MORAIS,
Mascarenhas de
*militar; comte. FEB 1943-1945; comte. Zona
Mil. Sul 1946; ch. EMFA 1953-1954.
João Batista Mascarenhas de Morais nasceu em São Gabriel (RS) no dia 13 de novembro de 1883,
filho de Lafaiete Apolinário de Morais e de Manuela Mascarenhas de Morais. Seu
avô, Enéias Apolinário de Morais, participou da Revolução Farroupilha, que
conflagrou o Rio Grande do Sul de 1835 a 1845.
Entre
1899 e 1902, Mascarenhas de Morais cursou a Escola Preparatória e de Tática de
Rio Pardo (RS), transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro, então
Distrito Federal, onde ingressou na Escola Militar do Brasil, situada na Praia
Vermelha. Com a revolta dos cadetes, que provocou o fechamento dessa escola em
novembro de 1904, foi incorporado como soldado ao 23º Batalhão de Infantaria.
Em fevereiro do ano seguinte, foi transferido para o 6º Batalhão de
Artilharia de Posição, situado na fortaleza de São João, e em junho integrou o
grupo de cadetes considerados não revoltosos que prestou exames finais
correspondentes ao ano letivo de 1904. Aprovado, Mascarenhas de Morais passou à
condição de alferes-aluno, com o curso das três armas. Em 1907, foi promovido a
segundo-tenente e colocado à disposição do Ministério das Relações Exteriores
para servir no contingente militar agregado à comissão de limites do Brasil com
a Bolívia. Ainda nessas funções, cursou a Escola de Artilharia e Engenharia em
1908 e, dois anos depois, diplomou-se em matemática e ciências físicas, sendo
então promovido a primeiro-tenente. Em 1913, desligou-se do trabalho de
demarcação das fronteiras nacionais.
Em 1918, depois de servir em algumas unidades de artilharia,
Mascarenhas de Morais recebeu a patente de capitão e, no ano seguinte, atuou
como adjunto da chefia do Estado-Maior do Exército (EME) e fiscal de ensino da
Escola de Tática e Tiro da Guarda Nacional. Foi transferido para o 1º Regimento
de Artilharia Montada (1º RAM), situado na Vila Militar do Rio de Janeiro,
pouco antes da eclosão da revolta de 5 de julho de 1922 em protesto contra o
fechamento do Clube Militar e a prisão do marechal Hermes da Fonseca,
determinados pelo governo de Epitácio Pessoa, e contra a eleição de Artur
Bernardes para a presidência da República. O movimento marcou o início do ciclo
de levantes tenentistas da década de 1920 e contou no Rio com a adesão do forte
de Copacabana, da Escola Militar do Realengo, e de efetivos da Vila Militar,
sendo debelado no mesmo dia. A unidade em que Mascarenhas de Morais servia se
manteve ao lado da legalidade e combateu os rebeldes da Escola Militar. Em
1923, foi promovido a major e exerceu as funções de fiscal da Escola de Aviação
Militar, no Rio, retornando ao 1º RAM em janeiro de 1924.
Em
julho desse ano, comandou um grupamento do 1º RAM na repressão às tropas
sublevadas que haviam ocupado a capital paulista, participando entre os dias 10
e 28 desse mês dos combates de artilharia travados nas cercanias da cidade.
Durante a luta, assumiu a chefia do Agrupamento Norte das forças legalistas,
que, depois de três semanas, obrigaram os revoltosos a se retirar para o
interior do estado.
Mascarenhas
de Morais permaneceu lotado no 1º RAM até 1926. Em 1928, promovido a
tenente-coronel, assumiu o comando do 9º RAM, sediado em Curitiba, e no
ano seguinte presidiu a comissão de estudos do regulamento do serviço de
campanha para a artilharia. Estava no comando do 1º Regimento de Cavalaria
Independente, sediado em Cruz Alta (RS), quando eclodiu em Porto Alegre, no dia
3 de outubro de 1930, um movimento revolucionário contra o governo federal
chefiado por Washington Luís. No dia seguinte, foi preso e recolhido junto com
outros oficiais legalistas ao navio Comandante Ripper, atracado no porto da
capital gaúcha, onde permaneceu durante todo o período de lutas que antecedeu a
vitória da revolução (24/10/1930) e a posse de Getúlio Vargas à frente do
Governo Provisório da República (3/11/1930). Libertado no dia 14 de novembro,
permaneceu sem função até março de 1931, quando ingressou no curso de revisão
que funcionava na Escola de Estado-Maior. Em dezembro seguinte, foi promovido a
coronel.
Em
1932, comandou por pouco tempo o 1º RAM, sendo enviado de volta ao 9º RAM
em virtude das suas posições favoráveis às forças paulistas que articulavam um
movimento armado contra o Governo Provisório, exigindo a devolução da autonomia
estadual e a imediata reconstitucionalização do país. Com a eclosão da
Revolução Constitucionalista de São Paulo em 9 de julho de 1932, Mascarenhas de
Morais foi afastado de suas funções e mantido em prisão domiciliar até a
vitória das forças fiéis ao governo de Vargas, ocorrida em outubro. Foi então
transferido para o quadro suplementar do Exército, ligado a funções
burocráticas, e nomeado chefe de gabinete do Departamento de Pessoal do
Ministério da Guerra, onde ficou até fevereiro de 1934, quando assumiu a
direção da Escola das Armas.
