QUEIRÓS,
Eunápio de
*const. 1946; dep. fed. BA 1946-1951, 1955-1959 e 1962.
Eunápio Peltier de Queirós
nasceu na fazenda Boa Vista, no município de Valença (BA), em 5 de outubro de
1905, filho de Eunápio Rosa de Queirós e de Eugênia Peltier de Queirós.
Fez o curso primário e iniciou o secundário em sua cidade
natal, concluindo-o no Ginásio São Salvador, na capital baiana. Em seguida
prestou exames preparatórios no Ginásio da Bahia e ingressou na Escola
Politécnica de seu estado, formando-se engenheiro civil em 1924.
Nesse
mesmo ano iniciou sua vida profissional no interior da Bahia, realizando
serviços topográficos, medição de terras e mapeamento. Em 1926 projetou e
construiu a rodovia Maracas-Tamburi. Em 1929 passou a trabalhar como
engenheiro-residente na Estrada de Ferro de Nazaré, tornando-se logo em seguida
engenheiro-chefe do setor de tráfego. Exerceria essa função durante cinco anos,
ao longo dos quais chegaria a ocupar em dois períodos a superintendência da
empresa. Após a Revolução de 1930, que colocou Getúlio Vargas no poder, exerceu
cumulativamente o cargo de prefeito nomeado de Nazaré (BA). Em 1933, com a
fundação do Instituto de Cacau da Bahia, deixou a Estrada de Ferro de Nazaré
para dirigir a construção do sistema rodoviário daquela instituição e a
companhia Viação Sul Baiano, encarregada do tráfego da região cacaueira.
Em 1943, durante o Estado Novo, foi nomeado prefeito de
Ilhéus (BA), cargo que ocupou até o fim do regime ditatorial, em outubro de
1945, quando deixou também a direção da Viação Sul Baiano. Com a
redemocratização do país, elegeu-se em dezembro de 1945 deputado pela Bahia à
Assembléia Nacional Constituinte na legenda do Partido Social Democrático
(PSD). Participou dos trabalhos constituintes, iniciados em fevereiro de 1946,
e, com a promulgação da nova Carta (18/9/1946), passou a exercer o mandato
ordinário na Câmara Federal. Nessa legislatura foi membro das comissões do
Polígono das Secas, de Investigação Econômica e Social e de Transportes e
Comunicações, que o elegeu relator da revisão do Plano de Viação Nacional.
Participou ainda da Comissão Especial da Bacia do São Francisco e foi relator
geral da Comissão Especial da Mudança da Capital.
No
pleito de outubro de 1950 candidatou-se a deputado federal pela Bahia na
legenda da Coligação Baiana, formada pelo PSD, o Partido de Representação
Popular (PRP) e o Partido Social Trabalhista (PST), obtendo apenas uma
suplência. Deixou a Câmara ao final de seu mandato, em janeiro de 1951, e nesse
mesmo ano foi nomeado secretário de Viação e Obras Públicas da Bahia, na gestão
do governador Luís Régis Pacheco (1951-1955). No exercício desse cargo, iniciou
os trabalhos de pavimentação asfáltica das rodovias Ilhéus, Itabuna e
Bahia-Feira, e a barragem do rio Joanes. Em 1953 fundou e se tornou
diretor-presidente das Centrais Elétricas do Rio das Contas (CERC), e no ano
seguinte deixou suas funções na Secretaria de Viação.
Em outubro de 1954 foi eleito deputado federal pela Bahia,
ainda na legenda da Coligação Baiana, formada dessa vez pelo PSD, o PRP e o
Partido Libertador (PL). Assumiu o mandato no início da legislatura, em
fevereiro de 1955, tendo participado, como membro efetivo, da Comissão de
Finanças da Câmara dos Deputados. No pleito de outubro de 1958 tentou
reeleger-se na legenda da Aliança Democrática Popular, constituída pelo PSD e o
PRP, mas obteve apenas uma suplência, deixando a Câmara em janeiro de 1959. No
ano seguinte retornou à presidência da CERC, licenciando-se de setembro a
outubro de 1962 para exercer o mandato na Câmara. Encerrou então suas
atividades parlamentares.
Durante
seu período na presidência da CERC, reassumida logo em seguida, foram
projetados e construídos a Central do Funil, cinco subestações abaixadoras e
aproximadamente 900km de linhas de transmissão. Entre 1966 e 1967 presidiu
ainda a Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba), passando a integrar em
1968, após a incorporação dessa empresa à CERC, seu quadro de engenheiros, e
exercendo ainda as funções de coordenador da aquisição e instalação da unidade
geradora da Central do Funil e dos estudos e projetos da usina da Pedra.
Representou a Bahia na execução do convênio com o Departamento Nacional de
Obras e Saneamento (DNOS) para a construção da barragem da Pedra, e presidiu
ainda a comissão encarregada da desapropriação e desocupação da bacia de
acumulação respectiva.
De
1968 a 1970 foi também assessor técnico da Secretaria de Minas e Energia e, em
agosto de 1971, foi nomeado diretor da Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco (CHESF), por indicação da Eletrobrás, cargo a que seria reconduzido
sucessivamente em 1974 e 1976. Ao longo de sua gestão, levou adiante a
construção da barragem e da usina hidrelétrica de Sobradinho, as obras das
usinas de Moxotó, Paulo Afonso, Pedra, Itaparica, além das usinas
termoelétricas de Bonji, Camaçari, São Luís e da eclusa de Boa Esperança.
Foi membro da Sociedade de Engenheiros da Bahia, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), da Associação Rodoviária do
Brasil e do Sindicato de Engenheiros da Bahia.
Faleceu em Salvador no dia 8 de abril de 1998.
Era casado com Maria Alice Bastos Queirós, com quem teve
cinco filhos.
Publicou Problemas econômicos de Ilhéus e Relatório
parlamentar sobre a mudança da capital federal, além de diversos
estudos e pareceres referentes à vida parlamentar.
FONTES: CÂM. DEP. Deputados;
CÂM. DEP. Deputados federais. Inventário; CÂM. DEP. Relação dos
deputados; Diário do Congresso Nacional; INF. FAM. Jornal do Brasil (25/9/76);
MELO, A. Cartilha; SILVA, G. Constituinte; TRIB. SUP.
ELEIT. Dados (1, 2, 3 e 4); Who’s who in Brazil.