MALAN,
Alfredo Souto
*militar; comte. IV Ex. 1968-1969; ch.
Depto. Prov. Ger. Ex. 1969-1971; ch. EME 1971-1972.
Alfredo Souto Malan nasceu
em Porto Alegre no dia 8 de junho de 1908, filho de Alfredo Malan D’Angrogne e
de Clementina Souto Malan D’Angrogne. Seu pai era natural de Gênova, Itália, e,
já naturalizado brasileiro, foi um dos signatários do manifesto que intimou o
presidente Washington Luís a renunciar logo após a eclosão do movimento
revolucionário de outubro de 1930. Foi também chefe do Estado-Maior do Exército
(EME) entre novembro de 1930 e março de 1931.
Alfredo Souto Malan iniciou sua vida militar aos 16 anos,
ingressando em abril de 1924 na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro,
então Distrito Federal, de onde saiu aspirante-a-oficial da arma de engenharia
em janeiro de 1929. Foi promovido a segundo-tenente em julho seguinte e a
primeiro-tenente em fevereiro de 1931. Fez o curso de especialização em
transmissões da Escola de Armas de 1933 a 1934 e em outubro desse último ano
foi promovido a capitão. Nessa patente fez os cursos da Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais em 1935 e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
(ECEME) entre 1939 e 1940. Promovido a major em dezembro de 1942, entre 1943 e
1945 serviu como adjunto do adido militar em Washington e integrou, durante
dois meses, a delegação brasileira que foi a São Francisco, também nos EUA,
para estabelecer as bases da Organização das Nações Unidas (ONU).
De volta ao Brasil em 1945, passou a instrutor da ECEME,
sendo promovido a tenente-coronel em dezembro do ano seguinte. Deixou a escola
em 1947, ao ingressar no curso da Escola Superior de Guerra na França, onde
também estagiou durante três meses em seu corpo de instrutores. Retornou ao
Brasil em 1949 e em junho desse ano passou a integrar o corpo permanente que
organizou a Escola Superior de Guerra (ESG) brasileira. De 1951 a 1952, já no
segundo governo do presidente Getúlio Vargas, comandou o Batalhão-Escola de
Engenharia. Neste último ano serviu durante alguns meses no gabinete do
ministro da Guerra, general Ciro do Espírito Santo Cardoso. Em setembro de 1952
foi promovido a coronel e dois meses depois assumiu o posto de subcomandante da
Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), sediada em Resende (RJ), onde
permaneceu até 1954.
Em
fevereiro deste último ano foi divulgado um documento assinado por 82 coronéis
e tenentes-coronéis, entre os quais Souto Malan, dirigido à alta hierarquia das
forças armadas em protesto contra a exigüidade de recursos destinados ao
Exército e a promessa governamental de elevar em 100% o salário mínimo. O
documento ficou conhecido como Manifesto dos coronéis e contribuiu decisivamente
para a demissão dos ministros Ciro do Espírito Santo Cardoso, da Guerra, e João
Goulart, do Trabalho. Em julho de 1954, Malan foi convidado para chefiar a 3ª
Seção do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA). Exerceu essa função até 1960,
quando assumiu a chefia da 7ª Região Militar (7ª RM), em Recife. Em novembro
desse último ano, foi promovido a general-de-brigada, permanecendo em Recife
como chefe do estado-maior do IV Exército.
Em
setembro de 1962 passou a ocupar o cargo de subchefe do EMFA, no Rio.
Partidário do movimento político-militar de março de 1964, que depôs o
presidente João Goulart, em maio desse ano deixou a subchefia do EMFA para
comandar a AMAN. Em julho foi promovido a general-de-divisão e em outubro, por
ocasião da visita do general Charles de Gaulle ao Brasil, foi designado pelo
ministro da Guerra, general Artur da Costa e Silva, para acompanhar o
presidente da França durante sua permanência no país. No final de 1964 passou a
comandar a 4ª Região Militar e a 4ª Divisão de Infantaria, ambas com sede em
Juiz de Fora (MG). Voltou ao Rio em 1967 para chefiar a Diretoria Geral de
Engenharia e Comunicações. Em março do ano seguinte passou a
general-de-exército e dois meses depois assumiu o cargo de comandante do IV
Exército, sediado em Recife, substituindo o general Rafael de Sousa Aguiar.
Ocupou esse comando até setembro de 1969, quando foi substituído pelo general
Artur Duarte Candal Fonseca.
Assumiu a chefia do Departamento de Provisão Geral do
Exército em outubro de 1969, substituindo o general Augusto César de Castro
Muniz Aragão. Em janeiro de 1971 passou o cargo para o general Artur Duarte
Candal Fonseca e nesse mesmo mês foi empossado na chefia do Estado-Maior do
Exército (EME), no lugar do general Antônio Carlos da Silva Murici. Na qualidade
de chefe do EME, fez uma série de declarações que tiveram grande repercussão.
Em abril de 1971, em cerimônia de entrega de espadas aos novos
generais-de-brigada, realizada no Quartel-General do Exército em Brasília,
alertou para o perigo do isolamento e da arrogância do poder e defendeu a
necessidade do diálogo para evitar um divórcio entre chefes e subordinados e
garantir a transmissão de idéias aos mais jovens. Em junho desse ano realizou
uma viagem de 20 dias à França e a Portugal, durante a qual visitou, como
convidado, a Exposição de Aeronáutica e Armamentos de Paris e estabeleceu
contatos com os exércitos francês e português, além de proferir diversas
conferências sobre o Brasil, destacando as realizações do movimento
político-militar de 1964.
Em
dezembro de 1971, mais uma vez em cerimônia de entrega de espadas aos novos
generais, proferiu um discurso no qual destacou a necessidade de que se
fortalecessem os quadros civis na cúpula do governo federal, para facilitar um
“desengajamento lento e progressivo dos militares”, que deveriam dar uma maior
dedicação às atividades profissionais. Em maio de 1972 deixou a chefia do EME,
passando para a reserva, e foi substituído no cargo pelo general Bruno Borges
Fortes. Em junho de 1975 tomou posse na Comissão de Publicações da Biblioteca
do Exército.
Foi também vice-presidente da Associação dos Amigos da Escola
Superior de Guerra da França.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 5 de novembro de 1982.
Foi casado com Heloísa Sampaio Malan, com quem teve cinco
filhos.
Publicou Uma escolha, um destino: vida do general Malan
D’Angrogne (1979).
FONTES: CHAGAS, C.
113; CORRESP. SECRET. GER. EXÉRC.; Grande encic. Delta; Jornal do Brasil (17/4,
25/6 e 18/8/71 e 11/6/75); MIN. GUERRA. Almanaque; Perfil (1972); Veja (22/12/71).