MAIA,
Matoso
*militar; comte. I DN 1954-1955;
comte.-em-ch. Esquadra 1957-1958; ch. EMA 1958; min. Mar. 1958-1961.
Jorge do Paço Matoso Maia
nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 19 de julho de 1894,
filho de José do Paço Matoso Maia e de Alice de Faria Matoso Maia.
Fez
seus primeiros estudos no Colégio Militar do Rio de Janeiro e sentou praça na
Escola Naval em abril de 1912, de onde saiu guarda-marinha em abril de 1915. Em
janeiro de 1916 foi promovido a segundo-tenente e designado para servir no
contratorpedeiro Mato Grosso. Esse navio serviu em abril de 1917 na manutenção
da neutralidade brasileira durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Sua tripulação
ocupou militarmente quatro navios alemães, que foram removidos em seguida para
a enseada de Itapagipe, no litoral baiano.
Promovido
a primeiro-tenente em julho de 1918, nesse ano fez o curso de artilharia e em
1919 o da Escola de Submersíveis, embarcando no tênder Ceará. Em 1921 integrou
a comissão de exames para promoção dos praças na área de submarinistas e em
dezembro desse ano foi nomeado ajudante-de-ordens do ministro da Marinha
almirante João Pedro da Veiga Miranda. Com a saída de Miranda do ministério em
novembro de 1922, Matoso Maia foi nomeado instrutor da Escola de Submersíveis e
designado imediato do navio submersível F. Cinco. Em janeiro de 1924 assumiu a
secretaria da escola e em julho embarcou no paquete do Lóide Brasileiro
Benevento, então convertido em prisão de oficiais do Exército e de políticos
por ordem do presidente Artur Bernardes.
No
mês de setembro de 1924 foi promovido a capitão-tenente e em abril do ano
seguinte tornou-se instrutor de manobras do curso de oficiais da Escola de
Submersíveis. Deixou a secretaria e o cargo de instrutor dessa escola em julho
de 1927 para integrar a comissão de fiscalização dos trabalhos de reforma do
submersível Humaitá, que se encontrava na Itália. De volta ao Brasil um ano
depois, serviu nas escolas profissionais, localizadas na ilha de Mocanguê, na
baía de Guanabara, assumindo sua secretaria em outubro de 1928. Na ocasião
encontrava-se embarcado no cruzador José Bonifácio.
Em março de 1929 seguiu para a Itália para integrar a
guarnição do submersível Humaitá e trazê-lo para o Rio de Janeiro. Em novembro
de 1931 desembarcou desse navio e assumiu as funções de imediato do vapor
Itaúba — rebatizado Vital de Oliveira — onde serviu até abril de 1933, quando
passou a comandante do submarino F. Um. Promovido a capitão-de-corveta em
agosto de 1934, em novembro foi nomeado capitão dos portos do estado do Ceará,
onde ficou até 1936, quando embarcou como imediato no cruzador Rio Grande do
Sul. De volta ao Rio de Janeiro, em novembro desse último ano foi designado
assistente de comando da flotilha de contratorpedeiros. De março a dezembro de
1937 fez o curso de comando da Escola de Guerra Naval.
Em fevereiro de 1938 embarcou, como comandante, no submarino
Humaitá, cargo no qual permaneceu até novembro de 1940, quando assumiu o
comando do navio mineiro Carioca. Em abril de 1942 passou a adjunto do gabinete
da secretaria geral do Conselho Superior de Segurança Nacional — órgão criado
em julho de 1934 para estudar as questões relativas à defesa nacional —, sendo
promovido ao posto de capitão-de-fragata em dezembro desse mesmo ano.
Em
novembro de 1945 deixou o conselho e assumiu o comando do contratorpedeiro
Greenhalgh, subordinado ao comando da Força Naval do Nordeste. Promovido a
capitão-de-mar-e-guerra em maio de 1946, nesse mesmo mês passou a ocupar a
diretoria geral do Arsenal de Marinha na ilha das Cobras, no Rio. Em maio do
ano seguinte foi designado vice-diretor da Escola Naval, cargo que ocupou
durante dois anos. Em julho de 1948 integrou o Conselho Nacional do Petróleo,
representando o Ministério da Marinha, e a Comissão Mista Brasileiro-Americana
de Estudos Econômicos, que levantou as necessidades e os recursos do Brasil no
campo petrolífero.
