GOLDMAN, Alberto
*dep. fed. SP 1979-1987 e
1991-1992; min. Transp. 1992-1993; dep. fed. SP 1993-2003, gov. SP
2010
Alberto Goldman nasceu em São Paulo no dia 12 de outubro de 1937, filho de
Wolf Goldman e de Dora Goldman.
Fez o curso primário no Ginásio Stafford e o secundário no
Colégio Bandeirantes, ambos em São Paulo. Em 1956, ao ingressar na Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), filiou-se ao Partido Comunista
Brasileiro (PCB), na época clandestino; quatro anos depois, graduou-se em engenharia
civil. Fez parte do comitê estudantil e do comitê nacional do partido por
diversos períodos. Foi diretor do grêmio da Escola Politécnica e, entre 1958 e
1960, diretor da União Estadual dos Estudantes (UEE). Não chegou a concluir o
curso de pós-graduação em ciências sociais e políticas iniciado na Pontifícia
Universidade Católica (PUC) de São Paulo.
Em 1970, já trabalhando como engenheiro civil no setor
privado, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de
oposição ao regime militar instaurado no país em abril de 1964, que abrigava
militantes do PCB. Sob esta legenda elegeu-se deputado estadual das vezes. No
primeiro mandato, de 1971 a 1975, foi vice-líder do partido de 1971 a 1973 e em
1974, e líder em 1973 e 1975. Integrou a Comissão de Finanças entre 1971 e
1973, sendo relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as
universidades paulistas, em 1974. Durante o segundo mandato, de 1975 a 1979,
presidiu a CPI sobre a invasão da PUC pela polícia, em 1979, e foi secretário-geral
do diretório regional do MDB. Com o fim do bipartidarismo, em novembro de 1979
e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), agremiação que sucedeu o MDB.
De 1979 a 1983, exerceu seu primeiro mandato na Câmara dos
Deputados, integrando a Comissão de Minas e Energia, em 1979, e na condição de
suplente, em 1983. Reeleito com 106 mil votos no pleito de novembro de 1982,
participou como titular da Comissão de Economia, Indústria e Finanças. Em 1984,
numa delegação de vários parlamentares, visitou a URSS.
Em 25 de abril de 1984 votou a favor da emenda Dante de
Oliveira, que propunha o restabelecimento das eleições diretas para presidente
da República em novembro daquele ano. Derrotada a proposição — faltaram 22
votos para que o projeto fosse encaminhado à apreciação do Senado —, no Colégio
Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Alberto Goldman votou no candidato
oposicionista Tancredo Neves, eleito novo presidente da República pela Aliança Democrática,
uma união do PMDB com a dissidência do Partido Democrático Social (PDS),
abrigada na Frente Liberal. Doente, Tancredo Neves não chegou a ser empossado,
vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto foi o vice José Sarney,
que já vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março deste ano.
Em agosto de 1985, Goldman desligou-se do PMDB, oficializando
sua adesão ao recém-legalizado PCB, cuja liderança exerceu até 1987.
Em 1986, quando da campanha para as eleições estaduais,
Alberto Goldman apoiou Orestes Quércia, candidato do PMDB, divergindo da
orientação partidária, favorável à candidatura de Antônio Ermírio de Moraes, do
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em coligação com o Partido Liberal (PL) e
com o Partido Social Cristão (PSC). O pleito deu a vitória a Quércia contra
Paulo Maluf, do PDS, embora o próprio Goldman tenha sido derrotado nas urnas.
Em março de 1987, Orestes Quércia chamou Goldman para
integrar sua equipe, confiando-lhe a Secretaria Especial de Coordenação de Programas
de Governo, cargo especialmente criado para o ex-deputado, e revestido da maior
importância, com ascendência sobre as demais secretarias. A ligação entre os
dois vinha desde meados dos anos 1970, quando Quércia, eleito senador, deu
sustentação a representantes do então proscrito PCB. Goldman, por sua vez,
convicto de que a liderança do político peemedebista era dotada de
características populares, durante a sua longa permanência como
secretário-geral no partido, abriu espaços para integrantes da ala quercista na
Fundação Pedroso Horta, então inteiramente controlada pela ala esquerda do
PMDB.
Participando do governo de
São Paulo e na qualidade de integrante do comitê central do PCB, Goldman foi
intermediário das relações entre o governador e o partido até que em agosto de
1987 decidiu retornar ao PMDB, onde esperava alcançar maior visibilidade
política. No ano seguinte, deixou a Secretaria Especial pela Secretaria de
Administração, onde defrontou-se com diversos movimentos grevistas do
funcionalismo público. De 1987 a 1990, presidiu a Comissão de Reforma
Administrativa do estado de São Paulo e foi responsável pela implementação de
um processo de reforma administrativa.
