NONÔ, José Tomás
*dep. fed.AL 1983-1991; const.
1987-1988; dep. fed. AL 1991-200; vice-governador. 2010-2014
José Thomaz da Silva Nonô Neto
nasceu em Maceió no dia 17 de agosto de 1947, filho de Aluísio Ubaldo da Silva
Nonô, deputado federal por Alagoas entre 1959 e 1969, e Eunice Auto da Silva
Nonô.
Iniciou seus estudos em 1966 no curso de ciências
jurídicas e sociais da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas
(Ufal). Em 1968, deixou o país, continuando os estudos em Portugal, na
Universidade Clássica de Lisboa, em 1969 e 1970. De volta a Maceió,
bacharelou-se, em 1971, pela Ufal. Durante o mestrado, entre 1972 e 1973, foi líder
estudantil na Faculdade de Direito de Recife da Universidade Federal de
Pernambuco (Ufpe).
Promotor de Justiça nas comarcas de Batalha, Viçosa e
Maceió e procurador de Justiça também no estado de Alagoas e presidente do PFL
de Alagoas, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido que
apoiava o regime militar instalado no país em abril de 1964, e aceitou o
convite do então governador de Alagoas, seu primo Guilherme Palmeira
(1979-1982), para ser secretário da Fazenda.
Com a extinção do bipartidarismo em 29 de novembro de 1979
e a consequente reformulação partidária, José Tomás Nonô filiou-se à nova
agremiação governista, o Partido Democrático Social (PDS), em 1982, tendo sido
eleito deputado federal em novembro. Assumiu seu mandato em fevereiro do ano
seguinte, integrando as comissões de Economia, Indústria e Comércio e a do
Interior, além das comissões parlamentares de inquérito (CPIs) sobre as
relações econômicas Brasil-Polônia e sobre atos de corrupção. Durante seu
mandato, foi defensor de uma reforma tributária que fortalecesse o Estado e os
municípios, da legalização do aborto, do jogo e da reforma agrária. Destacou-se
devido às críticas que fez à política econômica do ministro da Fazenda do
governo Figueiredo (1979-1985), Delfim Neto, e por haver liderado o primeiro
grupo dissidente do PDS que se recusou a aprovar os decretos salariais impostos
pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em 25 de abril de 1984, votou a favor na votação da emenda
Dante de Oliveira que, apresentada na Câmara dos Deputados, propôs o
restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro.
Como a emenda não obteve o número de votos indispensáveis à sua aprovação —
faltaram 22 para que o projeto pudesse ser encaminhado à apreciação pelo Senado
Federal — no Colégio Eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, José Tomás
Nonôvotou no oposicionista Tancredo Neves, eleito novo presidente da República
pela Aliança Democrática, uma união do Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB) com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal que
derrotou o candidato do regime militar, Paulo Maluf. Contudo, por motivo de
doença, Tancredo Neves não chegou a ser empossado na presidência, vindo a
falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto no cargo foi o vice José Sarney,
que vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março.
Ainda em 1985, Nonô participou como observador no
Congresso da Internacional Liberal, realizado em Madri, na Espanha. No mesmo
ano, viajou a convite do governo dos Estados Unidos para tomar parte no
International Visitor Program (USIA) e participou do Seminário sobre
Democratização e Problemas Econômicos na América Latina, em Konigswinter, na
Alemanha. Saiu do PDS para filiar-se ao Partido da Frente Liberal (PFL),
partido de que seria vice-líder na Câmara dos Deputados nos anos de 1986 e
1987.
Em novembro de 1986, elegeu-se deputado federal
constituinte pelo seu novo partido, vinculado à liderança do ministro da
Educação do governo Sarney, Marco Maciel, tendo sido o deputado federal mais
votado no estado, com 92.543 votos.
