GUEDES,
José Luís
*
pres. UNE 1966-1967; dep. fed. MG 1983-1987.
José Luís Moreira Guedes
nasceu em Juiz de Fora (MG) no dia 10 de março de 1943, filho de Luís Gonzaga
Guedes e de Risoleta Moreira Guedes. Seu tio Joaquim Vicente Guedes foi
vereador em Juiz de Fora na década de 1950, eleito na legenda do Partido
Republicano (PR).
José Luís Guedes estudou na Faculdade de
Medicina da Universidade de Minas Gerais, atual Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), tendo sido eleito, em 1965, presidente do conselho deliberativo
e fiscal do Diretório Acadêmico Alfredo Balena. Pertenceu à Ação
Popular (AP), organização política de âmbito nacional, fundada no Congresso da
Juventude Universitária Católica, em 1962, que mais tarde viria a adotar
orientação revolucionária de esquerda, engajando-se na luta armada contra o
regime militar instaurado no país em abril de 1964.
Em 1966, tornou-se presidente da União
Estadual dos Estudantes e, em julho do mesmo ano, no 28o Congresso
da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado em Belo Horizonte, Guedes foi
eleito presidente da entidade, sucedendo a Altino Rodrigues Dantas Júnior
(1965-1966).
Em sua gestão na UNE, lutou contra a
aplicação da Lei Suplicy - sobrenome do então ministro da Educação, Flávio
Suplicy de Lacerda - que, aprovada pelo Congresso Nacional em novembro de 1964,
decretara a extinção da UNE e das entidades estudantis de âmbito estadual.
Liderou o Dia Nacional de Protesto, numa mobilização unitária contra a
repressão ao movimento estudantil e organizou diversos seminários regionais,
bem como o seminário nacional, em Niterói, com o objetivo de debater o
Acordo MEC-Usaid e outros dispositivos governamentais, que, segundo os
estudantes, representavam a dominação da universidade por interesses
imperialistas.
Em julho de 1967, no 29o Congresso
da UNE, em Vinhedo (SP), deixou a presidência da entidade e foi substituído por
Luís Travassos (1967-1968). Continuou ativo no movimento estudantil até que, ao
participar do 30o Congresso da UNE, realizado, apesar da proibição
do governo, em fins de 1968 em Ibiúna (SP), foi preso, juntamente com quase 800
estudantes. Conseguindo fugir, viveu clandestinamente em estados do Nordeste
até o final de 1973.
No ano seguinte, deixou o Brasil,
exilando-se com a família na França, onde trabalhou como enfermeiro. Retomando
os estudos de medicina, atuou junto ao Tribunal Bertrand Russell, depois
transformado em Liga Internacional para o Direito dos Povos, e participou do
Comitê Brasileiro pela Anistia, em Paris. Graduou-se em 1979, pela Universidade
de Paris.
Em setembro daquele ano, logo após a
decretação da anistia (28/8/1979) pelo presidente da República João Batista
Figueiredo (1979-1985), retornou ao Brasil, fixando-se em Belo Horizonte, onde
passou a trabalhar no hospital universitário da UFMG. Posteriormente, ingressou
no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), integrando a corrente
denominada “tendência popular”.
Nas eleições de novembro de 1982,
candidatou-se à Câmara dos Deputados por Minas Gerais na legenda do PMDB, obtendo
apenas uma suplência. Entretanto, em março seguinte, assumiu seu mandato na
Câmara e participou dos trabalhos legislativos como membro titular das
comissões do Interior e da Saúde.
Em 25 de abril de 1984 votou a favor da
emenda Dante de Oliveira, que propunha o restabelecimento das eleições diretas
para a Presidência da República, marcando-as para novembro daquele ano.
Constatada a insuficiência de votos para que a emenda fosse submetida à
apreciação do Senado, convocou-se, em 15 de janeiro de 1985, o Colégio
Eleitoral. Na ocasião da votação, José Luís Guedes não esteve presente pois os
titulares, secretários estaduais mineiros filiados ao PMDB, reassumiram seus
mandatos para votar em Tancredo Neves, candidato vitorioso da Aliança
Democrática, coligação oposicionista que uniu o PMDB à dissidência do Partido
Democrático Social (PDS) reunida na Frente Liberal. Acometido por grave
enfermidade, que o vitimou em 21 de abril de 1985, Tancredo não chegou a ser
empossado na Presidência da República. Substituiu-o no cargo o vice, José
Sarney, que já vinha exercendo interinamente a chefia do Executivo desde 15 de
março.
Transferindo-se para o Partido Socialista Brasileiro
(PSB), José Luís Guedes candidatou-se a deputado federal constituinte no pleito
de novembro de 1986. Não obtendo êxito, encerrou seu mandato na Câmara no
início do ano seguinte.
Em novembro de 1988, candidatou-se a prefeito de Juiz de
Fora pela legenda do Partido Socialista Brasileiro (PSB), mas não se elegeu. No
ano seguinte, coordenou em Juiz de Fora a campanha presidencial de Luís Inácio
Lula da Silva, candidato da Frente Brasil Popular, coligação do Partido dos
Trabalhadores (PT), do PSB e do Partido Comunista do Brasil (PC do B).
No pleito de
outubro 1990, compôs como primeiro suplente a chapa ao Senado encabeçada pelo
petista Patrus Ananias, que não obteve os votos necessários para se eleger.
Ingressando no PT e retomando as atividades profissionais, transferiu-se, em
1991, para Santos, onde trabalhou no combate à Aids (síndrome da deficiência
imunológica adquirida), permanecendo na cidade até 1995. Em maio deste ano,
retornou a Juiz de Fora, passando a trabalhar na coordenação do programa de
Aids do município mineiro.
Filiando-se em 1998 ao PC do B, disputou sem êxito uma
cadeira na Assembléia Legislativa de Minas Gerais no pleito de outubro desse
ano.
Casou-se com Nair
Barbosa Guedes, com quem teve quatro filhos.
FONTES:
CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1983-1987); Globo
(18/9/79, 26/4/84 e 16/1/85); História da UNE; INF. BIOG.; Jornal do
Brasil (19 e 22/9/79); TRIB. REG. ELEIT. MG. Relação (1998); Veja
(22/9/79).