LIMA,
Albuquerque 2
*militar; comte. II Ex. 1958-1961.
Estênio Caio de Albuquerque Lima nasceu no Ceará no dia 11 de maio de 1897, filho do advogado
Joaquim Lima e de Luísa de Albuquerque Lima. Seu irmão, o general Afonso
Augusto de Albuquerque Lima, foi ministro do Interior de 1967 a 1969.
Sentou
praça em fevereiro de 1916 no 1º Regimento de Artilharia Montada (1º RAM)
da Vila Militar, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, ingressando nessa
mesma data na Escola Militar do Realengo, também na capital federal. Declarado
aspirante-a-oficial em dezembro de 1918, foi promovido a segundo-tenente em
dezembro do ano seguinte.
Em janeiro de 1920 passou a servir no 1º RAM, onde
permaneceria até junho de 1921. Nesse período transitou pelo Hospital Central
do Exército (HCE) e esteve à disposição do Serviço Geográfico, atuando ainda
como auxiliar de instrutor da Escola Militar. Foi também ajudante interno do 1º
e 2º grupos e diretor da Escola Regimental, além de responder pelo comando da
2ª Bateria e, posteriormente, da 5ª Bateria. Passou em seguida ao 1º Grupo, que
se achava à disposição da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), sendo
promovido a primeiro-tenente em janeiro de 1921. Voltou ao comando da 5ª
Bateria em fevereiro seguinte, sendo dispensado a pedido da função de diretor
da Escola Regimental. Em junho do mesmo ano reincorporou-se à Escola Militar do
Realengo, onde permaneceu até julho de 1922, tendo atuado como instrutor de
artilharia de abril até essa data.
Foi um dos tenentes que participaram da Revolta de 5 de Julho
de 1922, tendo deflagrado o movimento na Escola Militar do Realengo. O levante,
que deu origem ao ciclo de revoltas tenentistas da década de 1920, irrompeu no
Rio de Janeiro e em Mato Grosso em protesto contra a eleição de Artur Bernardes
à presidência da República e as punições impostas pelo governo de Epitácio
Pessoa (1922-1926) aos militares, com o fechamento do Clube Militar e a prisão
do marechal Hermes da Fonseca. Debelada no mesmo dia, a revolta envolveu no Rio
de Janeiro o forte Copacabana, a Escola Militar e contingentes da Vila Militar
e, em Mato Grosso, unidades do Exército local. Albuquerque Lima e mais dois
colegas intimaram o capitão Oton Oliveira Santos — que fazia a ronda noturna
por ordem especial do diretor da Escola Militar, general Eduardo Monteiro de
Barros — a apresentar-se ao coronel revoltoso João Maria Xavier de Brito
Júnior, diretor da Fábrica de Cartuchos de Realengo. Por sua participação no
movimento foi condenado a um ano e quatro meses de reclusão juntamente com
outros 52 oficiais.
Promovido
a capitão em junho de 1923, participou da revolta tenentista de julho de 1924,
também conhecida como o Segundo 5 de Julho. Irrompido em Sergipe, no Amazonas e
em São Paulo, o levante foi sufocado com facilidade naqueles dois primeiros
estados, mas, em São Paulo, comandados por Isidoro Dias Lopes, os rebeldes
ocuparam a capital por três semanas, abandonando então a cidade e deslocando-se
para o interior, onde iriam formar a Coluna Prestes ao juntar-se no ano
seguinte, no oeste do Paraná, com o grupo revolucionário que, em 1924,
sublevara unidades militares no Rio Grande do Sul. Em conseqüência de seu
envolvimento na revolta, Albuquerque Lima exilou-se em Rivera, no Uruguai, e no
período que se seguiu participou de incursões na fronteira gaúcha junto com
outros líderes tenentistas.
Após a Revolução de 1930 foi anistiado, ingressando em
dezembro desse ano no Estado-Maior Geral das Forças Nacionais, onde permaneceu
como adido até janeiro do ano seguinte. Serviu a seguir na 1ª Seção do
Estado-Maior do Exército (EME), ingressando em abril de 1931 como aluno na
EsAO. Tornou-se ainda membro do Clube 3 de Outubro, organização criada em maio
de 1931 para congregar as correntes tenentistas partidárias da manutenção e do
aprofundamento das reformas instituídas pela Revolução de 1930. Em outubro
seguinte passou a servir no Departamento de Pessoal do Exército, deixando a
EsAO em dezembro de 1931. Dessa data até julho de 1932 permaneceu como adido ao
Departamento de Pessoal, sendo em seguida colocado à disposição do comando da
4ª Região Militar (4ª RM), então sediada em Belo Horizonte, a fim de prestar
serviço junto ao 8º RAM, em Pouso Alegre (MG).
