GARCIA
NETO, José
*dep. fed. MT 1967-1975; gov. MT 1975-1978.
José Garcia Neto nasceu
em Rosário do Catete (SE) no dia 1º de junho de 1922, filho de Antônio Garcia
Sobrinho e de Antônia Meneses Garcia.
Engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da Bahia em
1944, transferiu-se para o Rio de Janeiro no ano seguinte, indo trabalhar na
Coimbra e Bueno Companhia Ltda. Em 1945 foi designado para servir em Mato
Grosso, ocupando em 1946 o cargo de diretor de Obras Públicas do estado. Ainda
no mesmo ano, tornou-se professor da Escola Técnica de Mato Grosso, na qual
exerceria o magistério durante os sete anos subseqüentes.
No
pleito de outubro de 1954 elegeu-se prefeito de Cuiabá na legenda da União
Democrática Nacional (UDN), assumindo o mandato em fevereiro de 1955. No ano
seguinte assumiu a presidência da Associação dos Municípios da Amazônia
Mato-Grossense, permanecendo no cargo até 1959, quando encerrou sua
administração à frente da prefeitura de Cuiabá. Candidatando-se a
vice-governador de Mato Grosso na legenda da UDN, na chapa liderada por
Fernando Correia da Costa, foi eleito no pleito de outubro de 1960 e empossado
em fevereiro do ano seguinte. Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato
Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo,
filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), agremiação de orientação
governista. Em janeiro de 1966, encerrou seu mandato de vice-governador.
No
pleito de novembro de 1966 foi eleito deputado federal por Mato Grosso na
legenda da Arena, sendo o candidato mais votado à Câmara Federal no estado. Foi
empossado em fevereiro de 1967 e reeleito em novembro de 1970, novamente com a
primeira votação do estado. Atuou, nessa última legislatura, como suplente das
comissões de Minas e Energia e de Transportes, Comunicação e Obras Públicas,
como presidente da Comissão de Desenvolvimento da Região Centro-Oeste e como
membro da Comissão de Orçamento. Em 1974 tornou-se vice-líder do governo na
Câmara Federal.
Eleito governador de Mato Grosso por via indireta em outubro
de 1974, deixou a Câmara em janeiro de 1975 e em março seguinte foi empossado
na chefia do Executivo estadual, em substituição a José Fragelli. Em fins de
1976 e início de 1977, foi acusado pela imprensa paulista e carioca e pelo
Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido oposicionista, de ter nomeado
mais de 20 parentes, inclusive sua mulher e os filhos, para cargos
administrativos, que representavam em vencimentos uma despesa de novecentos mil
cruzeiros para os cofres públicos. Respondeu tais acusações dizendo que não
havia dado emprego a seus parentes, mas sim trabalho, e que por isso não os
demitiria.
Ainda em 1977, por ocasião dos debates em torno da subdivisão
de Mato Grosso em dois estados, manifestou-se, em entrevista à imprensa,
contrário à medida, alegando que ela conduziria a um aumento dos custos de
administração e à diminuição dos investimentos na região. Entretanto, durante
seu governo, o estado do Mato Grosso do Sul foi criado através do decreto de 11
de outubro de 1977.
Com
o objetivo de concorrer pela Arena a uma cadeira no Senado, deixou o governo do
estado em agosto de 1978, sendo substituído no cargo pelo vice-governador
Cássio Leite de Barros. Todavia, não conseguiu se eleger, sendo derrotado pelo
também arenista Benedito Canelas.
Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a
conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao Partido Popular (PP). Em
fevereiro de 1982, após o estabelecimento das regras para as eleições de
novembro daquele ano, que entre outras medidas proibia as coligações
partidárias e exigia a vinculação total dos votos, em fevereiro de 1982 ocorreu
a incorporação do PP ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) —
defendida por Garcia Neto desde os primeiros entendimentos entre os dois
partidos oposicionistas. No pleito de novembro desse ano candidatou-se mais uma
vez ao Senado na legenda do PMDB, mas não conseguiu se eleger, sendo derrotado
por Roberto Campos, do Partido Democrático Social (PDS), agremiação governista.
No ano seguinte, tornou-se diretor da Eletronorte, companhia
de energia do centro-oeste e norte do país. Em 1987, foi uma das personalidades
agraciadas com o Mérito Industrial Júlio Muller, premiação recebida como
ex-governador de Mato Grosso por ter instituído o Programa de Industrialização
no estado com a criação dos distritos industriais dos municípios
mato-grossenses de Cuiabá, Rondonópolis, Cáceres e Barra do Graças.
Deixou a Eletronorte em 1988, ao mesmo tempo em que se
desfiliou do PMDB. Abandonou a vida pública e passou a atuar na iniciativa
privada, com a firma de engenharia A. G. Global Construção S.A.
Foi também diretor do Departamento de Estradas de Rodagem
(DER) e do Departamento de Saneamento de Sergipe. Como empresário, tornou-se
sócio da Companhia de Engenharia Civeletro Ltda., com sede em Cuiabá.
Governador na época da divisão do antigo estado do Mato
Grosso, em 1977, recebeu a comenda “Memória do Legislativo” em agosto de 2008,
concedida pela Assembléia Legislativa por ocasião de lançamento do livro Prosas
com governadores, no qual foi incluído entre os ex-governadores do estado
pelo autor Fernando Tadeu de Miranda Borges. Em novembro seguinte, recebeu o
título de ‘Cidadão Aracajuano” iniciativa da Academia Sergipana de Letras e da
Câmara Municipal de Aracaju. Na ocasião, foi lançado o livro Governadores de
três estados do Brasil, de José Anderson Nascimento, que relata as
administrações de três sergipanos de origem à frente do Executivo estadual de
três unidades da União, todos oriundos da mesma família: Luís Garcia (Sergipe),
Gilton Garcia (Amapá) e José Garcia Neto (Mato Grosso).
Casou-se com Maria Lígia de Borges Garcia, com quem teve
cinco filhos.
FONTES: CÂM. DEP. Deputados;
CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1967-1971 e 1971-1975);
CÂM. DEP. Relação nominal dos senhores; Folha de S. Paulo (12/2/82);
INF. BIOG.; Jornal do Brasil (1 e 17/6/74, 17/8/76, 13/3 e 16/4/77 e
27/7/78); MENDONÇA, R. Dic.; NÉRI, S. 16; Perfil (1972 e 1975);
TRIB. SUP. ELEIT. Dados (7, 8 e 9); Veja (12/1/77); Bastidores
do Poder (Internet), 12/8/2008; Jornal da Cidade, 30/11/2008;
Entrevia (Internet), 5/8/2009.