MEDEIROS,
Flávio Figueiredo de
*militar; comte-em-ch. Esquadra 1946-1949; ch. EMA
1949-1951.
Flávio Figueiredo de Medeiros nasceu na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império,
no dia 25 de setembro de 1887, filho de Lírio Antônio de Medeiros,
oficial-general do Exército.
Após concluir o curso do Colégio Militar do Rio de Janeiro,
foi admitido em abril de 1904 como aspirante-a-guarda-marinha na Escola Naval,
também no Rio de Janeiro, sendo promovido em novembro do ano seguinte a
guarda-marinha aluno e, finalmente, em dezembro de 1906, a guarda-marinha.
Promovido a segundo-tenente no início de janeiro de 1908,
desligou-se da Escola Naval nesse mesmo mês, sendo designado para embarcar no
navio-escola Benjamim Constant, que partiria em viagem de circunavegação ao
longo do ano. Ao regressar, foi designado para servir no Batalhão Naval em
dezembro de 1908. Em fevereiro do ano seguinte, já desligado do Batalhão Naval,
apresentou-se a bordo do torpedeiro Goiás e, em abril, viajou à Europa para
realizar estudos de aperfeiçoamento. Em setembro de 1910, foi nomeado para
embarcar no vapor de guerra Carlos Gomes, sendo transferido em novembro
seguinte para o contratorpedeiro Alagoas. Em maio de 1911 passou para o vapor
de guerra Andrada e, em junho, transferiu-se para o encouraçado São Paulo.
Serviu no cruzador Rio Grande do Sul em fevereiro de 1913 e, em julho desse
ano, passou para o contratorpedeiro Paraná, atuando ainda no Corpo de Marinheiros
Nacionais. Em agosto seguinte foi promovido a primeiro-tenente.
Em fevereiro de 1914, alguns meses antes da eclosão da
Primeira Guerra Mundial (1914-1918), serviu sob as ordens do contra-almirante
von Rubem Deskunity, comandante da Divisão Naval Alemã. Em abril desse mesmo
ano, passou para o scout Bahia, voltando a servir no encouraçado São Paulo em
janeiro de 1915. Desembarcando em julho de 1916, foi nomeado ajudante-de-ordens
do inspetor de Marinha. Exonerado desse cargo em março de 1919, em abril
seguinte foi nomeado assistente e ajudante-de-ordens do contra-almirante
Henrique Boiteux na Comissão de Inspeção dos Estabelecimentos Navais. Em
dezembro desse ano serviu na Diretoria de Hidrografia da Superintendência de
Navegação, desligando-se dessa função em março de 1920 para engajar-se no
Benjamim Constant. Em junho retornou à Superintendência de Navegação, onde
serviu por poucos dias, pois foi designado em seguida imediato do
aviso-faroleiro Tenente Lahmeyer. Nomeado mais uma vez em novembro de 1920
ajudante-de-ordens do inspetor de Marinha, exerceu essa função até fevereiro do
ano seguinte, quando embarcou no Rio Grande do Sul. Em março de 1921
matriculou-se na Escola Profissional de Artilharia, que cursaria até dezembro
do mesmo ano. Nesse ínterim foi promovido a capitão-tenente em outubro de 1921.
Embarcou
no encouraçado Minas Gerais em fevereiro de 1922 e recebeu o comando da 5ª
Divisão desse vaso de guerra. Em 6 de julho desse mesmo ano participou do
bombardeio ao forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde oficiais e praças se
haviam insurgido contra a eleição de Artur Bernardes à presidência da República
e as punições impostas pelo governo de Epitácio Pessoa aos militares, com o
fechamento do Clube Militar e prisão do marechal Hermes da Fonseca. Esse
movimento iniciou o ciclo de revoltas tenentistas da década de 1920.
Em julho de 1923, foi designado instrutor de artilharia da
turma de guardas-marinhas, embarcando no encouraçado Minas Gerais. Exerceu a
função até setembro seguinte e, nomeado em dezembro instrutor de praças da
Escola Profissional de Artilharia, assumiu o cargo em fevereiro de 1924,
exercendo-o até dezembro do mesmo ano.
Em 5 de julho de 1924 irrompeu em Sergipe, Amazonas e São
Paulo a segunda revolta tenentista, a qual foi dominada com rapidez nos dois
primeiros estados. Em São Paulo, contudo, os rebeldes ocuparam a capital por
três semanas, abandonando depois a cidade e deslocando-se para o interior. Em
julho seguinte, Flávio de Medeiros foi designado para fazer parte da força de desembarque
que deveria operar em terra em caso de perturbação da ordem pública, sendo
dispensado dessa função em agosto do mesmo ano.
Em
dezembro de 1924, embarcou no São Paulo assumindo a função de comandante da 4ª
Divisão do navio. Em março do ano seguinte serviu como ajudante na Escola de
Grumetes, onde permaneceria até março de 1926. Assumiu então a função de
ajudante do corpo de alunos da Escola Naval, exercendo-a até outubro do mesmo
ano. Foi mantido como instrutor do Departamento de Artilharia devido a uma
nomeação em setembro de 1926 e, em abril de 1927, tornou-se instrutor de
Marinha na Escola Naval, passando a atuar como encarregado geral de artilharia
a bordo do cruzador Bahia em fevereiro de 1929. Em maio do ano seguinte
escoltou, juntamente com o cruzador Rio Grande do Sul, o presidente eleito
Júlio Prestes de Albuquerque, de Santos (SP) até o Rio de Janeiro, de onde
seguiu para Nova Iorque.