Em julho de 1935, foi transferido para o comando da Escola
Militar do Realengo. Estava nesse posto quando eclodiu no Rio o levante
comunista de 27 de novembro de 1935, com a sublevação do 3º Regimento de
Infantaria e da Escola de Aviação Militar. Efetivos comandados por Mascarenhas
de Morais se deslocaram para esta última unidade e colaboraram na repressão à
revolta, sufocada depois de algumas horas de combate. O governo de Vargas
decretou o estado de sítio, transformado em estado de guerra no mês de março do
ano seguinte, e desencadeou intensa repressão às forças oposicionistas. Em
junho de 1937, o estado de guerra foi temporariamente suspenso. No mês
seguinte, Mascarenhas de Morais foi nomeado comandante interino da 9ª Região
Militar (9ª RM), sediada em Mato Grosso, passando a integrar, junto com o
governador Júlio Müller e o capitão-de-mar-e-guerra Alfredo Carlos Soares
Dutra, a comissão de execução do estado de guerra na área e a partir de
outubro, quando essa medida foi novamente adotada.
No comando da FEB
Logo depois do golpe militar de 10 de novembro de 1937 que,
liderado pelo presidente Vargas, implantou o Estado Novo, Mascarenhas de Morais
foi promovido a general-de-brigada e efetivado no comando da 9ª RM. Em julho do
ano seguinte, retornou ao Rio de Janeiro, passando a chefiar a Brigada de
Artilharia da Vila Militar. Permaneceu nesse posto até outubro de 1940, quando
assumiu o comando da 7ª RM, em Recife.
Nessa
época, o Brasil mantinha uma posição de neutralidade em relação à Segunda
Guerra Mundial, deflagrada na Europa no ano anterior. Com o aumento das
pressões dos Estados Unidos para que o governo de Vargas permitisse a
instalação de bases aeronavais nas regiões Norte e Nordeste do território
brasileiro, desenvolveu-se uma complexa negociação entre os dois países, que
envolveu aspectos militares e econômicos, e levou à mudança da orientação da
política externa do Brasil. Em janeiro de 1942, as relações diplomáticas com os
países do Eixo foram rompidas. No mês seguinte, começou uma série de
torpedeamentos de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães que
operavam nas costas do país, provocando grande indignação popular e uma
sucessão de manifestações de rua a favor da entrada do Brasil no conflito ao
lado dos Aliados. Em maio, Mascarenhas de Morais foi promovido a
general-de-divisão. Entre janeiro e agosto do ano seguinte comandou a 2ª RM,
sediada em São Paulo.
O Brasil declarou guerra ao Eixo em agosto de 1942,
manifestando pouco depois sua disposição de enviar tropas para a Europa. Esse
assunto foi debatido em Washington pela Comissão Militar Mista Brasil-Estados
Unidos, que propôs a criação de uma força expedicionária brasileira composta de
três divisões de infantaria. Dessas, apenas a 1ª Divisão de Infantaria
Expedicionária (1ª DIE) e seus órgãos de apoio foram efetivamente organizados,
sendo colocados, a partir de outubro de 1943, sob o comando de Mascarenhas de
Morais. Segundo seu depoimento posterior, muitos obstáculos tiveram de ser
vencidos na organização da 1ª DIE, conhecida como Força Expedicionária
Brasileira (FEB). Foi necessário padronizar o armamento em relação ao que era
utilizado pelos Aliados e substituir os métodos franceses de luta (até então
empregados pelo Exército brasileiro) pelos norte-americanos, que reduziam o
papel das marchas a pé e a utilização do cavalo, introduzindo em seu lugar
movimentos rápidos e audaciosos, altamente motorizados. Outras dificuldades
diziam respeito à falta de rigor dos critérios de seleção do contingente,
oriundo das 1ª , 2ª, 4ª e 9ª regiões militares. Havia ainda obstáculos
interpostos por elementos do governo simpatizantes dos países do Eixo, e, segundo
Floriano de Lima Brayner, pelo próprio chefe do Estado-Maior do Exército,
general Pedro Aurélio de Góis Monteiro.
A campanha da Itália
A
Comissão Militar Brasileira, formada em novembro de 1943 sob a chefia de
Mascarenhas de Morais, visitou no mês seguinte o teatro de operações do
Mediterrâneo, entrando em contato com o V Exército aliado que operava na região
sob o comando do general norte-americano Mark Clark. Na volta, Mascarenhas de
Morais preferiu não acompanhar o grupo de oficiais que fez estágio nos Estados
Unidos, permanecendo no Brasil para organizar a FEB. Iniciou então a
concentração no Rio de Janeiro das tropas incorporadas à 1ª DIE, que até então
permaneciam nas suas respectivas regiões e cujo treinamento progredia
lentamente. Essa medida, que implicava a modificação das estruturas normais de
comando que funcionavam em tempos de paz, provocou divergências dentro do
Exército, especialmente entre a chefia do corpo expedicionário e a da 1ª RM,
sediada no Rio de Janeiro.
