HENNING, Geraldo de Azevedo
*militar; comte. II
DN 1969-1972; comte. I DN 1972-1973; min. Mar. 1974-1979.
Geraldo de Azevedo Henning
nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 16 de dezembro de
1917, filho de Artur Francisco Henning e de Edite da Rocha Azevedo Henning. Seu
irmão, Artur de Azevedo Henning, oficial de Marinha, foi governador do Amapá
entre 1974 e 1979.
Henning fez seus estudos preparatórios no Colégio São
Bento, no Rio, e em 1934 ingressou na Escola Naval, de onde saiu guarda-marinha
em abril de 1937. No ano seguinte, embarcou no navio-escola Almirante
Saldanha em viagem de instrução ao exterior. Em setembro de 1938 passou
para a Esquadra, sendo designado para embarcar no encouraçado São Paulo,
e foi promovido a segundo-tenente. Tendo servido em diferentes embarcações,
em setembro de 1940 foi promovido a primeiro-tenente. Em dezembro de 1942
passou para a Flotilha de Submarinos, designado para o Tamoio. Em
abril de 1943 foi promovido a capitão-tenente e em outubro do mesmo ano, após
ser aprovado nos testes de adaptação em submarinos, embarcou no Timbira.
Durante
a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Henning especializou-se em força
submarina, tomando parte no patrulhamento das costas brasileiras e do Atlântico
Sul, além de participar do adestramento de navios e aviões para essa tarefa. Em
julho de 1946 foi designado para o Duque de Caxias e em outubro,
tornou-se ajudante-de-ordens do comando do III Distrito Naval (DN), sediado em Natal. Em fevereiro do ano seguinte assumiu interinamente a função de assistente daquele
comando, exercendo-a durante um período de quatro meses.
Em abril de 1948, designado comandante do navio hidrográfico Aspirante
Nascimento, foi incumbido da missão de construir dois faróis na ilha de
Fernando de Noronha. Um ano depois, nomeado assistente do diretor de
Hidrografia e Navegação, transmitiu o comando daquela embarcação e em dezembro
de 1949 foi promovido a capitão-de-corveta. Em janeiro de 1952 passou a servir
no navio-escola Almirante Saldanha, onde permaneceu até maio do
ano seguinte, quando foi designado assistente do chefe do Estado-Maior da
Armada (EMA), almirante-de-esquadra Átila Aché. Em dezembro de 1953 foi
promovido a capitão-de-fragata e em outubro do ano seguinte iniciou o curso da
Escola de Guerra Naval, concluindo-o em maio de 1955. A partir daí foi empossado como subchefe do estado-maior do comando da Esquadra, chefiado pelo
almirante Carlos Pena Boto.
Em
11 de novembro de 1955 eclodiu o movimento militar encabeçado pelo general
Henrique Lott, ministro da Guerra demissionário, que depôs o presidente
interino Carlos Luz, acusado de participar de uma suposta conspiração para
impedir a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek. Carlos Luz embarcou
em seguida no cruzador Tamandaré, sendo acompanhado, entre outros, pelo
comandante-em-chefe da Esquadra, Pena Boto. Geraldo Henning, servindo no
estado-maior deste último, também se encontrava a bordo do cruzador.
Ainda em novembro foi designado para servir na Escola de
Guerra Naval, onde permaneceu até o final do ano de 1957. Em dezembro desse ano
foi destacado para a Junta Interamericana de Defesa (JID), sediada em
Washington, como membro do comitê de informações de seu estado-maior. Em agosto
de 1958, ainda na JID, assumiu as funções de membro do comitê social do
estado-maior e em novembro tornou-se presidente do comitê ad hoc para a
preparação do índice e errata do manual de terminologia da junta. Em setembro
de 1959 deixou suas funções na JID e, voltando ao Brasil, foi promovido a
capitão-de-mar-e-guerra.
Em fevereiro de 1960 foi nomeado chefe do estado-maior do IV
DN, sediado em Belém. Ocupou o cargo até abril de 1961, quando foi designado
instrutor da Escola de Guerra Naval, onde, em dezembro de 1962, passou a chefe
do Departamento de Ensino. Ao lado da imensa maioria dos oficiais da Marinha,
apoiou o movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o
presidente João Goulart. No mês seguinte passou a comandar a Flotilha de
Submarinos, e ocupou o cargo até agosto de 1965, quando foi nomeado subdiretor
da Escola Naval.