Foi
nomeado capitão dos portos do estado da Bahia e chefe do estado-maior do
comando do II Distrito Naval (DN), sediado em Salvador, em maio de 1949. Nessa
ocasião integrou a comissão encarregada dos trabalhos de planejamento da base
naval de Aratu, na baía de Todos os Santos. Em julho de 1950 tornou-se chefe do
estado-maior da Esquadra, e, em fevereiro do ano seguinte, logo após a posse de
Getúlio Vargas na presidência da República, foi designado chefe de gabinete do
ministro da Marinha, Renato Guillobel. Neste último mês recebeu a patente de
contra-almirante.
Depois
de deixar a chefia de gabinete, assumiu em abril de 1952 a diretoria geral do
Pessoal da Armada, e, em fevereiro do ano seguinte, voltou a ocupar a diretoria
geral do Arsenal de Marinha. Em julho de 1954 foi nomeado comandante do I DN,
sediado no Rio de Janeiro, em substituição ao contra-almirante Benjamim Sodré,
acumulando essa função com a de diretor do Arsenal. Em fevereiro de 1955
iniciou um estágio na Escola Superior de Guerra (ESG) e em maio seguinte deixou
o comando do I DN, que transmitiu ao contra-almirante Carlos da Silveira
Carneiro. Encerrou o estágio ainda em dezembro do mesmo ano.
Promovido a vice-almirante em fevereiro de 1956, em junho
desse mesmo ano deixou a diretoria geral do Arsenal de Marinha, assumindo a
Diretoria de Eletrônica da Marinha. De maio a julho de 1957 foi
ministro-convocado no Superior Tribunal Militar (STM). Ao deixar a Diretoria de
Eletrônica em agosto de 1957, assumiu as funções de comandante-em-chefe da
Esquadra, a bordo do cruzador Barroso, substituindo o almirante Carlos da
Silveira Carneiro. Em março do ano seguinte foi promovido a
almirante-de-esquadra, embarcando sucessivamente nos navios Tamandaré,
Greenhalgh e Barroso.
Exonerado
da função de comandante-em-chefe da Esquadra, que passou a ser exercida pelo
almirante Diogo Borges Fortes, no início de agosto de 1958 assumiu a
chefia do Estado-Maior da Armada (EMA), substituindo o almirante Antônio Maria
de Carvalho. Dias depois (15/8/1958), com a morte do ministro da Marinha,
almirante Antônio Alves Câmara Júnior, o presidente Juscelino Kubitschek nomeou
Matoso Maia para ocupar a pasta, e a chefia do EMA passou ao almirante Jorge da
Silva Leite.
Na
sua gestão à frente do Ministério da Marinha sofreu muitas críticas por parte
da imprensa — sobretudo dos órgãos vinculados aos Diários Associados —,
relacionadas à questão do porta-aviões Minas Gerais, que, comprado na
Inglaterra em dezembro de 1956 pelo presidente Juscelino Kubitschek se
encontrava em Roterdam, na Holanda, para reparos. Havia uma discordância entre
a Marinha e a Aeronáutica quanto à utilização e ao comando do porta-aviões, que
foi resolvida posteriormente, cabendo à Marinha o comando e o uso dos
helicópteros e à Aeronáutica a utilização do navio como base. Por duas vezes
Matoso Maia ausentou-se do cargo de ministro: de novembro a dezembro de 1958 e
de julho a agosto de 1959, sendo substituído em ambas as ocasiões pelo
almirante Jorge da Silva Leite. Em maio de 1960 foi designado embaixador
especial do Brasil nas comemorações do sesquicentenário da independência da
Argentina.
Promovido a almirante em junho de 1960 e transferido para a
reserva, representou o país em Portugal por ocasião do quinto centenário da
morte do infante dom Henrique. Deixou o cargo de ministro da Marinha ao final
do governo Kubitschek, em janeiro de 1961, tendo sido substituído pelo
almirante Sílvio de Azevedo Heck, nomeado já pelo recém-empossado presidente
Jânio Quadros.
Foi ainda sócio do Instituto de Geografia e História Militar
do Brasil.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 3 de maio de 1973.
Era casado com Iolanda Braga Matoso Maia.
FONTES: ANDREA, J.
Marinha; ARQ. MIN. MAR.; BULHÕES, O. Margem; COUTINHO, A. Brasil; Grande encic.
Delta; Histórico; KUBITSCHEK, J. Meu (3); MIN. MAR. Almanaque (1960).