Com a eclosão da Revolução Constitucionalista em São Paulo em
julho de 1932, Albuquerque Lima participou da repressão a esse movimento como
integrante do destacamento do coronel Galdino Esteves, permanecendo em
operações de guerra até setembro daquele ano. Em novembro seguinte voltou ao
Departamento de Pessoal do Exército como adjunto de gabinete, sendo promovido a
major em fevereiro de 1933. Em abril do mesmo ano deixou o Departamento de
Pessoal e ingressou como aluno na Escola de Estado-Maior (EEM) do Exército, aí
permanecendo até janeiro de 1935, quando concluiu o curso. Ainda nesse mês
começou a estagiar no gabinete do EME, do qual sairia em abril para chefiar a
2ª Seção do estado-maior da 9ª RM, com sede em Mato Grosso, assumindo
esporadicamente as chefias interinas da 1ª Seção e do estado-maior regional
dessa unidade.
De
volta ao Rio de Janeiro em abril de 1936, em maio seguinte ingressou no 1º RAM,
do qual se desligou em junho do ano seguinte para retornar ao EME como adjunto
da 3ª Seção. Em agosto foi transferido para a Inspetoria Geral de Ensino do
Exército (IGEE), passando em outubro à chefia da 2ª Seção da mesma. Deixou a
IGEE em fevereiro de 1938, quando se tornou oficial-de-gabinete do ministro da
Guerra, general Eurico Dutra, função que exerceu até abril do mesmo ano,
passando então a comandar o 1º Grupo de Artilharia de Dorso, em Campinho (RJ).
Promovido em maio seguinte a tenente-coronel, deixou o comando que exercia em
setembro de 1939 para assumir a chefia do estado-maior do Distrito de Defesa de
Costa, no quartel do estado-maior da 1ª RM, e da Inspetoria de Defesa de Costa.
Em julho do ano seguinte matriculou-se como aluno da Escola
de Artilharia de Costa, na fortaleza de São João, no Rio de Janeiro, sem
prejuízo de suas funções, sendo designado, ainda nesse mês, membro da Comissão
de Redação e Doutrina da Defesa de Costa. Em novembro foi dispensado de todas
essas funções por haver sido recrutado para missão no estrangeiro,
desligando-se também do curso que fazia na Escola de Artilharia de Costa.
Adjunto do adido militar à embaixada do Brasil em Washington
a partir de abril de 1941, substituiu no ano seguinte o representante
brasileiro na Junta Interamericana de Defesa, passando então a acumular ambas
as funções. Tornou-se adido militar em Washington em outubro de 1942, sendo
designado no mês seguinte para dirigir a Comissão Militar Brasileira de Compras
nos Estados Unidos. Acumulou então essa função às outras que já vinha exercendo
e, em março do ano seguinte, foi promovido a coronel. Em julho de 1945 deixou a
chefia da Comissão Militar de Compras e, em abril do ano seguinte, a de adido
militar na capital norte-americana.
De
volta ao Brasil ainda em 1946, assumiu o comando do 1º Regimento de Infantaria
(1º RI) da Vila Militar, no Rio de Janeiro, função que acumulou com a de
comandante da Artilharia Divisionária I (AD-1) entre 1946 e 1948. Promovido a
general-de-brigada em julho desse ano, permaneceu adido à Secretaria Geral do
Ministério da Guerra dessa data até outubro seguinte. Nesse ínterim foi nomeado
em setembro comandante da 10ª RM, sediada em Fortaleza, cujo comando exerceu
até março de 1950. Ainda nesse mês ingressou na Secretaria Geral do Ministério
da Guerra, ficando à disposição do Conselho Nacional do Petróleo (CNP). Nomeado
ainda em março de 1950 presidente da refinaria de Cubatão (SP), foi promovido a
general-de-divisão em abril de 1954, sendo afastado daquele cargo em junho do
mesmo ano.
Em
julho seguinte assumiu o comando da 2ª RM, em São Paulo, e, em novembro de
1955, por ocasião do movimento militar liderado pelo general Henrique Teixeira
Lott, ministro da Guerra demissionário, apoiou essa iniciativa, que, segundo
seus promotores, visava a neutralizar uma conspiração em andamento no governo e
a assegurar a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek. O movimento
levou ao impedimento dos presidentes da República Carlos Luz, em exercício, e
João Café Filho, licenciado, empossando na chefia da nação o vice-presidente do
Senado, Nereu Ramos.
Em 23 de dezembro de 1955 foi designado por Nereu executor do
estado de sítio em São Paulo. Depois de haver exercido interinamente, em
diversos períodos entre 1956 e 1958, o comando do II Exército, assumiu
efetivamente o cargo em dezembro desse último ano, sendo promovido ainda nesse
mês a general-de-exército. Deixou o II Exército em julho de 1961 e de outubro a
dezembro desse ano atuou como ministro do Superior Tribunal Militar (STM) em
substituição a Antônio José Lima Câmara, que entrara em gozo de três meses de
licença. Em 1962 esteve adido à Secretaria Geral do Ministério da Guerra, sendo
transferido para a reserva de primeira classe no posto de marechal em novembro
do mesmo ano.
FONTES: ARQ. CLUBE
3 DE OUTUBRO; ARQ. MIN. EXÉRC.; CAFÉ FILHO, J. Sindicato; CORRESP. SECRET. GER.
EXÉRC.; TÁVORA, J. Vida.