RESENDE, Íris
*gov. GO 1983-1986; min. Agric.
1986-1990; gov. GO 1991-1994; sen. GO 1995-1997, 1998-2003; min. Just.
1997-1998; pref. Goiânia
2004-2010; 2017-
Íris
Resende Machado nasceu em Cristianópolis (GO) no dia 22 de
dezembro de 1933, filho do agricultor Filostro Machado Carneiro e da
dona-de-casa Genoveva Resende Machado.
Ao completar 16 anos
transferiu-se para Goiânia, onde iniciou sua carreira política em outubro de
1958 candidatando-se, na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), a uma
vaga na Câmara de Vereadores.
Eleito, tomou posse em
fevereiro do ano seguinte. Em 1960 diplomou-se pela Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Goiás e foi presidente da Câmara no biênio 1961-1962.
Em outubro deste último ano foi candidato a deputado estadual pelo Partido
Social Democrático (PSD), sendo o candidato mais votado no estado. Tomou posse
na Assembléia Legislativa em fevereiro de 1963, depois de deixar a Câmara de
Vereadores de Goiânia.
Em março de 1964 ocupava a presidência
da Assembléia quando foi desencadeado o movimento político-militar que derrubou
o presidente João Goulart. Depois de um curto período de transição em que o
país ficou sob a chefia de uma junta militar, assumiu a presidência da
República o general Humberto de Alencar Castelo Branco, um dos líderes da
conspiração que havia tirado Goulart do poder. Baseado em disposições contidas
no Ato Institucional nº 1, de abril de 1964, em novembro do mesmo ano o
governador de Goiás, Mauro Borges, foi acusado de subversão, sendo afastado por
Castelo Branco, tendo sido designado para substituí-lo o coronel Meira Matos.
Com o fim dos partidos
políticos, por força do Ato Institucional nº 2 (25/10/1965), baixado pelo
regime militar, Íris Resende ingressou na legenda oposicionista do Movimento
Democrático Brasileiro (MDB). Ainda em 1965, elegeu-se prefeito de Goiânia,
marcando a sua gestão com os mutirões para a construção de casas populares, nos
quais se misturava às pessoas comuns e ajudava nas construções. A repercussão
de sua atuação à frente da prefeitura de Goiânia foi o estopim para a cassação
dos seus direitos políticos por dez anos, pelo Ato Institucional nº 5
(13/12/1968), editado durante o governo do general Artur da Costa e Silva
(1967-1969).
Depois de seu
afastamento da vida pública, dedicou-se à advocacia, atuando em diversos casos
no Tribunal do Júri do estado, e à aquisição de fazendas de gado. Com a
redemocratização e a abertura política, Íris teve seus direitos políticos
restabelecidos a partir de 1979. Com o fim do bipartidarismo, ocorrido em
novembro daquele ano, e a conseqüente reorganização partidária, ingressou no
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), agremiação de oposição ao
regime militar e sucessora do MDB.
No
governo de Goiás
Com as eleições para
os governos dos estados pela via direta, depois de 17 anos em que isto não
ocorria, Íris Resende foi escolhido o candidato do PMDB ao governo de Goiás,
suplantando, na disputa interpartidária, o senador Henrique Santillo. Na
eleição, em novembro de 1982, foi vencedor, obtendo mais de 70% dos votos
válidos e derrotando o ex-governador Otávio Laje, candidato do Partido
Democrático Social (PDS), apoiado pelo governo federal. Em março do ano
seguinte tomou posse no governo de Goiás em meio a grandes festejos e manifestações
populares.
Novamente a marca de
sua administração foi a realização de grandes mutirões, chegando a construir
mil casas num só dia. Com a recuperação financeira do Banco do Estado de Goiás
(BEG) e o aumento da arrecadação no estado, angariou fama de bom administrador.
Mesmo assim, sofria a oposição de políticos da esquerda do PMDB, que reprovavam
seu estilo, considerado populista e demagógico. Foi, também, criticado por não
interferir nos problemas da terra e da reforma agrária, considerados os mais urgentes
no estado. Pelo interior de Goiás, realizou grandes inaugurações, sempre
marcadas por festejos e grande participação popular. Dizendo-se um homem
simples e de origem humilde, costumava tomar o café da manhã com entregadores
de jornal e menores que perambulavam pelas ruas de Goiânia.
Seu estilo político o fez um dos
governadores com maior índice de aprovação, consolidando sua posição política
no cenário nacional. Dada sua popularidade, no início de 1984 Goiânia foi
escolhida para a realização do primeiro comício da campanha das Diretas Já, às
vesperas da votação na Câmara da emenda constitucional que previa a realização
de eleições presidenciais diretas em 1984. Logo após a derrota da emenda na
Câmara, em setembro do mesmo ano, iniciou-se a campanha para a sucessão do
presidente João Batista Figueiredo. Mais uma vez, Goiânia foi escolhida a
primeira capital a ser visitada pela caravana de apoio a Tancredo Neves,
lançado pela frente oposicionista denominada Aliança Democrática, formada pelo
PMDB e por dissidentes do PDS agrupados na Frente Liberal.
No Colégio Eleitoral
de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito presidente da República, batendo
a Paulo Maluf, candidato governista. Contudo, Tancredo adoeceu na véspera da
posse, tendo assumido interinamente o cargo o vice-presidente José Sarney. Com
a morte de Tancredo em 21 de abril daquele ano, Sarney foi empossado
definitivamente na presidência. Em documento escrito ao presidente Sarney, Íris
Resende, ainda em abril, pleiteou cerca de 20 cargos no segundo e no terceiro
escalões do governo, a fim de, segundo a imprensa, serem distribuídos para
integrantes do PMDB de Goiás. Favorável ao projeto de criação do estado do
Tocantins, a partir do desmembramento da Região Norte de Goiás, Íris não
obteve, contudo, naquele momento apoio para a proposta.