Em
janeiro de 1944, Mascarenhas de Morais assumiu efetivamente o comando das
unidades expedicionárias sediadas na 1ª RM, nomeou o coronel Floriano de Lima
Brayner para a chefia do Estado-Maior da FEB e autorizou a concentração de
todas as tropas vinculadas à 1ª DIE nas imediações do Rio de Janeiro. Essa
operação foi concluída na segunda quinzena de março, dando início ao período
final de treinamento do contingente em território brasileiro e à formação de
cinco escalões, de cerca de cinco mil homens cada um, que seriam enviados gradualmente
para a Europa. A data dos embarques, o trajeto dos navios e seu destino foram
mantidos em sigilo para dificultar a ação dos aviões e submarinos inimigos.
Mascarenhas de Morais embarcou no navio norte-americano
General Mann junto com o 1º Escalão da FEB, comandado pelo general-de-brigada
Zenóbio da Costa, no dia 30 de junho de 1944, deixando uma carta destinada a
Getúlio Vargas em que lamentava os entraves burocráticos e políticos que haviam
retardado a formação da 1º DIE.
Os
primeiros contingentes brasileiros desembarcaram em Nápoles, Itália, no dia 16
de julho de 1944. Embora seu adestramento continuasse insuficiente devido à
falta de material para instrução, Mascarenhas de Morais obteve autorização do
comando aliado para deslocar suas tropas, em 5 de agosto, para a região da
Tarquínia e, depois, para a área de Vada-Rosignano, situada a 25km da frente de
batalha do Arno. Em 22 de agosto, começou o último período de treinamento para
o combate, com duração de três semanas. As tropas brasileiras foram enviadas em
seguida para Vecchiano a fim de ocupar o lugar de divisões norte-americanas e
francesas deslocadas para os desembarques efetuados pelos Aliados no sul da
França. Nessa ocasião, foi decidido que a FEB, quando reagrupada, ficaria
subordinada ao IV Corpo norte-americano, mantendo entretanto sua autonomia em
relação às questões que exigissem ligação direta com o V Exército ou relativas
à representação internacional dos brasileiros.
Mascarenhas
de Morais e o coronel Lima Brayner acompanharam as tropas que, a partir de
setembro, começaram a cumprir missões de combate. No dia 18 desse mês, o centro
de abastecimento das forças alemãs localizado em Camaiore foi ocupado pelos
brasileiros que, a seguir, conseguiram penetrar na famosa “linha gótica”, que se
estendia do mar Tirreno ao Adriático e era considerada a linha de defesa mais
poderosa do inimigo em território italiano. O general Eurico Gaspar Dutra,
ministro da Guerra do governo de Vargas, chegou à Itália em 24 de setembro para
uma visita às tropas, acompanhado pelo general Wooten, comandante das Forças
Aéreas Americanas do Atlântico Sul, baseadas em Natal. No dia 6 de outubro,
ainda durante a permanência de Dutra no teatro de operações, chegaram a
Nápoles, em navios diferentes, o 2º e o 3º escalões da FEB, comandados,
respectivamente, pelos generais-de-brigada Osvaldo Cordeiro de Farias e Olímpio
Falconière da Cunha. Segundo o coronel Lima Brayner, houve divergências entre
Dutra e Mascarenhas de Morais que, em suas Memórias, publicadas em 1969, revelou
ter sabido através do general Mark Clark de uma proposta de remanejamento da
estrutura de comando da FEB, defendida por Wooten e alguns oficiais
brasileiros. Segundo eles, Zenóbio da Costa e Cordeiro de Farias deveriam
assumir, respectivamente, o comando operacional de infantaria e da artilharia
divisionárias, restando a Mascarenhas uma função meramente administrativa na
chefia geral da FEB. Este escreveu então a Dutra, afirmando que considerava
difícil algum general-de-divisão aceitar essas limitações da autoridade. A
proposta não foi aplicada.
No
fim de outubro, as tropas brasileiras sofreram seu primeiro revés ao serem
rechaçadas das proximidades de Castelnuovo por um poderoso contra-ataque
alemão. No dia 30 desse mês, realizou-se em Passo della Futa uma reunião do
Alto Comando Aliado, à qual Mascarenhas de Morais e o coronel Lima Brayner
compareceram em nome da FEB, acompanhados do capitão Vernon Walters,
oficial-de-ligação do Exército norte-americano com as forças brasileiras. Nessa
ocasião o general Clark ressaltou a necessidade de manter o inimigo sob pressão
para obrigá-lo a transportar efetivos das frentes russa e francesa para a
Itália. Ficou então decidido que a 1ª DIE deveria deslocar-se para o vale do
Reno, pequeno rio italiano, a fim de substituir tropas norte-americanas, cujo
estado geral era muito precário. Segundo o coronel Lima Brayner, Mascarenhas de
Morais não expôs as dificuldades que os brasileiros enfrentavam para armar e
adestrar as tropas recém-chegadas à Itália e, como conseqüência, recaiu sobre a
FEB uma responsabilidade muito superior às suas forças.