Em 1988, fracassou na tentativa de aproximar Quércia e Mário
Covas, a fim de viabilizar sua própria candidatura à presidência do PMDB
paulista. Permaneceu no governo até 1990, quando se candidatou novamente à
Câmara dos Deputados.
Eleito, assumiu em fevereiro
do ano seguinte o terceiro mandato como deputado federal. De 1991 a 1992,
presidiu a comissão especial sobre projeto de lei que dizia respeito à
propriedade industrial; foi titular da comissão especial sobre o sistema
previdenciário; e suplente da Comissão de Constituição e Justiça e de Redação,
e da Comissão Especial de Crimes de Responsabilidade do Presidente da
República. Nesta última, dedicou-se a investigar a situação do presidente
Fernando Collor de Melo, suspeito de crime de responsabilidade em virtude do
envolvimento do ex-tesoureiro de sua campanha, Paulo César Farias, na montagem
de um esquema de corrupção dentro do governo federal.
Afastado da presidência logo após a votação na Câmara que
aprovou a abertura do processo de seu impeachment — Goldman votou a
favor —, Collor renunciou ao mandato em 29 de dezembro de 1992, pouco antes da
conclusão do processo pelo Senado. Em conseqüência, foi efetivado o vice Itamar
Franco, que já vinha exercendo o cargo interinamente desde o dia 2 de outubro.
Nomeado para a pasta dos Transportes, Alberto Goldman deixou na Câmara um lugar
que foi ocupado pelo suplente Carlos Nélson Bueno.
No ministério, atuou politicamente junto ao Congresso no
sentido de garantir a aprovação de projetos que considerava prioritários para o
setor, como a Lei de Modernização dos Portos, sobre cujo processo de tramitação
pediu prioridade ao senador Afonso Camargo. Ao mesmo tempo, incentivou a
participação da iniciativa privada, apresentando ao presidente Itamar Franco a
minuta de um decreto para desregulamentar o transporte interestadual e
extinguir o sistema de concessões vigente, a fim de quebrar os monopólios
exercidos por algumas poucas empresas.
No plano da política partidária, ainda em maio de 1993,
insistiu para que o PMDB mantivesse seu apoio a Itamar Franco, mesmo depois da
ascensão de Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB), ao cargo de ministro da Fazenda. No plano interno, Goldman
continuou a apoiar o ex-governador Orestes Quércia quando este renunciou à
presidência do PMDB, devido às denúncias de corrupção no seu mandato à frente
do Executivo paulista.
Em agosto de 1993, o Ministério dos Transportes iniciou o
processo de privatização das estradas federais, prevendo a cobrança de pedágio.
No mesmo mês, instaurou-se uma crise entre o Planalto e o governador de São
Paulo, Luís Antônio Fleury Filho (PMDB), provocando a renúncia do ministro da
Agricultura, Barros Munhoz. Novamente diante da iminência de um rompimento
entre o partido e Itamar Franco, e dado que Coutinho Jorge, outro peemedebista,
solicitara afastamento da pasta do Meio Ambiente, Goldman e Antônio Brito,
ministro da Previdência Social, decidiram colocar seus cargos à disposição do
presidente, que todavia preferiu mantê-los.
Permanecendo no governo, Goldman não deixou de criticar a
entrega do Ministério da Fazenda a um partido menor e a atuação do Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no programa de
privatização, a seu ver excessivamente centralizado e mal efetivado, visando a
transferência de patrimônio público.
Em 20 de dezembro de 1993, cumprindo solicitação do
presidente para que todos os ministros que viessem a ser candidatos em 1994
deixassem o governo ainda em 1993, Goldman saiu do Ministério dos Transportes,
não sem antes enviar ao Planalto projeto de lei que propunha o fim do Adicional
de Tarifa Portuária. Foi substituído por Margarida Coimbra, autora de um estudo
sobre a privatização da ponte Rio-Niterói.
Voltando à Câmara dos Deputados em 21 de dezembro de 1993,
fez parte da Comissão de Viação e Transporte e foi suplente das comissões de
Finanças e Tributação, e de Trabalho, Administração e Serviço Público.
Nessa legislatura, votou contra o fim do voto obrigatório e a
favor da criação do Fundo Social de Emergência (FSE), que permitia ao governo
gastar até 20% dos recursos vinculados às áreas de saúde e de educação.
Em outubro de 1994, elegeu-se deputado federal pela quarta
vez. Na Câmara, presidiu a comissão especial de análise do monopólio do petróleo.
