COUTO, Ronaldo Costa
*min.
Interior 1985-1987; gov. DF 1985; min.-ch. Gab.
Civil Pres. Rep. 1987-1989; min. Trab. 1988-1989.
Ronaldo Costa Couto
nasceu em Luz (MG), no dia 3 de outubro de 1942, filho de Francisco Olímpio
Couto e de Maria José Costa Couto. O irmão, Élcio Costa Couto, foi
secretário-geral da Secretaria de Planejamento da Presidência da República no
governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), diretor do Banco de
Desenvolvimento de Minas Gerais e dirigente do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID).
Bacharel pela faculdade de ciências
econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1966, ainda
durante o curso trabalhou como repórter do Correio de Minas e na revista
Três Tempos. Fez pós-graduação em planejamento geral do desenvolvimento
no Instituto Latino americano de Planificación Económica y Social, da
Organização das Nações Unidas (ONU), em Santiago do Chile, em 1969.
Professor e pesquisador no Centro de
Desenvolvimento e Planejamento Regional de 1967 a 1971, deu aulas de teoria e planejamento econômico na faculdade de ciências econômicas da
UFMG, de 1967 a 1974.
De 1974 a 1975 foi superintendente de desenvolvimento da Companhia Vale do Rio Doce. Por indicação de Floriano Faria Lima,
no final de 1974, coordenou os grupos de trabalho que planejaram a fusão dos
antigos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. No governo de Floriano Faria
Lima (1975-1979), ocupou os cargos de secretário de Planejamento do Rio de
Janeiro, tendo feito a coordenação geral da reforma administrativa resultante
da fusão. Foi ainda secretário executivo do Conselho Estadual de
Desenvolvimento Econômico e Social e presidente dos conselhos deliberativo e
consultivo da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Superintendente do Instituto de
Planejamento vinculado à Presidência da República de março a agosto de 1979, na
equipe do ministro do Planejamento Mário Henrique Simonsen (1979), tendo sido o
coordenador da elaboração do III Plano Nacional de Desenvolvimento (III PND),
que foi encaminhado ao Congresso Nacional no final de 1979. No final desse
mesmo ano, assumiu a secretaria executiva da Comissão de Concessão de
Benefícios Fiscais a Programas Especiais de Exportação (Befiex). Deixou o cargo
no início de 1983.
Foi nomeado secretário de Planejamento e Coordenação
Geral de Minas Gerais por indicação de Francisco Dornelles, sobrinho de
Tancredo Neves, então governador do estado (1983-1984). As articulações quanto
à sucessão do presidente João Batista Figueiredo levaram o governador Tancredo
Neves a encabeçar a chapa oposicionista, o que ocasionou sua renúncia em agosto
de 1984 do cargo de governador, tendo sido substituído pelo vice-governador,
Hélio Garcia. Ronaldo Costa Couto foi mantido no cargo, que acumulou com a
presidência do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Participou ainda do
conselho deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
(Sudene) e supervisionou as atividades da Fundação João Pinheiro, da Companhia
de Desenvolvimento Vale do Jequitinhonha (Codevale) e do Centro de Apoio à
Pequena e Média Empresa.
Indicado para o Ministério do Interior pelo
presidente eleito Tancredo Neves, deixou a secretaria ainda em 1985. Na véspera
da posse na presidência da República, Tancredo Neves foi hospitalizado e, em 15
de março de 1985, foi empossado, interinamente, o
vice José Sarney que, no mesmo dia, efetivou a equipe ministerial. Ronaldo
Costa Couto foi nomeado para o Ministério do Interior, recebendo o cargo
do seu antecessor Mário Andreazza. Em 8 de abril, acumulou com o governo do
Distrito Federal, função que exerceria até 9 de maio.
Após submeter-se a sete cirurgias, o presidente Tancredo Neves faleceu em 21 de
abril. No dia 22, coube a Ronaldo Costa Couto a tarefa de receber o
corpo do presidente Tancredo Neves na Base Aérea de Brasília. Nesse mesmo dia, José Sarney foi efetivado presidente da
República (1985-1989) e Ronaldo Costa Couto confirmado
no cargo de ministro do Interior.
À frente do Ministério lançou o Programa de
Recuperação do Nordeste e constituiu a comissão de redivisão territorial. Nomeado
ministro-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, foi substituído
no Ministério do Interior por Joaquim Francisco Cavalcanti em abril de 1987,
tomando posse no novo cargo no dia 30 do mesmo mês, em substituição a Marco
Maciel.
Na nova função Ronaldo Costa Couto atuou na
defesa dos interesses do governo durante o funcionamento da Assembléia Nacional
Constituinte (1987-1988). Articulou também o chamado pacto social — prevendo
acordos entre o governo, o empresariado e os trabalhadores em torno de um
projeto de estabilidade econômica.
De outubro de 1988 a janeiro de 1989 exerceu cumulativamente o cargo de ministro do Trabalho em substituição a
Almir Pazzianotto que se afastara para assumir vaga no Tribunal Superior do
Trabalho.
Exonerado em 14 de dezembro de 1989, foi
substituído interinamente pelo subchefe de Ação Governamental, Maurício
Vasconcelos, para assumir no dia seguinte o cargo de conselheiro do Tribunal de
Contas do Distrito Federal, por indicação do presidente da República.
Doutor em história pela Universidade de
Paris-Sorbonne (Paris IV), apresentando trabalho sobre a história política
brasileira, desde o advento da ditadura militar, em 1964, até a democratização,
em 1985, transformado no livro História indiscreta da ditadura e da abertura,
publicado em 1998, escreveu também Tancredo vivo — casos e acasos
(1995), relatando fatos de seu convívio com o político mineiro, e Memória
viva do regime militar (1999), além de textos sobre planejamento e
economia.
Nos anos 2000, além de exercer as
atividades inerentes ao cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito
Federal, firmou-se como pesquisador, conferencista e escritor identificado como
protagonista e testemunha ocular de processos marcantes da história política
brasileira dos anos 1950 a 1980, abrangendo os chamados “Anos JK”, a transição
para a democracia e a democratização do país. Em 2001, publicou o livro
“Brasília Kubitschek de Oliveira”, e seria consultor da Rede Globo de Televisão
na produção da minissérie “JK”, veiculada em 2006. Em 2003, na posse de Aécio
Neves como governador de Minas Gerais, falou sobre as transformações lideradas
pelos mineiros Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves na história contemporânea
brasileira. Em 2004, foi lançado seu livro “Matarazzo”, sobre a trajetória de
Francesco Matarazzo, ícone da industrialização de São Paulo
Foi casado com a socióloga Maria Virgínia
Barbosa de Vasconcelos, com quem teve dois filhos.
Sinclair
Cechine
FONTES: ASSEMB. LEGISL. MG. Dicionário
biográfico; Correio Brasiliense (10/5/87); Estado de S. Paulo (13/3/85,
29/1 e 16/2/86, 30/4/87, 18/12/88); Folha de S. Paulo (29/12/84, 4/4 e
27/6/85, 30/4/87); Globo (12/3 e 8/4/85); Jornal do Brasil
(1/3/75, 4 e 9/4/85, 12/3/86, 30/4/87, 17 e 29/1/89); www.portal.rpc.com.br;
www.agenciaminas.gov.br; www.vitruvius.com.br;www.jc3.uol.com.br;
www.congressoemfoco.com.br