Depois
da reunião de Passo della Futa, o comandante da Infantaria Divisionária,
Zenóbio da Costa, recebeu a missão de adestrar os novos regimentos brasileiros,
ao mesmo tempo que Mascarenhas de Morais assumiu o comando operacional da 1ª
DIE e acompanhou o deslocamento das suas tropas do vale do rio Secchio para o
vale do Reno. A marcha, realizada no período de chuvas que marcava o fim do
outono, foi extremamente penosa, levando um grupo de oficiais do 6º Regimento
de Infantaria (6º RI) a procurar o comando para comunicar o esgotamento da
tropa, o mau estado de conservação dos equipamentos e a escassez de munição.
Mascarenhas de Morais considerou essas ponderações como um ato de indisciplina
e fez severas advertências a seus subordinados, ordenando o prosseguimento das
operações.
A divisão brasileira chegou ao vale do Reno entre 4 e 30 de
novembro de 1944, passando a ocupar a linha de frente do V Exército aliado.
Mascarenhas de Morais instalou seu quartel-general avançado em Porretta Terme,
de onde comandou a fase mais difícil da campanha da FEB na Itália. Segundo sua
narrativa, os alemães haviam montado na região uma sólida barreira defensiva
para impedir que os Aliados atingissem a planície do rio Pó. “Instalados nas
magníficas alturas da cadeia dos Apeninos, nossos adversários tinham vistas e
comandamento de fogos sobre as posições brasileiras. Seus observatórios
devassavam áreas imensas do setor da nossa tropa, dificultando a segurança e as
comunicações... Nessa ocasião, a tropa brasileira ainda estava
insuficientemente instruída e adestrada, e sem a devida coordenação. À exceção
do 6º RI — que integrava o extinto Destacamento FEB, mas se encontrava
desgastado pela campanha do Secchio —, os dois outros regimentos (1º e 11º RIs)
não haviam passado pelo período normal de treinamento a que eram submetidas
todas as unidades no teatro de operações.” Apesar disso, o contingente
brasileiro foi o único que recebeu encargos de combate entre as tropas aliadas
estacionadas na região.
O principal objetivo militar da campanha era a tomada de
Castelnuovo, o que, entretanto, só seria possível depois de desalojar os
alemães de Monte Castelo. Essa região era defendida pela 232ª Divisão do
Exército alemão, que empregava sistematicamente o bombardeio e lançava
panfletos em português aconselhando os brasileiros a voltar e ridicularizando a
tutela exercida pelo comando norte-americano sobre a FEB. As duas primeiras
tentativas de conquistar Monte Castelo foram feitas pela Task Force 45,
norte-americana, com apoio do 3º Batalhão do 6º RI e do Esquadrão de
Reconhecimento, ambos brasileiros. O fracasso dessas missões foi atribuído por
Mascarenhas de Morais à desproporção entre os meios empregados e os objetivos a
conquistar, e à falta de coordenação entre as diferentes unidades, que nunca
haviam atuado em conjunto. Baseado nessa avaliação, enviou um memorando ao
general Mark Clark pleiteando o cumprimento dos acordos firmados em setembro de
1944, segundo os quais as tropas da FEB não seriam desmembradas e permaneceriam
sob comando direto de oficiais brasileiros. Pouco depois, o comandante do IV
Corpo, general Willis Crittenberger, atribuiu aos brasileiros a
responsabilidade pela tomada de Monte Castelo.
Em
26 de novembro e 12 de dezembro de 1944, tropas da FEB comandadas por Zenóbio
da Costa e supervisionadas por Mascarenhas de Morais realizaram suas primeiras
tentativas — também fracassadas — de ocupar essa posição inimiga. Segundo Lima
Brayner, houve diversas falhas no apoio da artilharia e da aviação, e na
coordenação dos batalhões lançados ao ataque, chefiados pelos majores Olívio
Gondim de Uzeda, Cândido Alves da Silva, Franklin Rodrigues de Morais e Siseno
Sarmento. Essas derrotas acirravam as disputas internas na FEB e levaram
Mascarenhas de Morais a pensar em renunciar às suas funções, o que não chegou a
ocorrer. Houve, entretanto, alterações na estrutura de comando: Mascarenhas
assumiu direta e pessoalmente a direção das operações de combate, abolindo a
delegação a escalões intermediários e passando a atuar ao lado do
tenente-coronel Humberto Castelo Branco, chefe da 3ª Seção (operações). Alguns
dias depois do combate de 12 de dezembro, Mascarenhas de Morais e Crittenberger
discutiram em Taviano as causas do malogro e resolveram que a divisão
brasileira seria temporariamente dispensada de realizar novos ataques,
integrando-se ao conjunto das forças aliadas na preparação da ofensiva da
primavera e incorporando o 4º Escalão de pracinhas desembarcado em Nápoles no dia
6 de dezembro. Começou então o “período de estabilização”, caracterizado pela
manutenção e fortalecimento das posições conquistadas. Até aí, a FEB sofrera um
total de 519 baixas, assim discriminadas: 84 mortos, 267 feridos, 146
acidentados e 11 desaparecidos. Ainda em dezembro de 1944, o marechal sir
Alexander assumiu o comando das forças aliadas na Itália e o tenente-general
Lucian King Truscott Junior substituiu Mark Clark à frente do V Exército.
