SODRÉ,
Fábio
*const. 1934; dep. fed. RJ 1935-1937.
Fábio de Azevedo Sodré nasceu
no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 24 de setembro de 1891, filho
de Antônio Augusto de Azevedo Sodré, que foi prefeito do Distrito Federal, e de
Luzia Sales Sodré. Era bisneto de Irineu Evangelista de Sousa, o visconde de
Mauá.
Fez seus primeiros estudos em sua cidade natal, nos colégios
Kopke, Americano-Fluminense e Pedro II, e em Paris. Ingressou depois na
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e, ainda acadêmico, participou da
Campanha Civilista, movimento antimilitarista que promoveu em 1909-1910 a
candidatura de Rui Barbosa à presidência da República, em oposição à do
marechal Hermes da Fonseca, afinal eleito no pleito de março de 1910.
Redator-secretário da revista científica Brasil Médico no
período em que era estudante, em 1910 começou a trabalhar como interno no
Hospital Nacional dos Alienados do Rio de Janeiro, conseguindo, através de
concurso, a sua efetivação a partir de 1911. Formou-se em 1912 como
neuropsiquiatra, aperfeiçoando-se posteriormente em Paris, na clínica
neurológica La Salpetrière e na Sorbonne, onde freqüentou um curso de
fisiologia. Ainda em 1912 passou a clinicar na companhia de seguros de vida A
Eqüitativa.
Assistente de clínica médica da Faculdade de Medicina do Rio
de Janeiro a partir de 1913, no ano seguinte foi eleito para o Conselho
Municipal de São Gonçalo (RJ), onde era proprietário agrícola. Em 1915
conseguiu eleger-se deputado à Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, na
chapa de Nilo Peçanha. Deixou a assistência na Faculdade de Medicina em 1916 e
no ano seguinte tornou-se secretário de seu pai na Prefeitura do Distrito
Federal. Reeleito deputado estadual em 1918, nesse mesmo ano participou como
médico da missão militar brasileira enviada à França. Permaneceu nesse país até
1919 como assistente no hospital da Pitié.
Em 1921 tornou-se médico-chefe do serviço de neuropsiquiatria
infantil do Hospital dos Alienados (Pavilhão Bonneville). Nesse mesmo ano,
tomou parte na Reação Republicana, movimento que promoveu a candidatura de Nilo
Peçanha à presidência da República, em oposição à de Artur Bernardes, afinal
eleito em março de 1922. Neste último ano foi reeleito deputado à Assembléia
Legislativa do Rio de Janeiro. Assumindo a diretoria da revista Brasil Médico
em 1925, no ano seguinte tornou-se vice-diretor-médico de A Eqüitativa. Deixou
a direção da revista em 1928 e em 1929 ocupou o cargo de diretor da empresa de
seguros.
Continuando
sua carreira política, em maio de 1933, já após a Revolução de Outubro de 1930,
elegeu-se deputado à Assembléia Nacional Constituinte pelo Rio de Janeiro na
legenda do Partido Popular Radical (PPR). Assumindo sua cadeira em novembro de
1933, participou dos trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova
Carta (16/7/1934), teve seu mandato estendido até maio de 1935. Eleito deputado
federal pelo Rio de Janeiro em outubro de 1934, sempre na legenda do PPR,
permaneceu na Câmara até 10 de novembro de 1937, quando o advento do Estado
Novo suprimiu os órgãos legislativos do país.
Deixou
os cargos de diretor-médico de A Eqüitativa em 1941 e de médico-chefe do
serviço de neuropsiquiatria infantil no Hospital dos Alienados em 1942,
assumindo em seguida, nesse mesmo hospital, a chefia da Seção Calmeil, ocupando
esse cargo até 1944. Nesse mesmo ano, passou a chefiar a Seção Bleurer, do
Hospital de Alienados e tornou-se presidente da seção de Psiquiatria da
Sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal. Em 1945,
participou, em nome dessa entidade, do Congresso Internacional de Psiquiatria,
realizado em Paris.
Em meados da década de 1940, passou a dedicar mais tempo ao
seu consultório particular, que mantinha, há muitos anos, paralelamente às suas
outras atividades.
Foi ainda membro da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio
de Janeiro e da Sociedade Brasileira de Imprensa.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 3 de setembro de 1967.
Foi casado, em primeiras núpcias, com Irene Lopes Sodré, com
quem teve quatro filhos. Casou-se, em segundas núpcias, com Hebe Garcia Sodré.
Além de colaborar nos jornais O Imparcial, O Jornal, Diário
Fluminense, Correio da Manhã e Diário Carioca, publicou Psicopatologia de
guerra (1944), Guerra e cultura (1946), A luta pelo poder do Estado
(1946), Esclerose em placas e sífilis, Ensaio sobre o conceito da consciência,
Histeria na infância, Dupla hemiplegia na infância, Hematoma extradural,
Esclerose cerebral da infância e hemiplegia cerebral infantil, Necessidades dos
operários brasileiros, Hemiataxia cerebelar congênita, Psicopatologia de
guerra, Paralisia geral e psicoses associadas, Valor semiológico das
perturbações da memória na associação paralisia geral-esquizofrenia.
FONTES: Boletim
Min. Trab. (5/36); CÂM. DEP. Deputados; Câm. Dep. seus componentes; CONSULT.
MAGALHÃES, B.; GODINHO, V. Constituintes; Grande encic. Delta; HIRSCHOWICZ, E.
Contemporâneos; INF. Regina de Azevedo von der Weid e Antônio Augusto de
Azevedo Sodré Neto.