CAMPOS,
Sousa
*min. Educ. 1946.
Ernesto de Sousa Campos
nasceu em Campinas (SP) no dia 21 de setembro de 1882, filho de Antônio de
Sousa Campos, senador do Império, e de Rosa Cândida Bittencourt de Sousa
Campos. Era descendente de uma família tradicional cujas origens remontam à
época da colonização do território paulista.
Fez seus estudos iniciais no Colégio Americano, no Rio de
Janeiro, então Distrito Federal, bacharelando-se no ano de 1906 em engenharia
pela Escola Politécnica de São Paulo. Cursou mais tarde a Faculdade de Medicina
de São Paulo, por onde se formou em 1919, especializando-se a seguir em
protozoologia e anatomia patológica na Johns Hopkins Medical School, nos Estados
Unidos. Regressando ao Brasil em 1923, tornou-se médico-assistente no Instituto
Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro, onde desenvolveu até 1925 pesquisas sobre a
forma neutrópica do Tripanossoma cruzi, agente causador da doença de
Chagas, e sobre a blastomicose brasileira. Em 1930, foi nomeado diretor da
Faculdade de Medicina de São Paulo, tornando-se mais tarde, durante o governo
estadual de Armando Sales (1933-1937), um dos planejadores do campo
universitário do Butantã. De 1937 a 1938 dirigiu a Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP).
Em janeiro de 1946, no início do governo de Eurico Gaspar
Dutra, eleito no ano anterior com o apoio da coligação formada pelo Partido
Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Sousa Campos
foi nomeado ministro da Educação e Saúde. Sob sua gestão novas universidades
foram criadas no Paraná, na Bahia, em Pernambuco, enquanto as
universidades católicas do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Porto Alegre
recebiam suas estruturas definitivas. No campo do sanitarismo, promoveu
campanhas de prevenção à tuberculose e à malária, fundou o Instituto de
Malariologia e deu início a um planejamento de proteção à maternidade e à
infância. Deixou o ministério em dezembro de 1946, sendo substituído por
Clemente Mariani, um dos udenistas que passaram a fazer parte do governo em
conseqüência da aproximação da União Democrática Nacional (UDN) com o
presidente Dutra.
Sousa Campos atuou também na área diplomática, exercendo as
funções de embaixador especial do Brasil na Colômbia, no Equador, no Chile, na
Argentina e no Uruguai. Foi membro honorário do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, membro da Academia Paulista de Letras e do Instituto
Histórico e Geográfico de São Paulo, além de presidente do Pen Club de São
Paulo.
Faleceu na capital paulista no dia 1º de janeiro de 1970.
Era casado com Celestina Brito de Sousa Campos, com quem teve
cinco filhos.
Publicou,
dentre diversas obras que cobrem um vasto campo de interesses, Estudos sobre
o problema universitário (1938), Educação superior no Brasil (1940),
Fontes primárias para o estudo da educação e saúde pública em São Paulo no
século XVI (1948), Temas universitários (1952), História da
Universidade de São Paulo (1954), Cidade universitária da Universidade
de São Paulo, Aspectos gerais do planejamento e educação (1954), Universidade
luso-brasileira (1958), Leonor de Lencastre (1958), O
apostolado de Aviz (1960), Páginas andinas (1963), No limiar da
Academia Paulista de Letras (1964), Meio século do ensino médico em
São Paulo (1964), As sete noivas da montanha (1965), O tosão de
ouro e Ordem da Rosa (1965), A torre e o sino (1965), A
torre de Coimbra (1966), O sorriso da virgem (1966).
A seu respeito foi publicado o livro Meio século de
trabalho de Ernesto de Sousa Campos (1956).
FONTES: COUTINHO,
A. Brasil; Encic. Mirador; Estado de S. Paulo (3/1 e 6/8/70); INST.
HIST. GEOG. BRAS.; INST. HIST. GEOG. BRAS. Dic.; Jornal do Comércio, Rio
(28/7/40); LEITE, A. História; Meio; MENESES, R. Dic.; MIN. MAR. Almanaque
(1944); Rev. Centro de Letras do Pr (1964 e 1966).