No início de 1945, Mascarenhas de Morais decidiu viajar para
o Rio de Janeiro a fim de reunir-se com o chefe do governo e o ministro da
Guerra para tratar da situação da FEB. Entretanto, a alta oficialidade
brasileira presente na Itália fez um apelo para que seu comandante não se
afastasse naquele momento, pois isso poderia agravar o clima de discórdia
existente. O nome de Zenóbio da Costa foi proposto, mas este recusou, afirmando
que só regressaria ao Brasil junto com a FEB. Coube então ao coronel Lima
Brayner realizar essa missão, tornando-se portador de duas cartas de
Mascarenhas de Morais, uma para Vargas e outra para Dutra, solicitando que o
escalão seguinte, de cerca de cinco mil homens, fosse o último a ser enviado à
Itália.
No Brasil, Lima Brayner encontrou um ambiente conturbado pelo
desgaste do Estado Novo e o pessimismo em relação à atuação da FEB. Segundo
ele, Vargas recebia informações deformadas da frente de batalha, como parte de
uma articulação voltada para destituir Mascarenhas de Morais do comando da FEB.
De volta à Itália no fim de janeiro de 1945, Lima Brayner transmitiu a
confiança de Vargas nos chefes da FEB, que nesse momento se dedicavam ao
adestramento das tropas para a ofensiva da primavera planejada pelo IV Corpo
dos exércitos aliados, cujo objetivo principal era a tomada de Bolonha. No dia
8 de fevereiro, o general Zenóbio da Costa e o tenente-coronel Castelo
Branco, acompanhados pelo capitão norte-americano Vernon Walters, representaram
a FEB na reunião realizada no quartel-general do comando do IV Corpo, em Lucca,
onde foi discutido o Plano Encore, que marcava o início da ofensiva para o dia
19 de fevereiro. Nessa campanha, caberia à divisão brasileira as seguintes
missões: capturar Monte Castelo, ao mesmo tempo que a 10ª Divisão de Montanha
norte-americana atacava os montes Belvedere e della Toscana; atuar no vale do
rio Marano, conquistando a cidade de Santa Maria Viliana, e capturar Torre de
Nerone e Castelnuovo.
No dia 12 de fevereiro de 1945, Mascarenhas de Morais recebeu
em seu quartel-general instalado em Porretta Terme a confirmação da primeira
missão brasileira. Determinou então que Castelo Branco fixasse os detalhes da
nova operação contra a base de Monte Castelo, iniciada em 19 de fevereiro sob o
comando direto de Mascarenhas, que instalou seu posto de observação em Gadelle,
a quatro quilômetros do objetivo. O ataque principal ficou a cargo do 1º RI,
chefiado pelo coronel Aguinaldo Caiado de Castro, enquanto a 10ª Divisão de
Montanha norte-americana investia sobre os montes Belvedere e Gorgolesco. Dessa
vez, a batalha foi favorável às tropas aliadas. Na manhã do dia 20, os
norte-americanos conquistaram seus objetivos e avançaram para a área de
Mazzancana e, no entardecer do dia seguinte, as companhias comandadas pelos
capitães Everardo José da Silva e Paulo de Carvalho, do 1º RI, alcançaram o
cume do Monte Castelo. Nesse mesmo dia, desembarcou em Nápoles o último escalão
da FEB, a qual passou a contar com um total de 25.334 homens nos campos
italianos.
Segundo Mascarenhas de Morais, a conquista de Monte Castelo,
que seria completada pela captura de outras três posições alemãs nas cercanias,
teve considerável influência no curso das operações desenvolvidas a seguir nos
vales do Reno e do Panaro, e na planície do Pó. Nessa campanha, concluída em 26
de fevereiro, os brasileiros sofreram 159 baixas, entre mortos e feridos.
As operações prosseguiram com a limpeza do vale do rio
Marano, concluída em 1º de março, e a conquista de Castelnuovo no dia
5 seguinte, que afastou a ameaça alemã sobre a única estrada de
suprimentos dos contingentes do IV Corpo que manobravam na região dos Apeninos.
Nessa campanha, encerrada em 8 de março, a FEB fez 227 prisioneiros.