Foi
a bordo do Bahia que Flávio de Medeiros participou da resistência à Revolução
de 1930, que depôs o presidente Washington Luís e colocou Getúlio Vargas no
poder. Em 5 de outubro de 1930, o navio saiu do Rio de Janeiro com destino a
Florianópolis para operar contra as forças rebeldes, rumando quatro dias depois
com destino a Imbituba (SC) para proteger o desembarque da tropa embarcada no
transporte Itaquera, o que acabou não ocorrendo. No dia 17 de outubro o Bahia
partiu para fazer um reconhecimento na baía das Tijucas, onde se suspeitava
haver uma concentração de rebeldes, abrindo fogo para depois regressar, sem
nada ter constatado. Em 26 de outubro aportou no Rio de Janeiro e, três dias
depois, Flávio de Medeiros foi designado oficial de tiro da Divisão de
Cruzadores, assumindo em dezembro de 1930 o cargo de imediato do Bahia, função
que exerceu até março do ano seguinte. Em maio passou a servir no Estado-Maior
da Armada (EMA), atuando na Divisão de Operações até abril de 1932, quando
passou a exercer a função de encarregado de artilharia do Minas Gerais. Ainda
nesse mês foi promovido a capitão-de-corveta.
Em janeiro de 1933, dispensado de suas funções no Minas
Gerais, iniciou o curso de comando da Escola de Guerra Naval, que concluiu em
dezembro. Em fevereiro do ano seguinte assumiu o comando do contratorpedeiro
Mato Grosso, substituindo em novembro de 1934 o capitão-de-corveta Otávio
Figueiredo de Medeiros no cargo de assistente do comando do II Distrito Naval,
sediado na Bahia. A partir de janeiro de 1935 respondeu pelo comando da Escola
de Aprendizes Marinheiros de Santa Catarina e, cumulativamente, pelo cargo de
capitão dos portos desse estado.
Promovido
em fevereiro de 1936 a capitão-de-fragata, foi designado auxiliar de ensino da
Escola Naval, assumindo no mês seguinte a função de chefe da Seção de
Estratégia. Tornou-se comandante do cruzador Bahia em fevereiro de 1938, tendo
permanecido como tal até janeiro do ano seguinte, quando voltou a servir no
EMA. Em março de 1939 passou para a Escola de Guerra Naval como auxiliar de
ensino, chefiando em janeiro do ano seguinte a Seção de Tática desta escola. Promovido
a capitão-de-mar-e-guerra em dezembro de 1940, foi então dispensado da função
de auxiliar de ensino e designado para exercer a de vice-diretor a partir de
janeiro de 1941, permanecendo no cargo até outubro do mesmo ano.
Em novembro de 1941 passou a chefiar o Estado-Maior da
Esquadra, à frente do qual se manteve até maio de 1943, quando foi nomeado
chefe do Estado-Maior do Comando Naval do Centro, exercendo a função até abril
do ano seguinte. Chefiou também, a partir de maio de 1944, o estado-maior do Comando
Naval do Nordeste, sediado em Recife, sendo promovido a contra-almirante em
dezembro desse ano. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em janeiro de 1945,
sendo designado para o Comando Naval de Mato Grosso, onde permaneceu até
novembro do mesmo ano, quando foi nomeado comandante naval do centro.
Promovido
a vice-almirante em abril de 1946, ainda nesse mês foi nomeado diretor-geral da
Marinha Mercante, à qual serviu até outubro seguinte, sendo então designado
comandante-em-chefe da Esquadra em substituição ao vice-almirante Adalberto
Lara de Almeida. Exerceu essa função até março de 1949, quando foi substituído
pelo vice-almirante Raul de San Tiago Dantas e passou a chefiar o EMA em
substituição ao vice-almirante Adalberto Lara de Almeida. Em outubro seguinte
foi nomeado ministro interino de Estado dos Negócios da Marinha durante o
impedimento do almirante-de-esquadra Sílvio de Noronha.
Promovido a almirante-de-esquadra em março de 1950, foi
também nomeado vice-presidente do Conselho do Almirantado, exonerando-se em
abril de 1951 do cargo de chefe do EMA, no qual o substituiu o
almirante-de-esquadra Raul de San Tiago Dantas. Nessa mesma data passou a
exercer o cargo de vice-presidente do Conselho do Almirantado, onde permaneceu
até outubro de 1951. Nomeado membro da delegação do Brasil à Junta
Interamericana de Defesa, em Washington, chegou à capital norte-americana em
novembro de 1951 e, em outubro do ano seguinte, foi exonerado do cargo,
regressando ao Brasil somente em março de 1953. Nomeado em julho desse ano para
presidir o Conselho de Justificação requerido pelo vice-almirante Carlos Pena
Boto, em agosto foi promovido a almirante e transferido para a reserva
remunerada, sendo reformado em setembro de 1957 por haver atingido a idade
limite.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 10 de janeiro de 1963.
FONTES: CONSULT.
MAGALHÃES, B.; CORRESP. SERV. DOC. GER. MAR.; Encic. Mirador; FICHÁRIO PESQ. M.
AMORIM; MIN. MAR. Almanaque (1953); SERV. DOC. GER. MARINHA; SOC. BRAS.
EXPANSÃO COMERCIAL. Quem.