FRAGA,
Clementino
*dep. fed. BA 1921-1926; dep. fed. DF 1954-1955.
Clementino da Rocha Fraga Júnior nasceu em Muritiba (BA) no dia 15 de setembro de 1880, filho
de Clementino da Rocha Fraga e de Córdula de Magalhães Fraga.
Fez o estudo secundário no Colégio Carneiro, em Salvador,
ingressando depois na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual se diplomou em
1903. Iniciou carreira de professor universitário no ano seguinte, passando a
lecionar como assistente nessa escola de medicina. Nomeado em 1906 inspetor
sanitário no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, começou a desenvolver suas
atividades na área da saúde pública, iniciando nessa ocasião relações com
Osvaldo Cruz e Carlos Chagas. Voltando à Bahia em 1910, assumiu a função de
professor substituto de clínica médica da Faculdade de Medicina, e no ano
seguinte foi nomeado delegado sanitário especial. Em 1914 passou a exercer a
função de catedrático de clínica médica da mesma faculdade e, em 1917, chefiou
a Comissão Sanitária Federal incumbida de combater a febre amarela, dirigindo
no ano seguinte o Hospital Deodoro, no Rio de Janeiro, durante a epidemia de
gripe.
Ingressou na política ao eleger-se deputado federal pela
Bahia em 1921, assumindo o mandato em maio desse ano. Reeleito para a mesma
cadeira em 1924, transferiu-se definitivamente no ano seguinte para a capital
federal por força de suas atividades parlamentares, estabelecendo-se na
Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro como professor
da segunda cadeira de clínica médica. Ainda em 1925 atuou como delegado
sanitário especial para realizar a profilaxia da cólera a bordo do navio Araguaia
e representou o Brasil no XVII Congresso de Medicina, em Londres.
Em
dezembro do ano seguinte encerrou o mandato na Câmara e assumiu o cargo de
diretor do Departamento Nacional de Saúde Pública, no exercício do qual se
distinguiria em 1928 no combate à febre amarela, debelando o surto da doença
que havia reaparecido no Rio de Janeiro no ano anterior. Ainda em 1927 voltou a
representar o Brasil, dessa vez no Congresso Internacional de Tuberculose,
realizado em Córdoba, na Argentina. Introduziu o estudo da tuberculose no país
e, em 1930, criou o curso de aperfeiçoamento na citada doença, anexo à segunda
cadeira de clínica médica da Faculdade Nacional de Medicina.
Voltando a exercer funções de comando na defesa sanitária do
Rio de Janeiro, foi nomeado em 1937 secretário-geral de Saúde e Assistência da
Prefeitura do Distrito Federal durante a administração de Henrique Dodsworth
(1937-1945), permanecendo no cargo até 1940. Exerceu também atividades
literárias, sendo eleito em 1939 para a Academia Brasileira de Letras.
De volta à vida política no pleito de outubro de 1950,
candidatou-se a uma cadeira de deputado federal pelo Distrito Federal na
legenda da União Democrática Nacional (UDN) e obteve a segunda suplência, tendo
exercido o mandato de junho de 1954 a janeiro do ano seguinte. No pleito de
outubro de 1954 voltou a concorrer à Câmara dos Deputados, dessa vez na legenda
da Aliança Popular, integrada pela UDN, o Partido Republicano (PR) e o Partido
Libertador (PL). Não chegou, porém, a se eleger, não mais retornando à Câmara
dos Deputados.
Como médico e professor emérito da Faculdade Nacional de
Medicina e da Faculdade de Medicina da Bahia, participou de congressos
internacionais de medicina e de diversas agremiações científicas, como a
Academia Nacional de Medicina, a Academia de Medicina de Paris, a Academia de
Medicina de Buenos Aires, a Academia de Ciências de Lisboa e a Société
Française de la Tuberculose. Pertenceu também à Academia de Letras da Bahia e à
Academia Fluminense de Letras.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 8 de janeiro de 1971.
Era casado com Olindina da Silva Fraga, com quem teve três
filhos, dois dos quais, Hélio e Clementino, também se destacaram no exercício
da medicina e do magistério. Hélio Fraga foi reitor da Universidade Federal do
Rio de Janeiro de 1973 a 1977.
Entre
outros trabalhos, publicou A vontade — estudo psicofisiológico (tese,
1903), Fronteiras da tuberculose (1906), Higiene rural no Brasil
(1908), Discursos e conferências (1912), Beribéri no Brasil
(1918), Clínica médica (1919), Orações à mocidade (1923), A
febre amarela no Brasil (1929), Ceticismo em medicina (1930),
Noções atuais de tuberculose (1931), Ensino médico e medicina social
(1932), Aspectos médico-sociais do problema da tuberculose (1932),
Noções recentes de clínica (em colaboração, 1933), Doenças do fígado
(1934), Orientação profissional e higiene pública (1934), Erros e
preceitos de medicina social (1936), Medicina clínica (1937),
Ciência e arte em medicina (1938), Bovarismo antes e depois de Flaubert (1939),
Médicos-educadores (1940), Amores crepusculares (1941), Medicina
e humanismo (1942), Doença e gênio literário (1943), Últimas
orações (1944), Vocação liberal de Castro Alves (1948), Ricardo
Jorge, médico e humanista (1952), Afonso Celso — educador (1958),
Paisagens de outono (1958), Através da medicina (1960),
Meditações (ensaios e excertos, 1965), Reencontros imaginários
(memórias, 1968), Vida e obra de Osvaldo Cruz (póstumo, 1972), Le
foie dans le paludisme, Beribéri ou síndrome beribérica?, Carência alimentar e
beribéri, Notes sur l’epidemie de fièvre jaune à Rio de Janeiro, Diagnóstico
das síndromes respiratórias e Diagnóstico da tuberculose pulmonar —
síndrome clínica precoce.
FONTES: BRINCHES,
V. Dic.; CÂM. DEP. Deputados; COUTINHO, A. Brasil; Encic.
Mirador; Grande encic. Delta; Grande encic. portuguesa; HIRSCHOWICZ,
E. Contemporâneos; Jornal do Brasil (9/1/71); MENESES, R.
Dic.; SOUSA, A. Baianos.