No
dia 20 de março, o comando do IV Corpo convocou ao seu quartel-general os
chefes das grandes unidades para a apresentação do plano de operações que
visava a retomada da ofensiva em toda a frente do XV Grupo de Exércitos. Os
principais objetivos então delineados eram a conquista de Bolonha, a ocupação
do vale do rio Pó e o bloqueio do passo de Brenner, importante ponto de
passagem para o resto da Europa. Nesse plano, coube à FEB garantir a segurança
do flanco esquerdo do IV Corpo e conquistar as posições inimigas instaladas no
maciço de Montese. Mascarenhas de Morais comandou as operações, realizadas sob
intenso bombardeio alemão, que levaram à conquista desse objetivo em 14 de
abril e à consolidação das novas posições quatro dias depois, à custa de 489
baixas entre os brasileiros. Em virtude das dificuldades enfrentadas, Castelo
Branco propôs o adiamento por 24 horas do último ataque da FEB nessa área, o
que provocou um atraso relativo da progressão dos brasileiros em relação às
outras tropas do IV Corpo. Mesmo assim, no dia 19 de abril a vanguarda da
1ª DIE ocupou a linha Riva di Biscie-San Mar-tino-M. Maiolo-La
Trappolamonte Tartore-Tole, dando início a uma nova etapa da sua ofensiva,
chamada por Mascarenhas de Morais de “aproveitamento do êxito”, que resultou em
seguida na conquista da região do médio Panaro. O rompimento das linhas
defensivas do Exército alemão provocou sua retirada e permitiu, no dia 21, a
ocupação de Bolonha pelas forças, aliadas sem a ocorrência de choques no
interior da cidade. No mesmo dia, Mascarenhas de Morais comandou a tomada do
entroncamento rodoviário de Zocca, localizado em um maciço de grande
importância para o desenlace dos combates na área. Em seguida, as tropas da FEB
conquistaram monte Ossello, Guiglia e Rocheta, ocuparam as localidades de
Marano e Vignola, e transpuseram o rio Panaro, transferindo seu quartel-general
avançado para Grotti.
O
avanço aliado prosseguiu em todas as frentes de luta dessa região, conforme
deliberação do comando do V Exército, que determinou a perseguição do inimigo
em retirada. A conquista de Marano sur Panaro e Vignole pela FEB impôs novo
recuo aos alemães que pretendiam se reagrupar ao norte do rio Pó, garantindo o
controle sobre o passo de Brenner. Para aumentar a velocidade dos
deslocamentos, Mascarenhas de Morais ordenou que as viaturas da Artilharia
Divisionária fossem utilizadas para o transporte das tropas de infantaria, conduzidas
assim maciçamente para as novas frentes. No dia 25, a FEB chegou ao rio Enza e,
no dia seguinte, iniciou a operação de limpeza da região, procurando contato
com a retaguarda alemã, finalmente localizada pelo Esquadrão de Reconhecimento
nas proximidades do rio Taro. Preocupado em impedir a marcha inimiga para
Parma, Mascarenhas de Morais lançou um batalhão comandado pelo major Orlando
Gomes Ramagem em direção à cidade de Collechio, onde a FEB dispersou a
retaguarda da 148ª Divisão alemã, fazendo 588 prisioneiros e capturando grande
quantidade de material bélico.
Segundo
informações prestadas pelos prisioneiros, essa divisão se dirigia para o vale
do Pó a fim de fazer a junção com o 75º Corpo alemão e preparar uma batalha de
grande envergadura. Em conformidade com as orientações do V Exército, o comando
da FEB determinou, na noite de 27 de abril, que a missão principal de suas
tropas era impedir essa junção, barrando o acesso da 148ª Divisão alemã ao vale
do Pó. Segundo Mascarenhas de Morais, o primeiro contato importante com esse
contingente inimigo ocorreu na localidade de Respicio, onde um batalhão
comandado por Henrique Cordeiro Oest surpreendeu uma unidade alemã e intimou
sua rendição incondicional. As negociações, intermediadas pelo vigário Alessandri
Cavalli, não produziram resultados imediatos, levando o coronel Nélson de Melo
a ordenar o ataque a Fornovo, situado a três quilômetros de Respicio. Na
madrugada do dia 29, emissários do comandante alemão reiniciaram os
entendimentos que levaram, horas depois, à rendição incondicional da 148ª
Divisão, bem como de remanescentes da 90ª Divisão Motorizada, também alemã, e
da Divisão Bersaglieri Itália. A operação de rendição durou até as 18 horas do
dia 30 de abril, produzindo um total de 14.779 prisioneiros (conduzidos aos
campos de Felegara e Ponte Scodogna) e a apreensão de quatro mil cavalos, 80
canhões de diversos calibres, mais de 1.500 viaturas de diferentes tipos,
centenas de veículos de tração animal e farta munição.
O
quartel-general avançado da 1ª DIE foi transferido para Alessandria no dia 2 de
maio, horas antes da rendição de todos os exércitos inimigos que operavam na
Itália. Mascarenhas de Morais recebeu então instruções para concentrar a maior
parte das tropas brasileiras em Alessandria e Piacenza a fim de manter a região
sob ocupação militar dos Aliados. Seis dias depois, a guerra terminou em toda a
Europa.
