NOGUEIRA,
José Bonifácio Coutinho
*pres. UNE 1946-1947.
José Bonifácio Coutinho Nogueira nasceu na cidade de São Paulo no dia 3 de dezembro de 1923,
filho de Paulo Nogueira Filho e de Regina Coutinho Nogueira, descendentes de
famílias abastadas e tradicionais. Revolucionário em 1930 e em 1932, seu pai
foi deputado federal de 1935 a 1937, constituinte em 1946 e novamente deputado
federal de 1946 a 1951.
José
Bonifácio Nogueira estudou no Colégio São Bento e no Colégio Rio Branco, em sua
cidade natal. Ingressando na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo,
aí participou da direção da Frente Acadêmica pela Democracia e foi signatário
do Manifesto à nação contra o Estado Novo, divulgado em novembro
de 1943 pelo Centro Acadêmico 11 de Agosto. Durante dois anos foi redator-chefe
do mensário América, editado pelos estudantes.
Filiado
à recém-criada União Democrática Nacional (UDN), em julho de 1946, por ocasião
do IX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), elegeu-se presidente da
entidade, confirmando o predomínio de seu partido no movimento estudantil
inaugurado na gestão anterior, de Ernesto Bagdócimo. Assumiu o cargo em
setembro do mesmo ano, desenvolvendo em sua gestão atividades de caráter
assistencialista como a criação de restaurantes e de entidades estudantis.
Criou também o balé da UNE e reativou o teatro da UNE, dirigido por Sérgio
Cardoso. Em 1947 deixou a presidência da entidade, sendo substituído por
Roberto Gusmão. Nesse mesmo ano concluiu os estudos universitários, bacharelando-se
em direito.
Em
1951 fundou a Companhia de Administração e Representações Ester, tornando-se
seu diretor-superintendente e de 1956 a 1961 presidiu a Associação Paulista de
Criadores de Bovinos. Em 1959 assumiu a Secretaria de Agricultura do Estado de
São Paulo a convite do governador Carlos Alberto de Carvalho Pinto. No ano
seguinte fundou e foi diretor-presidente da Cooperativa de Cafeicultores de
Campinas, assumindo também a direção da UDN paulista.
Como secretário de Agricultura, elaborou o projeto de revisão
agrária, transformado em lei estadual em dezembro de 1960. Criou e organizou
ainda o Centro de Abastecimento da Capital (Ceasa), obra pioneira no Brasil, e
implantou a rede paulista de silos e armazéns da Companhia de Armazéns Gerais
do Estado de São Paulo (CAGESP). Foi responsável pelo aumento do número de
postos de mecanização, pela construção de trezentas casas da lavoura, pelos
planos de colonização de glebas nos municípios de Campinas, Jaú e Marília, pelo
início das obras do Jardim Botânico de São Paulo e por um plano de
reflorestamento que promoveu o plantio de 60 milhões de árvores.
Deixando a Secretaria de Agricultura em 1962, concorreu ao
governo do estado de São Paulo na legenda da Frente Popular, coligação formada
pela UDN, o Partido Republicano (PR), o Partido Democrata Cristão (PDC), o
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido de Representação Popular
(PRP). Embora apoiado pelo governador Carvalho Pinto, perdeu a eleição para
Ademar de Barros, candidato do Partido Social Progressista (PSP) e do Partido
Social Democrático (PSD), ficando Jânio Quadros como segundo colocado. Em 1963
tornou-se diretor-gerente do Banco Comercial de São Paulo e diretor do Grupo
Anhumas S.A. o qual posteriormente presidiria. Com a extinção dos partidos
políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do
bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de
sustentação do regime militar instalado no país em abril de 1964, de cujo
gabinete executivo foi membro em São Paulo.
Em 1965 tornou-se membro do Conselho Nacional de Economia por
nomeação do presidente Humberto Castelo Branco e no ano seguinte tornou-se
presidente da comissão consultiva bancária do Banco Central do Brasil. Em 1968,
no governo de Roberto de Abreu Sodré, ocupou o cargo de presidente da Fundação
Padre Anchieta — Centro Paulista de Rádio e TV Educativa, permanecendo no cargo
até 1972, quando tornou-se vice-presidente do Banco Comercial de São Paulo. Em
1975, no governo de Paulo Egídio Martins, tornou-se secretário de Educação e,
cumulativamente, no ano seguinte, secretário da Cultura, Ciência e Tecnologia.
Abandonando a vida pública, em 1979 fundou e passou a
presidir a Empresa Paulista de Televisão (Eptv), afiliada e associada à Rede
Globo de Televisão e proprietária da TV Campinas, TV Ribeirão, TV Central e de
suas subsidiárias. Em 1994 a Eptv passou a se chamar Empresa Pioneira de
Televisão, passando a atuar também no sul de Minas e região.
Tornou-se ainda membro do Conselho Agrícola do Estado de São
Paulo, da Associação dos Usineiros do Estado de São Paulo, da Ordem dos
Advogados do Brasil, do Conselho de Administração da Destilaria Unialco e
presidente do Conselho Nacional de Propaganda e da Comissão Coordenadora da
Criação do Cavalo Nacional (CCCCN), vinculada ao Ministério da Agricultura. Foi
também presidente da Fundação Crespi Prado, da Sociedade Harmonia de Tênis e do
Jóquei Clube de São Paulo e pertenceu ao conselho curador de vários museus,
entre eles o Museu Lasar Segall e o Museu de Arte Moderna.
Faleceu
em São Paulo no dia 9 de janeiro de 2002.
Casou-se
com Maria Teresa de Castro Prado Coutinho Nogueira, com quem teve seis filhos.
Publicou Terras do Hudson e do Potomac e Trabalhando
pela pecuária leiteira (1958).
FONTES: COUTINHO,
A. Brasil; Cruzeiro (1/9/62); DCE LIVRE ALEXANDRE VANUCHI LEME.
Elementos; INF. BIOG. Manchete; Movimento (7/46); Perfil
(1975); SÃO PAULO. Quem; SOC. BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem;
Súmulas; Who’s who in Brazil.