MARIN, José Maria
*gov. SP 1982-1983.
José Maria Marin nasceu
na cidade de São Paulo em 1932, filho de Joaquín Marin y Umañes, um dos
introdutores do boxe no Brasil na década de 1920.
Em
1955 formou-se em direito pela Universidade de São Paulo (USP). Custeou seus
estudos jogando futebol em clubes do interior paulista, chegando inclusive a
jogar no São Paulo Futebol Clube. Durante o período em que atuou num time de
futebol amador em Santo Amaro, tornou-se uma liderança do movimento de bairro.
Com a grande popularidade alcançada, no pleito de outubro de 1962 candidatou-se
a uma cadeira na Câmara de Vereadores de São Paulo, na legenda do Partido da
Representação Popular (PRP), agremiação liderada nacionalmente pelo líder
integralista Plínio Salgado. Eleito, assumiu o mandato em fevereiro do ano
seguinte. Em conseqüência da extinção dos partidos políticos pelo Ato
Institucional nº 2 (27/10/1965) e da posterior instauração do bipartidarismo,
filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao regime
militar instaurado no país em abril de 1964.
Reeleito em novembro de 1966, pela legenda da Arena, assumiu
o mandato em fevereiro do ano seguinte. Durante esta legislatura, foi eleito
presidente da Câmara de Vereadores, contando com o apoio do Movimento
Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar. No pleito
de novembro de 1966 candidatou-se à Assembléia Legislativa de São Paulo, pela
Arena, obtendo apenas uma suplência. Nos pleitos de novembro de 1970 e 1974,
elegeu-se deputado estadual, sempre pela legenda da Arena.
Em 1978 foi escolhido, pela convenção da Arena, candidato a
vice-governador de São Paulo, na chapa encabeçada por Paulo Salim Maluf, que o
considerava “seu irmão siamês na política”. No pleito indireto realizado no dia
1º de setembro de 1978, foi eleito pelo colégio eleitoral paulista. Com
o fim do bipartidarismo em novembro de 1979 e a conseqüente reformulação
partidária, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS), agremiação sucessora
da Arena. Em janeiro de 1982 foi eleito presidente da Federação Paulista de
Futebol, numa disputa acirrada com o então deputado estadual do PDS, Nabi Abi
Chedid, e que envolveu uma extensa malha de cabos eleitorais, formada por
dirigentes de clubes profissionais e ligas amadoras de São Paulo, além da
utilização da “máquina” administrativa do estado pelos dois candidatos.
José Maria Marin assumiu o Executivo estadual em maio de
1982, em virtude da desincompatibilização de Paulo Maluf, que seria candidato à
Câmara dos Deputados no pleito de novembro seguinte. Deixou o governo do estado
em março de 1983, sendo substituído por André Franco Montoro, do Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), agremiação sucessora do MDB, eleito
pelo voto direto em novembro do ano anterior.
Embora ainda ligado politicamente a Paulo Maluf, na ocasião
da disputa indireta pela sucessão do presidente João Batista Figueiredo
(1979-1985) — a emenda Dante de Oliveira, que propunha a eleição direta para a
presidência da República em novembro de 1984, não conseguiu obter o número de
votos indispensáveis à sua aprovação na Câmara dos Deputados —, José Maria
Marin aderiu ao grupo dissidente do PDS que apoiou Tancredo Neves, candidato
oposicionista vitorioso lançado pela Aliança Democrática, uma união do PMDB com
os dissidentes do PDS abrigados na Frente Liberal. Contudo, decidiu pelo apoio
a Tancredo em novembro de 1984, quando o candidato da Aliança Liberal estava
praticamente eleito, pois já contava com a maioria dos votos do Colégio
Eleitoral. Acompanhando o grupo dissidente do PDS, em 1985 filiou-se ao Partido
da Frente Liberal (PFL).
Nas
eleições municipais de novembro deste ano, decidiu apoiar a candidatura
vitoriosa de Jânio Quadros, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em
detrimento do escolhido pelo seu partido, o banqueiro Olavo Setúbal. Eleito
presidente regional do PFL em março de 1986, Marin foi acusado por Dirce Tutu
Quadros, filha de Jânio, de estar envolvido no desvio de uma grande soma de
recursos da campanha eleitoral do candidato petebista. Em junho desse ano
chefiou a delegação brasileira de futebol na Copa do Mundo, realizada no
México.
Retornando
ao Brasil, licenciou-se da Federação Paulista de Futebol para candidatar-se ao
Senado no pleito de novembro de 1986, pela legenda do PFL. Apesar de sofrer
pressões da direção nacional do seu partido, que era favorável ao apoio à
candidatura do empresário Antônio Ermírio de Morais, do PTB, ao governo do
estado no pleito de novembro, Marin passou a defender o apoio ao candidato do
PDS, Paulo Maluf, que acabou sendo o escolhido do partido na convenção de
julho, quando foi aprovada a coligação PFL-PDS. Contudo, o candidato do PMDB,
Orestes Quércia, foi o vencedor do pleito e Marin acabou sendo derrotado para o
Senado, pois as duas vagas em disputa ficaram com os dois candidatos do PMDB,
Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso.
Marin foi acusado diversas vezes de ter enriquecido durante
sua trajetória parlamentar e no Executivo estadual e de utilizar o futebol para
fins político-eleitorais. Segundo Nabi Abi Chedid, durante sua gestão no
Executivo estadual “facilitou empréstimos da Caixa Econômica Estadual a
empresas em situação econômico-financeira difícil, aliciou votos para a sua
candidatura [à Federação] utilizando-se da Secretaria de Esportes e Turismo do
Estado, além de ter nomeado funcionários e distribuído dinheiro do governo para
favorecer presidentes de clubes e ligas”. Em 1988 comprou, em São Paulo, um apartamento dúplex de dois mil metros quadrados, avaliado em dois milhões de
dólares.
Em janeiro de 1989 foi empossado na diretoria de relações
exteriores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em junho deste ano foi
condenado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo a devolver uma
soma relativa a gastos irregulares efetuados com festas, recepções e jantares,
durante sua gestão no governo estadual.
No pleito de outubro de 1990, candidatou-se a uma cadeira na
Câmara dos Deputados, pela legenda do PFL, mas não obteve sucesso. Em 2000, candidatou-se
à prefeitura de São Paulo na legenda do Partido Social Cristão (PSC), obteve
9.691 votos insuficientes para ser eleito. Em outubro de 2002 disputou sem
êxito uma vaga ao Senado por São Paulo na legenda do PSC. Em 2007 filiou-se ao
PTB. No ano seguinte tornou-se vice-presidente da Confederação Brasileira de
Futebol (CBF) para a região sudeste.
Casou-se com Neusa Marin, com quem teve um filho.
Marcelo Costa
FONTES: CÂM. DEP. Deputados
brasileiros (1991-1995); Estado de S. Paulo (21 e 23/5/86, 22/1/89);
Folha de S. Paulo (17/5, 21/9 e 13/11/86, 30/6/89); TRIB. SUP. ELEIT.
Dados estatísticos (1966, 1970, 2000, 2002); Veja (16/12/81,
13/1/82, 1/1 e 12/3/86).