GRECA, Rafael
*pref. Curitiba
1993-1997, 2007- ; dep. fed. PR 1999; min. Tur. e Esp. 1999-2000; dep. fed. PR 2000 e 2002-2003.
Rafael
Valdomiro Greca de Macedo nasceu em Curitiba no dia 17 de março
de 1956, filho de Eurico Dacheux de Macedo e de Terezinha Greca de Macedo.
Graduou-se em economia na Fundação de Estudos Sociais do
Paraná (FESP) em 1977 e em engenharia civil na Universidade Federal do Paraná (UFPR)
em 1978. Cursou especialização em urbanismo nos anos seguintes. Nesse período,
foi também diretor da Casa Romário Martins e fundador da Casa da Memória de
Curitiba, em 1980.
Em 1982, foi aprovado em concurso público para engenheiro do
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), importante
agência de planejamento da cidade, onde trabalharam vários engenheiros e
urbanistas liderados pelo ex-prefeito Jaime Lerner. No IPPUC vinculou-se ao
grupo político de Lerner e iniciou a carreira política, elegendo-se outubro do
mesmo ano vereador em Curitiba na legenda do Partido Democrático Social (PDS).
Empossado em janeiro de 1983, durante seu mandato organizou o grupo Pró-Cidade,
no qual vereadores de diversos partidos eram informados sobre o planejamento
urbano de Curitiba. Em 1985, deixou o PDS e filiou-se ao Partido Democrático
Trabalhista (PDT), partido de Jaime Lerner.
No pleito de outubro de 1986, elegeu-se deputado estadual constituinte
na legenda do PDT. Durante o mandato iniciado em fevereiro de 1987, foi relator
do capítulo Da Ordem Política,
Econômica e Social da Constituição estadual promulgada em 1989 e foi o
autor da lei que tornava obrigatório o ensino de história e geografia do Paraná
em todas as escolas do estado. Nas eleições de outubro de 1990, novamente
elegeu-se deputado estadual pelo PDT. Iniciando novo mandato em fevereiro de
1991, foi líder da bancada de oposição ao governador Roberto Requião na Assembleia
Legislativa do Estado (ALEP) e destacou-se por elaborar várias propostas
relacionadas à organização dos transportes rodoviários.
Em
outubro de 1992 concorreu à prefeitura de Curitiba pelo PDT e venceu as
eleições no primeiro turno com 324.348 votos (53% dos votos válidos). Empossado
em janeiro de 1993, durante sua administração deu continuidade ao modelo de
gestão urbana criado pelo grupo do IPPUC e pela equipe liderada por Jaime
Lerner nos anos anteriores. Implementou, em convênio com o Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID), o Programa de Transporte Urbano de Curitiba, com
investimentos totais de 236 milhões de dólares em infraestrutura urbana, pavimentação
e equipamentos, o que permitiu a ampliação da rede de transporte coletivo à
região metropolitana em sua gestão e nas duas gestões que se sucederam, bem
como a implantação dos ônibus biarticulados nas canaletas dos antigos ônibus
expressos. Além disso, implantou as Ruas de Cidadania (espaço que reúne os
principais órgãos da administração municipal em cada administração regional), o
Memorial de Curitiba e os Faróis do Saber (bibliotecas junto às escolas
municipais e abertas à comunidade). No período de 1994 a 1996, foi ainda
delegado nacional da Organização Ibero-Americana de Cooperação Intermunicipal
(OICI). Encerrou sua gestão em 1° de janeiro de 1997.
Ainda
em 1997 filiou-se ao Partido da Frente Liberal (PFL), acompanhando o grupo
político liderado pelo então governador Jaime Lerner. Ocupou cargos no primeiro
escalão do governo Lerner, tendo sido secretário de Planejamento e Coordenação Geral
do estado do Paraná em 1997 e secretário-chefe da Casa Civil de 1997 a 1998. Em março desse
último ano licenciou-se da chefia da Casa Civil para candidatar-se a deputado
federal. No pleito de outubro, elegeu-se deputado pelo Paraná na legenda do PFL
com 226.554 votos, enquanto Jaime Lerner era reeleito governador derrotando já no
primeiro turno Roberto Requião, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro
(PMDB).
Assumiu seu primeiro
mandato de deputado federal em 1º de fevereiro de 1999. Contudo, logo após ser
empossado licenciou-se para exercer o cargo de ministro de Estado do Esporte e
Turismo no segundo governo Fernando Henrique Cardoso, em substituição ao
ex-jogador de futebol Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Durante sua gestão
no ministério foi presidente do comitê executivo do V Centenário do
Descobrimento, e ao lado dos ministros das Relações Exteriores e da Cultura
organizou os festejos comemorativos da passagem da data.
