GANDRA, Mauro
*militar; min. Aer.
1995.
Mauro José Miranda Gandra
nasceu no dia 16 de abril de 1933 no Rio de Janeiro, então Distrito Federal,
filho de José Fernandes Gandra e de Amandina de Miranda Gandra.
Sentou praça em maio de 1949 e foi declarado aspirante-a-oficial
em dezembro de 1954. Passou a segundo-tenente em junho de 1955 e, em julho de 1957, a primeiro-tenente. Em janeiro de 1962 foi promovido a capitão, tornando-se ajudante de ordens
do ministro da Aeronáutica entre julho de 1965 e março de 1967, quando alcançou
o posto de major.
Em julho de 1970 foi promovido a tenente-coronel, vindo a
servir no Gabinete Militar da Presidência da República de março de 1971 a março de 1974, durante o governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). Em fevereiro
do ano seguinte assumiu o cargo de subcomandante da base aérea do Galeão, no
Rio de Janeiro, no qual permaneceu até janeiro de 1977. Assumiu então o comando
do Grupo de Transporte Especial, que deixaria em fevereiro de 1979.
Promovido a coronel em agosto de 1978, de dezembro de 1979 a julho de 1980 ficou lotado no gabinete do ministro da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Délio
Jardim de Matos. Em março de 1983 alcançou a patente de brigadeiro-do-ar,
assumindo o comando da Escola de Comando do Estado-Maior da Aeronáutica
(Ecemar), no qual permaneceria até agosto de 1985. Em julho de 1988 foi
promovido a major-brigadeiro-do-ar.
Em abril de 1991 tornou-se titular da Secretaria de Economia
e Finanças da Aeronáutica. Em novembro desse mesmo ano, atingiu o mais elevado
posto do quadro de oficiais-aviadores da ativa da Aeronáutica, ao ser promovido
a tenente-brigadeiro-do-ar. Deixou a secretaria em agosto de 1992 para tomar
posse na diretoria geral do Departamento de Aviação Civil (DAC). Em agosto de
1994 passou a acumular este cargo com o de chefe do Estado-Maior da
Aeronáutica. Deixou ambos em dezembro de 1994 para assumir a pasta da
Aeronáutica no governo de Fernando Henrique Cardoso, iniciado em 1º de janeiro
de 1995, em substituição a Lélio Viana Lobo.
No Ministério da Aeronáutica
Ao assumir a pasta, a implantação do Sistema de Vigilância da
Amazônia (Sivam) era considerada tarefa prioritária pelo governo. Seu
antecessor e o então chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mário César
Flores, haviam comandado o processo de escolha da empresa para fornecer os
equipamentos ao projeto militar ganho pela norte-americana Raytheon e
tomavam-se medidas para a sua implantação. Iniciou-se, entretanto, uma série de
denúncias de irregularidades no Sivam que levou à criação de uma supercomissão
do Senado para averiguá-las. As suspeitas atingiam os principais atores do
projeto — o próprio Ministério da Aeronáutica, a Raytheon e a Esca, empresa
brasileira escolhida em 1993 pelo governo para gerenciar a implantação do Sivam
— e apontavam irregularidades que iam desde contratações sem concorrência
pública sob alegação de “segurança nacional” até falta de transparência na
elaboração do sistema e acusações de suborno e fraude.
Em
maio, a Esca foi retirada da parceria com a Raytheon por ter fraudado a
Previdência. A divulgação de uma conversa gravada pela Polícia Federal entre o
comandante José Afonso Assunção, representante da Raytheon no Brasil e dono da
Líder Táxi Aéreo, e o embaixador Júlio César dos Santos a respeito da transação
para a renovação da frota que servia aos ministros apontava um provável
envolvimento de Mauro Gandra com o empresário. Durante o governo José Sarney
(1985-1990), Assunção fora beneficiado pelo Ministério da Aeronáutica na venda
de aviões ao governo federal sem concorrência pública, sob o argumento de que
se tratava de uma questão de segurança nacional. Na época Assunção representava
a americana Learjet e comandou o lobby para que o negócio tivesse êxito.
Na assessoria do Ministério da Aeronáutica já estavam, na época, pessoas que
viriam a defender o projeto do Sivam: os brigadeiros Lélio Viana Lobo e Mauro
Gandra, ambos amigos de Assunção.
Diante deste quadro, Mauro Gandra pediu demissão do cargo em
19 de novembro de 1995, transmitindo a pasta ao brigadeiro Lélio Viana Lobo,
que a ocupara entre 1990 e 1995, em solenidade fechada em seu gabinete no dia
21 de novembro e em meio à crise provocada na Aeronáutica por sua saída.
Durante a cerimônia, dois Mirages da FAB cruzaram o céu de Brasília para homenageá-lo.
Em 1998, foi eleito diretor-presidente do Sindicato Nacional
das Empresas Aeroviárias (SNEA) para um mandato de três anos, encerrado em
2000. Tornou-se membro do Conselho Superior do Instituto Histórico e Cultural
da Aeronáutica (Incaer), do Conselho de Administração da Companhia
Eletromecânica GE (GE/Celma), do Conselho de Turismo da Confederação Nacional
do Comércio, bem como diretor-presidente do Instituto do Ar da Universidade
Estácio de Sá e vice-presidente do Conselho Empresarial de Assuntos
Estratégicos da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Ao
longo de sua carreira militar Mauro Gandra freqüentou os cursos de tática
anti-submarino, de formação de oficiais aviadores, de aperfeiçoamento de
oficiais, de comando e estado-maior, de preparação de instrutores da Escola de
Comando do Estado-Maior da Aeronáutica (Ecemar), bem como o curso de altos
estudos de política e estratégia da Escola Superior de Guerra (ESG) e o curso
superior de comando.
Ocupou
ainda, entre outros, os cargos de instrutor da Escola de Aeronáutica e do
Centro de Instrução Almirante Marques Leão, o de oficial de suprimento do 1º
Grupo de Aviação Embarcada e o de chefe da Divisão de Material e da Comissão
Aeronáutica Brasileira em Londres. Exerceu também o cargo de subdiretor de
Suprimento da Diretoria de Material da Aeronáutica e o de diretor das
diretorias de Material Bélico e de Material da Aeronáutica.
Casou-se
com Iara Maria de Miranda Cezimbra Gandra, com quem teve um casal de filhos.
Sobre o biografado foi publicado o livro Mauro Gandra
(2005).
Publicou,
em co-autoria, Transformando crise em oportunidade: diagnóstico e bases para
um plano de desenvolvimento da aviação brasileira (com segurança) (2007) e Logística
e transporte no processo de globalização (2007).
Sônia Zylberberg
FONTES: CURRIC. BIOG.; Folha
de S. Paulo (22/11 e 11/12/95); Globo (22/11/95); Jornal do
Brasil (22/11/95); Incaer. Internet; Rota Aérea. Entrevista.