No
Ministério da Agricultura
Em fevereiro de 1986, o presidente José
Sarney promoveu a substituição dos ministros ligados a Tancredo Neves. Depois
de deixar o governo de Goiás, no qual foi substituído pelo vice Onofre Quinan,
Íris Resende foi nomeado ministro da Agricultura, sucedendo ao gaúcho Pedro
Simon, também do PMDB. Na cerimônia de posse em Brasília, à qual compareceram
milhares de pessoas vindas de diversos municípios de Goiás, prometeu introduzir
a prática do mutirão na agricultura brasileira e acabar com a importação de
alimentos.
Ainda em fevereiro de 1986, o governo
Sarney viria a colocar em prática o Plano Cruzado, projeto de estabilização
econômica e de combate à inflação, elaborado pela equipe econômica do ministro
da Fazenda Dílson Funaro. Como o sucesso do plano dependia de um rigoroso
congelamento de preços, o Ministério da Agricultura enfrentou o problema de uma
crise de abastecimento e da falta de alimentos, motivadas por produtores que
não concordavam com os preços estipulados na ocasião. A partir de março de
1986, nas sucessivas reuniões em que participou com a equipe econômica, Íris
Resende agiu no sentido de procurar flexibilizar o congelamento e contemplar as
reivindicações dos produtores rurais, sobretudo dos setores pecuário e de
frigoríficos. Com isso, começou a ser considerado voz dissonante e entrou em
linha de choque com os membros da equipe econômica do governo.
Com vistas a solucionar o problema do
abastecimento, em maio de 1986 Íris Resende divulgou a nova política de seu
ministério para os financiamentos ao setor rural, a qual consistia na tentativa
de obtenção de maiores créditos a juros módicos, o que atendia aos interesses
dos agropecuristas. A partir de então, passou a ser considerado como um dos
inimigos do pacote econômico do governo, em meio a uma onda de otimismo
generalizado que havia no país com o Plano Cruzado. Ainda em maio, foi acusado
de ter autorizado uma compra de arroz a preços superfaturados, com o objetivo
de favorecer grupos políticos na campanha eleitoral de 1986. Em agosto,
anunciou, junto com o presidente Sarney, uma série de medidas referentes ao
crédito agrícola que, mais uma vez, contemplava as reivindicações dos
produtores rurais. Segundo Íris, com as novas medidas do ministério, “estaria
novamente aberto o caminho para as supersafras”.
Em outubro, em meio a
uma nova crise de abastecimento, Íris anunciou mais uma tentativa do governo
para a solução do problema, através de acordo dos produtores com os ministérios
da Fazenda e da Agricultura. Novas medidas do Ministério da Agricultura,
proibindo exportações de alimentos e concedendo incentivos fiscais aos
produtores, geraram outra crise entre aqueles dois ministérios. Sem que o
problema de falta de gêneros alimentícios fosse resolvido, Íris deixou de ter
sob sua alçada a possibilidade do controle do abastecimento, que passou para a
Secretaria Especial de Abastecimento e Preços, ligada ao Ministério da Fazenda.
Mesmo com o anúncio de uma supersafra
não foi possível para Íris e o Ministério da Agricultura contornarem um
protesto de agricultores, que levaram a Brasília, em fevereiro de 1987,
aproximadamente 25 mil ruralistas. O movimento, articulado pela União
Democrática Ruralista (UDR), pela Organização das Cooperativas Brasileiras e
pela Sociedade Rural Brasileira, fez chegar às mãos do presidente José Sarney
um documento com suas exigências para o setor, como o realinhamento dos preços
mínimos e o fim da importação de alimentos.
Na reforma ministerial
realizada por Sarney em março de 1987, Íris permaneceu no cargo, apesar de sua
oposição declarada às medidas da área econômica do governo. Considerado um
personagem controvertido, continuou ministro graças ao apoio que deu ao projeto
da Ferrovia Norte-Sul, um dos mais caros a Sarney, em cadeia de rádio e TV. Na
oportunidade aproveitou, também, para confirmar a safra recorde daquele ano.
Em agosto de 1987,
oficializou um pacote de medidas, entre as quais a extinção de subsídios e a
elevação em 200% do Valor de Custeio Básico (VCB), indicador dos custos da
produção. Mais uma vez, medidas do Ministério da Agricultura vieram a
contemplar, amplamente, os interesses dos ruralistas. Em janeiro de 1988, no
entanto, voltou a defender a volta dos subsídios, anunciando novamente para aquele
ano a existência de uma nova supersafra de grãos.
Considerado por seus opositores um
esbanjador do dinheiro público, pelas facilidades dadas aos ruralistas em
termos de crédito — condição inclusive das grandes safras observadas em
1986-1987 e 1987-1988 — Íris defendeu a proposta de equivalência na conversão
das dívidas agrícolas. A proposta, de sua autoria, foi considerada polêmica e
consistia na transformação do valor das dívidas em seu equivalente em produtos:
“Se o agricultor tomou emprestado o equivalente a mil sacas de milho, ele
pagará no vencimento o equivalente às mesmas mil sacas de milho”, explicou ele
na ocasião.
Em outubro de 1988,
Íris atuou como representante do governo brasileiro na 20ª Conferência da
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em
Recife. Na ocasião, afirmou a intenção de disputar com Ulisses Guimarães a
presidência do partido e a indicação para ser o candidato à presidência da
República na convenção do PMDB. A intenção de Íris ia de encontro ao projeto da
maioria do PMDB, que buscava um consenso em torno do nome de Ulisses.
Em fevereiro de 1989,
Íris anunciou mais uma supersafra de grãos e gêneros, gerando dúvidas e fazendo
incidir sobre as safras anteriores desconfianças quanto aos seus verdadeiros
resultados. O anúncio, então, foi averiguado pela Companhia de Financiamento da
Produção (CFP), que verificou que os números previstos para a safra pelo
Ministério da Agricultura eram inconsistentes. Políticos que lhe faziam
oposição viram no anúncio das supersafras uma estratégia de autopromoção na sua
disputa interna no PMDB. Ainda em fevereiro, Íris viajou a Bruxelas para
encontrar-se com representantes da Comunidade Econômica Européia (CEE), a fim
de solucionar o problema das exportações da carne para a Europa, suspensas
desde que se verificaram casos de febre aftosa no gado brasileiro.
