FRIAS FILHO, Otávio
* Advogado e Jornalista
Otávio Frias Filho
nasceu em São Paulo em 7 de junho de 1957, filho de Otavio Frias de Oliveira e
Dagmar de Arruda Camargo. Realizou seus estudos secundários no Colégio Santo
Américo, vinculado à Ordem dos Beneditinos.
Iniciou-se profissionalmente em 1975,
quando começou a trabalhar no jornal Folha de São Paulo, de propriedade
de sua família, escrevendo editoriais e assessorando o editor do jornal,
Cláudio Abramo. Dois anos depois, o jornal passou por algumas transformações,
com o afastamento de Abramo, sendo este substituído por Boris Casoy.
A partir de 1978, Frias passou a
exercer a função de secretário, do recém criado conselho editorial do jornal.
Graduou-se em 1980, no
curso de direito da Universidade de São Paulo (USP) e, posteriormente, cursou
a pós-graduação em antropologia junto ao departamento de Ciências Sociais da
mesma universidade, sem, contudo, apresentar uma tese de mestrado.
Em meados dos anos 1980, Otavio Frias
de Oliveira começou a transferir a operação executiva do jornal para seus
filhos Luís e Otávio, respectivamente nas funções de presidente e editor do
Grupo Folha, sem, contudo, afastar-se da orientação e do dia-a-dia do jornal.
Em 1984, com a mudança na chefia da redação da Folha de São Paulo, Boris
Casoy deixou o cargo e voltou a escrever a coluna “Painel”, sendo substituído
por Otavio Frias Filho no cargo de diretor de redação do jornal, onde, segundo
seu depoimento, “foi responsável pela introdução de uma linha editorial qualificada
como crítica, apartidária e pluralista”.
Ao assumir a chefia da
redação sofreu uma forte resistência tanto interna, da redação, como da área
jornalística, em geral, por ser membro da família proprietária do jornal.
Chegou a ser processado por exercício ilegal da profissão, em 1985, por não
ter o diploma de jornalismo. Essa resistência estava também ligada ao momento
político e à mobilização sindical. Havia uma expectativa de implantação da
autogestão nas redações.
Otávio, ao assumir a
chefia da redação, ao final do regime militar, tinha como proposta, segundo
suas declarações, “valorizar os aspectos mais técnicos, mais profissionais do
jornalismo, em detrimento da ideologização e da politização dominante”.
Um outro motivo de
resistência a sua atuação foi a implantação, em setembro de 1984, do manual da
redação. Este já vinha sendo elaborado por Carlos Eduardo Lins da Silva, por
Caio Túlio Costa e com a colaboração do próprio Otávio. Esse manual foi imposto
à redação, com uma série de medidas rígidas em termos de normatização de
procedimentos, despolitização, garantia de manifestação das diversas versões
que comportam um fato, um acontecimento. O texto do jornal, a partir da
introdução do manual, tornou-se impessoal, descritivo, rigoroso. Foram também
introduzidos recursos gráficos nas matérias que passaram a contar com mapas,
tabelas, gráficos.
Poucos meses depois da
implantação do manual houve um abaixo-assinado na redação pedindo a sua
revogação e a nomeação de uma comissão paritária para discutir a sua
utilização. Nesse momento Otávio decidiu demitir os jornalistas que lhe faziam
oposição. Durante o ano de 1985, em poucos meses, foram feitas em torno de 50
demissões. Desse modo, ele iniciou as mudanças mais radicais na redação, com a
substituição de chefias e de equipes, em geral dos jornalistas mais velhos. A
redação passou a contar com uma equipe jovem, os salários médios aumentaram e a
linha editorial passou a ser mais agressiva.
Recebeu em 1991, em nome do jornal, o
prêmio Maria Moors Cabot de jornalismo, da Universidade de Columbia (EUA).
A partir de 1994, passou a escrever
uma coluna semanal publicada na página de opinião da Folha de São Paulo
às quintas-feiras.
Escreveu seis peças de teatro, três
destas publicadas no livro Tutankaton (1991), juntamente com ensaios
sobre cultura. Os outros três textos teatrais foram encenados em teatros da
capital paulista, sendo a sexta, Dom Juan, em 1995.
FONTE: CURRIC. BIOG.; ENTREV. BIOG/CPDOC.