LIMA,
Antônio Pereira
*rev. 1932; dep. fed. SP 1935-1937, 1952, 1954 e
1955-1959.
Antônio Pereira Lima nasceu
em Franca (SP) no dia 10 de maio de 1892, filho de Antônio de Lima e de Águeda
Pereira Lima.
Fez
os primeiros estudos em Ribeirão Preto (SP), ingressando posteriormente na
Faculdade de Direito de São Paulo, onde foi colega de Júlio de Mesquita Filho e
de Francisco Mesquita, proprietários do jornal O Estado de S. Paulo. Na faculdade,
empenhou-se em muitas campanhas cívicas, elegendo-se presidente do Centro
Acadêmico XI de Agosto. Integrando-se à campanha de mobilização pela
participação do país na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), organizou e
integrou em 1916 o primeiro grupo de voluntários paulistas junto ao Exército,
bacharelando-se em fins desse ano.
Em
1917 organizou e foi orador do Congresso da Mocidade Brasileira, que visava
chamar a atenção dos moços para a guerra e esclarecê-los sobre as razões que
justificavam a intervenção do Brasil ao lado dos Aliados no conflito. Foi um
dos fundadores da Liga Nacionalista. Criada nesse mesmo ano, a entidade lutou
pelo direito ao voto secreto, pela alfabetização, pela assistência social e
principalmente pela instituição do serviço militar obrigatório, ideais cívicos
pregados por Olavo Bilac e Rui Barbosa.
Iniciou sua vida profissional ainda em 1917, como promotor
público em Pindamonhangaba (SP) e depois em Penápolis (SP), onde trabalhou por
quase sete anos. Em 1924 voltou à capital paulista para exercer a função de
primeiro delegado, cargo que correspondia ao de subchefe de polícia. Mais tarde
exerceu interinamente a função de chefe de polícia e de secretário de Segurança
Pública de São Paulo. Em 1926 criou a Guarda Civil de São Paulo, da qual foi o
primeiro diretor. Através de Júlio de Mesquita Filho e de Roberto Moreira,
buscou influenciar o candidato do Partido Republicano Paulista (PRP) às
eleições presidenciais de março de 1930, Júlio Prestes, para fazer uma
composição com o Partido Democrático (PD), incluindo em seu programa a luta
pelo voto secreto, considerado por esse partido de fundamental importância para
que o povo pudesse manifestar livremente suas opiniões e decisões. Vitorioso no
pleito, Júlio Prestes foi no entanto deposto pela Revolução de 1930, deflagrada
em outubro desse ano, e Pereira Lima foi afastado do cargo de diretor da Guarda
Civil de São Paulo.
A
nomeação do “tenente” João Alberto Lins de Barros pelo chefe do Governo
Provisório, Getúlio Vargas, para a interventoria em São Paulo — marginalizando
a oligarquia política local que havia participado do movimento revolucionário
de 1930 e, especialmente, o PD —, acirrou a oposição das correntes políticas
tradicionais no estado ao governo federal e às forças tenentistas que o
representavam. Em maio de 1931, Pereira Lima participou da fundação da Liga de
Defesa Paulista, organização política criada com o objetivo de lutar pela
autonomia de São Paulo, ou seja, pela vigência efetiva das normas federativas
dentro dos limites do estado. Integrou a primeira comissão executiva dessa
entidade presidida por Francisco de Sales Vicente Azevedo. Participou ainda da
Liga Pró-Constituinte, organizada pelos estudantes paulistas, e da Frente Única
Paulista, aliança formada em fevereiro de 1932, visando aproximar as diferentes
correntes oposicionistas estaduais e enfraquecer a interventoria federal.