Em março de 1989, Íris
foi derrotado por Ulisses Guimarães na disputa pela presidência do PMDB. Mesmo
assim, manteve, com o apoio do presidente Sarney e do chamado bloco moderado do
partido, a indicação para disputar a candidatura à presidência da República. Na
Convenção do PMDB, realizada em abril, foi novamente derrotado por Ulisses
Guimarães. Com a vitória de Ulisses, alguns membros do chamado bloco
progressista do partido afirmaram que não queriam ver Íris Resende nos
palanques do candidato do PMDB. Às vésperas das eleições presidenciais de
novembro de 1989, configurada a cisão do partido, Íris liberou seus seguidores
e integrantes do bloco moderado para que votassem em quem quisessem. Ele
declarou seu apoio ao candidato Fernando Collor de Melo, do Partido da
Reconstrução Nacional (PRN), que acabou vitorioso no segundo turno das eleições
de outubro de 1989, a primeira pela via direta depois de 29 anos.
Íris deixou o
Ministério da Agricultura em março de 1990, quando chegou ao fim o governo
Sarney, sendo substituído por Joaquim Roriz, já indicado pelo novo presidente,
Fernando Collor.
De
volta ao governo de Goiás
Em outubro de 1990,
Íris voltou a disputar o governo de Goiás, derrotando o candidato Roberto
Cunha, do Partido Democrata Cristão (PDC). Tomou posse pela segunda vez no
governo goiano em março de 1991. Procurou aproximar-se politicamente do
presidente Collor, defendendo as medidas provisórias usadas largamente por
aquele presidente como instrumento de governo. Defendeu a liberdade dos
governadores do PMDB de optarem por uma linha de ação independente da
orientação do partido em termos nacionais, o que provocou uma reação da maior
parte do PMDB, que fazia oposição a Collor.
Sua política de proximidade com o
presidente resultou no envio de recursos federais para a construção de casas
populares no regime de mutirão, utilizado por Íris com sucesso na sua gestão
anterior. Cada vez mais afastado do partido, que era oposição ao governo
federal, Íris costumava dizer: “O PMDB não tem dono.” Desobedecendo orientação
partidária, colocou por água a baixo a estratégia peemedebista de forçar Collor
a negociar com o partido como um todo. Sem se importar com o crescente enfraquecimento
do PMDB, Íris justificou sua atitude afirmando que Goiás precisava da ajuda do
governo federal para vencer dificuldades e que era fácil para quem não tinha
cargos executivos fazer oposição ao governo.
Depois do impeachment
de Collor, em setembro de 1992 — o qual se deu depois da descoberta de um
esquema de corrupção na esfera do governo federal, com o envolvimento de
pessoas da confiança do presidente e membros do primeiro escalão da
administração — Íris articulou o bloco de oposição a Itamar Franco, vice que
assumiu a presidência no lugar do presidente afastado.
Os laços que manteve com Collor até o
momento do impeachment fizeram com que Íris permanecesse esquecido em
Goiás até abril de 1994. Nesta data, desincompatibilizou-se para concorrer,
ainda pelo PMDB, a uma cadeira no Senado. Foi substituído no governo goiano por
Agenor Resende, presidente da Assembléia Legislativa, já que o vice-governador
Maguito Vilela, era candidato, com o seu apoio, à sucessão do governo de Goiás
pelo PMDB.
Pouco depois da desincompatibilização,
a Justiça Federal ordenou a suspensão dos Títulos da Dívida Agrária (TDAs)
emitidos durante a gestão de Íris à frente do Ministério da Agricultura, por
suspeita de irregularidades nos prazos e nos valores de resgate. Em junho, Íris
voltou a ter problemas com a Justiça, quando foi intimado pelo Núcleo do Meio
Ambiente do Ministério Público de Goiás para dar esclarecimentos sobre a
desapropriação do Instituto Goiano de Radiologia, no seu primeiro governo. A
desapropriação, feita às pressas e sem critério, deixou aparelhos radiológicos
que operavam com elementos radioativos abandonados em terrenos próximos ao
hospital. Em 1987, os aparelhos foram encontrados por catadores de papel e
violados, vindo a contaminar pessoas na capital com o césio 137, um dos
elementos químicos mais perigosos.
No
Senado Federal
Eleito senador em
outubro de 1994, no mesmo pleito sua esposa e homônima, Íris Resende, foi
candidata à vice-presidente da República, na chapa do PMDB encabeçada pelo
ex-governador paulista Orestes Quércia. O vencedor da eleição presidencial foi
Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB),
que tomou posse em janeiro de 1995.
Empossado em fevereiro de 1995, Íris
integrou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a Comissão da Educação do
Senado. No início de agosto, às vésperas da convenção nacional em que seria
escolhido o futuro presidente do PMDB, Íris integrou o bloco que apoiou o
senador paraense Jáder Barbalho. No fim daquele mês, contudo, Barbalho
retirou-se da disputa e Íris acabou se lançando candidato à presidência do
partido, com o apoio das bancadas de Minas e da Bahia e de políticos do grupo
de Orestes Quércia, mas acabou derrotado por Antônio Pais de Andrade, do Ceará.
No fim de 1995, Íris tornou-se
presidente da CCJ, uma das mais importantes do Senado. A partir de março de
1996, iniciou os acertos políticos visando à disputa da presidência da casa,
então ocupada pelo senador José Sarney. Apesar de faltar quase um ano para a
eleição do novo presidente do Senado, Íris começou a tentar a unidade do PMDB
em torno de seu nome.
