GALIL,
Eduardo
*dep. fed. RJ 1975-1979 e
1983-1987.
Eduardo Galil nasceu em Trajano de Morais (RJ) no dia 6 de agosto de 1945,
filho de Elias Galil e de Nazira Félix Galil.
Aluno
do curso de direito da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro
e membro do Partido Democrata Cristão (PDC), filiou-se em 1966 à Aliança
Renovadora Nacional (Arena), partido governista criado após o movimento
político-militar de março de 1964 devido à extinção dos partidos políticos pelo
Ato institucional nº 2 (27/10/1965) e à instauração do bipartidarismo. Por essa
época,
bacharelou-se e cumpriu o mandato de vereador em seu município por duas
legislaturas consecutivas, destacando-se desde o início por suas posições
radicais contra o comunismo.
Sua
carreira política ganhou impulso quando se ligou a Raimundo Padilha, governador
do estado do Rio de Janeiro (1971-1975), de origem udenista e ex-militante
integralista, de cuja filha,
Valéria Padilha Galil,
ficou noivo. Em novembro de 1974, com o apoio de Padilha, elegeu-se deputado
federal pelo estado do Rio de
Janeiro na legenda da Aliança
Renovadora Nacional (Arena). No mês seguinte,
casou-se com a filha do governador fluminense, vindo porém a desquitar-se dela
algum tempo depois, o que acarretaria também seu rompimento político com o
sogro. Assumiu o mandato na Câmara dos Deputados em fevereiro de 1975 e, em
abril de 1976, foi escolhido um dos vice-líderes da bancada de seu partido. Em
agosto do último
ano,
foi denunciado pelo deputado oposicionista José Costa, do Movimento Democrático
Brasileiro (MDB) de Alagoas, como envolvido
com o Comando de Caça aos Comunistas (CCC), organização terrorista de extrema
direita. Três
meses depois, num comício realizado em Trajano de Morais, acusou o MDB de se
ter transformado em porta-voz do marxismo-leninismo, afirmando ainda que muitos
candidatos oposicionistas recebiam recursos do exterior para financiar suas
campanhas eleitorais.
Em
1977, integrou o grupo de deputados arenistas que lançou a candidatura à
presidência da República do então ministro do Exército general Sílvio Frota, em
torno da qual se congregavam os setores mais conservadores do regime. Com a
exoneração de Frota em outubro desse ano e o consequente
esvaziamento de sua
candidatura, seria consolidada a indicação do general João Batista Figueiredo
para a sucessão do presidente Ernesto Geisel.
Em junho de 1977, Galil provocou um tumulto na Câmara dos
Deputados ao reafirmar a denúncia do deputado arenista Sinval Boaventura de que
seu colega Marcos Tito, do MDB, havia feito um discurso baseado num manifesto
do proscrito Partido Comunista Brasileiro (PCB). Seu pronunciamento, que foi
apoiado pelos deputados arenistas Jorge Arbage, Jorge Vargas e José Bonifácio,
líder da maioria na Câmara, além do próprio Sinval Boaventura, contribuiu para
que o mandato de Marcos Tito fosse cassado com base no Ato Institucional nº 5
(13/12/1968). Alguns dias mais tarde, voltou a provocar acalorados debates no
plenário da Câmara ao acusar o deputado Aírton Soares, do MDB paulista, de
haver participado de um congresso antiapartheid em Portugal, financiado por socialistas e comunistas. Na
ocasião, a denúncia foi repudiada até mesmo por deputados de seu
partido. Apesar disso, na mesma semana voltou à carga, dessa vez para acusar o
Centro Brasileiro de Análises e Planejamento (Cebrap) e seus integrantes, entre
os quais Fernando Henrique Cardoso, Paul Singer e Otávio Ianni, de serem
comunistas. No mesmo discurso, denunciou também o Instituto de Estudos e Pesquisas
Econômicas e Sociais (IEPES), do MDB, pelo fato de manter relações com o Cebrap. Em agosto
de 1977, manifestou-se contra a concessão de anistia política aos presos e
punidos pelo regime, tema em discussão no parlamento na época, afirmando também
ser contrário a qualquer acordo entre a oposição e o governo. Na ocasião, mais
uma vez acusou o Cebrap de ser um órgão comunista, pedindo seu fechamento.
Em novembro de 1977, já depois da demissão do ministro do
Exército Sílvio Frota, participou do lançamento da candidatura do ex-comandante
do I Exército, general Siseno Sarmento, ao governo do Rio de Janeiro na legenda
da Arena, candidatura que acabou não se viabilizando. Dois meses mais tarde
criticou o senador José de Magalhães Pinto e o ex-ministro Severo Gomes por
participarem da criação da Frente Nacional de Redemocratização, que lançou a
candidatura de Magalhães Pinto à presidência da República. Na mesma
oportunidade, manifestou sua solidariedade ao candidato oficial da Arena, o
general João Batista Figueiredo, com quem se encontrou em fevereiro de 1978 para
comunicar seu apoio, reafirmar sua posição contrária a uma anistia política e
negar sua vinculação com o grupo “frotista”. Em junho de 1978, apoiou a emenda Montoro, que propunha o restabelecimento das
eleições diretas para governador e extinguia a figura dos senadores indiretos.
