GIL,
Gilberto
*min. Cultura 2003-2008
Gilberto
Passos Gil Moreira nasceu no dia 26 de junho de 1942 na cidade
de Salvador, sendo o primeiro filho de José Gil Moreira, médico, e Claudina
Passos Gil Moreira, professora primária. Vinte dias depois, a família, que
havia se transferido para a cidade para o nascimento da criança, voltou para
Ituaçu, no interior do estado da Bahia, onde morava. No ano seguinte, nasceu
Gildina, e o casal não teve mais filhos.
Em
1951, a fim de cursar o ginasial, Gil se mudou, juntamente com sua irmã, para
Salvador, residindo na casa de uma tia paterna. Em 1952, Gil começou a aprender
acordeom, instrumento que estudou por quatro anos, tendo neste período formado
o grupo “Bando Alegre” com colegas do Colégio Nossa Senhora da Vitória, escola onde
permaneceu até o final do colegial. Também nesse período, Gil escreveu seus
primeiros poemas, e, posteriormente, passou a integrar, como acordeonista, o
grupo “Os Desafinados”, no qual tocou até 1961. Ao mesmo tempo, começou a tocar
e a estudar violão.
Prestou
vestibular em 1960 e, no ano seguinte, ingressou no curso de administração da
Universidade Federal da Bahia. Seu primeiro emprego, em 1962, foi de fiscal do
imposto aduaneiro, função para a qual foi nomeado após ter sido aprovado em concurso
do Ministério da Fazenda. Nos tempos de faculdade, conheceu Caetano Veloso, sua
irmã, Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé. Com eles, em junho de 1964, realizaram
a primeira apresentação na inauguração do Teatro Vila Velha, na
capital baiana, com o show “Nós, por exemplo”. Ainda nesse ano,
realizou, com o mesmo grupo, o espetáculo “Nova bossa velha e velha bossa nova”
e apresentou o show individual “Inventário”, com direção de Caetano Veloso. Em
dezembro, formou-se em administração.
Em
1965, em função de um emprego na multinacional Gessy-Lever, mudou-se para a
cidade de São Paulo. Gil desempenhava a função de trainee, mas estava
sendo preparado para se tornar diretor da empresa. À
noite, freqüentava bares e casas de shows, onde conheceu diversos artistas.
Nesse mesmo ano, ao lado de Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano e Tom Zé,
participou do espetáculo “Arena Canta Bahia”, dirigido por Augusto Boal, no
antigo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) em São Paulo. No ano seguinte, dividiu o palco do Teatro Opinião com Vinícius de Morais e Maria
Bethânia, no show “Pois é”. Esse contato com o mundo artístico permitiu a Gil
algumas participações no programa “O fino da bossa”, apresentado por Elis
Regina, na TV Record. Suas músicas foram se tornando conhecidas, sendo interpretadas
por cantores conhecidos nos festivais. Em 1966, foi contratado pela gravadora
Philips para fazer seu primeiro LP. Abandonou o emprego na Gessy Lever e se mudou
para o Rio de Janeiro, onde gravou seu álbum de estréia, “Louvação”, lançado no
ano de 1967.
Nesse
ano, obteve a segunda classificação no mesmo festival, com a canção “Domingo no
parque”, interpretada por ele ao lado do grupo “Os Mutantes”, com arranjo de
Rogério Duprat. Neste mesmo festival, Caetano Veloso obteve a quarta colocação
com “Alegria, alegria”. Os amigos baianos, com suas composições, deram início
ao Tropicalismo, movimento que apresentou uma nova concepção estética na música
brasileira. O marco deste movimento foi o LP “Tropicália ou Panis et Circensis”,
lançado em 1968 pela Philips, com Gil, Caetano, Gal Costa, Torquato Neto,
Capinam, Tom Zé, Rogério Duprat e Nara Leão. A faixa “Geléia geral”, música
composta por Gil em parceria com o letrista Torquato Neto, teve especial
destaque por representar “uma síntese dos cânones do próprio movimento
tropicalista, além de ser um modelo de seu contorno poético”, segundo o
pesquisador Jairo Severiano.
Em
dezembro de 1968, durante o regime militar, foi decretado o Ato Institucional
nº 5, que, entre outros danos, cerceou a liberdade de expressão. No dia 27 daquele
mês, Gil foi preso junto com Caetano Veloso sob o pretexto de desrespeito ao
hino e à bandeira do Brasil. Foram levados para o quartel do Exército em
Marechal Deodoro, subúrbio do Rio de Janeiro, permanecendo detidos por dois
meses. Em fevereiro de 1969 foram soltos, porém em regime de confinamento,
seguindo para Salvador. Nos dias 20 e 21 de julho, junto com Caetano,
apresentou o show de despedida, antes de embarcarem para exílio na Inglaterra. A
realização do show só foi permitida devido à necessidade de arrecadar fundos
para as passagens e a estadia nos primeiros meses de exílio. Fixaram-se em
Londres, no bairro de Chelsea.