Na Constituinte, foi titular da Comissão de
Sistematização, presidente da Comissão da Organização do Estado e suplente da
Subcomissão dos Direitos e Garantias Individuais, da Comissão de Soberania e
dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher. Nas principais votações da
Constituinte, manifestou-se favoravelmente à pluralidade sindical, à soberania
popular, à nacionalização do subsolo, ao limite de 12% ao ano para os juros
reais e ao mandato de cinco anos para José Sarney. Votou contra o rompimento de
relações diplomáticas com países com política de discriminação racial, a pena
de morte, a limitação do direito de propriedade privada, a criminalização do
aborto, a jornada semanal de 40 horas, o voto aos 16 anos, o presidencialismo,
a estatização do sistema financeiro, a limitação dos encargos da dívida externa
e a criação de um fundo de apoio à reforma agrária.
Com a promulgação da nova Carta Constitucional em 5 de
outubro de 1988, voltou a participar dos trabalhos legislativos ordinários da
Câmara, sendo membro titular das comissões de Constituição e Justiça e de
Redação e a de Economia, Indústria e Comércio na Câmara dos Deputados. Ainda em
1988, integrou a delegação brasileira na 80ª Conferência Interparlamentar,
realizada em Sófia, na Bulgária.
Nas eleições de outubro de 1990, reelegeu-se deputado
federal. Empossado em fevereiro de 1991, Tomás Nonô ganhou notoriedade quando
se tornou o único deputado pefelista a se declarar opositor ao governo do
presidente Fernando Collor de Melo (1990-1992). Acabou rompendo com o partido,
por não concordar com o apoio da agremiação ao governo, e foi para o Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), levado pela onda que carregou para a
agremiação o senador Divaldo Suruagi, ex-governador de Alagoas, e Renan
Calheiros, ambos também na oposição a Collor.
Na Câmara dos Deputados, em junho de 1992, colaborou na
CPI instaurada para apurar as denúncias de corrupção no interior do governo
ligadas principalmente ao nome de Paulo César Farias, ex-tesoureiro da campanha
de Fernando Collor de Melo. Declarou que, àquela altura, a CPI já possuía
elementos suficientes para desmantelar a quadrilha formada pelos membros da
chamada “República das Alagoas” e pedir abertura de inquéritos contra Paulo
César Farias, Cláudio Vieira, secretário do presidente, e Cláudio Humberto Rosa
e Silva, porta-voz da Presidência da República. Disse ainda acreditar que a CPI
teria como desdobramento o impeachment do presidente e defendeu que o
pedido de deposição do presidente deveria ser encaminhado ao Congresso pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ou pela Associação Brasileira de Imprensa
(ABI).
No processo político desencadeado pelo Poder Legislativo
federal durante o ano de 1992 e que resultou no afastamento de Collor da
presidência, sob a acusação de envolvimento em esquema de corrupção e tráfico
de influência organizado pelo ex-tesoureiro de sua campanha eleitoral, Paulo
César Farias, Nonô votou a favor da abertura do processo de impeachment
na sessão da Câmara dos Deputados de 29 de setembro de 1992. Afastado da
presidência logo após a votação na Câmara, Collor renunciou ao mandato em 29 de
dezembro de 1992, horas antes da conclusão do processo pelo Senado Federal, que
decidiu pelo seu impedimento. Foi então efetivado na presidência da República o
vice Itamar Franco, que já vinha exercendo o cargo interinamente desde 2 de
outubro.
Em outubro de 1992, foi eleito presidente da CPI do caso
VASP, que investigou as suspeitas de irregularidades na privatização da
companhia aérea até então controlada pelo governo de São Paulo, realizada durante
o governo de Orestes Quércia, e concluída na gestão Fleury, por meio de
empréstimos do Banco do Estado de São Paulo (Banespa) para o empresário Wagner
Canhedo, comprador da empresa. Por indicação do líder do PMDB na Câmara dos
Deputados, Genebaldo Correia, Nonô fora escolhido para substituir Nílson
Gibson, do PMDB de Pernambuco, pressionado a renunciar ao cargo após ter feito
um discurso anunciando que se utilizaria da posição ocupada na Câmara para
proteger Quércia, presidente do PMDB.