Nas votações das
emendas constitucionais propostas pelo governo Fernando Henrique Cardoso em
1995, seguindo a orientação do seu partido votou a favor da quebra do monopólio
dos estados na distribuição de gás canalizado; da mudança no conceito de
empresa nacional; da quebra do monopólio estatal das telecomunicações; da
prorrogação do Fundo Social de Emergência (FSE), rebatizado de Fundo de
Estabilização Fiscal (FEF), que permitia que o governo gastasse 20% da
arrecadação de impostos sem que estas verbas ficassem obrigatoriamente
vinculadas aos setores de saúde e educação; da quebra do monopólio das
embarcações nacionais na navegação de cabotagem; e da quebra do monopólio da Petrobras
na exploração de petróleo.
No segundo turno das
eleições municipais de 1996, o candidato peemedebista Luís Bittencourt, apoiado
por Íris, foi derrotado por Nion Albernaz, do PSDB, na disputa pela prefeitura
de Goiânia. Isso pareceu significar, para alguns, o fim do “irismo” e o
declínio de sua máquina política no estado de Goiás, com repercussões negativas
em sua pretensão de ser presidente do Senado.
Em dezembro, Íris
recebeu o convite para ocupar a pasta dos Transportes, na tentativa de
afastá-lo da disputa pela presidência do Senado, já que havia um acordo
político entre PMDB e PFL (Partido da Frente Liberal), que previa a alternância
entre esses partidos na presidência das duas casas legislativas. Como Sarney
ocupava a presidência no biênio 1995-1997, caberia ao PFL a presidência do
Senado no período 1997-1999. Íris, todavia, recusou o convite e manteve seu
nome na disputa da presidência do Senado.
Otimista com a indicação do partido e
com o apoio de Jáder Barbalho, que tinha postulado o cargo e desistira em seu
favor, Íris obteve também o apoio das legendas de oposição ao governo, o
Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Democrático Trabalhista (PDT), o
Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Popular Socialista (PPS), que
contabilizavam 11 votos a seu favor. Ainda no mês de dezembro, recebeu o apoio
do presidente do Senado, José Sarney, a quem pretendia substituir no cargo. Com
isso, passou a constituir séria ameaça a seu opositor, Antônio Carlos
Magalhães, e à base de sustentação do governo federal.
Em janeiro de 1997, o governo federal
deixou claro seu descontentamento com a candidatura Íris e com a insistência de
parte do PMDB em mantê-la, o que gerou grave ameaça aos cargos ocupados no
governo por integrantes do partido. Íris, tido como um “governista de ocasião”,
por seu turno, ameaçava derrubar no Senado a emenda da reeleição para os cargos
do Executivo, de interesse do presidente Fernando Henrique e de seus aliados.
Mas em fevereiro do mesmo ano, ele acabou derrotado na disputa da presidência
do Senado por Antônio Carlos Magalhães. Contabilizados os votos, houve 28 para
Íris contra 52 para Antônio Carlos, o que mostrou que senadores que pareciam
fiéis ao candidato peemedebista acabaram por votar no candidato do PFL.
Passada a disputa, o grupo político de
senadores do PMDB que apoiaram Íris teve dificuldades para se reintegrar à base
de apoio ao governo Fernando Henrique Cardoso. Temendo uma ruptura
incontornável daquela base, com conseqüências que poderiam afetar sua larga
maioria no Senado, aliados de Fernando Henrique prestaram solidariedade a Íris,
acenando com a possibilidade uma nova composição das forças políticas,
incluindo uma reformulação nos cargos do primeiro escalão, no qual o grupo de
Íris poderia ser beneficiado.
Ministério
da Justiça
No início de março, a
indicação do ministro da Justiça, Nélson Jobim, para o Supremo Tribunal Federal
(STF) — na vaga aberta em decorrência da nomeação de Francisco Rezek para a
Corte Internacional de Haia — trouxe a chance de reformulação do Ministério,
estimulando ainda mais a conciliação já em curso. Como cabia ao PMDB a
indicação do futuro ministro da Justiça, travou-se uma disputa no interior do
partido, tendo as bancadas na Câmara e no Senado entrado em choque para saber a
quem cabia a indicação.
Ainda em maio, o PMDB
acabou por indicar o nome de Íris Resende para a pasta, o que resolveu,
juntamente com a nomeação do deputado gaúcho Eliseu Padilha para o Ministério
dos Transportes, o conflito entre as bancadas peemedebistas do Senado e da
Câmara, além de reafirmar a participação do partido no governo. Mesmo
preferindo um jurista para ocupar a pasta da Justiça, o Planalto acolheu as
indicações. Íris substituiu Mílton Seligman, interino que ocupava o ministério
desde a saída de Jobim, deixando no Senado seu irmão, o suplente Otoniel
Machado.
A comemoração de sua
posse chamou a atenção da imprensa, principalmente a de São Paulo, pelo número
de correligionários que foram levados ao Distrito Federal, não faltando quem
denunciasse o uso da máquina pública na cerimônia.
Ainda no mês de maio,
Íris exerceu a influência que mantinha sobre as bancadas peemedebistas no
Senado e na Câmara para ajudar a impedir a instalação de uma comissão
parlamentar de inquérito (CPI) em que seriam investigadas denúncias de compra
de votos de parlamentares para a aprovação da emenda que permitia a reeleição
para cargos executivos, o que demonstrou sua adesão à causa governista. Nesse
mesmo mês, numa operação da Polícia Militar de São Paulo para desocupar um
conjunto habitacional, três sem-teto morreram e Íris declarou, segundo a Veja:
“O crime, muitas vezes, é inevitável.”
Ainda em maio, com o
aumento da tensão social, surgiram como propostas para combater a crescente
onda de violência a desmilitarização das polícias militares (PMs) e a afirmação
da jurisdição da Justiça comum para julgar crimes cometidos por policiais
militares. As duas propostas constaram de projeto de lei enviado à Câmara pelo
deputado Hélio Bicudo (PT-SP), com o apoio de juristas e de entidades de defesa
dos direitos humanos. Íris criticou o projeto, o que foi visto como uma
tentativa de agradar a PM de seu estado, considerada uma de suas principais
bases políticas. Íris afirmou que sua posição baseava-se no exemplo da Justiça
Militar de seu estado, que, para ele, funcionava “muito bem”. Mas, pelo fato de
o projeto de Bicudo contar com o apoio do governo Fernando Henrique Cardoso e
de seu secretário do Programa Nacional de Direitos Humanos, José Gregori, Íris
foi obrigado a rever sua posição. Daí, passou a defender publicamente a
proposta.
