CAMPOS, Eduardo
*dep.
fed. PE 1995, 1998-2003; min. Ciênc. e Tecnol. 2003-2005; gov. PE 2007-2014
Eduardo
Henrique Accioly Campos nasceu em Recife, no
dia 10 de agosto de 1965, filho de Maximiano Accioly Campos e de Ana Lúcia
Arraes de Alencar. Seu avô, Miguel Arraes, de quem era considerado sucessor
político, foi por três vezes governador de Pernambuco (1963-1964, 1987-1990 e
1995-1998) e deputado federal durante dois mandatos (1983-1987 e 1991-1995).
Sua mãe Ana Arraes exerceu mandato como deputada federal (2007-2010) e desde
2011 é ministra do Tribunal de Contas da União (TCU).
Em 1982, Eduardo Campos iniciou o curso de economia na
Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe). Estudante universitário, filiou-se
ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em 1985, ingressou no
curso de direito na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), abandonando-o
no ano seguinte. Nesse mesmo ano, assumiu a presidência do diretório acadêmico
da Faculdade de Economia da Ufpe, cargo que só abandonou em 1986, ao concluir o
curso.
Em 1986, tornou-se oficial-de-gabinete da Secretaria de
Governo da Prefeitura de Recife, durante a gestão de Jarbas Vasconcelos
(1986-1988). Entre 1987 e 1988, integrou o diretório regional do PMDB. No
primeiro ano do governo de Miguel Arraes (1987-1990), ocupou a subchefia de
gabinete do governo de Pernambuco, passando, no ano seguinte, a chefe de
gabinete.
Em 1990, filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB),
pelo qual concorreu às eleições para a Assembleia Legislativa de Pernambuco.
Eleito, assumiu o mandato em fevereiro de 1991. No mesmo ano, e até 1993, fez
parte da executiva regional do PSB; de 1993 a 1995, do diretório nacional do partido.
Durante seu mandato de deputado estadual, entre 1991 e 1993, presidiu a
Comissão de Defesa do Meio Ambiente e participou da Comissão de Finanças,
Orçamento e Economia, chegando a exercer a vice-presidência desta última. Ainda
em 1993, foi líder do PSB na Assembleia e membro da comissão parlamentar de inquérito
(CPI) sobre as mensalidades escolares.
Nas eleições de outubro de 1994, Eduardo Campos candidatou-se
a uma vaga para a Câmara Federal, tendo Recife como base eleitoral. Candidato
mais votado de Pernambuco, foi eleito com 133.347 votos. Iniciou o mandato em
fevereiro do ano seguinte, licenciando-se logo a seguir para assumir a Secretaria
de Governo do estado pernambucano e, em 1996, a pasta estadual da Fazenda, na
terceira gestão de Miguel Arraes (1995-1999).
Nesse período, Eduardo Campos viu-se envolvido na chamada
“CPI dos precatórios”, organizada no Senado Federal para investigar a emissão
irregular de títulos por estados e municípios, a pretexto de pagamentos de
dívidas judiciais. Segundo levantamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE),
Pernambuco lançou 480 mil títulos, e arrecadou 402 milhões de reais, aplicando
os recursos obtidos no mercado de capitais. Sendo a dívida com os precatórios
no valor de apenas 48 milhões de reais, o secretário de Fazenda afirmou que a
diferença havia sido depositada na conta única do estado. Convocado a depor no
Congresso Nacional, em março de 1997, ele confessou haver utilizado o dinheiro
para saldar dívidas. Além disso, confirmou que o Banco Vetor fora contratado
sem licitação prévia para gerenciar a operação. Negou, entretanto, a existência
de qualquer irregularidade no processo, pois a lei que autorizava o uso do
saldo obtivera a sanção do próprio Senado. As investigações foram encerradas em
julho de 1997.
Eduardo Campos reassumiu o mandato de deputado federal em
abril de 1998, e participou de sessões nas quais se debateu a reforma da
previdência e a da administração pública. Votou contra o teto de mil e duzentos
reais para as aposentadorias do setor público, a exigência de idade mínima para
aposentadoria dos servidores públicos, e a idade mínima e tempo de contribuição
para os trabalhadores da iniciativa privada. No último ano da legislatura,
participou, como titular, da Comissão de Minas e Energia.
Candidato à reeleição em outubro de 1998 pela legenda do PSB,
recebeu 173.600 votos, pela segunda vez a maior votação do estado. Tomou posse
no novo mandato em fevereiro de 1999 e em 2002 reelegeu-se para o terceiro
mandato de deputado federal.
