LIMA, José Roberto Faria
*dep. fed. SP
1971-1979.
José Roberto Faria Lima
nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 25 de julho de 1940,
filho de Roberto Faria Lima, oficial da Aeronáutica, e de Maria Claíde Faria
Lima. Seus tios também se destacaram no cenário político nacional: Floriano
Peixoto Faria Lima, oficial da Marinha, foi presidente da Petrobras de 1973 a 1974 e governador do estado do Rio de Janeiro de 1975 a 1979, e José Vicente de Faria Lima, também oficial da Aeronáutica, foi presidente do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (BNDE) em 1961 e prefeito de São Paulo de 1965 a 1969.
Radicado
em São Paulo, bacharelou-se em ciências econômicas pela Universidade Mackenzie
em 1962, realizando os seguintes cursos de especialização: administração e
planejamento da Prefeitura Municipal de São Paulo, em 1964; participação dos
trabalhadores nos lucros da empresa e integração econômica da América Latina,
da Universidade de São Paulo, e planejamento integrado, da Organização dos
Estados Americanos (OEA) e da Prefeitura Municipal de São Paulo, em 1966. Nesse
ano viajou para os Estados Unidos onde fez um curso sobre a utilização de
computadores na administração pública norte-americana, e visitou as cidades de
Chicago, Atlanta, Nova Orleans e Miami. Em 1967 fez o curso sobre segurança
nacional na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
Membro do grupo de trabalho que reestruturou o quadro de
funcionários da Prefeitura Municipal de São Paulo em 1967, foi a seguir nomeado
assistente do prefeito da capital paulista para assuntos econômicos e de
processamento de dados, permanecendo nesse cargo até 1969. Nesse ano passou a
integrar o conselho consultivo do Sindicato dos Economistas de São Paulo e o
Conselho Federal de Economistas Profissionais.
No
pleito de novembro de 1970 elegeu-se deputado federal por São Paulo na legenda
da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao regime militar
instaurado no país em abril de 1964, assumindo o mandato em fevereiro de 1971.
Ainda este ano integrou o grupo de trabalho para estudo da atualização do
regimento interno e reforma do processo legislativo e presidiu a Comissão
Especial de Poluição Ambiental da Câmara. Nesse sentido, realizou em 1971
viagem ao México e aos Estados Unidos, onde visitou órgãos governamentais e
organizações políticas, obtendo informações sobre estruturas políticas e
poluição. Durante essa legislatura representou a Câmara dos Deputados no
conselho do Centro de Processamento de Dados do Senado (Prodasen), integrando
ainda a comissão paritária para estudos da unificação dos servidores da Câmara
dos Deputados e Senado Federal, o conselho da bancada paulista e a Comissão
Especial de Turismo. Membro efetivo da Comissão de Economia, Indústria e
Comércio, participou como suplente das comissões de Finanças e de Relações
Exteriores da Câmara dos Deputados.
No exercício de suas atividades parlamentares fez várias
viagens ao exterior, entre as quais uma viagem de estudos aos Estados Unidos,
em 1974, a convite do Departamento de Estado desse país. Nessa ocasião
freqüentou os cursos de conceitos de processamento de dados, análise de
sistemas, programação avançada e teleprocessamento e de gerência básica e
intermediária do Bank Management Science, em Endicott.
Reeleito
em novembro de 1974 com a terceira votação da Arena, opôs-se à diretriz
imprimida pela liderança de seu partido, criando com outros deputados o grupo
renovador da Arena que defendia uma postura mais independente da agremiação em
relação ao governo. Membro do conselho deliberativo da Fundação Mílton Campos
para Pesquisas e Estudos Políticos, da Arena, criada em setembro de 1975,
cursou no ano seguinte a Escola Superior de Guerra (ESG), no Rio de Janeiro.
Considerando-se um seguidor das “motivações fundamentais” do movimento
político-militar de 1964, defendeu durante essa legislatura a livre-empresa e
as liberdades democráticas, combatendo a corrupção e a política econômica do
governo. Nesse sentido, criticou veementemente a ação dos tecnocratas que,
atuantes na máquina administrativa do Estado, estariam tentando destruir o
sistema capitalista liberal e a democracia através da estatização da economia e
da implantação do capitalismo de Estado, que geraria, segundo ele, o
“totalitarismo bolchevista”. Teve também importante ação na Câmara dos
Deputados na defesa do meio ambiente. Com relação à política externa, defendeu
em março de 1977 a aproximação entre o Brasil e os Estados Unidos — cuja
política de defesa dos direitos humanos, levada a cabo pelo presidente Jimmy
Carter, apoiava —, manifestando-se contra a autodeterminação dos povos e outras
soluções alternativas que, “aparentemente fora da bipolaridade União
Soviética-Estados Unidos, são artimanhas dos russos”.