Ainda em 1999, juntamente
com um de seus assessores e mais oito pessoas, foi alvo de uma ação de
improbidade administrativa impetrada pelo Ministério Público Federal (MPF), sob
a acusação de ter envolvimento com a máfia dos bingos e de ter autorizado
irregularmente a instalação de máquinas caça-níquel com o objetivo de arrecadar
ilicitamente recursos para o financiamento de sua campanha para governador do estado
em 2002. Embora nada tenha sido provado, sofreu forte desgaste político, que se
intensificou em abril de 2000, quando das comemorações dos 500 anos do
Descobrimento do Brasil. Nesse mês, para comemorar a chegada de Pedro Álvares
Cabral a Porto Seguro, o governo brasileiro programara a aparição de uma
réplica da Nau Capitânia, idêntica à que havia conduzido a frota portuguesa na
travessia do Atlântico. Contudo, logo após partir de Portugal para Porto
Seguro, local programado para a festa e a chegada da embarcação, a réplica da nau
foi obrigada a interromper viagem por haver sido inundada de água e correr
risco de afundar com toda a tripulação. Além disso, por ocasião das solenidades
comemorativas, ocorreu um intenso confronto entre cinco mil policiais militares
e diversas tribos indígenas e cerca de três mil trabalhadores sem-terra nas
proximidades do palanque das autoridades em Porto Seguro. As fortes repercussões
negativas do confronto, inclusive internacionais, somadas às acusações de
envolvimento com a máfia dos bingos, acabaram por levar à sua saída do ministério
no início de maio de 2000.
Após sair do
ministério, voltou a exercer o mandato de deputado federal por um curto período,
até ser nomeado por Jaime Lerner secretário da Comunicação Social do estado do
Paraná, cargo em que permaneceu de 1º de dezembro de 2000 a 2 de janeiro de 2002.
Em sua gestão, concebeu e criou o Canal Paraná de Televisão, ligado a 21
emissoras, com 8 mil espectadores e 15 novos programas para prestigiar artistas
locais.
De volta à Câmara,
foi membro titular das comissões de Educação, de Fiscalização e de Iluminação
Pública. Em junho de 2002 foi pré-candidato ao governo do estado na convenção
do PFL, mas foi derrotado dentro do partido, que preferiu apoiar o candidato do
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Beto Richa. Inviabilizada sua
candidatura ao governo, candidatou-se a deputado estadual pelo PFL, elegendo-se
com 51.923 votos. Na mesma ocasião, Roberto Requião, do PMDB, foi eleito
governador do Paraná no segundo turno das eleições, derrotando Álvaro Dias, do
PDT. Nesse período, em virtude de sua derrota na convenção do partido e das
medidas propostas no segundo mandato de Jaime Lerner, tais como a privatização
da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), que acabou não se consumando
em virtude dos atentados de 11 de setembro de 2001, começou a se afastar do
grupo político de Lerner e do PFL e a se aproximar do PMDB. Deixou a Câmara dos
Deputados em janeiro de 2003, ao final da legislatura.
Assumiu
o mandato de deputado estadual em fevereiro de 2003, e logo no início da
legislatura, em maio, transferiu-se do PFL para o PMDB, passando a fazer parte
da base de apoio do governo de Roberto Requião. Juntamente com o então deputado
peemedebista Gustavo Fruet, divulgou então um manifesto em que defendia o
lançamento de uma candidatura própria do PMDB na eleição para a prefeitura de
Curitiba. Lançou-se ele próprio pré-candidato, mas sua proposta foi derrotada
na convenção partidária realizada em junho, que, seguindo instruções do governador
Roberto Requião, aprovou o apoio do partido à candidatura de Ângelo Vanhoni, do
Partido dos Trabalhadores (PT). Mesmo após a derrota de sua pré-candidatura,
continuou a fazer parte da base de apoio de Roberto Requião na Assembleia
Legislativa do estado. Nesse período, foi um dos coordenadores do Movimento o
Porto é Nosso, contra os boatos de privatização e intervenção no porto de
Paranaguá pelo governo federal, manifestando-se ainda amplamente favorável à
política de Requião em relação às empresas públicas do estado.