Em todos os seus mandatos de deputado federal recebeu
destaque na avaliação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
(DIAP) e por 3 anos consecutivos manteve-se na lista dos 100 parlamentares mais
influentes do Congresso, de acordo com aquela instituição. Participou de várias
CPIs, destacando-se a do Roubo de Cargas e a do Futebol (NIKE/CBF). Nesta
última, atuou como sub-relator e denunciou o tráfico de menores brasileiros
para o exterior. Foi ainda presidente da Frente Parlamentar em Defesa do
Patrimônio Histórico, Artístico e Natural Brasileiro, criada a partir de
iniciativa sua, em 13 de junho de 2000. A Frente tinha natureza suprapartidária e
consistia na primeira intervenção do Parlamento Nacional no setor. Durante o
primeiro mandato presidencial de Luís Inácio Lula da Silva (2003-2007), Eduardo
Campos destacou-se como um dos principais articuladores do governo para a
aprovação das reformas da Previdência e Tributária.
Em 2003, foi nomeado pelo presidente, ministro de Ciência e
Tecnologia. Em sua gestão, o Ministério da Ciência e Tecnologia reelaborou o
planejamento estratégico, e revisou o programa espacial e o programa nuclear
brasileiros. Em 2004, Eduardo Campos conseguiu apoio unanime do Congresso para
aprovar a Lei de Inovação Tecnológica, cujo principal objetivo era incentivar e
efetivar a parceria entre empresas, universidades e instituições de pesquisa e
promover o aumento de investimentos em ciência e tecnologia por parte da
iniciativa privada. Empenhou-se também na aprovação da Lei de Biossegurança,
sancionada pelo presidente Lula no dia 24 e março de 2005, que regulamentou a
produção de transgênicos no país e autorizou a pesquisa científica com
células-tronco.
Em 2005, foi eleito para o cargo de presidente do PSB, após a
morte de seu avô e então presidente do Partido, Miguel Arraes. No início de
2006, Campos se licenciou da presidência nacional do PSB para concorrer ao
governo do estado de Pernambuco pela Frente Popular de Pernambuco.
Ainda em 2006, o nome de Eduardo Campos foi associado à
“Máfia das Sanguessugas” por meio de denúncias do deputado federal Fernando
Gabeira, do Partido Verde (PV-RJ), sub-relator da CPI que investigava o caso.
Segundo a denúncia, na época em que era ministro de Ciência e Tecnologia do
governo Lula, Campos teria compactuado com irregularidades nas licitações para
compra de ônibus para o programa de inclusão digital. Campos contestou as
acusações e afirmou acreditar que se tratava de uma tentativa de prejudicá-lo
nas eleições para o governo de Pernambuco.
No pleito realizado em outubro daquele ano, venceu a disputa
no 2º turno com um total de 65,36% dos votos, contra os 34,64% obtidos pelo
então governador Mendonça Filho, candidato à reeleição pelo Partido da Frente
Liberal (PFL). Tomou posse em janeiro de 2007. Em 2008, Eduardo Campos foi
reeleito para o cargo de presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB).
No decorrer de seu mandato frente ao governo
pernambucano deu ênfase à reformulação dos serviços de saúde pública e à gestão
de projetos de qualificação profissional. Durante sua gestão destacam-se a
criação de programas sociais como o “Pacto pela Vida”, promovido pela
Secretaria Estadual de Segurança com vistas à redução dos índices de violência,
que alcançou queda de 39% no índice de homicídios; e o programa “Mãe Coruja
Pernambucana”, criado para diminuir a taxa de mortalidade infantil, mais tarde condecorado
pela Organização das Nações Unidas (ONU) e posteriormente agraciado com o Prêmio Interamericano da Inovação para a Gestão Pública
Efetiva. No âmbito econômico, Pernambuco registrou
índices de crescimento maiores que a média nacional, tendo por base a aplicação
de políticas incentivos fiscais visando atrair novos negócios para o estado.
Chegando ao término de seu mandato como
governador de Pernambuco, Eduardo Campos decidiu lançar-se como candidato à
reeleição no pleito eleitoral de outubro de 2010, para o que contou com o apoio
do então presidente da República Luis Inácio Lula da Silva. Primeira
eleição sem a participação direta de Lula desde 1989, este pleito foi vencido
por sua ex-ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à frente de uma
coligação que reuniu 10 partidos, incluindo o PSB de Campos: Partido dos
Trabalhadores-PT; PMDB; Partido Democrático Trabalhista-PDT; Partido Comunista
do Brasil-PCdoB; Partido Republicano Brasileiro-PRB; Partido da República-PR;
Partido Trabalhista Nacional-PTN; Partido Social Cristão-PSC e Partido
Trabalhista Cristão-PTC. Nas disputas estaduais, a grande surpresa foi o ótimo
desempenho do PSB, que conquistou seis governos entre eles Pernambuco: Campos
foi reeleito já no primeiro turno,
com 3.450.874 votos, referentes a 82, 84% dos votos válidos, contra Jarbas
Vasconcelos, do PMDB, que recebeu a preferência de 525.724 (14, 05%) dos eleitores.
