MEDRADO,
Clemente
*const. 1934; dep. fed. MG 1935-1937, 1946, 1949-1955,
1956-1959.
Clemente
Medrado Fernandes nasceu em Cachoeira do Pajeú, no então
município de Salinas, depois incorporado ao município de Fortaleza de Minas
(MG), no dia 28 de outubro de 1896, filho do coronel André Fernandes e de Salustiana da Rocha Medrado Fernandes, descendente de tradicional família
baiana.
Estudou no Colégio Claret, no Ginásio Mineiro e na Escola de
Minas de Ouro Preto, todos em Minas Gerais, ingressando em seguida na Faculdade
de Medicina de Belo Horizonte, onde colaborou na fundação da Revista Radium,
órgão dos alunos. Durante sua permanência na cidade, presidiu o Partido
Republicano da Mocidade de Belo Horizonte, ligado à Reação Republicana,
movimento que promoveu em 1921-1922 a candidatura de Nilo Peçanha à presidência
da República em oposição à de Artur Bernardes, afinal eleito em março de 1922.
Ainda como universitário na capital mineira, foi diretor dos periódicos de
humor Footing e Esqueleto.
Transferiu-se
no segundo ano para a Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro, no então
Distrito Federal, e, ainda acadêmico, estagiou no Hospital Pró-Matre do Rio de
Janeiro e presidiu o grêmio literário Antônio Afonso de Morais. Especializou-se
em obstetrícia, formando-se em dezembro de 1925 com a tese A placentação
anormal.
Começou
a clinicar em Pedra Azul (MG) e Salinas, onde fundaria o jornal O Salinense
e seria vereador entre 1926 e 1930. Participou da campanha da Aliança Liberal
em 1929-1930, integrando caravanas pelo norte de Minas Gerais. Após a vitória
da Revolução de Outubro de 1930, foi nomeado no mesmo mês prefeito de Salinas,
onde fundou o jornal O Reivindicador.
Em fevereiro de 1933, exonerou-se da prefeitura, elegendo-se
em maio seguinte deputado à Assembléia Nacional Constituinte pela legenda do
Partido Progressista (PP) de Minas Gerais. Empossado em novembro do mesmo ano,
participou dos trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova Carta
(16/7/1934) e a eleição do presidente da República no dia seguinte, teve o
mandato estendido até maio de 1935. Reeleito deputado federal em outubro de
1934, sempre pela legenda do PP, iniciou o novo mandato em maio de 1935,
exercendo-o até novembro de 1937, quando, com o advento do Estado Novo, foram
suprimidos todos os órgãos legislativos do país. Em 1939, bacharelou-se também
pela Faculdade de Direito de Niterói, na então capital do estado do Rio de
Janeiro.
Após o fim do Estado Novo (29/10/1945), obteve, em dezembro
de 1945, uma suplência de deputado federal constituinte por Minas Gerais, agora
pela legenda do Partido Social Democrático (PSD). Após a promulgação da nova
Carta (18/9/1946) e a transformação da Assembléia Nacional Constituinte em
Congresso ordinário, exerceu o mandato em dezembro de 1946 — ano em que também
integrou o Conselho Administrativo do Estado de Minas Gerais —, e a partir de
junho de 1949. Reeleito em outubro de 1950 e de 1954, licenciou-se da Câmara
dos Deputados em abril de 1955 em virtude de sua nomeação, pelo
governador Clóvis Salgado (1955-1956), para a Secretaria de Saúde e Assistência
de Minas Gerais, função que exerceu até fevereiro do ano seguinte, quando
retornou às atividades parlamentares. No pleito de outubro de 1958, tentou a
reeleição, mas obteve apenas uma suplência, não chegando a exercer o mandato.
Abandonou a vida parlamentar em janeiro de 1959, quando encerrou seu mandato.
Durante sua passagem pela Câmara dos Deputados, fora membro das comissões de
Obras e Transportes, de Tomada de Contas, do Polígono das Secas, de
Transportes, Obras Públicas e Comunicações e de Supervisão dos Órgãos
Autônomos.
Entre
1960 e 1961, no final do governo de José Francisco Bias Fortes (1956-1961), foi
diretor da Imprensa Oficial do estado de Minas.
Foi ainda diretor do Posto de Higiene e diretor de Saúde
Pública em Salinas, chefiou o Centro de Saúde de Minas Gerais e foi membro
correspondente da Sociedade Médico-Cirúrgica de Belo Horizonte. Proprietário de
fazendas de gado, dirigiu o Banco Financial da Produção de Minas Gerais.
Faleceu no dia 20 de abril de 1961.
Era casado com Severina Ribeiro Medrado Fernandes, com quem
teve sete filhos.
Publicou Fronteiras de dois mundos, Ternuras e
volúpias e Sulcos de uma jornada.
FONTES: ANDRADE, F.
Relação; ASSEMB. LEGISL. MG. Dicionário biográfico; Boletim
Min. Trab. (5/36); CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados
brasileiros. Repertório (1946-1967); CÂM. DEP. Relação dos dep.; Câm.
Dep. seus componentes; CISNEIROS, A. Parlamentares; Diário do
Congresso Nacional; GODINHO, V. Constituintes; Rev. Arq. Públ.
Mineiro (12/76); TRIB. SUP. ELEIT. Dados (4).