Tencionando resguardar a imagem do partido, ameaçada pela
parcialidade do ex-presidente da CPI, Genebaldo Correia indicou o nome de Nonô.
Ao ser empossado, o deputado alagoano afirmou que assumiria o comando da
investigação “com rigor e isenção”. No entanto, causou polêmica na Câmara logo
ao início de seu trabalho por ter adiado o envio de um requerimento ao Banco
Central, no qual eram solicitadas cópias de quatro mil documentos referentes à
quebra de sigilo bancário. Com o adiamento, Tomás Nonô impediu também a votação
do requerimento para quebra do sigilo bancário do presidente do PMDB, Orestes
Quércia. Diante da repercussão negativa de sua atitude, Nonô voltou atrás e
acabou enviando, no dia seguinte a sua posse, o requerimento ao Banco Central.
A partir de então, adotou um discurso com que tentava se
desvincular completamente de qualquer grupo dentro do PMDB, afirmando que
entrara no partido pelas mãos de Ibsen Pinheiro e que nunca seguira a
orientação dos caciques partidários, referindo-se a Quércia e Ulisses Guimarães.
Disse também que defenderia um tratamento igual para todos os investigados e
que era favorável à quebra formal do sigilo bancário de Quércia.
No decorrer de seu mandato na Câmara dos Deputados,
integrou ainda outras comissões, dentre as quais a de Constituição e Justiça e
de Redação, a Comissão Especial Crimes de Responsabilidade do Presidente da
República, a Comissão Especial Programa de Estabilização do Governo, e a CPI
Fuga de Capital e Evasão de Divisas do Brasil. Presidiu também a Comissão
Especial PEC nº 24/91 para eleição distrital mista.
Ainda na Câmara dos Deputados, foi vice-líder do PMDB, nos
anos de 1992 e 1993, e no Congresso Nacional integrou algumas CPIs, dentre as
quais a Mista Sistema Financeiro de Habitação, a Mista Ciência e Tecnologia e a
Mista Execução Programa Nacional de Desestatização. Em outras votações
importantes da legislatura, pronunciou-se a favor da criação do Imposto
Provisório sobre Movimentação Bancária (IPMF) e do Fundo Social de Emergência
(FSE) e contra o fim do voto obrigatório.
No início de 1994, atuou como presidente da Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara, participando dos 17 processos de cassação de
deputados envolvidos com a chamada máfia do Orçamento. Durante os trabalhos da
comissão, discordou de alguns resultados, pois considerou injusta a diferença
de tratamento dado aos deputados envolvidos.
Tendo como reduto eleitoral Maceió e a Zona da Mata,
reelegeu-se deputado federal, pela quarta vez consecutiva, em outubro de 1994,
sendo o mais votado da legenda peemedebista e o segundo em todo o estado.
Assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados em fevereiro do ano seguinte,
integrando, ainda em 1995, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
Durante a votação das emendas constitucionais enviadas ao
Congresso Nacional pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, acompanhou a
orientação da base parlamentar governista, posicionando-se favoravelmente à
abolição do monopólio estatal nas telecomunicações e na exploração do petróleo
e ao fim do monopólio dos governos estaduais na distribuição do gás canalizado.
Também foi favorável à abertura da navegação de cabotagem às embarcações
estrangeiras e ao fim de todas as diferenças jurídicas entre as empresas de
capital nacional e aquelas de outros países. Votou favoravelmente à prorrogação
do FSE, rebatizado de Fundo de Estabilização Fiscal (FEF), que permitia que o
governo gastasse 20% da arrecadação de impostos sem que as verbas ficassem
obrigatoriamente vinculadas aos setores de saúde e educação.
Em junho de 1996, votou contra a criação da Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) — que substituiu o Imposto
Provisório sobre Movimentação Financeiro (IPMF) —, imposto de 0,2% sobre
transações bancárias criado como fonte complementar de recursos para a saúde.