Entre setembro de 1944 e maio de 1945, a FEB percorreu cerca
de quatrocentos quilômetros, capturou quase duzentas vilas e cidades e fez
20.573 prisioneiros, deixando 454 mortos nos campos italianos. O número total
de feridos em combate foi de 1.577.
A ocupação militar realizada pela divisão brasileira durou
até 3 de junho, quando começou o retorno a Nápoles, completado no dia 20, para
o embarque de volta ao Brasil. Foram novamente organizados cinco escalões de
viagem, recebidos no Rio de Janeiro com intensas manifestações populares.
Promoção a marechal
Mascarenhas
de Morais chegou a Natal em avião norte-americano no dia 8 de julho de 1945.
Logo depois, foi designado para representar o governo brasileiro na posse do
presidente do Peru. Segundo o coronel Lima Brayner, essa medida estava ligada a
uma articulação que visava à dissolução imediata da FEB, com a desmobilização
dos seus integrantes e o desmembramento do seu Estado-Maior, para anular o
impacto da chegada dos combatentes sobre a situação política do país, marcada
pelo crescimento das forças democráticas de oposição ao Estado Novo. Com
efeito, o ministro da Guerra determinou, antes da chegada do 1º Escalão, que as
unidades da FEB ficassem subordinadas à 1ª RM para a imediata realocação do seu
pessoal nas atividades que exerciam antes da guerra.
Logo
depois do seu retorno de Lima, Mascarenhas de Morais foi convidado pelo governo
norte-americano para visitar a Alemanha e os Estados Unidos. Retornou ao Brasil
em 5 de novembro de 1945, seis dias depois da derrubada do Estado Novo por
um golpe militar chefiado pelos generais Dutra e Góis Monteiro. Em 15 de
dezembro, recebeu o título de presidente de honra do Clube Militar. Reintegrado
nas atividades normais do Exército em tempos de paz, em março de 1946
Mascarenhas de Morais foi nomeado comandante do 1º Grupo de Regiões Militares,
onde permaneceu até agosto, quando seu pedido de passagem para a reserva foi
deferido. Em setembro, foi homenageado pela Assembléia Nacional Constituinte
que, baseada no artigo 34 das disposições transitórias da Constituição recém-promulgada,
lhe concedeu o posto de marechal. No período seguinte, Mascarenhas de Morais
atuou em favor dos ex-combatentes e redigiu relatórios sobre a campanha da
Itália, recusando sistematicamente qualquer participação política e postulação
a cargos eletivos.
Em dezembro de 1951, o Congresso Nacional aprovou um projeto
de lei que propiciava o retorno de Mascarenhas de Morais aos quadros do serviço
ativo do Exército no posto de marechal em caráter vitalício, o que permitiu sua
nomeação, no ano seguinte, para a presidência da comissão encarregada do
repatriamento dos despojos dos militares brasileiros que estavam enterrados no
cemitério de Pistóia, na Itália. Em setembro de 1952, Mascarenhas de Morais
tornou-se inspetor-geral do Exército, cargo que exerceu até janeiro de 1953,
quando foi nomeado chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA). Em maio
seguinte, chefiou a delegação brasileira presente na coroação da rainha
Elisabeth II, da Inglaterra.
Atuação na crise política de 1954
O
segundo governo constitucional de Vargas (1951-1954) enfrentou desde seu início
cerradas campanhas oposicionistas, que se intensificaram em 1954, ano de
eleições para o Congresso Nacional e para o governo de 11 estados da federação.
O jornalista Carlos Lacerda destacou-se à frente da ofensiva oposicionista,
utilizando uma linguagem agressiva durante sua campanha para deputado pelo
Distrito Federal. Na madrugada de 5 de agosto, Lacerda foi levemente ferido em
um atentado ocorrido na rua Toneleros, no Rio, que resultou na morte do
major-aviador Rubens Vaz, seu acompanhante na ocasião. Esse episódio marcou o
início da etapa decisiva do confronto entre governo e oposição, pois as
investigações desenvolvidas pela Aeronáutica revelaram rapidamente o
envolvimento de membros da guarda pessoal de Vargas no crime.
A
tensão político-militar tornou-se crítica. No dia 11 de agosto, Mascarenhas de
Morais participou de uma reunião do Alto Comando do Exército, convocada pelo
general Zenóbio da Costa, ministro da Guerra. Além dos integrantes normais
desse órgão, compareceram também os almirantes Renato de Almeida Guillobel
(ministro da Marinha) e Salalino Coelho (chefe do Estado-Maior da Armada), os
brigadeiros Ajalmar Mascarenhas e Eduardo Gomes, e o general Juarez Távora.
Apesar das tentativas, feitas por alguns oficiais para que Zenóbio da Costa
retirasse seu apoio a Vargas, essa reunião decidiu manter a unidade das forças
armadas na defesa da Constituição.
