FLEMING,
Iolanda
*gov.
AC 1986-1987.
Iolanda de Lima Reis Fleming nasceu em Vila Castelo (AC), atual Manuel Urbano, no dia 20
de junho de 1936, filha do seringueiro cearense Horácio Lima e da imigrante
árabe Nazira Anute de Lima. Iolanda era a mais velha dos dez filhos do casal.
Começou a trabalhar ainda na infância em diversas atividades
rurais. Posteriormente, foi para o colégio de freiras Madre Santa Juliana em Sena Madureira (AC), município vizinho, onde, em troca do ensino das primeiras letras, realizava
tarefas domésticas. Mais tarde, formou-se normalista e passou a trabalhar como
professora primária, quando conheceu Geraldo Fleming, capitão do Exército, com
quem viria a se casar no início da década de 1960.
Segundo afirmara, sua carreira política teria começado aos 12
anos, quando animava os comícios do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB),
cantando ao lado de outras crianças músicas de campanha nos palanques de
políticos locais. Atuou nas campanhas de José Akel Fares, dirigente do PTB em Sena Madureira, e que se tornaria mais tarde deputado estadual e a maior liderança da
oposição naquela região.
Quando João Goulart assumiu a presidência da República em
setembro de 1961, designou Rui Lino para o governo do Acre. O novo governador nomeou
42 professores para trabalhar na rede estadual de ensino, entre os quais Iolanda.
Ingressou, depois, no PTB, pelo qual seu marido se elegera
deputado estadual em 1962. Durante a crise política que culminou com a
deposição do presidente João Goulart em abril de 1964, Iolanda e o marido
apoiaram o movimento político-militar vitorioso e se ligaram ao capitão do
Exército Edgar Pedreira de Cerqueira Filho, eleito em maio governador do Acre
pela Assembléia Legislativa, no lugar de José Augusto de Araújo, afastado pelos
militares.
Em março de 1965, foi exonerada do cargo de diretora da
escola Neutel Maia, em Rio Branco. Com a extinção dos partidos políticos pelo
Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do
bipartidarismo, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de
oposição ao regime militar. No pleito de novembro de 1972, concorreu a uma
cadeira na Câmara de Vereadores de Rio Branco em sua nova legenda, partido ao
qual seu marido também pertencia e que nessa época exercia o terceiro mandato
consecutivo de deputado estadual. Apoiada por um consistente grupo político,
composto principalmente por seus familiares, Iolanda saiu-se vitoriosa e
iniciou mandato de vereadora em janeiro de 1973. Nesse mesmo ano, ingressou na
Faculdade de Direito da Universidade Federal do Acre (Ufac), pela qual viria a
se bacharelar em 1977. No pleito de novembro do ano anterior, reelegera-se
vereadora na capital acreana, sempre na legenda do MDB.
Nas eleições de novembro de 1978, concorreu a uma cadeira na
Assembléia Legislativa. Utilizando novamente a base política de seu grupo
familiar, foi eleita deputada estadual e, deixando a Câmara Municipal em
janeiro do ano seguinte, assumiu seu novo mandato em fevereiro. Com o fim do bipartidarismo em novembro de 1979 e a conseqüente reorganização
partidária, ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Nas eleições de novembro de 1982, elegeu-se vice-governadora do Acre, na
legenda do PMDB, na chapa encabeçada por Nabor Júnior. Concluindo o mandato na
Assembléia Legislativa em janeiro de 1983, tomou posse no novo cargo em março
seguinte.
Em março de 1984, Iolanda assumiu em caráter interino a
chefia do Executivo do estado, em virtude de uma viagem do governador Nabor
Júnior ao Pará. Dessa forma, tornou-se a primeira mulher a governar um estado
da Federação. A proximidade da campanha eleitoral de 1986 obrigou o governador
Nabor Júnior a se desincompatibilizar de seu cargo, já que disputaria, pelo
PMDB, uma vaga no Senado. Com isso, Iolanda tomou posse, agora de forma
efetiva, no governo do estado em maio de 1986. Durante seu governo, fundou a primeira
Delegacia da Mulher no Acre, e terceira a ser implantada no Brasil, e o Teatro
Plácido de Castro.
Durante esse seu período de governo, foi acusada de haver
contratado funcionários para o estado sem concurso público, em troca da
ampliação de suas bases eleitorais, e criticada por não ter uma posição
política definida em relação à questão da reforma agrária, crucial em seu
estado. Tida pela oposição como violenta e temperamental, permaneceu no governo
do Acre até 15 de março de 1987, quando o transferiu a Flaviano Melo, eleito em
novembro do ano anterior. Durante o governo de Flaviano, Iolanda ocupou a Secretaria
de Transportes durante seis meses.
Ainda
em 1987, desquitou-se de seu marido, Geraldo Fleming, que nessa época era
deputado federal constituinte pelo PMDB, e passou a usar novamente o nome de
solteira, Iolanda Ferreira Lima. No ano seguinte, seu partido se coligou ao
Partido Democrático Social (PDS) para a disputa da prefeitura da capital
acreana. Para tanto, foi formada a chapa com Jorge Kalume e Iolanda para vice,
vencedora no pleito de novembro de 1988. Assumindo sua nova função em janeiro
do ano seguinte, permaneceu no cargo até 31 de dezembro de 1992, quando assumiu
o novo prefeito, Jorge Viana, do Partido dos Trabalhadores (PT).
Concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados no pleito de
outubro de 1994, sempre pelo PMDB, coligado ao Partido Democrático Trabalhista
(PDT) e ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), mas só conseguiu uma
suplência. Tornou-se, então, secretária-adjunta da executiva estadual e membro
titular da executiva nacional de seu partido.
Em 2009 filiou-se ao PTB assumindo a presidência do diretório
dessa agremiação no Acre em agosto do mesmo ano, em substituição a Zila Bezerra.
Teve quatro filhos. Um deles, Júnior Fleming, deve se
candidatar a uma vaga de deputado estadual, pelo PTB, no pleito marcado para
outubro de 2010.
FONTES: Estado de
S. Paulo (20/4 e 15/5/86); Folha de S. Paulo (14 e 15/5 e 1/6/86 e 3/1/87);
Globo (13/4, 14 e 21/5/86); Jornal do Brasil (29/3/83, 14/5/86 e 18/3/87); Jornal
O Rio Branco (14/04/1987).