Em janeiro e fevereiro de 1997, votou a favor da emenda da
reeleição para presidente da República, governadores e prefeitos. Em novembro
de 1997, José Tomás Nonô pronunciou-se favoravelmente à quebra da estabilidade
do servidor público, item da reforma administrativa.
Ainda em 1997, foi integrante da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara, encarregada, entre outras atividades, de visitar prisões no
Paraguai onde estavam detidos brasileiros em situação irregular.
Transferindo-se para o Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB), em outubro de 1998, foi reeleito pela nova legenda. Em
novembro de 1998, absteve-se da votação do teto de 1.200 reais para
aposentadorias no setor público e votou em branco no estabelecimento de idade
mínima e tempo de contribuição para o setor privado, itens que definiram a
reforma da Previdência.
Iniciou novo mandato em fevereiro de 1999 e, nesse ano,
retornou ao PFL, tendo assumido a presidência da Executiva Regional da
agremiação. Na Câmara dos Deputados, foi presidente e primeiro-vice-presidente
da Comissão de Constituição e Justiça e de Redação e terceiro-vice-presidente
da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Foi ainda titular das
comissões de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias, de Defesa Nacional,
de Direitos Humanos, de Economia, Indústria e Comércio, de Legislação
Participativa, e de Relações Exteriores.
Foi ainda vice-líder do bloco parlamentar formado pelo PFL
e pelo Partido Social Trabalhista (PST), em 2001. No pleito de outubro de 2002,
foi reeleito. Assumiu o novo mandato em fevereiro de 2003 e, nas votações das
reformas constitucionais encaminhadas pelo presidente Luís Inácio Lula da
Silva, (2003 -) votou contra a proposta de emenda constitucional da Previdência
e ausentou-se na sessão em que foi aprovada a reforma tributária. Em 2004,
assumiu a liderança da minoria na Câmara dos Deputados.
No pleito de outubro de 2006, concorreu ao Senado por
Alagoas na legenda do PFL, mas não logrou êxito. Deixou a Câmara dos Deputados
em janeiro de 2007, ao final da legislatura.
Em Março do mesmo ano, participou da refundação do PFL,
partido que passou a se chamar Democratas
(DEM).
Nas eleições de Outubro de 2010, foi eleito
vice-governador de Alagoas, na chapa encabeçada por Teotonio Vilela, do Partido da Social Democracia
Brasileira.
Foi ainda observador parlamentar na 49ª Assembléia Geral
da Organização das Nações Unidas (ONU) e membro do Instituto Histórico e
Geográfico de Alagoas.
Casou-se com Lúcia de Fátima da Silva Nonô, com quem teve
dois filhos.
Alexandra Toste
FONTES: ASSEMB.
NAC. CONST. Repertório (1987-1988); CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1995-1999); COELHO, J.
& OLIVEIRA, A. Nova; Estado de S. Paulo (27/08/1997); Jornal do Brasil (23/10/1092 e 02/03/1994);
Jornal Folha de S. Paulo (19/01/1987,
02/04/1987, 22/10/1992, 23/10/1992, 24/10/1992 e 26/10/1992); Jornal Folha de S. Paulo/ Olho no Congresso
(31/01/1995, 14/01/1996, 30/01/1997 e 5/02/1998); Jornal Folha de São Paulo/ Olho no
voto (29/09/1998); Jornal O Globo
(26/04/1984, 16/01/1985, 23/07/1987, 29/06/1992, 30/09/1992, 22/09/1002 e
23/10/1992); Portal do Gabinete Civil do Estado do Alagoas. Disponível em:
<www.gabinetecivil.al.gov.br>. Acesso em 17/07/2013; Portal do Partido
Democrata (DEM). Disponível em: <http://www.dem.org.br>. Acesso em
17/07/2013; Portal do Tribunal Superior Eleitoral. Disponível em: <http://www.tse.jus.br>. Acesso em
17/07/2013.