MACEDO, José
*rev. 1935.
José Macedo nasceu
em Santana de Matos (RN) no dia 1º de maio de 1902, filho de Luís Antônio de
Macedo e de Maria Olímpia de Macedo.
Funcionário público, foi tesoureiro da agência de Correios e
Telégrafos de Natal no governo do interventor Mário Câmara (1933-1935). Nessa
época, a situação do Rio Grande do Norte era de grande instabilidade política,
devido ao descontentamento popular com o governo e aos conflitos que opunham o
interventor à oligarquia local, chefiada pelo coronel José Augusto Bezerra de
Medeiros.
A
crise política continuou após a mudança de governo ocorrida em outubro de 1935,
quando tomou posse Rafael Fernandes, ligado à oligarquia local. Ao mesmo tempo,
a Aliança Nacional Libertadora (ANL), organização política criada em março de
1935, reunindo várias correntes oposicionistas e sob a liderança do Partido
Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB), articulava um
movimento revolucionário com a finalidade de lutar contra o imperialismo, o
latifúndio e o fascismo. O movimento seria iniciado com levantes militares em
várias regiões do país e deveria contar com o apoio da massa proletária.
Antecipando-se às ordens do PCB, os revoltosos do Rio Grande do Norte, em meio
à crise política local, deflagraram o levante no dia 23 de novembro de 1935,
apossando-se do 21º Batalhão de Caçadores (21º BC).
José Macedo tomou parte na revolta, que imediatamente dominou
Natal, aí instalando um Governo Revolucionário Popular. Na qualidade de
secretário de Finanças desse governo, Macedo participou de suas resoluções,
entre as quais a gratuidade dos transportes coletivos e a expropriação de 3.600
contos de réis da agência local do Banco do Brasil, valor que foi parcialmente
distribuído entre as tropas e a população. Além disso, o governo revolucionário
requisitou mantimentos para as tropas e a população e ocupou as cidades de
Ceará-Mirim, Baixa Verde, São José de Mipibu, Santa Cruz e Canguaretama, todas
no interior do Rio Grande do Norte.
No dia seguinte à eclosão da revolução, o movimento
estendeu-se a Recife, onde começou no 29º BC, alcançando o Rio de Janeiro,
então Distrito Federal, três dias depois, em 27 de novembro. Aí atingiu o 3º
Regimento de Infantaria da Praia Vermelha e a Escola de Aviação Militar no
Campo dos Afonsos, sempre com o objetivo de instalar um governo revolucionário
popular no país sob a direção da ANL. José Macedo permaneceu em Natal até essa
data, organizando junto com os outros integrantes do governo três colunas
revolucionárias com destino a Recife, Moçoró (RN) e Caicó (RN). Também
participou como supervisor de grupos de requisição de mantimentos. Entretanto,
ao tomar conhecimento de que o levante em Recife fora sufocado pelas tropas
fiéis ao governo, decidiu, juntamente com os demais revolucionários, abandonar
a cidade, que logo foi retomada pelas tropas legalistas, sendo o governador Rafael Fernandes reconduzido ao poder.
Após
resistir durante uma semana no interior do estado em Canguaretama, rendeu-se,
sendo detido pelas tropas legalistas junto com outros revolucionários em 23 de
novembro de 1935. Em março de 1936 desembarcou preso no Rio de Janeiro, no
mesmo grupo de revolucionários vindos do Norte e do Nordeste, entre os quais
encontrava-se o escritor Graciliano Ramos. Em 9 de agosto de 1938, foi
condenado pelo Tribunal de Segurança Nacional a uma pena de dez anos de
reclusão. Foi transferido no dia 11 de fevereiro de 1942 para a ilha Grande,
onde cumpriu o restante de sua pena.
FONTES: CAMPOS, R. Tribunal;
CARONE, E. República nova; COSTA, H. Insurreição; ENTREV.
DIAS, G.; LEVINE, R. Vargas; PACHECO, E. Partido; PESSANHA, E. Partido;
PINHEIRO, P. Estratégias; SEGATTO, J. Breve; SEGATTO, J. PCB;
SILVA, H. 1935; SILVA, H. 1937; VIANA, M. Revolucionários.