Em
1970, Gil foi premiado com o Golfinho de Ouro, pelo Museu da Imagem e do Som
(MIS), do Rio de Janeiro, em reconhecimento pelo samba “Aquele abraço”,
composto antes do exílio e uma de suas músicas mais tocadas. Recusou o prêmio,
por meio do texto intitulado “Rejeito + aceito = rejeito”, publicado no Pasquim,
tablóide carioca. No artigo, acusava os jurados do Conselho Superior de MPB,
presidido pelo então diretor do MIS, Ricardo Cravo Albim, de conservadores. A
partir do episódio da prisão e da experiência do exílio, sua vida sofreu
transformações: passou a cultivar uma alimentação macrobiótica e aderiu ao
misticismo.
Gil
voltou do exílio em 1972, e, um ano depois, durante sua
apresentação no evento Phono 73, em São Paulo, Gil e Chico Buarque foram impedidos de cantar “Cálice”, feita pelos dois especialmente para a ocasião. Devido à
censura, a canção foi proibida durante a ditadura. Em junho de 1976, reuniu-se
com Gal, Caetano e Maria Bethânia no elenco do espetáculo “Doces Bárbaros”, que
estreou no Anhembi, em São Paulo. Durante a passagem do show por Florianópolis (SC), Gil e o baterista Chiquinho Azevedo foram presos por porte de
maconha e recolhidos a cadeia pública. Dias depois, foi determinada a
internação de ambos no Instituto Psiquiátrico São José, próximo a Florianópolis,
de onde saíram para se submeterem a tratamento ambulatorial periódico no
Sanatório Botafogo, no Rio de Janeiro. Gil retomou sua rotina de shows após
dois meses.
Em
julho de 1979, assumiu o cargo de membro do Conselho de Cultura do
Estado da Bahia, do qual Maria Bethânia também passou a fazer parte, compondo
os dois a chamada Câmara de Música. Ele foi o primeiro negro a fazer parte
desta instituição. Em 1981, recebeu da Câmara Municipal de São Paulo a Medalha
Anchieta Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo.
No
dia 25 de janeiro de 1984, participou do primeiro grande comício da campanha
“Diretas Já”, que reivindicava o retorno do voto direto nas eleições
presidenciais, realizado na Praça da Sé, em São Paulo. No ano seguinte, Gilberto Gil fez parte do coro da versão brasileira de “We Are the World”, o hit
americano que juntou vozes e levantou fundos para a África. O projeto
brasileiro “Nordeste
Já” abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num
compacto, de criação coletiva, com as canções “Chega de Mágoa”, de autoria de
Gil, e “Seca d´Água”.
Ainda
em 1985, foi premiado mais uma vez com o Golfinho de Ouro e nessa oportunidade não
só aceitou, como foi dirigido em seu espetáculo no Teatro Municipal, após a
premiação, por Ricardo Cravo Albim, em cuja administração o primeiro Golfinho
havia sido por ele recusado.
No
ano de 1987, tomou posse na presidência da Fundação Gregório de Matos, órgão
que correspondia à Secretaria Municipal da Cultura de Salvador, para onde se
mudou com a família. Usando a experiência artística, a formação administrativa
e as influências políticas, ele empreendeu, pela primeira vez, políticas
culturais de governo: a utilização da política para proporcionar incentivos,
patrocínios para a produção e disseminação de manifestações culturais. No
decorrer de sua administração, o aspecto enfatizado foi a restauração e
preservação do patrimônio histórico e dos parques da cidade. O principal
projeto que visou esse fim foi a recuperação do centro histórico da cidade, o
Pelourinho. Durante sua gestão as relações culturais entre a Bahia e a África
também foram intensificadas: a Casa da Bahia foi aberta no Benin, e a Casa do
Benin, em Salvador.
