GIBSON,
Hugh
*diplomata norte-americano; emb. EUA no Brasil
1933-1937.
Hugh Simon Gibson nasceu
em Los Angeles, no estado da Califórnia (EUA), em 16 de agosto de 1883, filho
de Frank Gibson e de Mary Gibson.
Formou-se
em 1907 pela École Libre des Sciences Politiques de Paris, obtendo mais tarde o
grau de doutor em diplomacia e ciência política pela Universidade de Louvain,
na Bélgica. Recebeu ainda os títulos de doutor em direito pelas universidades
norte-americanas de Yale e Pomona e pela Universidade de Bruxelas.
Em
1908 iniciou sua carreira diplomática como secretário da missão norte-americana
em Tegucigalpa. No ano seguinte foi designado para Londres, sendo removido em
1911 para Havana, em Cuba. Entre 1914 e 1916 serviu em Bruxelas e, durante um
curto período, em Londres. Em 1917, às vésperas da entrada dos EUA na Primeira
Guerra Mundial, retornou a Washington para acompanhar as visitas do chanceler
britânico e da missão de guerra belga. No ano seguinte foi nomeado
primeiro-secretário da embaixada norte-americana em Paris. Em abril de 1919,
após o término da guerra, foi nomeado embaixador na Polônia. Entre 1924 e 1927
serviu na Suíça e em seguida na Bélgica, onde permaneceu até 1932. Nesse
período, participou de várias conferências sobre o desarmamento, realizadas em
Genebra, na Suíça.
Em
1933 foi nomeado embaixador no Brasil pelo presidente Franklin Delano
Roosevelt. Logo ao chegar, realizou gestões visando dar início às conversações
sobre o novo tratado de comércio com o Brasil. Os EUA desejavam a redução de
tarifas para seus produtos e, em troca, comprometiam-se a manter livres do
pagamento de direitos de entrada nos EUA os principais produtos brasileiros de
exportação (café e borracha). Em 1934 o governo de Washington acrescentou uma
nova reivindicação: que o Brasil não assinasse um acordo de comércio de
compensação com a Alemanha. Embora reconhecesse as desvantagens do tratado para
o Brasil, o governo Vargas acabou concordando em assiná-lo. Entretanto, após a
celebração do acordo, em maio de 1935, vários industriais e deputados
brasileiros, como Roberto Simonsen e Euvaldo Lodi, organizaram uma campanha
para impedir sua ratificação pelo Congresso. Impressionado com o movimento, o
Departamento de Estado norte-americano orientou o embaixador Gibson a “usar de
todos os meios e oportunidades para apressar o andamento de sua ratificação”.
Em setembro de 1935, a Câmara dos Deputados aprovou o Tratado de Reciprocidade
por 127 votos a 51. Com relação ao comércio de compensação com a Alemanha,
apesar das pressões de Washington, o Brasil não abdicou de sua prática,
limitando-se a não assinar um acordo formal com aquele país.
Em
junho de 1935, Gibson representou os EUA na Conferência de Buenos Aires sobre o
conflito do Chaco, participando das negociações para a assinatura do armistício
entre o Paraguai e a Bolívia. Em janeiro do ano seguinte, logo depois que
Osvaldo Aranha, embaixador do Brasil em Washington, anunciou a possibilidade de
comprar cruzadores norte-americanos para a Marinha brasileira, Gibson informou
ao chanceler José Carlos de Macedo Soares que os EUA não poderiam ceder os
navios solicitados. Em seguida, iniciaram-se novas negociações para o
arrendamento de destróieres, que também terminaram sem resultado em virtude das
pressões da Argentina junto ao governo norte-americano.
Em março de 1936, Gibson sofreu uma série de acusações nos
EUA por ocasião da prisão e morte de Victor Allan Barron, norte-americano
detido pela polícia brasileira sob suspeita de ligação com a Revolta Comunista
de 1935. A American Civil Liberties Union e outras organizações criticaram a
atitude “negligente” do embaixador no episódio e denunciaram ainda a presença de
vários policiais norte-americanos no Brasil.
Nesse mesmo ano, Gibson travou novas conversações com o
chanceler José Carlos de Macedo Soares sobre a questão do comércio com a
Alemanha, não conseguindo, porém, evitar a assinatura de um ajuste sobre o comércio
de compensação, em junho de 1936.
Em julho de 1937, antes da decretação do Estado Novo, Gibson
deixou o Brasil, sendo substituído por Jefferson Caffery. Nomeado no mesmo ano
embaixador na Bélgica, permaneceu no posto até 1938. Posteriormente, apesar de
aposentado do serviço diplomático, dirigiu as comissões de auxílio à Polônia e
à Bélgica, sob ocupação alemã, participando ainda da comissão norte-americana
sobre o Tratado de Conciliação com a França.
Hugh Gibson faleceu em 13 de dezembro de 1954.
Foi casado com Ynes Reyntiens.
Entre suas obras publicadas, contam-se Journal from our
legation in Belgium (1917), Journal from our legation in Rio (1937), Journal
from our legation in Belgium (1939), The road to foreign policy (1944), The
problems of lasting peace (1942) e The basis of lasting peace (1945), as duas
últimas em colaboração com Herbert Hoover, presidente dos EUA de 1928 a 1932.
Paulo Brandi
FONTES: ARQ.
GETÚLIO VARGAS; BANDEIRA, L. Presença; ENTREV. ABREU,
M.; LEVINE, R. Vargas; SILVA, H. 1937; Who was (3); World.