FERRAMENTA, Chico
*dep.
fed. MG 1995-1996.
Francisco Carlos Chico Ferramenta Delfino nasceu em Bom Despacho (MG) no dia 8 de janeiro de 1959,
filho de José Delfino Neto e de Adélia Domingos Delfino.
Em
1976, iniciou o curso técnico de química na Escola Técnica Federal de Minas
Gerais, concluindo-o dois anos depois. Ainda em 1978, trabalhou como operador
de usina piloto de ácido fosfórico no campus da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) e, no ano seguinte, como técnico de controle de qualidade
na Companhia Industrial de Belo Horizonte. Ainda em 1979, tornou-se técnico de
pesquisas das Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. (Usiminas), permanecendo
nesta função até 1985.
Em agosto deste ano, concorreu às eleições do Sindicato dos
Trabalhadores em Indústrias de Metalúrgica, Mecânicas e de Material Elétrico de
Ipatinga (Sindipa), encabeçando a chapa Ferramenta, que tinha por objetivo,
entre outros, resgatar a memória dos operários assassinados em 7 de outubro de
1963 no chamado Massacre de Ipatinga. Apesar da grande mobilização da
categoria, a chapa foi derrotada no segundo turno. Em novembro de 1985, a Usiminas demitiu Ferramenta, após seis anos de trabalho no centro de pesquisas da empresa, e
os demais integrantes da chapa.
Foi
eleito, em 1986, presidente da seção regional do vale do aço da Central Única
dos Trabalhadores (CUT) e filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT),
candidatando-se, por esta legenda, a uma cadeira na Assembléia Legislativa de
Minas Gerais no pleito de novembro de 1986. Eleito com a segunda maior votação
do estado para a Constituinte estadual, assumiu o mandato no início de 1987,
participando dos trabalhos legislativos como líder da bancada do PT.
No pleito de novembro de 1988, concorreu à prefeitura de
Ipatinga (MG) na legenda do PT, numa chapa cuja vice-candidatura coube a João
Magno de Moura. Eleito com 39.440 votos, renunciou ao cargo de deputado
estadual, assumindo a prefeitura em janeiro do ano seguinte.
Disposto a cumprir as metas de campanha, Ferramenta convocou
assembléias populares, às quais submeteu o Plano de Emergência, responsável por
auditorias administrativas, financeiras e contábeis em todas as secretarias e
cuja aplicação estendeu-se pelos primeiros 120 dias de governo. Deparando-se
com um quadro de insolvência financeira — a dívida do município ultrapassava o
Orçamento de 1989 e os funcionários não recebiam há meses —, ordenou rigorosa
cobrança do Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU). Em 1989, a arrecadação de IPTU representava 0,29% da receita de Ipatinga; em 1990, o percentual saltaria
para 10%.
Ainda em maio de 1989, as assembléias populares aprovaram o
Plano de Ação Imediata, que definiu as prioridades de cada setor. Em agosto, a
prefeitura dividiu a cidade em sete regiões, incumbindo-as de eleger os conselhos
regionais de Orçamento (CROs), os quais, uma vez constituídos, formaram o
Conselho Municipal de Orçamento (CMO), encarregado de aplicar os recursos do
município. Um mês depois, Ferramenta implementou uma reforma administrativa que
instituiu os conselhos de Defesa Civil, de Planejamento, de Educação, de Saúde,
de Meio Ambiente e, por fim, o de Transportes, tornando-os órgãos de assessoria
das respectivas secretarias.
Em
1991, Ferramenta participou de conferência da IBM em Orlando, nos Estados Unidos.
Ainda em 1991, a Prefeitura de Ipatinga contactou entidades estaduais e
federais, às quais se uniu na oposição à privatização da Usiminas. Em julho,
iniciou agressiva campanha na mídia contra o leilão de venda da empresa.
Destacaram-se ainda como realizações de sua gestão a
construção da Policlínica Municipal, a implantação do Movimento de
Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova), a constituição da Associação
Habitacional de Ipatinga, a criação do programa “Direito Achado na Rua”,
destinado a oferecer assistência jurídica, e a construção do complexo
rodoferroviário conhecido como Mergulhão.
Encerrando seu mandato na prefeitura de Ipatinga em 31 de
dezembro de 1992, ainda este ano tornou-se presidente do diretório regional do
PT de Minas Gerais. No pleito de outubro do ano seguinte, candidatou-se a uma
cadeira na Câmara dos Deputados por Minas Gerais, na legenda do PT. Eleito —
obteve a maioria dos votos provenientes de suas bases eleitorais nos municípios
de Ipatinga, Timóteo e Coronel Fabriciano —, assumiu sua cadeira na Câmara no
início de 1995, participando dos trabalhos legislativos como membro titular da
Comissão de Minas e Energia.
Nas
votações das emendas constitucionais propostas pelo governo Fernando Henrique
Cardoso em 1995, realizou obstrução na votação da quebra do monopólio dos
estados na distribuição de gás canalizado e votou contra a mudança no conceito
de empresa nacional, a quebra dos monopólios estatal nas telecomunicações, das
embarcações nacionais na navegação de cabotagem e da Petrobras na exploração de
petróleo. Foi ainda contrário à prorrogação do Fundo Social de Emergência
(FSE), cujo nome foi modificado para Fundo de Estabilização Fiscal (FEF), que
concedeu ao Executivo federal uma margem de autonomia na alocação de recursos,
autorizando-o a aplicar em outras áreas verbas inicialmente previstas para os
ministérios da Educação e da Saúde.
Em
julho, votou contra a criação da Contribuição Provisória sobre Movimentação
Financeira (CPMF), imposto destinado a suprir o Ministério da Saúde de recursos
suplementares.
Eleito
novamente prefeito de Ipatinga na legenda do PT em outubro de 1996, renunciou
ao mandato de deputado federal em dezembro, sendo substituído na função pela
suplente Joana d’Arc Guimarães. Assumiu a prefeitura de Ipatinga em 1º de
janeiro de 1997. Reeleito em 2002, foi empossado prefeito em 2003.
Casou-se com Maria Cecília Ferreira Delfino, deputada
estadual por Belo Horizonte, com quem teve três filhos.
Marcelo Costa/Rogério de Barros
FONTES: ASSEMB. LEGISL.
MG. Dicionário biográfico; ASSEMB. LEGISL. MG. 20 anos da
Constituição Mineira; CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1995-1999);
Folha de S. Paulo (31/1/95, 14/1 e 2/6/96); SILBERSCHNEIDER, W. Democracia.