Em 1988, Gilberto
Gil empenhou-se em conseguir a indicação pelo Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB) para sair candidato a prefeito de Salvador, desligando-se da
presidência da Fundação Gregório de Matos no mês de julho. Concedeu várias
entrevistas sobre o assunto, com o intuito de desmistificar a imagem de artista
como alguém alheio aos problemas da cidade. Devido à intensa exposição na mídia,
acabou por ser caricaturado no programa de televisão “Chico Anysio Show”, no
qual o humorista criou a personagem “Zelberto Zel” uma alusão clara ao
compositor. No mesmo programa no qual foi caricaturado, Gilberto Gil apresentou
pela primeira e única vez a música “Pode Valdir?”. Na letra, Gil declarou o
preconceito que teria sofrido durante a pré-candidatura. O
artista teve sua candidatura vetada pelo governador da Bahia, Valdir Pires, do
PMDB, e acabou desistindo de concorrer à prefeitura, optando pelo cargo de
vereador. Em novembro, Gil elegeu-se pelo PMDB com 11.111 votos – a maior
votação entre todos os candidatos.
Em 2 de março de
1989, assumiu uma cadeira de vereador na Câmara Municipal de Salvador. Em seu
mandato, atuou como presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente, que foi
criado na Câmara. Integrou os conselhos consultivos da Fundação Mata Virgem e
da Fundação Alerta Brasil Pantanal, e também presidiu o Cerne (Centro de Referência
Negro-Mestiça), criado por ele e Antonio Risério. Em abril desse ano, criou o
movimento Onda Azul, de caráter ambientalista, com o objetivo de defender as
águas – dos mares e dos rios brasileiras. Gil lutou em âmbito local e federal
pela discussão e aplicação das propostas do projeto. Em maio, pediu licença na
Câmara para fazer temporada de shows. De acordo com seu site pessoal, durante
seu mandato teria feito esse pedido outras vezes, sempre em ocasiões de
gravação, apresentações ou missões de caráter artístico ou político no exterior.
Em 1989, Gil
participou da campanha presidencial de Luís Inácio Lula da Silva, candidato do
Partido dos Trabalhadores (PT), ao lado de outros artistas. Em março de 1990, filiou-se
ao Partido Verde (PV), tornando-se membro da Comissão Nacional Executiva da
agremiação. Em junho, recebeu do ministro da Cultura da França, Jack Lang, o
título de cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras. Entre os dias 5 a 8 de
setembro, representou oficialmente a Câmara Municipal de Salvador no Congresso
Mundial de Governos Locais para um Futuro Sustentável, promovido pelo Unep, o
programa de meio ambiente da ONU, em Nova York. No mês seguinte, o movimento
Onda Azul institucionalizou-se, tornando-se uma fundação.
Com o término do
mandato de vereador, em 1992, afastou-se da vida pública. Sua atuação política
restringiu-se ao âmbito musical, participando do projeto “Comunidade Solidária”
do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, entre os anos de 1995 e
2002, para o qual compôs, no ano de 1995, a música intitulada “Comunidária”. Em
abril desse ano, por um decreto federal, foi conferido a Gil o grau de
comendador da Ordem do Rio Branco.
Em 1996, Gil
apresentou-se na sede da Embratel, no Rio de Janeiro, no primeiro show ao vivo
de um artista brasileiro transmitido em tempo real pela internet.
Na
transição para o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, no ano de 1998,
seu nome foi cogitado para Ministro do Meio Ambiente, mas acabou sendo
preterido por José Sarney Filho. Em entrevista ao Jornal do Commercio,
em junho de 1999, Gilberto Gil disse que não fora aceito para o cargo porque
seu nome vinha acompanhado de uma proposta que representava o pensamento do
Partido Verde, e o governo preferiu colocar no cargo um representante do PMDB
que tinha o peso do nome e a influência política da família.
Ministro
da Cultura (2003-2008)
Gilberto Gil tornou público seu apoio ao
então candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva, em 2002. No final do
ano desse ano, quando da confirmação da vitória de Lula, Gil foi indicado para
ocupar a pasta da Cultura. Por ser filiado ao PV, sua indicação teria
causado certo mal-estar entre alguns petistas. Militantes da Cultura ligados ao
partido, como os atores Sérgio Mamberti e Paulo Betti, teriam se sentido
preteridos. De acordo com matéria de Eleison Leite, Gil teria anunciado que
seria ministro antes mesmo de Lula anunciá-lo, tornando sua nomeação quase um
fato consumado. Após aceitar o convite, declarou que teria que continuar com
suas atividades artísticas, porque o salário de ministro, no valor de
R$8.000,00, não lhe seria suficiente. A declaração teve uma repercussão
negativa: mensagens teriam circulado pela internet propondo um movimento
contrário à sua nomeação, além da ampla divulgação na mídia sobre seu
comentário. Na imprensa internacional, a polêmica indicação resultou em matéria
do The New York Times, que escreveu que a nomeação do cantor era como se
Bob Marley chegasse a ministro da Cultura da Jamaica. Os meses que antecederam sua
posse e todo o primeiro ano à frente do ministério foram marcados por protestos
e descrença quanto à capacidade do compositor para comandar a pasta.