No pleito de outubro
de 2006 candidatou-se novamente a deputado estadual e obteve uma suplência, com
34.736 votos. Foi também um dos coordenadores da campanha de Roberto Requião no
segundo turno das eleições para governador, em que este conseguiu se reeleger derrotando
Osmar Dias (PDT) por estreita margem de votos. Foi então nomeando presidente da
Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). Em 1° de fevereiro de 2007 tomou
posse como presidente da Cohapar e logo em seguida foi designado coordenador
das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) no Paraná. No início de
2008, lançou-se mais uma vez pré-candidato a prefeito de Curitiba pelo PMDB, mas
foi novamente preterido na convenção do partido em favor do ex-reitor da UFPR,
Carlos Augusto Moreira Júnior, que em outubro obteve apenas 1,9% dos votos
válidos.
Nas
eleições gerais de 2010, concorreu mais uma vez à Assembléia Legislativa
paranaense pelo PMDB e obteve 29.867 votos, número insuficiente para que fosse
eleito. No decorrer de 2011, em virtude
da recém-eleição de Roberto Requião para senador, passou a atuar como seu
assessor comissionado no Senado Federal, cargo que exerceu por cinco anos.
Nesse
período, tentou eleger-se outras duas vezes, sem sucesso. Em outubro de 2012
concorreu à prefeitura de Curitiba e obteve o quarto lugar, tendo sido votado
por 101.866 eleitores (10,45% dos votos). Durante a campanha pelo segundo
turno, Greca decidiu apoiar o candidato Ratinho Jr, do Partido Social Cristão
(PSC), derrotado no pleito eleitoral pelo pedetista Gustavo Fruet. Nas eleições
de 2014, Rafael Greca foi candidato ao cargo de deputado federal e obteve 37.
457 votos, mas não foi eleito.
No
decorrer de 2015 deixou o PMDB e filiou-se ao Partido da Mobilização Nacional
(PMN). Em janeiro do ano seguinte aposentou-se do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba
(IPPUC), após 33 anos de tempo de serviço. Nas eleições de outubro de 2016 foi
eleito prefeito de Curitiba no segundo turno, derrotando Ney Leprevost, do Partido
Social Democrático (PSD), que se tornou seu principal adversário durante o
pleito. No primeiro turno, Greca obteve 38,38% dos votos, contra 23,66% de
Leprevost. A decisão no segundo turno foi ainda mais apertada: foram
registrados 53,25% da votação para Greca e 46,75% para Leprevost.
Em janeiro de 2017, foi empossado prefeito de Curitiba,
durante solenidade realizada na Câmara Municipal da capital paranaense.
Além dos cargos
políticos que ocupou ao longo de sua trajetória, foi também conferencista do
Convênio Internacional sobre Urbanismo Social, realizado em Nápoles, na Itália,
conselheiro da Fundação Cultural de Curitiba entre 1997 e 2000, ocupante da
cadeira nº 8 da Academia Paranaense de Letras, membro da Associação de
Parlamentares de Origem Italiana, do Instituto Histórico, Geográfico e
Etnográfico do Paraná, e do Instituto de Engenharia do Paraná. Conquistou um dos
mais importantes prêmios de urbanismo do mundo, o Prêmio Mundial do Habitat
(World Habitat Awards) da Housing and Building Foundation da ONU.
Casou-se com a jornalista e colunista social Margarita
Elizabeth Pericás Sansone.
Publicou diversas obras, entre as quais Bastião da pá de
lixo (1970), Cada um cai do bonde como pode (1973), Quantos
países moram nas ruas de Curitiba (1990), Caminhos para o Paraná do
próximo milênio: 28 rotas de transporte (1990), este último escrito com seu
pai, Poema ao rio Iguaçu (1997), Verdades e mentiras de meu tempo de
ministro (2000), e Papa João Paulo II — Sua Santidade e o Paraná (2005), produzido junto com o padre
Benedydickt Grzymkowski e Danuta Lisicki.
Luciana
Pinheiro (atualização)
FONTES:
O Estado do Paraná (13/06/2002, 26/11/2002, 06/10/2006); Portal da
Câmara dos Deputados. Disponível em <http://www2.camara.gov.br/>.
Acesso em 12/10/2009; Portal do jornal Gazeta do Povo. Disponível em <http://www.gazetadopovo.com.br/>.
Acesso em 14/01/2017; Portal de Rafael Greca <www.rafaelgreca.com.br>.
Acesso
em 12/10/2009); Portal do Tribunal Superior Eleitoral <http://www.tse.gov.br/>. Acesso em 12/10/2009;
Portal G1. Disponível em <http://g1.globo.com/>. Acesso em 14/01/2017; Portal UOL – Política. Disponível em
<https://noticias.uol.com.br/politica/>. Acesso em 14/01/2017); Veja
(17/02/1999, 17/11/1999, 03/05/2000).