Eduardo Campos tomou posse do segundo mandato
em janeiro do ano seguinte. Durante essa gestão novamente se destacaram o crescimento do PIB e a redução dos índices
de violência. Em junho de 2012, os projetos “Todos por
Pernambuco” e “Chapéu de Palha Mulher”, realizados pelo governo estadual, foram
condecorados com o Prêmio de Serviço Público das Nações Unidas (UNPSA). O
primeiro consistia em promover, através de seminários, a consulta da população
sobre temas prioritários ao governo; o segundo priorizava a assistência à
mulher trabalhadora rural, promovendo sua capacitação ao mercado de trabalho e
auxiliando no período de entresafra.
Em julho de 2013 uma pesquisa da Confederação Nacional da
Industria (CNI) em parceria com o IBOPE apontou o governo de Eduardo Campos
como o mais popular entre os 11 demais estados pesquisados. De acordo com os
dados divulgados na ocasião, 76% dos eleitores pernambucanos aprovavam sua
maneira de governar e 68% da população do estado teria dito confiar no
governador, cuja gestão foi considerada ótima ou boa por 58% dos entrevistados.
Em virtude do lançamento de sua pré-candidatura à presidência
da República, em abril de 2014 Eduardo Campos se desligou do governo de
Pernambuco, passado ao vice João Lyra Neto, também do PSB. Candidatou-se à
presidência do Brasil em chapa constituída com Marina Silva, recém-filiada ao
PSB, candidata a vice. No mês de maio, segundo pesquisa realizada pelo
Datafolha, Campos estava em terceiro lugar entre os pré-candidatos à
presidência, com 10% das intenções de voto, atrás de Aécio Neves, do Partido da
Social Democracia Brasileira (PSDB), que somava 16% das intenções e de Dilma
Rousseff, candidata à reeleição, com 38% da preferência do eleitorado
pesquisado.
Eduardo Campos faleceu aos 49 anos na cidade de Santos (SP),
no dia 13 de agosto de 2014, em decorrência de um acidente aéreo enquanto viajava
do Rio de Janeiro ao Guarujá no meio da campanha presidencial.
Nos meses seguintes à sua morte, durante a chamada Operação
Lava-Jato criada pela da Polícia Federal para investigar supostos crimes de
corrupção, lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobrás, empreiteiras e
políticos, Eduardo Campos teve seu nome citado durante as investigações. Entre
outubro e dezembro de 2014 o ex-diretor de Abastecimento da companhia, Paulo
Roberto Costa, em acordo de delação premiada, citou o nome do ex-governador
entre os 28 políticos supostamente beneficiados nas operações investigadas.
Segundo o Estado de S. Paulo, Costa
teria afirmado em depoimento que no ano de 2010 intermediou o pagamento de R$
20 milhões para o caixa 2 da campanha para reeleição de Eduardo Campos ao
governo pernambucano. Em julho de 2015, depoimentos e outros tipos de conteúdo
informativo coletados no âmbito da Operação Lava-Jato ainda estavam sendo
investigados pela Polícia Federal.
Casou-se com Renata de Andrade Lima Campos, economista e
auditora do Tribunal de Contas de Pernambuco, com quem teve cinco filhos. O segundo
deles, João Henrique, que já fora Secretário-geral para a Juventude do PSB em
Pernambuco, foi nomeado em fins de outubro de 2014 para integrar a direção
executiva, como secretário de Organização. O caçula, nascido no início de 2014,
é portador da síndrome de Down, o que foi oficialmente divulgado em fins de
janeiro, por Campos em seu perfil oficial no Facebook, quando então era
governador do estado, mas já apontado como candidato em potencial à presidência
da República.
Adrianna
Setemy /Luciana
Pinheiro
FONTES:
CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1995-1999); DIAP. Quem;
Folha de S. Paulo (28/09/1996, 30/11/1996, 04/12/1996, 05/12/1996, 10/12/1996,
20/12/1996 e 29/09/1998); Globo (29/01/1997, 7/03/1997, 26/03/1997, 25/07/1997,
27/07/1997 e 10/10/1998); Jornal do
Brasil (07/03/1997); TRIB. REG. ELEIT. PE (1998); Portal Blog Fausto Macedo. Disponível em:
<http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/>. Acesso em:
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Portal UOL Notícias. Disponível em:
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