ROCHA,
Flávio
*const. 1987-1988; dep. fed. RN
1987-1995.
Flávio Gurgel Rocha nasceu
em Recife, no dia 14 de fevereiro de 1958, filho de Nevaldo Rocha e de Eliete
Gurgel Rocha. A família é proprietária de um dos 50 maiores grupos privados do
país.
Formado
em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo, iniciou-se
na política em novembro de 1986, concorrendo à uma vaga de deputado federal
constituinte pela legenda do Partido da Frente Liberal (PFL). Eleito,
transferiu-se para o Partido Liberal (PL), tomando posse no dia 1º de fevereiro
de 1987. Titular na Subcomissão de Orçamento e Fiscalização Financeira, da
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças, e suplente da Subcomissão
da Nacionalidade, da Soberania e das Relações Internacionais, da Comissão da
Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher, votou contra o
rompimento de relações diplomáticas com países que praticassem políticas de
discriminação racial, a pena de morte, a limitação do direito de propriedade, o
turno ininterrupto de seis horas, a jornada semanal de 40 horas, a demissão sem
justa causa e a proibição do comércio de sangue. E a favor do mandado de
segurança coletivo, da pluralidade sindical, do presidencialismo, do voto
facultativo aos 16 anos, do mandato de cinco anos para o então presidente José
Sarney, da anistia aos micro e pequenos empresários e da legalização do jogo do
bicho.
Promulgada a nova Constituição, Flávio Rocha integrou-se aos
trabalhos legislativos ordinários do Congresso Nacional como titular da
Comissão de Economia Indústria e Comércio, e como suplente da Comissão de
Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. Embora ocupasse os cargos de
vice-presidente nacional e presidente da seção regional do PL no Rio Grande do
Norte, desligou-se do PL e filiou-se ao Partido da Reconstrução Nacional (PRN),
legenda pela qual Fernando Collor de Melo se elegera presidente da República em
dezembro de 1989.
Presidente do diretório regional do PRN, no pleito de outubro
1990 foi o candidato mais votado do estado, reelegendo-se com 72.406 votos.
Assessorado
pelo economista da FGV Marcos Cintra, apresentou em 1991 uma proposta de emenda
constitucional criando o Imposto Único sobre Transações — uma alíquota de 2%
sobre todas as operações financeiras, a ser repartida entre credor e devedor —
em substituição aos 58 impostos existentes, incluindo o imposto de renda. Os
recursos arrecadados seriam depositados numa conta única e repassados à União.
De
volta às fileiras do PL, na sessão da Câmara dos Deputados de 29 de setembro de
1992, votou a favor da abertura do processo de impeachment do presidente
Fernando Collor de Melo, acusado de crime de responsabilidade por ligações com
um esquema de corrupção liderado pelo ex-tesoureiro de sua campanha
presidencial Paulo César Farias. Afastado da presidência logo após a votação na
Câmara, Collor renunciou ao mandato em 29 de dezembro de 1992, pouco antes da
conclusão do processo pelo Senado Federal, sendo efetivado na presidência da
República o vice Itamar Franco, que já vinha exercendo o cargo interinamente
desde o dia 2 de outubro.
Em
abril de 1994 o PL foi o primeiro partido a oficializar uma candidatura à
sucessão presidencial, lançando Flávio Rocha, que numa prévia interna superara
o brigadeiro Ivan Frota. No mês seguinte, já em campanha, Flávio Rocha sugeriu
às forças de centro que abandonassem a candidatura Fernando Henrique, optando
por um nome alternativo que evitasse a vitória de Lula no primeiro turno — o
senador catarinense Esperidião Amin, do Partido Progressista Reformador (PPR),
ou ele próprio.
Durante a campanha, tendo como principal bandeira a sua
proposta de imposto único, mas em virtude dos baixíssimos índices nas pesquisas
de intenções de voto, sofreu pressões do próprio partido para renunciar em
favor de uma coligação com outra candidatura. Negando veracidade a tais
histórias, prosseguiu ocupando o horário eleitoral e divulgando seu plano de
governo.
Em agosto de 1994, em face de denúncias sobre a existência de
um “mercado paralelo” de venda ilegal de bônus eleitorais com deságio a fim de
legalizar recursos de empresas não contabilizados oficialmente, Flávio Rocha
demitiu o coordenador do comitê envolvido, seu primo Teófilo Furtado Neto.
Pouco depois, tendo obtido a renúncia do candidato a vice, Jadiel Loredo
Júnior, a executiva nacional do PL forçou a retirada de Flávio Rocha. O partido
acabou apoiando a candidatura vitoriosa de Fernando Henrique Cardoso, lançada
por coligação do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) com o Partido
da Frente Liberal (PFL) e Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
Flávio afastou-se da política, tornando-se, então, um dos
diretores da empresa da família, a Guararapes. Segundo os registros do TSE, ele
manteve-se filiado ao PL até 2002. Alguns jornais atribuem seu afastamento da
política às pressões de seu pai, Nevaldo Rocha, a fim de que pudesse se dedicar
totalmente à presidência da empresa, cargo que passou a ocupar depois da
aposentadoria do pai. Em fevereiro de 2004, contudo, o Jornal do Brasil informou
que Flávio estaria “esquentando” uma candidatura ao Senado pelo Rio Grande do
Norte, o que acabou não se concretizando, já que não disputou as eleições de
outubro de 2006. Em 2009, novamente o assunto voltou à cena. Segundo o blog
do jornalista potiguar Marcos Dantas, Flávio Rocha teria se encontrado com a
governadora Vilma Maia, durante a inauguração da expansão de um shopping de
Natal, construído pela empresa da família de Flávio. Nessa ocasião, a
governadora teria se comprometido a apoiar a candidatura de Flávio ao Senado.
Casou-se com a gaúcha Anna Cláudia Klein Rocha, com quem teve três filhos. Teve ainda um outro filho, fruto de um relacionamento anterior com Alda Ramalho Pereira, filha do ex-governador do Rio Grande do Norte, Radir Pereira de Araújo.
Luciana Barbosa Arêas
atualização
FONTES:
ASSEMB. NAC. CONST. Repertório (1987-1988); CÂM. DEP. Deputados
brasileiros. Repertório (1991-1995); COELHO, J. & OLIVEIRA, A. Nova;
Estado de S. Paulo (21/1/93, 5/7 e 8/8/94); Folha de S. Paulo
(14/8/91, 19/4, 11/6, 5, 8, 11 e 12/8/94); Globo (11/7/91, 23/9/92, 8 e
11/8/94); Jornal do Brasil (17 e 18/6, 24/7, 6 e 8/8/94; 26/02/04); Tribunal
Superior Eleitoral (2002); “Blog do Marcos Dantas”, (25/04/09).