As
pressões pela renúncia do presidente se fortaleceram na imprensa, no Congresso
e em setores da oficialidade das três forças armadas, sendo endossadas também
por diversas entidades de projeção nacional. Nos dias seguintes, houve diversas
reuniões de chefes militares, nas quais Mascarenhas de Morais desempenhou
destacado papel. Segundo sua narrativa posterior, ele considerava a renúncia
uma “solução digna” para garantir o prosseguimento das investigações sobre o
atentado da Toneleros até as últimas conseqüências, mas não admitia a imposição
dessa atitude ao presidente. No dia 22 de agosto, os brigadeiros do serviço
ativo decidiram, por unanimidade, exigir que Vargas deixasse o poder,
comunicando essa posição aos chefes dos estados-maiores do Exército e da
Marinha e pedindo que Mascarenhas de Morais a transmitisse ao presidente.
Depois de reunir-se com os brigadeiros Eduardo Gomes e Ivan Carpenter Ferreira
(chefe do Estado-Maior da Aeronáutica), os generais Canrobert Pereira da Costa,
Juarez Távora e Fiúza de Castro (chefe do Estado-Maior do Exército), e o
almirante Salalino Coelho, Mascarenhas de Morais procurou Zenóbio da Costa e,
em seguida, dirigiu-se ao palácio do Catete, sede do governo, para entregar ao
presidente uma nota assinada por 30 brigadeiros, a favor da renúncia. Vargas
ouviu seu relato sobre a situação interna das forças armadas, mas reafirmou o
propósito de resistir.
Na tarde do dia 23, os almirantes e vários generais aderiram
ao documento elaborado pelos brigadeiros e um grupo de oficiais do Exército
começou a organizar um memorial a favor da renúncia. Mascarenhas considerou essa
iniciativa como contrária à disciplina e reuniu-se novamente com Zenóbio da
Costa, que tentava impedir qualquer movimentação de tropas. Pouco depois, o
marechal foi informado de que a maior parte da oficialidade já admitia a
renúncia de Vargas como condição para a solução da crise. Nessa noite,
Mascarenhas, Zenóbio da Costa e Odílio Denis (comandante da Zona Militar Leste)
transmitiram a gravidade da situação a Vargas, que convocou seus ministros,
recebendo deles inteira solidariedade. Durante a reunião, Mascarenhas de Morais
apresentou uma avaliação do quadro militar, informando que a Aeronáutica e a
Marinha desejavam a renúncia, enquanto a situação do Exército era incerta, pois
o general Zenóbio da Costa permanecia fiel a Vargas embora um grande número de
oficiais intermediários não apoiasse sua posição. Ficou clara a falta de apoio
militar ao presidente, que anunciou sua intenção de licenciar-se do cargo e
abandonou a sala. A reunião terminou às 4:20h da madrugada do dia 24 de agosto
de 1954 e, pouco depois, Vargas se suicidou em seus aposentos. No dia seguinte,
Mascarenhas de Morais apresentou ao substituto legal de Vargas, João Café
Filho, seu pedido de exoneração da chefia do EMFA.
Sua única participação política depois desses episódios
ocorreu na crise de 11 de novembro de 1955, quando compareceu à sede do
Ministério da Guerra para apoiar o movimento militar chefiado pelo general
Henrique Teixeira Lott, que visava, segundo seus promotores, barrar uma
conspiração em preparo no governo e assegurar a posse de Juscelino Kubitschek,
eleito presidente da República em outubro. O movimento provocou o impedimento
de Carlos Luz, presidente interino, e de Café Filho, licenciado por motivo de
saúde, empossando na chefia da nação o vice-presidente do Senado, Nereu Ramos.
De julho de 1957 a dezembro de 1958, Mascarenhas exerceu
novamente a presidência da comissão de repatriamento dos restos mortais dos
pracinhas enterrados em Pistóia, retirando-se então da vida pública. Em 1964,
após a deposição do presidente João Goulart, compareceu à cerimônia de posse de
seu antigo companheiro Osvaldo Cordeiro de Farias no Ministério Extraordinário
para a Coordenação dos Órgãos Regionais.
João Batista Mascarenhas de Morais faleceu no Rio de Janeiro
em 17 de setembro de 1968.
Era casado com Ada Brandão Mascarenhas de Morais.
Escreveu A FEB pelo seu comandante (1947) e Memórias (2v.,
1962).
Robert Pechman
FONTES: ALMEIDA, G.
Homens; ARQ. MIN. EXÉRC.; BRAYNER, F. Verdade; CAFÉ FILHO, J. Sindicato;
CORRESP. ESTADO-MAIOR DAS FORÇAS ARMADAS; CORRESP. SECRET. GER. EXÉRC.; CORTÉS,
C. Homens; COSTA, M. Cronologia; DULLES, J. Getúlio; ENTREV. GUEDES, P.; Grande
encic. Delta; Jornal do Brasil (14/11/75); LAGO, L. Generais; MACHADO, F.
Últimos; MIN. GUERRA. Almanaque (1954); MIN. GUERRA. Subsídios; MORAIS, J. FEB;
Novo dic. de história; SILVA, H. 1942; Súmulas; WANDERLEY, N. História.