No exercício do cargo, encomendou três pareceres jurídicos, aos ministérios da
Justiça e de Minas e Energia, e à Câmara, justificando a aprovação da emenda
constitucional que quebrou o monopólio estatal.
Em 1995, apresentou emenda à medida provisória sobre o
Programa Nacional de Desestatização, na qual a transferência do controle
acionário da União sobre a Companhia Vale do Rio Doce e demais empresas
públicas e sociedades de economia mista dependeria de prévia autorização do
legislativo. Em que esta limitação que propôs ao processo de privatização foi
indicado pelo governo federal para a diretoria da Companhia Docas do Estado de
São Paulo (Codesp).
Em setembro de 1995, contrapondo-se à candidatura do cearense
Pais de Andrade, um grupo de deputados lançou seu nome à presidência do PMDB.
Com o apoio de Quércia somente à última hora, Goldman perdeu as eleições por um
voto apenas.
Nas votações das emendas constitucionais propostas pelo
governo Fernando Henrique Cardoso, naquele mesmo ano, apoiou a quebra do
monopólio dos estados na distribuição de gás canalizado e nos setores de
telecomunicações e de petróleo; a abertura da navegação de cabotagem às
empresas estrangeiras; a mudança no conceito de empresa nacional. Designado
como observador parlamentar, compareceu à 50ª sessão da Assembléia Geral das
Nações Unidas e participou da IV Conferência Internacional de Autoridades
Federais e Estaduais, realizada em Jerusalém.
Em abril de 1996, apresentou-se às prévias que iriam escolher
o candidato do partido à prefeitura de São Paulo. Sem o apoio do grupo
quercista, foi derrotado por João Leiva. Goldman alegou fraudes e insistiu na
candidatura, saindo vitorioso da convenção realizada a 2 de junho, numa chapa
encabeçada por José Aristodemo Pinotti, que todavia obteve votação inexpressiva
— 1,9% dos votos válidos — perdendo para Celso Pitta, do Partido Progressista
Brasileiro (PPB).
Ainda em 1996, participou da Comissão de Trabalho,
Administração e Serviço Público, e presidiu a comissão especial sobre a
política nacional de petróleo, que regulamentaria a quebra do monopólio estatal
da Petrobras.
Membro da “tropa de choque” governista, responsável pelo
aliciamento dos parlamentares que afinal votaram a favor da emenda da reeleição
para presidente da República, governadores e prefeitos, não seguiu a convenção
do PMDB, cuja bancada opôs-se à proposta, em janeiro/fevereiro de 1997.
Titular das comissões de
Ciência e Tecnologia e de Minas e Energia, ainda em fevereiro, depois de forte
disputa política, tornou-se relator do projeto que deu origem à Lei Geral das
Telecomunicações, tendo sido responsável pelos capítulos referentes à criação
do órgão regulador e à organização dos serviços. Em março, integrou a comitiva
de 30 deputados que viajaram para Nova Orleans, nos Estados Unidos, com as
despesas pagas pela Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), a
fim de participarem da convenção anual da associação americana de programadores
e operadores de televisões a cabo. Aprovada pelo Congresso e sancionado pelo presidente
da República, em julho, a Lei das Telecomunicações autorizou o Poder Executivo
a privatizar o sistema Telebrás e a promover a abertura imediata do setor, por
meio de concessões e autorizações.
Em setembro desse ano, por falta de espaço político no PMDB
paulista, controlado pelo ex-governador Orestes Quércia, opositor do governo
federal, Alberto Goldman desligou-se do partido, ingressando em seguida no
PSDB.
No pleito de outubro de 1998 reelegeu-se pela nova legenda.
Em novembro, votou a favor do teto de 1.200 reais para aposentadorias no setor
público e pelo estabelecimento de idade mínima e tempo de contribuição para o
setor privado, itens que definiram a reforma da previdência. Iniciou seu novo
mandato em fevereiro de 1999. Ainda neste ano, foi eleito vice-presidente da
Executiva Nacional do PSDB, reelegendo-se para esta função em 2001.
Na legislatura 1999-2002, participou da Comissão de Ciência e
Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara e da Comissão de Orçamento do
Congresso Nacional, na qual passou a ser coordenador do governo federal. Desta
última, foi presidente de 2000 a 2001, dando-lhe uma nova dinâmica que obrigava
a aprovação do orçamento antes de findar o ano. Foi ainda relator da CPI que
tratou de analisar as relações do Banco Central com os bancos privados e
sugeriu mudanças no PROER, Programa de Reestruturação do Sistema Financeiro
Nacional.