No fim de maio, intensificaram-se os
conflitos entre trabalhadores rurais e fazendeiros, a partir da crescente
mobilização dos primeiros estimulada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST). Em junho, tentando evitar novos conflitos, Íris Resende chegou
a interceder junto a fazendeiros de seu estado, com quem mantinha boas relações
desde sua gestão à frente do Ministério da Agricultura.
Ainda no final de
junho, começou a ocorrer uma série de manifestações por melhores salários nas
polícias civis e militares dos estados, envolvendo soldados, cabos e sargentos.
Em Minas Gerais, quando soldados da PM em greve entraram em choque com oficiais
e praças leais ao governo, houve a morte de um cabo, o que aumentou muito a
tensão. Em julho, Íris convocou uma reunião com todos os secretários de
Segurança e os comandantes das PMs estaduais, com o objetivo de conter o
movimento e evitar a reedição dos acontecimentos de Minas Gerais. Na ocasião,
apesar de condenar as manifestações dos policiais, teve um discurso moderado em
relação a elas.
Com a continuação das
greves, Íris mudou de tom e passou a atacar o movimento com veemência. A
situação era mais preocupante em Alagoas, onde o governador Divaldo Suruagi
acabou afastado deixando no cargo o vice-governador Manuel Gomes de Barros.
Este, por sua vez, assumiu o governo sem qualquer autonomia, não podendo
indicar secretários nem dispor livremente das verbas federais que o estado
recebia.
Depois de visitar
Alagoas, mesmo diante da gravidade da situação, com as sucessivas rebeliões do
Corpo de Bombeiros e das polícias Militar e Civil, Íris afastou a hipótese de
uma intervenção federal no estado. A Constituição federal não poderia ser
emendada se houvesse algum estado da Federação sob intervenção e, na ocasião, o
presidente Fernando Henrique Cardoso estava encaminhando uma série de emendas
constitucionais ao Congresso. O governo federal optou, então, por uma espécie
de intervenção informal em Alagoas.
No fim do mês, a PM e a Polícia Civil
de Pernambuco aderiram às manifestações que já atingiam 13 estados no país, o
que fez o governo federal elevar o tom de seu discurso, levando a Íris a acenar
com a possibilidade de edição de uma emenda constitucional proibindo aos
policiais a livre associação, garantida a todos os cidadãos pela Carta de 1988.
Em diversos estados as manifestações dos policiais foram apoiadas pela Central
Única dos Trabalhadores (CUT) e pelo MST, o que foi classificado por Íris como
“uma perigosa aliança”.
Nesse quadro de
contestação, grupos de oposição ao governo federal organizaram uma manifestação
nacional para protestar contra a política social do governo Fernando Henrique
Cardoso. Num primeiro momento, Íris declarou não fazer restrições àquelas
manifestações, ainda que na capital paulista um boneco representando sua figura
tivesse sido queimado nas ruas. Porém, depois que João Pedro Stédile, um dos
líderes do MST, conclamou a população a invadir terrenos baldios, escolas
abandonadas nas cidades e prédios públicos, o ministro da Justiça entrou com
uma representação na Procuradoria Geral da Justiça para processá-lo por
incitação ao crime.
Em setembro de 1997, Íris Resende
defendeu, num encontro com os secretários estaduais de Segurança Pública, a
aliança entre fazendeiros e a polícia para tentar evitar as invasões de terra.
Na reunião, segundo depoimento de um participante à revista IstoÉ, Íris
teria declarado que “polícia e fazendeiros têm de andar de mãos dadas para
cumprir mandatos judiciais”.
Ainda durante sua gestão no ministério,
defendeu uma revisão no Código Penal, com a adoção de penas alternativas para
reduzir o número de presos no país. Defendeu um mutirão no Poder Judiciário
para soltar os presos que já tivessem cumprido as penas e a desativação do
Complexo do Carandiru, em São Paulo. Propôs também a apresentação ao Congresso
de uma emenda à Constituição transferindo o comando das polícias militares dos
governos estaduais para a presidência da República.
No plano eminentemente
político, Íris Resende marcou posição a favor da emenda da reeleição para os
cargos executivos, o que viabilizava o lançamento da candidatura de Fernando
Henrique Cardoso para mais um mandato presidencial. Aprovada pela Câmara, a
reeleição do presidente colocou em cena uma outra questão para o PMDB, uma vez
que o partido abrigava tanto defensores de uma candidatura própria à
presidência, quanto de partidários do apoio a uma nova eleição de Fernando
Henrique Cardoso. A convenção do PMDB, realizada no início de março de 1998,
foi marcada pelo embate entre os dois grupos, tendo ocorrido trocas de insultos
e acusações. Os defensores do apoio à reeleição de Fernando Henrique, entre os
quais Íris Resende, foram vencedores por 389 votos contra 306, e cinco em
branco.
Íris deixou o Ministério da Justiça em
abril de 1998, por força da legislação eleitoral que o obrigava à
desincompatibilização para poder disputar o governo de Goiás em outubro.
Assumiu a pasta em seu lugar o senador alagoano Renan Calheiros, também do
PMDB. De volta ao Senado, em agosto de 1998, já em plena campanha, Íris foi
acusado de, no tempo em que era ministro, ter assinado um contrato sem
licitação, no valor de 395,3 milhões de dólares, com uma empresa estatal
francesa visando ao reaparelhamento da Polícia Federal. O contrato previa a
compra de helicópteros e impressoras. O caso motivou uma nota da embaixada
americana ao novo titular da pasta, Renan Calheiros, criticando a falta de
licitação e ameaçando com sanções o governo brasileiro, que acabou suspendendo
o contrato.