Em
maio de 1978, na convenção regional da Arena teve seu nome lançado por um grupo
de empresários, liderado por Aírton Girão, presidente da Associação Brasileira
das Empresas de Capital Aberto (Abrasca), para o governo de São Paulo contra a
candidatura de Laudo Natel, apoiada pelo governo federal. Entretanto, não
chegou a concorrer na convenção estadual que escolheu, em 1º de setembro de
1978, o nome de Paulo Maluf, outro candidato arenista dissidente, para o
governo de São Paulo, por não ter conseguido reunir o número de assinaturas de
delegados exigido por lei. Sempre atento ao combate à corrupção, denunciou na
Câmara, em outubro do mesmo ano, a existência de uma informação reservada
subscrita pelo coronel de Exército Raimundo Saraiva, quando era adido militar
em Paris, referente a negócios entre grupos financeiros franceses e o governo
brasileiro, que comprometia o então embaixador do Brasil na França, Antônio
Delfim Neto.
No
pleito de novembro de 1978 não obteve êxito ao tentar a reeleição para a Câmara
dos Deputados. Deixou a Câmara em janeiro de 1979, ao final da legislatura, e
após a reorganização partidária que se seguiu à extinção do bipartidarismo em
novembro desse ano, foi fundador, em São Paulo, do Partido Popular (PP), liderado por Tancredo Neves. No entanto, com a incorporação do PP ao Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) em fevereiro de 1982, ingressou no
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sob o argumento de que “o PMDB e o
Partido Democrático Social (PDS) são faces da mesma moeda falsa”. Pela legenda
do PTB candidatou-se em novembro de 1982 ao Senado Federal pelo estado de São
Paulo, mas não conseguiu se eleger.
Em janeiro de 1986 assumiu o cargo de presidente da Companhia
de Processamento de Dados do Município (Prodam) de São Paulo. No pleito de
novembro deste ano disputou o governo de São Paulo, como candidato a
vice-governador na chapa encabeçada pelo empresário Antônio Ermírio de Morais,
pela legenda do PTB, tendo a eleição sido vencida pelo candidato do PMDB,
Orestes Quércia. Em julho de 1988, Faria Lima deixou a direção da Prodam para
disputar a convenção do PTB, que escolheria o candidato do partido para
concorrer à prefeitura de São Paulo no pleito de novembro seguinte.
Candidato a vice-presidente da República em 1989, na legenda
do PTB, em chapa encabeçada por Afonso Camargo, não logrou eleger-se. Consultor
de informática, em 1996 passou a dedicar-se ao chamado programa de prevenção ao
bug do ano 2000, de modo a solucionar problemas de configuração de
computadores cujos programas não previam mais de dois dígitos para o campo do
ano.
Em outubro de 1998, disputou uma vaga na Assembléia
Legislativa de São Paulo pela coligação formada pelo Partido Progressista
Brasileiro (PPB) e pelo Partido da Frente Liberal (PFL), obtendo, contudo, uma
suplência. No pleito de 2002 foi candidato a deputado federal pelo PPB, mas não
obteve êxito.
Foi também membro do Conselho de Economia da Federação do
Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio).
Casou-se com Neida Costabile Faria Lima, com quem teve quatro
filhos. Seu filho, Paulo Roberto Faria Lima, foi vereador em São Paulo.
Publicou Assessoria (1971), Regiões metropolitanas
(1973), Prevenir para proteger (1974) e Na busca do caminho certo
(1974).
FONTES: CÂM. DEP. Deputados;
CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1971-1975 e
1975-1979); CAMPOS, Q. Fichário; CORRESP. SUP. TRIB. MILITAR; Estado
de S. Paulo (25/11/74, 11/5/85, 19/7 e 2/10/86, 14/7/88); INF. BIOG.; Jornal
de Brasília (3/7/77); Jornal do Brasil (8/3, 28/4, 28/6 e 11/12/77,
21/5, 22/9, 11/10 e 21/11/78); NÉRI, S. 16; Perfil (1972); Política;
Portal da Fundação SEADE; TSE. Eleições (2002).