FREIRE,
Geraldo
*dep. fed. MG 1961-1962, 1963-1979.
Geraldo Freire da Silva
nasceu em Boa Esperança (MG) no dia 29 de junho de 1912, filho do funcionário
público Casimiro Antônio da Silva e de Maria Freire da Silva.
Fez os estudos primários no Grupo Escolar Dr. Sá Brito, em
sua cidade natal, e no Colégio Coração de Jesus, dos irmãos maristas, em
Varginha (MG). Cursou o secundário no Ginásio Estadual de Muzambinho (MG) e, em
1933, iniciou na capital mineira o curso de ciências jurídicas e sociais da
Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais (UMG), atual Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG).
Foi vereador em Boa Esperança de 1936 até novembro de 1937, quando, com o advento do Estado Novo (10/11/1937), os órgãos legislativos do
país foram suprimidos. Bacharelou-se, em 1938, pela Faculdade de Direito de
Niterói (RJ), para a qual se transferira, e retornou à sua cidade natal, onde
passou a exercer a advocacia. De 1947 a 1954, foi promotor de Justiça da
comarca de Boa Esperança, tendo presidido, de 1951 a 1954, a Liga Agrária Católica.
Filiando-se à União Democrática Nacional (UDN), foi eleito,
em 1954, vice-presidente do partido em Minas Gerais, cargo em que permaneceria até 1960. Ainda em 1954, disputou as eleições, realizadas em outubro, para a
Câmara dos Deputados pela legenda da UDN mineira, obtendo apenas uma suplência.
Em 1957, liderou a facção política contrária à construção da usina hidrelétrica
de Furnas, quando os debates regionais se polarizaram em torno do assunto.
Defendeu, ao lado do governador do estado, José Francisco Bias Fortes, a
construção da usina de Três Marias, que, no seu entendimento, iria beneficiar
as condições de navegabilidade do rio São Francisco e, sobretudo, não ameaçaria
o desenvolvimento de Minas em favor do estado de São Paulo, como no caso de
Furnas.
Em
outubro de 1958, tornou a se candidatar deputado federal por Minas Gerais,
sempre pela UDN, obtendo mais uma vez uma suplência. Em março de 1961, assumiu
o mandato, tornando-se membro das comissões de Constituição e Justiça e de
Legislação Social da Câmara dos Deputados e integrando ainda a comissão mista
do Congresso que sugeriu a adoção do parlamentarismo, em virtude da crise
criada pela renúncia, em 25 de agosto de 1961, do presidente da República Jânio
Quadros. A instituição do regime parlamentarista, através da Emenda
Constitucional nº 4, de 2 de setembro de 1961, foi a solução encontrada diante
do veto dos ministros militares — general Odílio Denis (Guerra), brigadeiro
Gabriel Grün Moss (Aeronáutica) e vice-almirante Sílvio Heck (Marinha) — à
posse do substituto constitucional, o vice-presidente João Goulart, que afinal
ocorreu em 7 de setembro.
Ainda em 1961, Geraldo Freire tomou parte na Ação Democrática
Parlamentar (ADP), bloco interpartidário composto majoritariamente por
udenistas, surgido no primeiro semestre desse ano com o objetivo de combater a
infiltração comunista na sociedade brasileira, e que faria cerrada oposição ao
governo João Goulart.
Deixou a Câmara em maio de 1962 e, em outubro seguinte,
conseguiu eleger-se deputado federal por Minas Gerais, ainda pela legenda da
UDN. Voltou a assumir o mandato como suplente no mês de janeiro de 1963,
permanecendo na Câmara, já como titular da cadeira, na legislatura iniciada em fevereiro. Com a dissolução dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (AI-2), de 27
de outubro de 1965, e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à
Aliança Renovadora Nacional (Arena), agremiação criada em abril de 1966 pelas
forças políticas que apoiavam o regime instalado no país pelo movimento
político-militar de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart.
Em abril de 1966, Geraldo Freire foi eleito vice-líder de seu
partido na Câmara dos Deputados e, também no mesmo ano, tornou-se presidente do
diretório regional da Arena em Minas Gerais, além de ter representado o grupo
brasileiro da Associação Interparlamentar no Congresso Latino-Americano de
Turismo, realizado no Uruguai. Reeleito em novembro de 1966, participou da
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara ao longo de toda a legislatura,
tendo sido líder da Arena e do governo na Casa durante a presidência do
marechal Artur da Costa e Silva (1967-1969).
