LEONEL, ATALIBA
LEONEL,
Ataliba
*dep. fed. SP 1926-1930; rev. 1932.
Ataliba Leonel nasceu
em Itapetininga (SP) no dia 15 de maio de 1875.
Estudou no Seminário Episcopal e no Colégio Ateneu Paulista,
bacharelando-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de
São Paulo.
Proprietário de terras, foi vereador e presidente da Câmara
Municipal de Piraju (SP) e fundador do diretório político do Partido
Republicano Paulista (PRP) dessa cidade. Eleito deputado estadual em São Paulo,
presidiu durante os trabalhos legislativos a Comissão de Obras Públicas e
Viação da Assembléia. No início dos anos 1920 liderou uma corrente política do
PRP em Palmital (SP) que, durante a realização de um pleito municipal, entrou
em choque com a corrente, também perrepista, dirigida por Olavo Egídio de Sousa
Aranha. A luta resultou na chacina de 11 oposicionistas na cidade, sendo os
criminosos chefiados na ocasião pelo coronel Cândido Dias Melo. Em 1923
realizou-se na cidade de São Paulo uma sessão do Júri Federal para proceder ao
julgamento do crime, resultando na absolvição de seus responsáveis.
Entre 1926 e 1930 foi deputado federal por São Paulo,
perdendo o mandato em outubro desse último ano, em decorrência da vitória da
Revolução de 1930, que depôs o presidente Washington Luís e suspendeu o
funcionamento dos órgãos legislativos do país. No dia 16 de fevereiro de 1932
assinou o manifesto de lançamento da Frente Única Paulista (FUP), no qual os
dois principais partidos desse estado, o PRP e o Partido Democrático (PD),
proclamavam sua união na luta pela pronta reconstitucionalização do país e pela
restituição da autonomia estadual. Em maio desse mesmo ano participou como
representante do PRP, juntamente com Antônio de Pádua Sales e Altino Arantes,
de uma reunião promovida por Pedro de Toledo, então interventor federal em São
Paulo, para discutir uma possível composição política no governo estadual. Em
seguida, Osvaldo Aranha, então ministro da Fazenda (1931-1934), enviou de São
Paulo um telegrama a Getúlio Vargas, em que denunciava a gravidade da situação
naquele estado, alertando que o comércio, as academias e os colégios iriam
aderir ao movimento. Nesse mesmo telegrama afirmou ser favorável a que Pedro de
Toledo organizasse um governo de frente única, acreditando que dessa forma o
interventor receberia o apoio integral de Ataliba Leonel, Francisco Morato e
Paulo de Morais Barros.
Cedendo à pressão das forças constitucionalistas, Vargas fez
publicar em 14 de maio de 1932 o decreto que criava uma comissão encarregada de
elaborar o anteprojeto de Constituição e marcava eleições para o dia 3 de maio
do ano seguinte. Por essa época, entretanto, já se consolidara entre os
políticos da FUP a idéia de recurso a um levante armado contra o Governo
Provisório como o único caminho possível para alcançar sua reivindicação de
volta ao estado de direito. O general Isidoro Dias Lopes e o coronel reformado
Euclides de Oliveira Figueiredo coordenavam, desde o início do ano, com a
colaboração de Ataliba Leonel, o planejamento militar do movimento. Com a
deflagração do conflito no dia 9 de julho de 1932 e sua posterior derrota em
outubro do mesmo ano, Ataliba Leonel, juntamente com vários revoltosos, foi
levado para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, onde permaneceu preso na
Casa de Correção durante todo o mês de outubro. Em novembro foi deportado para
Portugal juntamente com os principais líderes constitucionalistas civis e
militares.
De volta ao Brasil já após as eleições de maio de 1933,
encontrou em São Paulo um grande debate em torno da sucessão ao governo
estadual. A vitória da Chapa Única por São Paulo Unido — coligação formada pelo
PRP, o PD, a Federação dos Voluntários e a Liga Eleitoral Católica — nas eleições
para a Constituinte havia levado Vargas a iniciar negociações visando a
substituição do interventor Valdomiro Castilho de Lima (1932-1933) por um civil
paulista. Após diversas indicações, chegou-se ao nome de Armando de Sales
Oliveira. Ataliba Leonel, contudo, manifestou-se contrário à Chapa Única,
preferindo que o PRP disputasse os postos isoladamente. Passou então a dar
declarações em favor da manutenção da situação política vigente no estado,
fortalecendo a posição de Valdomiro de Lima, que não concordava com a indicação
de Armando Sales. A situação porém caminhou rapidamente para um desfecho
contrário à sua posição, com a intervenção de outras autoridades federais, como
o general Pedro Aurélio de Góis Monteiro e o interventor gaúcho José Antônio Flores
da Cunha, francamente favoráveis à entrega do poder à Chapa Única.
Ataliba Leonel faleceu em Piraju no dia 29 de outubro de
1934.
FONTES: CÂM. DEP.
Deputados; Efemérides paulistas; ENTREV. PEIXOTO, A.; FIGUEIREDO, E.
Contribuição; LEITE, A. História; Personalidades; SILVA, H. 1932; SILVA, H.
1933.