Favorito absoluto nas
primeiras pesquisas de opinião para o governo de Goiás (seu nome tinha no
início da campanha cerca de 60% das intenções de voto), Íris chegou a afirmar
que sua vitória já estava assegurada. Contudo, a estratégia do seu principal
adversário, Marconi Perillo, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB),
foi associar a imagem de Íris a um esquema de poder familiar, que foi chamado
de “familiocracia”. Perillo teve como principal arma de campanha o humorista
Pedro Bismark, que, encarnando o personagem de um programa humorístico de
televisão Nerso da Capetinga, apelidou o esquema de poder de Íris de “panela”.
Perillo lembrava que,
se eleito, Íris abriria uma vaga no Senado para o suplente Otoniel Machado, seu
irmão. Da mesma forma, caso o ex-governador Maguito Vilela (PMDB) fosse eleito
senador, Otoniel integraria o secretariado de Íris, abrindo uma segunda vaga no
Senado, desta vez para dona Íris, sua suplente e esposa de Íris Resende.
Partindo para o contra-ataque, Íris associava a candidatura de Perillo a um
grande caldeirão, no qual cabia a ampla aliança partidária reunida em torno do
candidato tucano.
A estratégia de Perillo deu certo e, já
no primeiro turno, realizado no dia 4 de outubro, Íris foi derrotado por uma
pequena diferença: recebeu 914.035 votos, contra 946.588 dados a Perillo. No
início da campanha para o segundo turno, Íris Resende estava 20 pontos
percentuais atrás de Perillo. No dia 25 de outubro, por ocasião do segundo
turno, o candidato tucano confirmou sua vitória, obtendo 53,28% dos votos
válidos (1.157.988), contra 46,72% dados a Íris Resende (1.105.340).
Após a derrota, Íris
voltou a exercer seu mandato no Senado.
De volta ao Senado
Faltava pouco para o
término da legislatura de 1995-1999 e, após o resultado negativo das eleições
para o governo de Goiás, o senador se ocupou de assuntos como a reestruturação
da aviação civil brasileira, cobrando informações do Departamento de Aviação
Civil (DAC) sobre as medidas que a instituição vinha tomando quanto à fusão de
companhias aéreas e suas responsabilidades em caso de falências de empresas de
aviação. Outras preocupações de Íris Resende no período foram a compra pelo governo
federal do Banco Brasileiro Comercial S.A., em processo de liquidação, e a
campanha pela elevação da Cidade de Goiás à condição de “Patrimônio da
Humanidade” pela Unesco.
Na legislatura de 1999-2003,
que correspondeu à segunda metade do seu mandato de oito anos como senador, sua
atividade parlamentar foi mais ativa. No ano 2000, pronunciou-se na tribuna do
Senado contra a venda da Arisco, empresa goiana do setor de alimentos presente
em todo o Brasil, para o grupo norte-americano Bestfoods, argumentando que o impacto econômico e social da
transação poderia ser negativo para os milhares de goianos empregados na
produção de matéria-prima, fabrico e transporte das mercadorias da empresa,
para a qual, durante seu segundo mandato como governador do estado, Íris havia
garantido grandes melhorias de infraestrutura, incluindo a geração de energia.
Foi o 2º vice-líder do
PMDB no Senado Federal, entre março de 2000 e agosto de 2001. Neste ano
participou, como suplente, de duas comissões especiais, a Subcomissão de
Turismo (CAESTUR) e a comissão Brasil-Canadá.
Apresentou ao Senado
alguns projetos de lei, como o que previa a alteração da redação do parágrafo 5º do artigo 47 da Lei nº
9504, de 30 de setembro de 1997 (Lei Eleitoral) e acrescentava o parágrafo 7º
ao mesmo dispositivo, para determinar nova forma de distribuição do tempo de
propaganda gratuita entre os partidos; o projeto de lei que autorizava o Poder
Executivo a instituir o Programa Nacional de Bolsa de Estudo para alunos do
ensino superior privado, e um projeto de emenda constitucional que propunha a
alteração do artigo 228 da Constituição Federal para reduzir a idade prevista
para a imputabilidade penal.
Em junho de 2001 participou, como representante do Senado, da LV Sessão da
Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York, sobre
assentamentos humanos e, em setembro do mesmo ano, do seminário “Cidades,
Segurança Pública e Participação Social”, no México.
No pleito de outubro de 2002, tentou se reeleger para o Senado pelo PMDB. Apesar
da expressiva votação (recebeu 1.047.827 votos), não
conseguiu emplacar um novo mandato. Deixou o Senado ao término da legislatura,
em 31 de dezembro de 2003.
Na Prefeitura de Goiânia
A saída do Senado
Federal representou para Íris Resende a possibilidade de um retorno ao
Executivo, como candidato à Prefeitura de Goiânia. A decisão, no entanto, não
foi tão simples, pois apesar da boa receptividade das pesquisas de opinião,
segundo o jornal Opção, para se
fortalecer, a candidatura do peemedebista precisava costurar apoios e alianças,
inclusive com adversários como Ronaldo Caiado, do PFL (mais tarde Democratas –
DEM).
A candidatura de Íris
Resende foi definida no último momento devido a outro fator, de ordem interna
do PMDB. Enquanto havia aqueles que defendiam a indicação do ex-senador para
concorrer à prefeitura da capital goiana, outros preferiam que o partido se
estruturasse melhor para concorrer nas eleições para o governo do estado em
2006. A aliança com o PFL também não era unanimidade em ambos os partidos,
havendo quem defendesse que o PFL lançasse a candidatura de Rachel Azeredo.
A popularidade de Íris
e as pesquisas favoráveis que apontavam sua vitória tanto no primeiro quanto no
segundo turno, acabaram por definir a opção do PMDB por sua candidatura em
2004. O resultado das urnas confirmou as expectativas. Íris Resende foi eleito
no segundo turno com 56,71% dos votos válidos, derrotando o candidato Pedro
Wilson, do PT, que tentava a reeleição.
