SAMPAIO, Mauro
*dep. fed. CE
1975-1995; const. 1987-1988.
José Mauro Castelo Branco Sampaio nasceu em Fortaleza no dia 10 de julho de 1927, filho de Leão
Sampaio e de Odorina Castelo Branco Sampaio. Seu pai foi constituinte em 1934
pelo Ceará e deputado federal pelo mesmo estado de 1935 a 1937 e de 1946 a
1975.
Mauro Sampaio formou-se em medicina, em 1952, pela Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade do Distrito Federal.
De
volta a seu estado, iniciou sua carreira política no governo de Plácido Castelo
(1966-1971), elegendo-se em 1967 prefeito de Juazeiro do Norte (CE), conhecido
centro de peregrinação em torno do padre Cícero Romão Batista. Como prefeito,
mandou construir gigantesca estátua em homenagem ao religioso, além de uma
estação rodoviária e o estádio Mauro Sampaio, popularmente conhecido como
“Romeirão”. Em 1968 participou do seminário sobre a administração municipal
promovido em Berlim pela Fundação Alemã para Países em Vias de Desenvolvimento.
Em 1970 licenciou-se da prefeitura e assumiu os cargos de secretário do
Planejamento e Coordenação e secretário da Fazenda do Ceará, durante o governo
de Plácido Castelo (1966-1971).
Prosseguindo a carreira política de seu pai, que resolvera
não mais se candidatar a cargos eletivos, disputou o pleito de novembro de 1974
como candidato a deputado federal pelo Ceará, na legenda da Aliança Renovadora
Nacional (Arena), agremiação política de sustentação ao regime militar —
instaurado no Brasil em abril de 1964 — criada a partir da instauração do
bipartidarismo pelo Ato Institucional nº 2 (AI-2), em 25/10/1965. Oferecendo
atendimento gratuito em um consultório médico em Juazeiro do Norte, Sampaio obteve
42. 521 votos e conseguiu eleger-se com base eleitoral nessa cidade, assumindo
sua cadeira na Câmara dos Deputados em fevereiro de 1975. No exercício de seu
mandato, foi membro da Comissão de Saúde. Paralelamente, liderou a sublegenda
Arena-2 em Juazeiro do Norte, opondo-se ao governador Adauto Bezerra
(1975-1978), que liderava a Arena-1.
Durante o ano de 1977 esteve na Cidade do México, onde
integrou a delegação brasileira durante a III Conferência do Parlamento
Latinoamericano e Parlamento Europeu. Participou também do VIII Congresso
Brasileiro de Cooperativismo, realizado no Ceará, atuando como representante da
Câmara dos Deputados.
Em novembro de 1978 tornou a ser eleito deputado federal,
permanecendo na Comissão de Saúde da Câmara. Com a extinção do bipartidarismo
em 29 de novembro de 1979 e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao
Partido Democrático Social (PDS), agremiação que deu continuidade à Arena.
Atuou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Indústria
Farmacêutica, de 1979 a 1980, e na CPI sobre Quatro Rodas Hotéis S.A. No
decorrer de 1980 esteve em Berlim, onde participou da LXVII Conferência
Interparlamentar como integrante da delegação da Câmara dos Deputados.
Reeleito pela terceira vez no pleito de novembro de 1982,
permaneceu na Comissão de Saúde.
Não tendo comparecido à sessão de 25 de abril de 1984, quando
a Câmara dos Deputados rejeitou por falta de quórum a emenda Dante de
Oliveira, que previa eleições diretas para presidente da República já em
novembro daquele ano, no Colégio Eleitoral reunido no dia 15 de janeiro de
1985, Mauro Sampaio votou no candidato oposicionista Tancredo Neves, eleito
pela Aliança Democrática — coligação formada pelo Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB) e uma dissidência do PDS, abrigada na Frente
Liberal. Doente, Tancredo não chegou a ser empossado, vindo a falecer em 21 de
abril. Seu substituto foi o vice José Sarney, que já vinha exercendo o cargo
desde 15 de março desse ano.
Titular da Comissão de Educação e Cultura de 1985 a 1987,
Mauro Sampaio deixou o PDS em virtude da luta política contra o grupo de Adauto
Bezerra, ingressando no PMDB. No pleito de novembro de 1986, tendo se recusado
a compor como vice a chapa do candidato Tasso Jereissati, do PMDB, para
governador do estado, preferiu tentar a reeleição para deputado constituinte. Nessa
ocasião obteve a quarta melhor votação do Ceará para a o cargo, sendo eleito
com 64. 089 votos. Em fevereiro de 1987 iniciou novo mandato.
