MOTA, VALDEMAR DE ARAÚJO
MOTA, Valdemar de Araújo
*militar; const.
1934.
Valdemar de Araújo Mota
nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 14 de novembro de 1894,
filho de Alberto Mota e de Maria de Araújo Mota.
Fez
seus primeiros estudos no Ginásio São Bento e no Externato Aquino, ingressando
depois na Escola Naval do Rio de Janeiro e tornando-se guarda-marinha em abril
de 1912. Foi promovido a segundo-tenente em janeiro de 1916 e a
primeiro-tenente em outubro de 1918.
Em
1924 participou, juntamente com seu sogro, o almirante reformado Henrique
Saddock de Sá — um dos líderes do movimento — da conspiração encabeçada pelo
capitão-de-mar-e-guerra Protógenes Guimarães, que tinha a finalidade de
sublevar a Esquadra para depor o governo Artur Bernardes (1922-1926), em apoio
aos militares rebeldes paulistas e gaúchos. Com a prisão de Protógenes ainda na
fase conspirativa, o movimento limitou-se ao levante do encouraçado São
Paulo, deflagrado em novembro por oficiais da Marinha liderados pelo
tenente Herculino Cascardo. Os rebeldes deslocaram-se com o navio para
Montevidéu, de onde foram juntar-se aos revoltosos que haviam sublevado
guarnições militares no Rio Grande do Sul, em outubro. Por sua atuação nessa revolta, Valdemar de Araújo Mota foi condenado a dois anos e
meio de prisão. Posteriormente foi promovido a capitão-tenente, ato com
validade retroativa a março de 1925.
Integrou a Comissão de Limites do Brasil com a Argentina de
setembro de 1929 a janeiro de 1931, quando foi designado chefe da seção de
pessoal subalterno da Diretoria da Armada. No ano seguinte passou a exercer as
funções de oficial-de-gabinete do ministro da Marinha, Protógenes Guimarães.
Nesse período participou do Clube 3 de Outubro, organização criada em maio de
1931, congregando as correntes tenentistas partidárias da manutenção e
aprofundamento das reformas instituídas pela Revolução de 1930.
Em maio de 1933 elegeu-se deputado à Assembléia Nacional
Constituinte pelo Distrito Federal na legenda do Partido Autonomista. Tomou
posse em novembro desse mesmo ano e foi escolhido quarto-secretário da Assembléia.
Participou dos trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova Carta
(16/7/1934) e eleição do presidente da República no dia seguinte, permaneceu no
exercício do mandato até maio de 1935. Em setembro desse mesmo ano deixou o
cargo de oficial-de-gabinete do ministro Protógenes, passando a
capitão-de-corveta. Em 1942 foi promovido a capitão-de-fragata e no ano
seguinte assumiu a direção geral do Departamento de Educação Física da Marinha,
passando a integrar o Conselho Nacional de Desportos. Nesse mesmo ano
participou do I Congresso Interamericano de Educação Física realizado no Rio de
Janeiro.
Ainda
durante a década de 1940 foi membro do diretório central e presidente da
comissão de delegados da Liga de Defesa Nacional (LDN), associação civil
fundada em setembro de 1916 no Rio de Janeiro por Olavo Bilac, Pedro Lessa e
Álvaro Alberto, entre outros. Segundo sua própria definição, a liga tinha como
objetivo central congregar brasileiros de todas as classes, fundido “a educação
cívica, o amor à justiça e o culto do patriotismo”.
Foi
também comandante do navio-mineiro Cananéia e imediato do
navio-escola Almirante Saldanha, no qual percorreu vários países da
Europa, África e América do Sul. Comandou ainda o contratorpedeiro Piauí
e o encouraçado Minas Gerais, foi assistente da Flotilha de
Contratorpedeiros e segundo comandante do Corpo de Marinheiros. Foi comandante
da Escola de Aprendizes Marinheiros de Natal, capitão dos portos, membro da
comissão organizadora e instaladora da base naval naquela capital, capitão dos
portos do Distrito Federal e, como delegado do Trabalho Marítimo, promoveu a
regulamentação da estiva do Distrito Federal e do Rio de Janeiro. Foi ainda
diretor do Serviço de Reserva Naval, subsecretário da Marinha, encarregado da
comissão de sindicância da Diretoria de Pessoal da Marinha e chefe de pessoal e
comandante da Escola Almirante Wandenkolk. Dirigiu também a Escola de Guerra
Naval na qual realizara o curso de comando, tendo feito ainda o curso de
especialização em armamento e artilharia. Na carreira militar chegou à patente
de contra-almirante.
Casou-se com Ecila Saddock de Sá Mota, com quem teve
quatro filhos.
FONTES: ANDREA, J. Marinha;
ARQ. CLUBE 3 DE OUTUBRO; CÂM. DEP. Deputados; Câm. Dep. seus
componentes; FUND. GETULIO VARGAS. Cronologia da Assembléia (13/11/33
e 27/2/34); GODINHO, V. Constituintes; HIRSCHOWICZ, E. Contemporâneos;
Histórico; MIN. MAR. Almanaque (1927); SILVA, H. 1922.