À frente da
administração municipal, Íris Resende dedicou-se a melhorar a educação pública
de Goiânia por meio da contratação de professores e de investimentos na construção
de novas escolas. Inaugurou 35 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIS).
Atento às questões ambientais, realizou obras de urbanização na cidade por meio
da construção de mais de 200 praças e a revitalização de outra centena, medidas
que promoveram a melhoria das condições de segurança, lazer e a valorização dos
imóveis localizados nas áreas urbanizadas. Foram realizadas, ainda, obras de
pavimentação de ruas, de revitalização de terminais rodoviários e a abertura de
novas linhas de ônibus. No campo administrativo, o prefeito cortou gastos no
setor de limpeza, revendo contratos de funcionários terceirizados, diminuiu
verbas com publicidade, redistribuídas para setores considerados prioritários,
e chegou mesmo a reduzir despesas com os telefones da Prefeitura.
Mas, apesar dos
resultados positivos divulgados pela imprensa goiana, a gestão de Íris Resende
não passou incólume a acusações. Em 2006, o juizado da 2ª vara da Fazenda
Pública Municipal condenou o prefeito, seu secretário de Administração, Agenor
Mariano, e o ex-presidente da Comissão de Licitação da Prefeitura, Fábio
Passaglia, a indenizar os cofres públicos e as empresas que firmaram contratos
com a Prefeitura na gestão do antecessor de Íris, Pedro Wilson, os quais ainda
estavam em vigor. A revogação indevida dos contratos teria gerado prejuízo
superior a 10 milhões de reais às empresas prestadoras de serviços e
fornecedoras de máquinas e caminhões, por exemplo, para obras da Prefeitura de
Goiânia. A alegação de Íris Resende para a suspensão dos contratos foi de que
os mesmos foram firmados na gestão anterior à sua, mas esqueceu-se do princípio
pacta sunt servanda (cumpram-se os
acordos), atentando contra o estado de direito. Para a oposição, a intenção de
Íris, que abriu novas concorrências para os mesmos contratos que cancelou, era
favorecer os interesses de empresas que haviam financiado sua campanha em 2004.
Não obstante os
problemas com a Justiça, Íris Resende inaugurou, em novembro de 2007, uma de
suas mais importantes e esperadas obras em Goiânia, o Viaduto da Praça Latif
Sebba, mais conhecido como Viaduto do Ratinho. Considerada pelo prefeito uma
obra ansiada pela população goiana para a melhoria do trânsito na capital, o
viaduto foi erguido em três meses pela Planex Engenharia a um custo de 7,3
milhões de reais. Com esta e outras realizações amplamente divulgadas pela
imprensa goiana, Íris Resende consolidou a fama, apregoada pelo periódico
eletrônico O Jornal.com, de “tocador
de obras”.
A boa receptividade da
gestão de Íris na Prefeitura de Goiânia credenciou sua candidatura à reeleição
no pleito de outubro de 2008. A decisão de concorrer novamente ao cargo de
prefeito foi interpretada por setores do PMDB como uma demonstração de força da
legenda no estado. Em artigo publicado no Diário
da Manhã, de 25 de setembro de 2008, o ex-deputado federal Ademar Santillo,
do PMDB, teceu os maiores elogios à administração de Íris em Goiânia e
qualificou sua decisão de se candidatar à reeleição como uma demonstração de
que era preciso resistir, referindo-se às sucessivas derrotas da legenda em
Goiás nas eleições de 1998, 2002 (quando o próprio Íris perdeu as eleições para
o Senado) e 2006.
A candidatura de Íris
à reeleição em Goiânia, no pleito de 2008, foi, no entanto, alvo de
controvérsias que envolveram uma possível impugnação feita pelo Tribunal
Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO). O motivo foi a rejeição das contas do
candidato a vice-prefeito, Paulo Garcia (PT), em 2006, quando este foi
candidato a deputado estadual e o atraso na prestação de suas contas referentes
ao ano de 2008. Entretanto, a coordenação da campanha de Íris Resende conseguiu
comprovar a entrega na data correta das contas de 2008 e argumentou que a
rejeição de contas passadas não comprometia uma nova candidatura. Com isso, a Justiça
Eleitoral retrocedeu e o pedido de impugnação foi suspenso.
A popularidade de Íris
Resende e a receptividade de suas realizações à frente da Prefeitura de Goiânia
não só contribuíram para a recuperação do PMDB em Goiás, mas também garantiram
a recondução do prefeito ao cargo, no primeiro turno das eleições de outubro de
2008, em que deixou para trás o candidato Sandes Júnior, do Partido
Progressista (PP), legenda do governador do estado, Alcides Rodrigues.
Iniciou novo mandato
em 1º de janeiro de 2009, mas no ano seguinte abdicou da prefeitura para se
candidatar ao governo estadual. Nas eleições de outubro foi derrotado, no
segundo turno, por Marconi Perillo, do PSDB. Rezende e Perillo se confrontaram
novamente nas eleições de 2014, quando o tucano novamente derrotou o
peemedebista no segundo turno e se reelegeu governador de Goiás.
No decorrer de julho
de 2016, após cinco décadas dedicadas à vida pública, escreveu uma carta
publicada por órgãos da imprensa, anunciando o fim de sua carreira política. No
documento, entre outros pontos, afirmou que nenhum outro político devia mais a
Goiania. Ao apontar obras consideradas legado de suas gestões, Rezende também
destacou que a capital jamais se envergonhou dele e que em cada canto da cidade
havia uma marca de seu trabalho e de sua dedicação.
No mês seguinte, no
entanto, teve sua candidatura à prefeitura goianiense oficializada pelo PMDB,
que teria dissolvido cinco pré-candidaturas para apoiá-lo. Nessa ocasião, o
político afirmou que estava voltando atrás de sua decisão e, ao portal de
notícias G1, disse que, se eleito, trabalharia incansavelmente, inclusive aos sábados e domingos, para
executar mutirões de trabalho para construir casas e limpar lotes baldios.