Em seu discurso de posse, no dia 2 de
janeiro de 2003, Gil ressaltou a importância da vitória de Lula nas eleições
como “manifestação
da nação brasileira pela necessidade e pela urgência da mudança”. Nesse
sentido, assumiu como tarefa central em seu novo cargo “tirar o Ministério da
Cultura da distância em que ele se encontra (...) do dia-a-dia dos
brasileiros”.
A política adotada na gestão de Gilberto Gil
no ministério da Cultura baseou-se na Declaração
Universal Sobre a Diversidade Cultural, da UNESCO,
que apresentava três estratégias: produção
simbólica, com ações de estímulo à produção cultural; direito à cidadania,
acentuando a dimensão social da Cultura em projetos de inclusão; e a economia, entendendo a
função econômica da “indústria da criatividade”.
O objetivo dessa política era a
inversão de prioridades até então cristalizadas nesse ministério. O programa Cultura Viva, concebido
em 2004, foi responsável pelos Pontos
de Cultura, “uma rede de articulação, recepção e disseminação de
iniciativas e vontades criativas” na definição institucional. Uma ação de
fomento que visava fortalecer grupos culturais já existentes, contribuindo para
a manutenção e ampliação de suas ações. No primeiro edital de seleção,
publicado em 2004, cem projetos foram contemplados, criando os primeiros Pontos
de Cultura no Brasil. A iniciativa, que movimentou recursos da ordem de R$
15 milhões (R$ 150 mil para cada projeto), mobilizou agentes culturais e
artistas de todo o Brasil, revelando uma enorme demanda reprimida. Em 2005,
houve novo edital e, no ano seguinte, uma seleção pública de projetos para
ampliação dos Pontões de
Cultura, as organizações que articulavam os diversos “pontos”, seja
com atividades de formação ou de articulação de redes.
O movimento cresceu e o ministério realizou
duas edições da Teia da
Cultura, evento que reuniu todos os Pontos de Cultura existentes no
País e promoveu o Prêmio
Cultura Viva, que teve entre os finalistas diversos projetos
desenvolvidos por esses pontos.
Gil
iniciou em 2003 a reforma estrutural do Ministério da Cultura (MinC), destinada
a agilizar e aperfeiçoar o seu funcionamento. Foram criadas cinco novas
secretarias (Políticas Culturais, Diversidade e Identidade Cultural, Articulação
Institucional, Programas e Projetos e Fomento e Incentivo à Cultura), e
ampliada a Secretaria Executiva, que passou a contar com duas diretorias (Gestão
Estratégica e Gestão Interna). A Secretaria do Audiovisual incorporou a
Cinemateca Brasileira e o Centro Técnico Áudio-Visual, anteriormente estavam alojadas
no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e na Fundação
Nacional e Artes (Funarte), respectivamente.
Foi reestruturado, em 2005, o Conselho Nacional de
Políticas Culturais, e mantida a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura
(CNIC), que analisava os projetos encaminhados ao mecanismo de renúncia fiscal
da Lei Rouanet.
O
Iphan criou novas superintendências regionais em Mato Grosso do Sul, no Piauí e em Rondônia/Acre e novos escritórios técnicos em Antônio Prado (RS), Corumbá (MS) e Macapá (AP), dentre outros. As representações regionais foram
ampliadas para sete: Rio de Janeiro, abrangendo também o Espírito Santo; São
Paulo, para este estado; Belo Horizonte, para Minas Gerais; Recife, para o
Nordeste; Porto Alegre, para o Sul; Campo Grande, para o Centro-Oeste; e Belém,
para o Norte.
A
Funarte, a Biblioteca Nacional, a Fundação Palmares e a Fundação Casa de Rui
Barbosa fortaleceram-se institucionalmente. Essa reforma institucional criou
novas bases para que o MinC investisse na implantação do Sistema Nacional de
Cultura, cujo objetivo era estimular a interação entre sociedade e entes
federativos na gestão das políticas culturais no Brasil. Nesse período, os
critérios de concessão de patrocínio cultural e a formulação das políticas
culturais passaram da Secretaria de Comunicação do Governo para o Ministério de
Cultura.
Em maio, Gil lançou um documento contend as “bases para
uma política nacional de museus”, visando a integração dos museus públicos e
privados do país em quatro anos.
Por
conta disso, foi posta em prática a Política Nacional de Museus, que
possibilitou o lançamento de editais de revitalização dos acervos, a constituição
de uma rede de informações do setor museológico e o programa de capacitação e
formação, através da realização de cursos e oficinas. Este processo culminou na
criação do Sistema Brasileiro de Museus, que teve como objetivo articular os
museus do Ministério da Cultura com os demais, através de convênios e
parcerias.