Além
da participação nos comícios e manifestações do período, foi um dos
organizadores do MMDC, movimento que atuava clandestinamente, acobertado pelo
Clube Comercial, e que teve importante papel na preparação e desenvolvimento da
Revolução Constitucionalista irrompida em julho de 1932 em São Paulo, opondo a
oligarquia política local ao governo federal. Membro do conselho do MMDC —
oficializado pelo governo revolucionário paulista que se instalou —, Pereira
Lima teve importante participação na arregimentação do apoio civil ao movimento
dos oficiais da Força Pública de São Paulo, organizando o grupo Voluntários de
Piratininga. Responsável pela zona da Faculdade de Direito, ocupou a faculdade,
formando ali um batalhão que seguiu para o vale do Paraíba a fim de dar combate
às forças legais. Durante o combate foi comissionado no posto de
segundo-tenente.
Com a derrota dos rebeldes paulistas em outubro seguinte,
Pereira Lima foi preso e levado para a Casa de Correção do Rio de Janeiro. Em
novembro do mesmo ano embarcou juntamente com outros 75 correligionários no
navio Pedro I. Não conseguindo o navio navegar além de Recife, os rebeldes
foram transferidos para o Siqueira Campos e levados para Lisboa, onde chegaram
em dezembro de 1932. No ano seguinte, Pereira Lima exilou-se em Paris e, em
dezembro de 1933, retornou ao Brasil, voltando a exercer a advocacia,
especializando-se em direito civil.
Foi
membro do conselho central da Ação Nacional, dissidência do PRP constituída em
fins de 1932 e extinta em fevereiro de 1934. Participou também da comissão
organizadora do Partido Constitucionalista, que resultou da fusão do PD, da
Ação Nacional, da Federação dos Voluntários e da Liga de Defesa Paulista.
Fundado no Clube Comercial de São Paulo em fevereiro de 1934, o Partido
Constitucionalista se propunha a ser uma síntese dos ideais revolucionários de
1930 e 1932. No pleito de outubro de 1934 elegeu-se deputado federal por São
Paulo na legenda constitucionalista, assumindo o mandato em maio do ano
seguinte. Foi membro da Comissão de Segurança Nacional da Câmara dos Deputados,
exercendo seu mandato até novembro de 1937, quando o advento do Estado Novo
(1937-1945) suprimiu todos os órgãos legislativos do país. Insurgindo-se contra
o novo regime, foi preso e condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional (TSN),
permanecendo na prisão até 1940.
Com
a desagregação do Estado Novo e o início do processo de redemocratização do país
em 1945, participou da fundação da União Democrática Nacional (UDN), da qual
foi o primeiro vice-presidente. No pleito de dezembro desse mesmo ano,
candidatou-se a deputado federal por São Paulo, na legenda da UDN, obtendo
apenas uma suplência. No pleito de outubro de 1950 elegeu-se novamente suplente
de deputado federal por seu estado, na mesma legenda, assumindo o mandato de
abril a agosto de 1952. Eleito presidente regional da UDN paulista em 1954,
reassumiu uma cadeira na Câmara de julho a dezembro desse mesmo ano. Eleito
segundo suplente de deputado federal em outubro de 1954, na legenda da UDN,
assumiu o mandato de julho de 1955 a janeiro de 1956, de outubro desse último
ano a agosto de 1957 e de setembro de 1957 a janeiro de 1959. No pleito de outubro
de 1958 elegeu-se quarto suplente de deputado federal por São Paulo.
Nomeado vice-diretor do quadro da Secretaria de Segurança
Pública de São Paulo, teve, dias depois, sua nomeação anulada pelo governador
Carlos Alberto Carvalho Pinto (1959-1963). Em 1961 foi nomeado presidente do
Banco do Estado de São Paulo e, em julho do ano seguinte, durante as
comemorações do 39º aniversário da Revolução de 1932, assumiu o comando supremo
do Exército Simbólico, que relembrava os voluntários de São Paulo.
Foi redator dos jornais Comércio, de São Paulo, Gazeta,
Estadinho, Comércio de Franca e Cidade, de Ribeirão Preto.
Faleceu na cidade de São Paulo no dia 13 de julho de 1982.
FONTES: Boletim
Min. Trab. (5/36); CÂM. DEP. Deputados; Diário do Congresso Nacional; Estado de
S. Paulo (24/9/78 e 10/5/81); LEITE, A. História; Personalidades; Tribuna da
Imprensa (11/6/54).