JORGE, JG de Araújo
*dep. fed. GB 1971-1975; dep. fed. RJ
1975-1987.
José Guilherme de Araújo Jorge nasceu em Tarauacá (AC) no dia 20 de maio de 1916, filho de
Salvador Augusto de Araújo Jorge e de Zilda Tinoco de Araújo Jorge.
Estudou nos colégios Anglo-Brasileiro, Anglo-Americano e
Pedro II, todos no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, diplomando-se por
este último, em 1932, em ciências e letras. Ainda ginasiano iniciou sua
carreira literária com Meu céu interior (poesia), que recebeu menção
honrosa da Academia Brasileira de Letras. Em 1934 viajou à Alemanha, onde fez
um curso de extensão cultural no Deutsche Institut Für Auslaender na
Universidade de Berlim. Nesse mesmo ano esteve em Portugal, a convite do
governo deste país, como integrante da Embaixada Universitária Osvaldo Aranha
e, em 1936, na Argentina, por ocasião da inauguração do monumento ao presidente
Saens Peña, como membro da Embaixada Presidente Justo. No ano seguinte
bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade Nacional de
Direito da Universidade do Brasil.
Após
a extinção do Estado Novo (1937-1945), concorreu em dezembro de 1945 a um mandato de deputado pelo Distrito Federal à Assembléia Nacional Constituinte na legenda do
Partido Republicano (PR), obtendo, porém, apenas uma suplência. No ano seguinte
teve seu livro Eterno motivo contemplado com o Prêmio Raul de Leoni, da
Academia Carioca de Letras.
Técnico
educacional do Ministério da Educação e Cultura, foi também orientador do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Nova Friburgo (RJ), funcionário do Instituto de Pensões e Aposentadoria dos Servidores do
Estado (IPASE) e professor do Colégio Pedro II, onde, em 1950, concorreu à
cátedra de literatura com a tese A poética moderna. Como jornalista, foi
redator dos jornais A Manhã e Resistência e da
revista PN, além de colaborador, durante muitos anos, do Correio da
Manhã, todos do Rio de Janeiro, onde foi ainda redator e locutor das rádios
Nacional e Cruzeiro do Sul. Como publicitário, foi chefe de redação da McCann
Erickson Publicidade, tendo atuado também como chefe de vendas da empresa
Listas Telefônicas Brasileiras (LTB).
No pleito de outubro de 1954 candidatou-se a uma cadeira na
Câmara Municipal do Distrito Federal na legenda da União Democrática Nacional
(UDN), obtendo a segunda suplência. Em outubro de 1958 disputou um mandato de
deputado federal pelo Distrito Federal na legenda do Partido Socialista
Brasileiro (PSB) e, mais uma vez, conquistou apenas uma suplência.
Após
o movimento político-militar de 31 de março de 1964 que depôs o presidente João
Goulart (1961-1964) e com a extinção dos partidos políticos pelo Ato
Institucional nº 2 (27/10/1965) e a conseqüente implantação do bipartidarismo,
filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao
regime militar, legenda na qual se elegeu em novembro de 1970 deputado federal
pelo estado da Guanabara. Empossado em fevereiro do ano seguinte, foi eleito
vice-líder do partido na Câmara dos Deputados, condição à qual seria
reconduzido em 1972 e em 1973. Logo no início da legislatura, apresentou, em
abril de 1971, um projeto estabelecendo que os cidadãos atingidos pelos atos
institucionais — decretados após a deposição do presidente João Goulart —
fossem autorizados a solicitar dos poderes públicos a instauração de processos regulares
ou a revisão dos processos a que estavam submetidos. Considerado
inconstitucional, o projeto foi arquivado. Designado em 1971 vice-presidente da
Comissão Especial do Menor Abandonado, no ano seguinte apresentou novo projeto,
dessa vez propondo a criação de uma comissão que procedesse à revisão da
cassação de mandatos parlamentares e direitos políticos até ali executados. A
proposição foi, contudo, arquivada antes mesmo de apreciada.