No pleito municipal de
outubro de 2016, Iris Resende foi votado por 277. 074 eleitores (40,47% dos
votos) e garantiu uma vaga no segundo turno contra o candidato Vanderlan, do
PSB, que obteve 217.981 votos (31,84% da votação). Apesar de pesquisas terem
apontado empate técnico entre os candidatos na segunda parte da disputa,
Rezende foi eleito com 379. 318 votos (57, 70% da votação), tendo obtido
razoável margem sobre seu oponente, votado por 278.074 eleitores (42, 30% da
preferência do eleitorado).
Durante solenidade de
posse realizada no Centro
de Cultura e Convenções da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC),
Iris Resende tomou posse do cargo de prefeito de Goiania, em janeiro de 2017.
Em seu discurso enfatizou que sua gestão teria foco nos ensinos infantil e
fundamental e nas áreas de saúde, infraestrutura e transporte público.
Enfatizando a importância do vínculo entre a população e o administrador, reafirmou
que retomaria os mutirões, aspecto marcante às suas gestões anteriores.
Dentre as primeiras medidas da nova gestão, a prefeitura empreendeu
a chamada Operação Cata Pneus, com o objetivo de retirá-los do meio ambiente para dar destinação adequada e
evitar que se tornem criadouros do mosquito Aedes
aegypti. Também foi empreendida a Operação Tapa Buracos, que consiste no
recapeamento de ruas e avenidas da capital por 170 funcionários municipais.
Ainda em janeiro de 2017, Iris Resende reuniu-se com o governador do estado Marconi
Perillo, com o objetivo de discutir parcerias em todas as áreas, sobretudo na
educação e na saúde. No encontro que uniu adversários políticos de longa data,
o governador de Goiás frisou o respeito que tinha pela história e pela
biografia do prefeito goianiense, pontuando aos jornalistas que os acompanhavam
a disposição do governo estadual em colaborar com as necessidades pertinentes à
prefeitura da capital.
Do seu casamento com Íris de Araújo
Resende Machado, teve três filhos. Sua esposa elegeu-se suplente do senador
Maguito Vilela, eleito em 2002, exercendo o mandato no impedimento do titular
de 25/02/2003 a 31/07/2003, de 18/08/2005 a 15/12/2005 e de 08/05/2006 a
07/09/2006. Elegeu-se deputada federal pelo PMDB de Goiás por dois mandatos
consecutivos, nas eleições de 2006 e 2010. Nas eleições de 2014 candidatou-se
novamente à Câmara dos Deputados, obtendo uma suplência.
Fabiano Vilaça (atualização)/Luciana Pinheiro
(atualização)
FONTES: Estado
de S. Paulo (25/11 e 14/12/82, 13/2, 2 e 3/6, 18/8, 12 e 24/9/87, 25/1,
23/2, 12/3, 14/7, 10 e 27/8, 20 e 21/12/88, 17/2, 4/3, 7, 9, 14, 20, 27 e 30/4
e 13/5/89, 4/1, 28/4/90, 24/10 e 11/12/97, 9/3/98); Folha de S. Paulo
(15 e 16/10, 9, 18 e 21/11/82, 10, 14 e 15/2 e 13/7/86, 13/2 e 29/5/87, 28/1,
21/2, 6/5, 1/7, 3 e 7/8, 9 e 12/11, 29 e 30/12/88, 17/2, 13 e 31/3, 4, 6, 7,
10, 12, 13, 14, 17, 20, 29 e 30/4, 9 e 10/5, 11/8, 18 e 19/10, 15/11 e
17/12/89, 28/4/90); Globo (16/11/82, 23/2, 15/3, 14/4 e 6/11/83, 21/9 e
23/11/84, 21/2/85, 13, 14, 15, 16 e 23/2, 24/6, 18 e 20/9 e 14/10/86, 13 e
15/2, 25/4, 2, 3 e 23/6, 1/7, 16 e 30/10 e 15/7/87, 7/8 e 31/10/88, 20/2, 5,
15, 22 e 28/3, 3, 14 e 19/4, 1, 4, 10 e 11/5, 26/7 e 30/10/89); Íris Resende.
Internet; IstoÉ ( 22/4, 19/8, 16/9, 21 e 28/10 e 18/11/98);
Jornal do Brasil (16/3/83, 15/3/85, 15 e 16/2, 23/8, 8 e 21/10 e 13/11/86,
14/2, 15 e 29/3 e 29/5/87, 6/6, 1 e 22/7 e 3/12/88, 12/1, 23/2, 13/3, 4 e 27/4
e 27/10/89); Veja (6 e 13/1, 25/8, 15 e 29/9, 13, 20 e 27/10 e 10/11/82,
9, 23 e 30/3 e 6/4/83, 21/3, 8/8, 12 e 19/9, 3 e 17/10/84, 6/2, 13/3, 17 e
24/7, 4/9 e 11/12/85, 12, 19 e 26/2, 19/3, 16 e 30/4 e 7/5/86, 21/5, 20/8, 1 e
15/10/86, 18/2, 25/3 e 3/8/87, 22/2, 15 e 22/3, 5 e 19/4, 12/7 e 18/10/89,
3/10/90, 15/9/93, 6/4 e 1/6/94 e 24/9/97). SEN. FED. Senadores; Diário do Senado
Federal (10/2/00); Opção On-line
(23 a 29/5/04 e 19 a 25/11/06); O
Jornal.com (10/11/07); Diário da
Manhã (25/9/08); O Estado de S. Paulo
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(24/10/09); Jornal Goyaz (25/10/09). Portal
G1. Disponível em: < http://g1.globo.com/>.
Acesso em 20/01/2017; Portal da Prefeitura de Goiania. Disponível em:
http://www4.goiania.go.gov.br/.
Acesso em 20/07/2017; Portal UOL – Eleições. Disponível em: < https://eleicoes.uol.com.br/>.
Acesso em 20/01/2017.