MAIA NETO, JOÃO CÂNDIDO
MAIA
NETO, João Cândido
*jornalista.
João Cândido Maia Neto nasceu em Porto Alegre no dia 5 de julho de 1922, filho de João Maia Filho e de Luísa Fonseca Maia. Seu
avô João Maia foi escritor, historiador, jornalista e teatrólogo.
Formado em medicina, tornou-se escritor, destacando-se
principalmente como jornalista político e radialista. Ao longo de 20 anos de
atividades, trabalhou no jornal Diário de Notícias (1944), dirigiu os
jornais A Hora (1954) e Diário da Noite (1957), trabalhou na MPM
propaganda (1960), foi diretor-presidente do semanário Panfleto e
articulista da revista PN, de orientação nacionalista (1964).
Em 1963, ingressou na rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro,
onde seus comentários políticos, publicados na coluna Por Um desde 1944,
eram lidos por um locutor da rádio. Em 31 de março de 1964, o movimento político-militar
culminou na deposição do então presidente da república, João Goulart, e na
instauração de uma ditadura militar no país. Nesse mesmo dia, o pronunciamento
de um discurso redigido pelo jornalista gaúcho foi considerado agressivo pelas
forças armadas, fato que teria motivado a invasão e extinção da rádio no dia
seguinte. No mesmo ano foi aberto um Inquérito Policial-Militar (IPM) para
apurar as “atividades subversivas” da Mayrink Veiga, que era acusada pelos
militares de incitar a luta de classes sociais e a luta entre e contra as
forças armadas.
Após o ocorrido, João Cândido refugiou-se na embaixada do
Uruguai e logo depois exilou-se neste país, onde permaneceu até 1968. Retornou
ao Brasil no final deste último ano e voltou a trabalhar na agência de
propaganda MPM. O IPM instaurado em 1964 acabou resultando no pedido de seu
julgamento em abril de 1967 e na posterior condenação a três anos de prisão em
1969. Desde a decisão da justiça, manteve-se na clandestinidade, escondendo-se
no próprio estado do Rio de Janeiro.
Com
base nos artigos 14 e 33 do Decreto-Lei nº 510, de 1969, um novo processo foi
aberto pela Justiça militar em abril de 1970 para denunciar João Cândido pela
publicação do livro Brasil: Guerra quente na América Latina, publicado em 1965
e em livre circulação até 1969, ano em que foi apreendido pelos militares.
Julgado em setembro de 1970, acabou sendo absolvido desta acusação em 1972. Seu
advogado alegou que a edição e publicação da obra antecediam o decreto-lei que
proibia a circulação de “obras criminosas”, pois fora feita num período onde
vigorava a liberdade de imprensa, além disso, não apresentava um conteúdo
propagandístico subversivo e sim opiniões e interpretações políticas sobre o
movimento político-militar de 1964. Em agosto de 1973, a promotoria ainda apelou ao STM na tentativa de condená-lo pela publicação da obra, mas a
acusação foi mais uma vez derrotada. Neste mesmo ano, o advogado de João
Cândido também recorreu à Justiça na tentativa de rever a condenação de 1969,
mas a decisão fora mantida até 1979, quando foi decretada a anistia geral para
os criminosos políticos.
Durante a clandestinidade e no período posterior, trabalhou
com tradução de livros para sobreviver.
Morreu no dia 18 de setembro de 1996.
Era casado com Regina Guaragna Maia.
Além
da obra Brasil: Guerra quente na América Latina (ensaio, 1965), que foi
publicada no Uruguai no mesmo ano com o título La crisis brasileña,
publicou as seguintes obras: História do Rio Grande do Sul — legendas de
história em quadrinhos (1962); Homem e progresso — a vida de A. J.
Renner (biografia, 1963); Coluna Por Um (crônicas, 1963).
FONTES: BANDEIRA,
L. Brizola; INF. Regina G. Maia; MAIA NETO, J. História.