JAMIL,
Gandi
*const. 1987-1988; dep. fed. MS 1987-1991.
Gandi
Jamil Georges nasceu em Ponta Porã (MS), então estado do Mato Grosso, no dia 3 de março de 1956, filho de Jamil Georges e de Zine Georges.
Empresário
da construção civil, industrial e agropecuarista, concluiu o segundo grau no
Colégio Objetivo, em São Paulo.
Filiado
à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do regime militar
instaurado no país em abril de 1964, com a extinção do bipartidarismo, em 29 de
novembro de 1979, e a consequente reformulação partidária, ingressou no Partido
Democrático Social (PDS), sucessor da Arena.
Presidente
da Juventude do PDS de Ponta Porã, elegeu-se deputado estadual em novembro de
1982, alcançando a maior votação do estado. Empossado em fevereiro do ano
seguinte, presidiu a Comissão de Finanças e Orçamento (1983-1985) e a própria
Assembleia Legislativa (1985-1986).
Rejeitada
a emenda Dante de Oliveira, que previa eleições diretas para presidente da
República — faltaram 22 votos para que fosse levada à apreciação do Senado — no
Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Gandi Jamil foi um dos
delegados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul que votou no
candidato do regime, Paulo Maluf, derrotado pelo oposicionista Tancredo Neves,
eleito pela Aliança Democrática, uma união do PMDB com a dissidência do Partido
Democrático Social (PDS) abrigada na Frente Liberal. Doente, Tancredo não
chegou a ser empossado, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto
foi o vice José Sarney, que já vinha exercendo o cargo interinamente, desde 15
de março deste ano.
Deixando
o PDS, Gandi filiou-se ao Partido da Frente Liberal (PFL), elegendo-se por essa
legenda deputado federal constituinte pelo Mato Grosso do Sul em novembro de 1986.
Foi novamente o candidato mais votado, tendo obtido cerca de 86 mil votos.
Homem de grande fortuna, recebeu o apoio da União Democrática Ruralista,
entidade que reunia os grandes proprietários de terras. Assumiu a cadeira em 1º
de fevereiro do ano seguinte, quando tiveram início os trabalhos da Assembleia
Nacional Constituinte (ANC).
Membro da
Subcomissão de Saúde, Seguridade e do Meio Ambiente, da Comissão da Ordem
Social, e suplente da Subcomissão do Sistema Financeiro, da Comissão do Sistema
Tributário, Orçamento e Finanças na ANC, nas principais votações da
Constituinte, votou contra a pena de morte, a nacionalização do subsolo, a
estatização do sistema financeiro e a desapropriação da propriedade produtiva.
Pronunciou-se a favor do rompimento de relações diplomáticas com países com
política de discriminação racial, do presidencialismo, do limite de 12% ao ano
para os juros reais e ao mandato de cinco anos para o presidente José Sarney.
Esteve ausente das votações sobre a limitação do direito de propriedade
privada, mandado de segurança coletivo, criminalização do aborto, proteção ao
emprego contra despedida sem justa causa, jornada semanal de 40 horas, turno
ininterrupto de seis horas, aviso prévio proporcional, pluralidade sindical,
unicidade sindical, soberania popular, voto aos 16 anos, proibição do comércio
de sangue, limitação dos encargos da dívida externa, criação de um fundo de
apoio à reforma agrária, anistia aos micro e pequenos empresários e legalização
do jogo do bicho.
Primeiro
vice-líder do PFL durante os trabalhos da Constituinte, com a promulgação da
nova carta constitucional em 5 de outubro de 1988, voltou a participar dos
trabalhos legislativos ordinários da Câmara.
Filiando-se
ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), candidatou-se ao governo do estado em
outubro de 1990 pela sua nova legenda. Contudo, foi derrotado por Pedro
Pedrossian, lançado pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Deixou a Câmara
dos Deputados em janeiro de 1991, ao final da legislatura. Passou a dedicar-se
a seus negócios particulares, nas áreas do comércio exterior, construção civil
e agropecuária.
Em
1997, filiou-se ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), vindo a
integrar o conselho nacional da agremiação e participar da convenção partidária
que indicou o presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998) à reeleição.
Não
disputando nenhum cargo eletivo desde 1990, Gandi Jamil voltou a ser notícia na
mídia em 2007, quando a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Xeque-Mate
com o objetivo de investigar as organizações exploradoras das máquinas de
caça-níqueis no país. Em 10 de maio daquele ano, através de grampo telefônico,
a Polícia Federal descobriu que o ex-deputado estava sendo pressionado pelo proprietário
de bingos e distribuidor desses tipos de máquinas em Mato Grosso do Sul, Loureiro Cursino, a pagar uma dívida de R$ 1,3 milhão. De acordo com o
relatório de investigação elaborado pela PF, possivelmente a cobrança da dívida
estava relacionada ao fato de Gandi determinar a instalação de máquinas de
jogos no Hotel Cassino Amambay, localizado em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia fronteiriça com o município de Ponta Porã (MS).
Além
deste fato, a polícia estava desconfiada que o ex-deputado, que era um dos
proprietários deste cassino, estava envolvido também no comando de uma das
organizações que exploravam a utilização dessas máquinas no estado e que este
esquema era facilitado por alguns policiais civis, que recebiam propinas para
não atrapalhar os negócios feitos com os caça-níqueis.
A
operação policial, desencadeada em 4 de junho, teve como resultado a prisão de
77 pessoas distribuídas em seis estados, sendo que a maioria delas encontrava-se
em Mato Grosso do Sul. Segundo o delegado encarregado pelas investigações,
provavelmente os homens que foram presos fora deste estado eram sócios ou
integrantes de “organizações que colaboravam com a máfia do jogo”.
Em
12 de junho, Gandi Jamil teve a prisão preventiva decretada pela justiça
federal. Seus advogados entraram com pedido de relaxamento da ordem, mas não
foram atendidos. Como Gandi não se apresentou, tornou-se foragido da polícia.
Em
2 de julho, após uma decisão do juiz da 5ª Vara Federal de Campo Grande, deixou
de ser considerado foragido. No entanto, continuaram as investigações envolvendo
seu nome na máfia dos jogos de azar.
Casou-se
com Ana Carla Peluffo Zahran Georges, com quem teve dois filhos.
Márcia
Quarti
Patrícia
S. Monnerat atualização
FONTES: ASSEMB. NAC. CONST. Repertório (1987-1988);
CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1991-1995,
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