FREIRE,
Firmo
*militar; ch. Gab. Mil. Pres. Rep. 1942-1945.
Firmo Freire do Nascimento
nasceu em Buquim (SE) no dia 1º de dezembro de 1881, filho de Manuel Eugênio do
Nascimento.
Sentou
praça em maio de 1898, ingressando na Escola Preparatória e de Tática do
Realengo, cujo curso concluiu em 1901, quando passou a cursar a Escola Militar
do Brasil. Alferes-aluno em 1903, formou-se em novembro do ano seguinte,
ficando a partir de então adido à 3ª Companhia do 1º Batalhão de Infantaria (1º
BI). Em janeiro de 1905 foi transferido para a 1ª Companhia do 23º BI, onde
permaneceu apenas dois meses. De então até setembro permaneceu adido à 2ª
Companhia do 7º BI e em seguida foi transferido para a 2ª Bateria do 2º
Regimento de Artilharia da Costa (2º RAC), Nele permaneceu até março de 1906,
ingressando no mês seguinte na Escola de Artilharia e Engenharia. Promovido a
segundo-tenente em janeiro de 1907, terminou o curso em 1908.
Adido ao 17º Regimento de Cavalaria (17º RC), trabalhou na
construção da Estrada de Ferro Timbó (BA)-Propriá (SE) de 1909 a fevereiro de 1911, quando foi transferido para a 6ª Companhia de Caçadores. Promovido a
primeiro-tenente em maio desse ano, foi encarregado das obras do Depósito de
Artigos Bélicos, do exame do prédio da Delegacia Fiscal de Sergipe, e da
organização de novo projeto do edifício da Alfândega desse estado. Em 1912,
após ter servido nos meses de abril a agosto, como auxiliar do Serviço de
Engenharia da 9ª Região de Inspeção Permanente, foi colocado à disposição do
Ministério das Relações Exteriores atuando até 1916 como engenheiro na função
de auxiliar da Comissão Militar de Limites com a Venezuela.
Ingressou na política ao eleger-se deputado à Assembléia
Legislativa de Sergipe, iniciando o mandato em maio de 1916. Reelegendo-se em
1918, foi promovido a capitão em agosto desse ano e ocupou a cadeira de
deputado estadual até janeiro de 1920. Retornando à atividade militar, serviu
no 2º Regimento de Cavalaria Independente, onde, até dezembro de 1920, exerceu
por períodos alternados as funções de fiscal e de comandante do 1º Esquadrão.
Em 1921 freqüentou o curso de revisão da Escola do Estado-Maior, organizado
pela Missão Militar Francesa, que, enviada ao Brasil sob a chefia do general
Maurice Gustave Gamelin, foi responsável pela remodelação do Exército
brasileiro. De 1922 a 1924 serviu na 1ª Região Militar (1ª RM), no Rio de
Janeiro, chefiando a 1ª e, a seguir, a 2ª seção do estado-maior dessa região.
Promovido
a major em janeiro de 1924, passou a servir como fiscal na Escola Militar,
exercendo essa função até maio de 1927, quando atingiu o posto de
tenente-coronel. Designado a seguir para a 3ª RM, sediada em Porto Alegre, exerceu a função de chefe interino e, em seguida, permanente, do estado-maior,
tendo respondido algumas vezes pelo expediente do quartel-general da região.
Promovido a coronel em maio de 1929, chefiou o estado-maior da 3ª RM até
outubro de 1930. Durante a revolução deflagrada no dia 3 desse mês, resistiu,
juntamente com os demais oficiais do estado-maior da 3ª RM, comandada pelo
general Gil de Almeida, ao ataque revolucionário à unidade, mantendo-se ao lado
do governo de Washington Luís. Com a derrota dessa resistência legalista, foi
aprisionado, em companhia daqueles oficiais, pelo exército revolucionário.
Colocado em liberdade após a vitória do movimento que levou
Getúlio Vargas ao poder, passou a servir no Departamento de Pessoal do Exército
(DPE), sendo então encarregado de um inquérito policial-militar (IPM).