Em dezembro de 1968, o agravamento da crise política nacional
conduziu à edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que provocou o recesso do
Congresso até outubro de 1969, quando Câmara e Senado foram reabertos para
referendar a escolha do sucessor de Costa e Silva — afastado do poder por
motivo de grave enfermidade —, o general Emílio Garrastazu Médici. Em fins de
1969, ainda como líder da Arena e do governo na Câmara dos Deputados,
representou o novo presidente nas solenidades de sagração dos novos cardeais
brasileiros no Vaticano. Também no mesmo ano, esteve na Argentina, no Uruguai e
no Chile em missões do Grupo Parlamentar de Oração.
Indicado pelo presidente Médici, disputou com êxito, em março
de 1970, a eleição para presidir a Câmara dos Deputados. Substituindo José
Bonifácio de Andrada, ocupou o cargo até fevereiro de 1971, quando lhe sucedeu
o deputado Ernesto Pereira Lopes.
Reeleito sucessivamente em novembro de 1970 e de 1974, sempre
pela legenda arenista, foi também presidente da Comissão de Educação e Cultura
(1974) e membro da Comissão de Agricultura e Política Rural (1975) da Câmara.
Durante os meses de setembro e outubro de 1977, integrou o grupo de deputados
que articulou na Câmara a candidatura do ministro do Exército, general Sílvio
Frota, à sucessão do presidente da República, general Ernesto Geisel
(1974-1979). Frota, que há algum tempo vinha fazendo críticas ao governo, que
julgava condescendente interna e externamente com os comunistas, não era visto
pelo Planalto como um eventual sucessor de Geisel. Com o acirramento dos
atritos, o presidente da República exonerou-o da pasta do Exército,
substituindo-o pelo general Francisco Belfort Bethlem. O gesto fulminou a
candidatura de Sílvio Frota e desgastou politicamente Geraldo Freire e todo o
grupo “frotista”, que, nas eleições parlamentares de novembro de 1978, perdeu
boa parte dos seus integrantes. Freire não concorreu no pleito e encerrou seu
mandato em janeiro de 1979, retirando-se da vida pública. Como deputado
federal, foi ainda o relator-geral da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
criada para analisar as conseqüências do represamento dos rios Grande e Sapucaí
com vistas à construção de Furnas.
Em setembro de 1982, tornou-se diretor jurídico das Centrais
Elétricas de Minas Gerais (Cemig). Ainda em 1982, deixou este cargo e passou a
integrar, no início de 1983, o conselho administrativo da própria Cemig, função
ocupada até 1986. Abandonando a vida pública, fixou residência em Brasília e
dedicou-se a atividades agropecuárias em sua fazenda em Boa Esperança (MG).
Além de advogado e político, atuou também como jornalista,
tendo fundado e dirigido o jornal O Pioneiro, de Muzambinho, e os
periódicos A Ordem e A Vanguarda, de Boa Esperança. Foi ainda
fundador e primeiro diretor do Ginásio São José, em Boa Esperança.
Faleceu em Brasília no dia 1º de julho de 2002.
Casou-se com Hilda Vilela Freire, com quem teve cinco filhos.
Seu genro, Luís Augusto de Barros e Vasconcelos, ocupou uma cadeira de deputado
federal entre 1980 e 1983.
Publicou Coragem e fé (poesias, 1951), Ao longo da
vida (1984), Revolta das águas (1996) e Vivendo e sonhando
(1998).
FONTES: Agência
Câmara – online; ASSEMB. LEGISL. MG. Dicionário biográfico; CÂM. DEP. Deputados;
CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (5, 6, 7 e 8);
CÂM. DEP. Presidentes; CÂM. DEP. Relação nominal dos senhores; Dicionário
biográfico de Minas Gerais; Jornal do Brasil
(24/10/78); KUBITSCHEK, J. Meu (3); NÉRI, S. 16; Perfil (1972);
Rev. Arq. Públ. Mineiro (12/76); Súmulas; Veja
(19/10/77).