Titular
da Subcomissão dos Negros, Populações Indígenas, Pessoas Deficientes e
Minorias, da Comissão da Ordem Social, votou a favor da nacionalização do
subsolo, do limite de 12% ao ano para os juros reais, do voto facultativo aos
16 anos, do presidencialismo, do mandato de cinco anos para o então presidente
Sarney, do mandado de segurança coletivo, da jornada semanal de 40 horas, do
turno ininterrupto de seis horas, da remuneração 50% superior para o trabalho
extra, da criação de um fundo de apoio à reforma agrária e da desapropriação da
propriedade produtiva. E contra a pena de morte, a legalização do aborto, a
proibição do comércio de sangue, a estatização do sistema financeiro, a
pluralidade sindical, a anistia aos micro e pequenos empresários e a
legalização do jogo do bicho.
Com
a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988, integrou-se às
comissões de Saúde, Previdência e Assistência Social (1989), de Educação,
Cultura, Esporte e Turismo (1989-1990), de Trabalho, de Administração e Serviço
Público (1989-1991) e de Orçamento (1989-1990).
Filiado
ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), com 50.852 votos reelegeu-se
no pleito de outubro de 1990, iniciando o quinto mandato na Câmara dos
Deputados em fevereiro de 1991.
Na sessão da Câmara dos Deputados de 29 de setembro de 1992,
votou a favor da abertura do processo de impeachment do presidente
Fernando Collor de Melo, acusado de crime de responsabilidade por ligações com
um esquema de corrupção liderado pelo ex-tesoureiro de sua campanha
presidencial Paulo César Farias. Afastado da presidência logo após a votação na
Câmara, Collor renunciou ao mandato em 29 de dezembro de 1992, pouco antes da conclusão
do processo pelo Senado Federal, sendo efetivado na presidência da República o
vice Itamar Franco, que já vinha exercendo o cargo interinamente desde o dia 2
de outubro.
Durante
a legislatura, Mauro Sampaio votou a favor da criação do Fundo Social de
Emergência (FSE) e pelo fim do voto obrigatório. No pleito eleitoral de outubro
de 1994 foi novamente candidato à Câmara dos Deputados e obteve 34. 488 votos,
que lhe garantiram a condição de suplente. Deixou a Câmara dos Deputados ao
término da legislatura, em janeiro de 1995.
Nas eleições municipais realizadas em outubro do ano seguinte,
concorreu pelo bloco PDT/PL/PFL/PSDC à prefeitura de Juazeiro do Norte. Eleito
com 35. 469 votos, tomou posse em janeiro de 1997. No decorrer de sua gestão decretou
estado de emergência no município, em decorrência da seca. Em 2000
candidatou-se à reeleição, desta vez pela coligação PSD/PSDB, mas não foi bem
sucedido. Nessa ocasião, obteve apenas 8, 96% dos votos, e ficou em terceiro
lugar, no pleito vencido por Carlos Alberto da Cruz.
Em janeiro de 2001, com o término de seu mandato, deixou o
comando da prefeitura. Desde então não mais exerceu mandato eletivo, mantendo
suas atividades de médico.
Em agosto de 2009 Mauro Sampaio atuava como clínico geral na
cidade de Juazeiro do Norte.
Publicou Em Defesa do Padre Cícero Romão Batista
(1975), Pronunciamentos (1976) e Conferência Sobre o Desenvolvimento
do Sul do Ceará (1977).
Casou-se com Daise Cavalcanti Sampaio, com quem teve quatro
filhos.
Verônica Veloso
Luciana Pinheiro (atualização)
FONTES: CÂM. DEP. Deputados;
CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1975-1979, 1991-1995);
COELHO, J. & OLIVEIRA, A. Nova; Jornal do Brasil (18/11/74,
4/7 e 7/11/76); NÉRI, S. 16; Olho no voto/Folha de S. Paulo
(18/9/94); Perfil parlamentar/IstoÉ (1991); Portal da Câmara dos
Deputados (http://www2.camara.gov.br/;
acessado em 25/8/09); Portal do Jornal do Commercio – Recife (http://jc.uol.com.br/;
acessado em 25/8/09); Portal do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (http://www.tre-ce.gov.br/;
acessado em 25/8/09).