Cumulativamente chefe e comandante da guarnição da 12ª Circunscrição de
Recrutamento de agosto de 1931 a 1932, voltou a servir no DPE em agosto deste
último ano, quando foi mais uma vez encarregado de um IPM. Conduzindo o IPM
durante o período do movimento constitucionalista de 1932, em São Paulo, foi preso e reformado em outubro desse ano. Anistiado em maio de 1934, voltou
então à ativa, sendo designado novamente para o DPE. Em agosto de 1935, foi
transferido para o 5º Regimento de Cavalaria Divisionária, em Castro (PR),
onde, até setembro do ano seguinte, assumiu as funções de comandante por
diversos períodos. Exerceu também o comando da 5ª RM sediada em Curitiba. Designado para o Estado-Maior do Exército (EME) em outubro de 1936, foi indicado em
dezembro seguinte para a Inspetoria do 1º Grupo de Regiões Militares (GRM) e,
em julho de 1937, para o do 2º GRM. Em ambos, exerceu a chefia do estado-maior.
Designado para a chefia do estado-maior da 2ª RM, com sede em São Paulo, em novembro de 1937, na véspera do golpe do Estado Novo, foi promovido a
general-de-brigada no mês seguinte. Em 1938 tornou-se interino da 2ª RM e
comandante da 3ª Brigada de Infantaria. Em outubro desse ano foi transferido
para o quartel-general da guarnição de Caçapava (SP), onde exerceu em caráter
interino o comando da Infantaria Divisória/2 (ID/2). Subchefe e chefe interino
do Estado-Maior do Exército (EME) de fevereiro a junho de 1939, assumiu no mês seguinte
o comando da 7ª RM, sediada em Recife, permanecendo no posto até junho de 1940.
Foi a seguir designado para a Secretaria Geral do Ministério da Guerra, onde
presidiu a comissão encarregada de rever o Regulamento Disciplinar do Exército,
exercendo ainda o cargo de diretor de Cavalaria, Trem, Remonta e Veterinária de
setembro a dezembro de 1940 e de diretor da arma de cavalaria de janeiro de 1941 a setembro do ano seguinte.
Nomeado
chefe do Gabinete Militar da Presidência da República e secretário-geral do
Conselho de Segurança Nacional (CSN) em setembro de 1942, a partir de janeiro do ano seguinte presidiu a Comissão Especial de Revisão das Concessões de
Terra da Faixa de Fronteiras, sendo promovido a general-de-divisão em junho do
mesmo ano. Em outubro de 1944 passou a acumular esses cargos com o de
presidente da Comissão do Planejamento Econômico que, criada no mês anterior,
ao final da Segunda Guerra Mundial sob presidência do secretário-geral do CSN,
tinha por objetivo rever e coordenar a adaptação da economia às condições
exigidas pelos tempos de paz.
Como chefe do Gabinete Militar da Presidência da República,
foi designado por Getúlio Vargas, em 29 de outubro de 1945, para ir até o
Ministério da Guerra convocar o general Pedro Aurélio de Góis Monteiro — que
havia pedido demissão do cargo de ministro da Guerra poucas horas antes — e o
general Eurico Gaspar Dutra para uma reunião com o presidente. A demissão de
Góis Monteiro teria sido provocada pela substituição de João Alberto Lins de
Barros por Benjamim Vargas no cargo de chefe de polícia do Distrito Federal,
efetuada sem seu conhecimento. Voltando da missão com a notícia de que Góis
Monteiro não atenderia ao chamado, Firmo Freire — que já tentara sem êxito,
convencer o presidente a anular a nomeação de Benjamim Vargas — informou
Getúlio de que havia encontrado o Ministério da Guerra repleto de oficiais de
alta patente fardados. Horas depois, ultimava-se o golpe, que, coordenado por
Góis Monteiro, efetivou a deposição de Vargas no próprio dia 29 de outubro de
1945.
Firmo Freire foi reformado em novembro de 1945.
Faleceu no dia 9 de julho de 1967.
FONTES: ALMEIDA, G.
Homens; ARQ. MIN. EXÉRC.; CORRESP. GAB. MIL. PRES. REP.; COUTINHO, L. General;
FICHÁRIO PESQ. M. AMORIM; HIRSCHOWICZ, E. Contemporâneos; LAGO, L. Relação;
NABUCO, C. Vida.