Um
dos principais desafios de Gil à frente do ministério, entretanto, foi obter
mais recursos para sua administração. No início do primeiro mandato de Lula
(2003-2006), os recursos destinados à pasta da Cultura representavam 0,2% do
total do orçamento da União; chegaram a 0,6% em 2006 e foram mantidos nesse
patamar em 2007. Como ministro, Gil pronunciou-se várias vezes contra o
reduzido percentual do orçamento federal destinado às ações culturais, pedindo
o empenho dos deputados na quintuplicação do orçamento de sua pasta para 2004,
além de ter defendido no Senado a reserva de recursos do Orçamento da União
para a cultura.
Outra luta protagonizada por ele foi a
democratização
do acesso aos meios de comunicação. Em 2004, o projeto de
criação da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav), que propunha
a criação de um órgão que seria responsável por regular, fomentar e fiscalizar
o setor audiovisual foi interrompido devido à forte resistência de corporações
de telecomunicações que se colocaram contra qualquer regulação neste setor. Nesse
período, Gil tentou defender o projeto, explicando, em diversas ocasiões, o caráter
democrático da agência. Segundo o ministro, seu objetivo era transformar o meio audiovisual em um dos setores mais competitivos
da indústria brasileira, regulando e mediando as práticas econômicas, sem
interferir no teor do conteúdo a ser distribuído. Porém, tachado por
alguns de autoritário e repressivo, foi reformulado duas vezes e ficou parado
no Conselho Superior de Cinema.
Em 2007, engajou-se na luta
pela atualização da legislação sobre direitos autorais, de
1998, que, segundo ele, não acompanhava as mudanças tecnológicas e as
necessidades do país como um todo. A polêmica sobre direito autoral gerou críticas
ao ministro, seja por parte da União Brasileira dos Compositores (UBC),
presidida por Fernando Brant, ou de outros artistas, como Antonio Adolfo e
Caetano Veloso. Em seus shows, Gil vinha permitindo e até estimulando que o
público registrasse o espetáculo livremente, para posterior divulgação na
internet.
No dia 30 de julho de
2008, pediu demissão do cargo de ministro, alegando a necessidade de se dedicar
integralmente à música. Anteriormente, Gil já tinha pedido
para deixar a pasta para se dedicar apenas a sua carreira artística – a última
delas tinha sido em novembro de 2007, quando afirmou que deixaria o ministério
este ano. Nas outras vezes, porém, o presidente Lula teria convencido Gil a permanecer
no cargo.
Na ocasião de sua saída, Gil declarou ter ficado
satisfeito com sua administração. Embora ainda reclamasse mais verbas para o
MinC, teria, segundo ele, conseguido um aumento de 130% nos investimentos da
União para essa pasta. Sua grande derrota teria sido a não implementação da
Ancinav. Foi substituído por Juca Ferreira, que até então desempenhava o cargo
de secretário-executivo do ministério.
Em
agosto de 2009, Gil afirmou considerar a possibilidade de integrar, como vice,
a chapa da provável candidatura a presidência de Marina Silva, pelo PV.
Do
seu primeiro casamento, com Belina de Aguiar, teve duas filhas. Com Sandra
Gadelha, teve três filhos, entre os quais a cantora Preta Gil. Do terceiro
casamento, com Flora Giordano, nasceram mais três filhos.
Publicou,
com Antônio Risério, o livro O poético e o político e outros escritos,
em 1988.
FONTES: www.gilbertogil.com.br (Data de
acesso: 05.09.2009) www.dicionariompb.com.br
(Data de acesso: 04.09.2009) www.cliquemusic.com.br
(Data de acesso: 05.09.2009) www.cultura.gov.br
(Data de acesso: 13.09.2009) www.hyperion.ufba.br/_texts/2004-2/andreacavalcante.doc
(Data de acesso: 05.09.2009) www.cult.ufba.br/enecult2007/PaulaFelix.pdf
(Data de acesso: 13.09.2009)
www.pt.org.br (Data de acesso: 13.09.2009) http://diplo.uol.com.br/2008-08,a2537
(Data de acesso: 13.09.2009) http://www.terra.com.br/istoegente/179/reportagens/time_lula_gilberto_gil.htm
(Data de acesso: 14.09.2009) http://www.abemusica.com.br/noticias/ultimas.asp?id=1461
(Data de acesso: 14.09.2009)
SEVERIANO,
Jairo & MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. São Paulo: Editora
34, 2002, vol. 2.