MACHADO,
Bina
*militar; comte. IV Ex. 1971; comte. I Ex. 1971-1972;
comte. ESG 1972-1974.
João Bina Machado nasceu em Porto Alegre no dia 30 de março de 1908, filho de Antônio Vilhena Machado e de Maria da
Anunciação Bina Machado. Seu irmão, José Bina Machado, também militar, alcançou
o generalato e foi chefe do Gabinete Militar da Presidência da República em
1955.
Ingressou na carreira militar em 1926, matriculando- se no
mês de abril na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, então Distrito
Federal. Saiu aspirante-a-oficial da arma de infantaria em janeiro de 1930,
sendo promovido em julho do mesmo ano a segundo-tenente. Durante o movimento
revolucionário de outubro de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, foi preso
pelas tropas rebeldes, quando servia no 7º Batalhão de Caçadores (BC), sediado em Porto Alegre. Promovido a primeiro-tenente em agosto de 1931, entre julho e outubro de 1932,
durante a Revolução Constitucionalista, participou, ao lado do governo, das
operações de guerra na chamada frente sul, que abrangia os estados de São Paulo
e Mato Grosso. Em maio de 1937 foi promovido a capitão.
Fez
cursos na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), em 1941, e na Escola de
Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), em 1944. Como oficial de
infantaria, participou da campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na
Itália durante a Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados. No teatro de
operações, tomou parte na tomada de Monte Castelo em fevereiro de 1945, tendo
alcançado o posto de major nesse período, em dezembro de 1944. Instrutor da
EsAO, no Rio de Janeiro, em 1946, de 1947 a 1950 ocupou o cargo de adjunto do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), tendo feito em 1948 o curso especial de
informações. Membro do corpo permanente da Escola Superior de Guerra (ESG) em
1951, em julho desse ano foi promovido a tenente-coronel e de 1952 a 1954 serviu na Colômbia, como adido militar.
Ocupou o cargo de comandante do 20º BC em Maceió em 1955,
tendo sido promovido a coronel em junho do mesmo ano. De 1956 a 1957 chefiou a 13ª Circunscrição de Recrutamento, em Três Corações (MG), e de 1958 a 1959 foi subcomandante da ESAO. Chefe de gabinete do EMFA em 1960, ocupou o cargo de
subchefe de gabinete da Presidência da República entre janeiro e agosto de 1961
durante o governo de Jânio Quadros. De 1962 a 1964 foi subcomandante da ECEME, sob a chefia do general Jurandir de Bizarria Mamede e, nesse cargo, apoiou o
movimento político-militar de março de 1964, que derrubou o presidente João
Goulart. Em julho do mesmo ano passou a general-de-brigada e, mais tarde,
ocupou o cargo de comandante da Infantaria Divisionária da 6ª Divisão de
Infantaria, em Porto Alegre.
Comandante da Escola de Estado-Maior do Exército de 1964 a 1966, nesse último ano fez o curso de táticas e armas modernas na Army Air Defense School, nos
Estados Unidos. Em novembro de 1966 foi promovido a general-de-divisão. De 1966 a 1968 ocupou o cargo de comandante da 2ª Região Militar (RM), sediada em São Paulo. Em 1968 foi diretor de Ensino e Formação do Exército e desse ano até 1969 ocupou o
cargo de subchefe do Estado-Maior do Exército (EME). Em 1969 fez o curso
superior de guerra na ESG e foi diretor do Serviço Militar.
Vice-chefe
do EME em 1970, em novembro desse ano foi promovido a general-de-exército. Em
janeiro de 1971, já no governo do general Emílio Garrastazu Médici, assumiu, em
Recife, o comando do IV Exército, em substituição ao general Artur Candal da
Fonseca. Na solenidade de transferência de comando, convocou os intelectuais, a
juventude e o povo “para a tarefa de construção do novo Nordeste, que requer
responsabilidade e consciência cívica”.
Deixou o comando do IV Exército em setembro de 1971, sendo
substituído pelo general Vicente de Paulo Dale Coutinho. Ainda em setembro,
assumiu o comando do I Exército, no Rio de Janeiro, em substituição ao general
Siseno Sarmento. Ao assumir o novo comando, destacou que, “em ação conjunta com
as demais autoridades responsáveis da área”, poderia cumprir a missão de
“manter a lei e a ordem, emprestando a segurança necessária ao ritmo de
desenvolvimento do país”. Em janeiro de 1972 foi substituído, interinamente,
pelo general Sílvio Frota, então comandante da 1ª RM, subordinada ao I
Exército. Em fevereiro deixou o comando do I Exército, transmitindo-o em
caráter efetivo a Frota. Ainda em fevereiro de 1972, assumiu o comando da ESG,
no lugar do general Rodrigo Otávio Jordão Ramos, permanecendo à sua frente até
abril de 1974, quando foi substituído pelo general Válter de Meneses Pais.
Nesse mês, já no governo do presidente Ernesto Geisel, foi transferido para a
reserva.
Em setembro de 1975 assumiu a presidência do Conselho de
Coordenação do Projeto Rondon, em substituição a Hélio Beltrão. Foi indicado
para o cargo pelo ministro do Interior, Maurício Rangel Reis, por sua “longa
experiência e vivência dos problemas nacionais”.
Tornou-se professor da disciplina estudo de problemas
brasileiros nas universidades Federal e Estadual do Rio de Janeiro e na
Pontifícia Universidade Católica (PUC) e presidente da Associação Brasileira
para Superdotados.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 10 de julho de 2000.
Era casado com Wally Brockmann Machado, com quem teve três
filhos. Um deles, o cientista político e professor universitário Mário Brockmann Machado, foi vice-presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep),
diretor e presidente da Fundação Nacional de Arte (Funarte) e diretor e
presidente da Fundação Casa Rui Barbosa.
FONTES: ALMEIDA, G.
Homens; CORRESP. ESC. SUP. GUERRA; CORRESP. SERV. DOC. GER. MAR.; Globo
(10/7/00); Grande encic. Delta; Jornal do Brasil (29 e 30/8, 25 e
28/9/71, 6/1/72, 4/4/74 e 20/9/75); MIN. GUERRA. Almanaque.