoria de Plínio Casado (1930-1931),
exonerando-se do cargo em 1931, quando o comandante Ari Parreiras assumiu o
governo. Em seguida tornou-se funcionário do Ministério Público da Justiça do
Distrito Federal e membro do Clube 3 de Outubro, organização criada em maio de
1931, congregando as correntes tenentistas partidárias da manutenção e do
aprofundamento das reformas instituídas pelo movimento revolucionário de
outubro de 1930. Combateu a Revolução Constitucionalista de 1932, deflagrada em
São Paulo, em julho, contra o Governo Provisório de Getúlio Vargas e derrotada
em outubro seguinte pelas forças legalistas.
Ao
lado de Vicente Ferreira de Morais, José Alípio Costallat, Eugênio de Macedo
Torres, Altivo Linhares, Carlos Alberto Nóbrega da Cunha, do general Cristóvão
Barcelos e do capitão Asdrúbal Gwyer de Azevedo, foi um dos principais
organizadores do Partido Socialista Fluminense (PSF), fundado em dezembro de
1932 e filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Em maio de 1933 foi
eleito deputado pelo estado do Rio de Janeiro à Assembléia Nacional
Constituinte na legenda da Frente Única, coligação do PSF, com o Partido
Proletário do Estado do Rio de Janeiro. Participou dos trabalhos constituintes,
iniciados em novembro do mesmo ano, e, após a promulgação da nova Carta
(16/7/1934) e a eleição do presidente da República no dia seguinte, teve o
mandato prorrogado até maio de 1935.
Em
outubro de 1934 foi eleito deputado federal pelo estado do Rio na legenda
do PSF. Foram realizadas ainda eleições para as constituintes estaduais, que
elegeriam o governador e dois senadores. Para o governo do estado do Rio de
Janeiro, César Tinoco e o PSF apoiaram inicialmente o nome de Pedro Luís
Correia e Castro. As inúmeras articulações partidárias para a escolha de um
candidato de consenso acabaram por provocar cisões dentro dos principais
partidos. Em junho de 1935 César Tinoco retirou seu apoio a Pedro Luís Correia
e Castro, passando a apoiar Alfredo Backer, o que levou a uma cisão na comissão
executiva do partido. Por outro lado, os deputados suplentes do PSF passaram a
apoiar um terceiro candidato, Vicente de Morais. Depois de vários acordos, a
Coligação Radical-Socialista, constituída pelo PSF e pelo Partido Popular
Radical (PPR), acabou ficando com a maioria de 23 deputados na Assembléia
Legislativa contra 22 da União Progressista Fluminense (UPF). O clima de tensão
era tal que, no dia da eleição, 25 de setembro de 1935, o deputado Capitulino
dos Santos Júnior, do PSF, e o general Cristóvão Barcelos da UPF, foram
alvejados em tiroteio. O vencedor do pleito acabou sendo o almirante Protógenes
Guimarães, da Coligação Radical-Socialista, que teve seu nome ratificado em
novembro do mesmo ano.
No sentido de congregar as forças de apoio ao governo de
Protógenes Guimarães (1935-1937), foi tentada a organização de um novo partido.
César Tinoco e Pedro Luís Correia e Castro representaram o PSF nessas
articulações. Em 1937, na campanha pela sucessão presidencial, todos os membros
da Coligação Radical-Socialista que apoiavam o governador ligaram-se à
candidatura de Armando Sales. Entretanto, César Tinoco, liderando um grupo do
PSF, deu apoio à candidatura de José Américo de Almeida e, unido ao Partido
Proletário do estado do Rio de Janeiro, fundou a Coligação Democrática
Fluminense. Permaneceu na Câmara dos Deputados até o dia 10 de novembro de
1937, quando, com o advento do Estado Novo, os órgãos legislativos do país
foram suprimidos.
Fundou o Liceu Nilo Peçanha e idealizou e executou a remodelação
do ensino normal no Brasil.
Faleceu em Niterói no dia 13 de junho de 1960.
Era casado com Vilma Cunha Tinoco.
FONTES: ARQ. CLUBE
3 DE OUTUBRO; ARQ. GETÚLIO VARGAS; Boletim Min. Trab.; CÂM. DEP. Deputados;
Câm. Dep. seus componentes; CONSULT. MAGALHÃES, B.; Diário do Congresso
Nacional; FUND. GETULIO VARGAS. Cronologia da Assembléia; GODINHO, V.
Constituintes; SILVA, H. 1935.