Em setembro de 1966 foi designado subchefe do EMA e promovido
a contra-almirante, tornando-se também membro efetivo do Conselho de Promoções
de Oficiais da Marinha. Em março de 1968 saiu da subchefia do EMA, indo cursar
a Escola Superior de Guerra (ESG). Desligado da ESG, em dezembro de 1968 foi
designado comandante naval de Brasília. Nesse mesmo mês, como
culminância de uma crise política que dominava o país, foi editado o Ato
Institucional nº 5 (AI-5), instrumento de exceção que provocou um enérgico
fechamento do regime político vigente.
Em abril de 1969, foi promovido a vice-almirante e assumiu o
comando do II DN, sediado em Salvador, substituindo o vice-almirante Mauro Baloussier.
Em fevereiro de 1972 foi designado comandante do I DN, sediado no Rio de
Janeiro, substituindo o vice-almirante José Uzeda de Oliveira. Em março do ano
seguinte foi promovido a almirante-de-esquadra e em abril tornou-se
diretor-geral do Pessoal da Marinha, passando o comando do I DN ao
vice-almirante Joaquim Coelho Lobo. Ocupou o cargo até março de 1974, quando
foi convidado pelo presidente Ernesto Geisel para assumir o Ministério da
Marinha no governo que então se iniciava.
Ministro da Marinha (1974-1979)
Substituindo
o almirante Adalberto de Barros Nunes, titular da pasta durante o governo do
general Emílio Garrastazu Médici, Henning encontrou a Marinha em amplo processo
de modernização de seu equipamento, com a incorporação de novos barcos comprados
no exterior e um ambicioso programa de construção naval militar no próprio
Brasil. Na época, o governo Geisel deu bastante ênfase à indústria naval, setor
incluído no II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), que previa a
construção de 750 navios no período 1975-1979.
Em março de 1976 Henning foi transferido para a reserva
remunerada, por haver completado seu tempo de serviço. Na qualidade de
ministro, visitou a Argentina no mês seguinte, com o objetivo, segundo fontes
militares, de discutir com autoridades navais argentinas o estabelecimento de
uma estratégia comum de defesa das rotas do Atlântico Sul, consideradas
ameaçadas pela influência soviética em Angola depois que esse país se libertou
do colonialismo português. A visita do almirante Henning coincidiu com a dos
almirantes James Sagerholm e George Ellis, respectivamente comandante e
subcomandante da Frota do Atlântico Sul dos Estados Unidos. Oficialmente, o
motivo da visita dos dois oficiais norte-americanos à capital argentina era
estudar os detalhes da Operação Unitas — um exercício conjunto de marinhas de
diferentes países do continente — que seria efetuada meses mais tarde. Na
época, essa visita de Henning deu margem a muitas discussões, pois havia a
suspeita de que o regime racista da África do Sul poderia vir a participar de
uma aliança que porventura viesse a ser feita. Isto teria repercussões
extremamente negativas dentro e fora do Brasil, com reflexos nas relações com
os países africanos, com os quais o governo brasileiro se esforçava em
estreitar laços. Em outubro do mesmo ano, sete meses depois, o próprio Henning
se encarregou de pôr um ponto final nas especulações, ao dar uma entrevista à
imprensa onde afirmava que o Brasil não via necessidade de novas alianças no
Atlântico Sul, afastando qualquer possibilidade de que elas viessem a ser
formadas. Disse, também, que a presença soviética na África era um problema de
competência exclusiva dos africanos e que o Brasil não tinha qualquer intenção
hegemônica no continente americano ou fora dele.
Em maio de 1978 lançou uma nota pública reiterando seu apoio
à candidatura do general João Batista Figueiredo à sucessão de Geisel na
presidência da República — candidatura apoiada pela Aliança Renovadora Nacional
(Arena). O ministro, também ele filiado à Arena, justificou essa atitude pela
necessidade de esclarecer sua posição e pôr um fim às especulações que o
colocavam como simpático ao candidato oposicionista, general Euler Bentes
Monteiro, lançado pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Com o término do
mandato do presidente Geisel, em 15 de março de 1979, retirou-se da vida
pública transferindo a pasta ao novo ministro, almirante Maximiano Eduardo da
Fonseca.
Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de novembro de 1995.
Era casado com Ieda Salgado Henning, com quem teve dois
filhos. Um de seus filhos, Fernando Antônio, casou-se com Maria Luísa Duarte
Pinto, filha de Paulo de Bonoso Duarte Pinto, comandante do I Distrito Naval
entre 1978 e 1979 e comandante-em-chefe da Esquadra brasileira de 1979 a 1981.
FONTES: BALÉM, J.
Bispos; CURRIC .BIOG.; MIN. MAR. Almanaque (1971);
Perfil (1974 e 1975); SERV. DOC. GER. MARINHA; Súmulas; Tribuna
da Imprensa (18/3/76); Who’s who in Brazil.