No pleito de novembro de 1978, candidatou-se à reeleição
ainda na legenda da Arena, mas obteve apenas uma suplência, deixando a Câmara
em janeiro de 1979, ao término do seu mandato. Durante os quatro anos que atuou como deputado
federal apresentou, entre outros, um projeto instituindo o Dia dos Mártires, em
homenagem às vítimas da Revolta Comunista de 1935. Foi ainda membro efetivo da
Comissão de Trabalho e Legislação Social e suplente da Comissão de Constituição
e Justiça da Câmara dos Deputados. Em julho de 1979, assumiu a presidência do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (CADE). Com a extinção do bipartidarismo em novembro desse ano e a consequente reformulação partidária, filiou-se ao Partido Democrático
Social (PDS), sucessor da Arena.
Em novembro de 1982, reelegeu-se deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro
na legenda pedessista, iniciando o mandato em fevereiro de 1983. No mesmo ano, foi vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara dos Deputados.
Contrário ao restabelecimento das eleições diretas para
presidente da República, opôs-se à emenda Dante de Oliveira, votada na Câmara
em 25 de abril de 1984, mas que não conseguiu atingir a votação necessária para
ser encaminhada à apreciação do Senado Federal. Por essa razão, a sucessão
presidencial teve que ser decidida mais uma vez por via indireta. Em agosto de
1984, a convenção nacional do PDS aprovou a candidatura do governador de São
Paulo e deputado federal Paulo Maluf, que derrotou, na ocasião, a
pré-candidatura do ministro do Interior, Mário Andreazza. No mesmo período, a
oposição reunida na Aliança Democrática — coligação do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB) com a dissidência do PDS, batizada de Frente Liberal — lançou o nome do governador de
Minas Gerais, Tancredo Neves, tendo como vice o senador José Sarney.
Eduardo Galil votou em Maluf no Colégio Eleitoral que elegeu
Tancredo Neves à presidência da República. Gravemente enfermo, Tancredo, no
entanto, não chegou a assumir a presidência, sendo internado no Hospital de
Base de Brasília na véspera de sua posse, marcada para 15 de março. Com isso,
José Sarney tornou-se o novo presidente do país, sendo efetivado no cargo após
a morte do governador de Minas, em 21 de abril de 1985.
Galil
deixou a Câmara dos Deputados em janeiro de 1987, ao fim da legislatura, sem
ter disputado novo mandato no pleito de novembro de 1986. Mais tarde, filiou-se
ao PMDB, pelo qual, no pleito de novembro de 1988, elegeu-se prefeito de
Trajano de Morais para o período de
1989-1992. Reeleito em
outubro de 1996, iniciou sua segunda gestão em janeiro do ano seguinte.
Em
2008,
teve seu registro de candidatura a prefeito de
Trajano de Morais
indeferido pela juíza
Maria Clacir Schuman, da 39.ª Zona Eleitoral, a pedido do Ministério Público
Eleitoral. A decisão judicial acolheu manifestação do promotor Marcelo Moutinho
Ramalho Bittencourt, que sustentou que Eduardo Galil já havia sido condenado a
ressarcir dinheiro ao erário municipal em Ação Civil Pública proposta pelo MP,
e respondia a três outras ações por improbidade administrativa.
Galil recorreu e concorreu no
pleito desse ano,
mas obteve
apenas 1.327 votos, 18,49% do total válido, obtendo
o terceiro lugar.
Contraiu segundas núpcias com Sônia Castro, com quem teve
dois filhos.
Publicou Por detrás do Partido Comunista e A Lição dos Cravos.
Sabrina
Guerghe
FONTES:
Agência Rio de Notícias
(7/8/08); CÂM. DEP. Deputados
brasileiros. Repertórios (1975-1979
e 1983-1987);
Globo (26/4/84 e 16/1/85); INF.
PREF. TRAJANO DE MORAIS; Jornal do
Brasil (7/11/76; 11, 17, 22, 25 e
26/6, 2/7, 16, 18, 20 e 23/8 e 2/11/77; 27/1, 10/2, 29/6 e 6/6/78; 6/6/79;
30/5/80 e 10/11/88); Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro (6/8/08);
NÉRI, S. 16;
Veja (19/10/77); TSE
(Eleições 2008); <www.estantevirtual.com.br>. Acesso
em:
15 de nov. de 09.