Identificado
com o “grupo autêntico” do MDB, entrou em conflito com o governador carioca e
líder regional emedebista Antônio Chagas Freitas durante a campanha eleitoral
de 1974. Virtualmente impedido com Lisânias Maciel e Edson Khair de usar o
horário do partido na televisão, precisou recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), que garantiu seu acesso ao programa. Realizado o pleito em novembro de
1974, obteve a reeleição. Durante essa legislatura exerceu as funções de
vice-presidente da Comissão de Comunicações, de suplente das comissões de
Segurança Nacional e de Educação e Cultura, e de relator parcial da comissão
especial sobre redivisão territorial e política demográfica da Câmara dos
Deputados. Reeleito em novembro de 1978, com a extinção do bipartidarismo em
novembro de 1979, e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao Partido
Democrático Trabalhista (PDT). Nessa legislatura voltou a integrar a Comissão
de Comunicações, passando também a suplente da Comissão de Relações Exteriores
da Câmara.
Reelegeu-se
em novembro de 1982 na legenda do PDT, assumindo sua cadeira em fevereiro
seguinte. Na sessão da Câmara de 25 de abril de 1984, votou a favor da emenda
Dante de Oliveira que, se confirmada pelo plenário, restabeleceria as eleições
diretas para presidente da República em novembro do mesmo ano. Como a emenda
não obteve a votação necessária para ser enviada ao Senado, decidiu apoiar, no
Colégio Eleitoral de 15 de janeiro de 1985, a candidatura presidencial do ex-governador de Minas Gerais Tancredo Neves, eleito pela coligação oposicionista
Aliança Democrática, formada pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro
(PMDB) e pela dissidência do Partido Democrático Social (PDS) reunida na Frente
Liberal.
Tancredo, no entanto, não chegou a assumir o cargo em 15 de
março de 1985, data marcada para sua posse. Gravemente enfermo, veio a falecer
em 21 de abril seguinte, sendo substituído na presidência por seu vice, José
Sarney.
Em 1986, J. G. de Araújo Jorge rompeu com o PDT e retornou ao
PMDB, não conseguindo sua reeleição no pleito de novembro deste mesmo ano.
Deixou a Câmara Federal em janeiro do ano seguinte, ao fim de seu mandato.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 27 de janeiro de
1987.
Era casado com Maria Sousa de Araújo Jorge, com quem teve
dois filhos.
Além
das obras citadas e de artigos na revista Letras Brasileiras, do Rio de
Janeiro, publicou Poesia (1934), Bazar de ritmos (1935), Cântico
dos cânticos (1937), Amo! (1938), Cântico do homem prisioneiro (cânticos,
1941), Um besouro contra a vidraça (romance, 1942), Canto da terra
(1945), Estudo da terra (1946), Antologia da nova poesia brasileira
(1948), Festa de imagens (1948), A outra face (1949), Brasil
com letra maiúscula (1960), Os mais belos sonetos que o amor inspirou (v.
1, 1961), Cantiga do só (1963), Trovadores brasileiros (1964),
Trevos de quatro versos (trovas, 1964), Cantigas de menino grande
(1965), Quatro damas (1965), Concerto a quatro mãos (em
colaboração com Maria Helena, 1966), Mensagem (1966), Os mais belos
sonetos que o amor inspirou (v. 2 e 3, 1966), De mãos dadas (1967),
Canto a Friburgo (1967), Harpa submersa (1968), A sós (1969),
Poemas do amor ardente (1969), Meus sonetos de amor (1969), O
poder da flor (1969), No mundo da poesia (1970) e Espera (1971).
FONTES: CÂM. DEP. Deputados;
CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1971-1975,
1975-1979 e 1979-1983); CÂM. DEP. Relação nominal; Estado de S. Paulo
(6/3/76 e 28/1/87); Folha de S. Paulo (28/1/87); Globo
(26/4/84, 16/1/85, 29/4/86, 28/1 e 2/2/87); Grande encic. Delta; Grande
encic. portuguesa; Jornal do Brasil (28/1/87); MENESES, R. Dic.;
NÉRI, S. 16; Perfil (1972 e 1980); ROQUE, C. Grande; SOC.
BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (3);
Veja (4/2/87).