Em 2000, trabalhou na organização da campanha de Geraldo
Alckmin, à prefeitura paulistana. O candidato do PSDB foi derrotado, porém,
ainda no 1º turno.
Em 2002 Alberto Goldman foi reeleito como deputado federal
com mais de 165 mil votos, cumprindo mandato de 2003 a 2007. Em 2004, foi
indicado pelo PSDB como vice-líder de sua bancada, passando a ser seu líder no
ano seguinte. Nas eleições municipais de 2004, apoiou José Serra, do PSDB, na
candidatura à prefeitura de São Paulo.
Em 2007 assumiu o cargo de vice-governador do estado de São
Paulo, eleito junto com o governador José Serra. Neste governo, acumulou também
o cargo de Secretário de Desenvolvimento do estado. Assumiu oficialmente o
Governo do estado de São Paulo em 02 de abril de 2010, devido à desincompatibilização
e renúncia de José Serra para disputar as eleições presidenciais em Outubro.
Permaneceu no cargo até 1º de janeiro de 2011, quando foi sucedido por Geraldo
Alckmin, eleito também pelo PSDB.
Foi novamente indicado para a vice-presidência da Executiva
Nacional do PSDB em 2013, na convenção que elegeu o senador Aécio Neves
presidente do partido. O senador mineiro foi também o candidato tucano à
Presidência da República no pleito do ano seguinte, tendo Goldman assumido a
função de coordenador da campanha, que acabou derrotada em segundo turno.
Dois anos depois, por ocasião da eleição para a prefeitura de São Paulo, defendeu a candidatura do empresário e então vereador tucano Andrea Matarazzo, que desistira de concorrer às prévias e fora preterido por João Dória, com quem nos meses seguintes Goldman travaria disputas explícitas, tanto no âmbito do partido, quanto da prefeitura da capital, para a qual o tucano logrou ser eleito. Em 2018, após o prefeito deixar o cargo e ser eleito governador do Estado de São Paulo, outras críticas públicas foram a ele direcionadas por Goldman, tendo tornado ainda mais explícitas as desavenças e a divisão do partido. Por ter se aproximado do candidato do PMDB e não ter manifestado apoio à candidatura tucana, o órgão partidário de nível local aprovaria sua expulsão do partido por infidelidade partidária, decisão a qual foi revertida pela Executiva Nacional do PSDB. Na ocasião, acusando uma articulação do prefeito paulistano, declarou que não havia "nenhum panaca neste partido que tenha condição moral de pedir a minha expulsão." Também nas eleições presidenciais de 2018, na qual o candidato tucano Geraldo Alckmin foi apenas o quarto mais votado, defendeu, para o segundo turno, o voto crítico no petista Fernando Haddad, adversário do capitão reformado e então deputado Jair Bolsonaro, diferentemente da posição oficial de neutralidade adotada pela legenda e pela maioria de seus líderes.
Acometido por um câncer, em Agosto de 2019 não resistiu a um procedimento cirúrgico e veio a falecer.
Foi casado com Sara Goldman, com quem teve três filhos. E contraiu segundas núpcias com Deuzeni Trisoglio, com quem teve mais dois filhos.
Publicou Caminhos da luta:
peripécias de um político na democracia relativa (1978) e Alberto
Goldman nos tempos da perestroika (1990).
Elizabeth Dezouzart Cardoso/Marcelo Costa/Jean Spritzer (atualização)
FONTES: INF. BIOG.; Portal Câmara dos Deputados. Disponível em <http://www2.camara.leg.br>. Acesso em 25/02/2009; Portal Estado de S. Paulo. Disponível em
<http://www.estadao.com.br>. Acesso em 25/02/2009; Portal Folha de S. Paulo. Disponível em: <http://www.folha.uol.com.br>. Acesso
em 25/02/2009; Portal G1 de Notícias.
Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em 04/11/2014; Portal do
Governo do Estado de São Paulo. Disponível em: <www.saopaulo.sp.gov.br>.
Acesso em 25/02/2009; Portal do Jornal do
Brasil. Disponível em <http://www.jb.com.br/>. Acesso em 25/02/2009;
Portal Jornal O Globo. Disponível em:
<http://oglobo.globo.com>. Acesso em 25/02/2009; Portal do Partido da
Social Democracia Brasileira. Disponível em: <http://www.psdb.org.br/>.
Acesso em 02/12/2014; Portal Veja.
Disponível em <http://veja.abril.com.br>. Acesso em 25/02/2009; Portal Nexo Jornal. Disponível em: <http://www.nexojornal.com.br/>. Acesso em 02/09/2019.