NORONHA,
Sílvio de
*militar; comte.-em-ch. Esquadra 1946; ch. EMA 1946;
min. Mar. 1946-1951.
Sílvio de Noronha nasceu
no Rio de Janeiro, então capital do Império, no dia 11 de maio de 1884, filho
do almirante Júlio César de Noronha e de Hércia Costa de Noronha. Seu pai foi
ministro da Marinha entre 1902 e 1906, e seu primo, o contra-almirante José
Isaías de Noronha, foi membro da Junta Governativa Provisória que assumiu o
poder em 24 de novembro de 1930, após a destituição do presidente Washington
Luís, e ministro da Marinha em 1930.
Sílvio
de Noronha estudou no Colégio Militar do Rio de Janeiro de 1896 a 1901,
sentando praça em abril de 1902 ao ingressar na Escola Naval. Promovido a
segundo-tenente em dezembro de 1905, deixou a escola em janeiro do ano seguinte
para servir no encouraçado Aquidabã e no navio-escola Benjamim Constant. Em
1907 serviu no navio-escola Caravelas e nos encouraçados Deodoro e Floriano, neste
último como encarregado de navegação.
Embarcou
no cruzador Barroso em julho de 1908, seguindo viagem até Natal. Em junho de
1909 viajou para a Europa nessa embarcação, em missão de fiscalização da
construção de navios, regressando ao Brasil em novembro de 1910. No mês
seguinte foi nomeado ajudante-de-ordens do inspetor do Arsenal de Marinha do
Rio de Janeiro, alcançando o posto de primeiro-tenente em maio de 1911.
Encarregado de navegação do contratorpedeiro Piauí em maio de 1913, em abril de
1914 foi designado para o navio-escola Tamandaré, quando fez o curso de
artilharia. Em outubro de 1917 voltou a embarcar no cruzador Barroso, que, em
virtude da proclamação do estado de guerra no país devido à Primeira Guerra
Mundial (1914-1918), passou a integrar a Divisão Naval do Sul, envolvida em
operações de guerra. Tornou-se encarregado de artilharia do navio em dezembro
do mesmo ano, sendo nomeado encarregado da Seção de Artilharia da Diretoria de
Armamento, ao desembarcar, em março de 1918. A partir de agosto tornou-se
ajudante da Seção de Espingardeiros e em outubro foi promovido a
capitão-tenente. No mês seguinte foi designado para o encouraçado Minas Gerais,
recebendo o comando da quinta torre.
Depois
de servir no encouraçado norte-americano Florida, em setembro de 1920
freqüentou cursos sobre os instrumentos Ford range keepers, na Ford Instrument
School, em Nova Iorque. Retornando ao Rio de Janeiro a bordo do Minas Gerais em
setembro de 1921, em julho de 1922, ainda no encouraçado, combateu o levante deflagrado
no forte de Copacabana em protesto contra o governo federal — movimento que
teve a participação também da Escola Militar e da Vila Militar do Rio,
iniciando o ciclo de revoltas tenentistas da década de 1920. Em outubro de 1922
representou o governo brasileiro na posse do presidente argentino Marcelo
Alvear, deixando em 1923 o Minas Gerais para servir como instrutor de oficiais,
suboficiais e praças. Em março de 1924 tornou-se oficial de ligação junto à
Missão Naval Americana do Rio de Janeiro, mas em novembro retornou ao Minas
Gerais para combater o levante do encouraçado São Paulo, deflagrado por
oficiais da Marinha sob a liderança do tenente Herculino Cascardo.
Promovido
a capitão-de-corveta em maio de 1925, foi desligado da Missão Naval Americana para
assumir sucessivamente os cargos de encarregado-geral de artilharia e de
oficial de tiro no Minas Gerais, onde ficou até 1929. De fevereiro a novembro
de 1930, fez o curso de comando da Escola Naval de Guerra, tornando-se em
seguida assistente de direção do Arsenal de Marinha. Após a Revolução de 1930,
que levou Getúlio Vargas ao poder, serviu junto ao Estado-Maior da Armada
(EMA), de janeiro a março de 1931, assumindo no mês seguinte o cargo de
segundo-comandante do Minas Gerais. Em novembro de 1932 foi promovido a
capitão-de-fragata e em novembro de 1933 deixou suas funções no Minas Gerais.
No
mês seguinte viajou para Barrow-in-Furnes, na Inglaterra, chefiando a comissão
fiscalizadora da construção do navio-escola Almirante Saldanha da Gama, para o
qual fora nomeado comandante no mês anterior. Em julho de 1934 partiu em viagem
de instrução no Almirante Saldanha da Gama, com os segundos-tenentes e
guardas-marinhas, e desembarcou no Rio de Janeiro em outubro, sendo destacado
para servir na Diretoria do Ensino Naval. Tornou-se vice-diretor de Armamentos
da Marinha em fevereiro de 1935, desligando-se em janeiro de 1936 para fazer o
curso da Escola de Guerra Naval, que durou até dezembro.
Em março de 1937 assumiu o cargo de chefe da Divisão de
Planos do EMA, sendo promovido em setembro a capitão-de-mar-e-guerra. Chefiou a
Capitania dos Portos do estado de São Paulo de dezembro do mesmo ano a
fevereiro de 1940, assumindo em abril desse último ano o comando do encouraçado
Minas Gerais. Deixou o navio em outubro de 1941, por ter sido nomeado, pelos
ministérios da Marinha e das Relações Exteriores, presidente da Comissão Mista
Brasileiro-Paraguaia, encarregada de estudar os problemas de navegação do rio
Paraguai. Em dezembro do mesmo ano concluiu o curso de alto comando da Escola
de Guerra Naval. Assumindo a chefia do Comando Naval e da Flotilha de Mato
Grosso em outubro de 1942, em dezembro foi promovido a contra-almirante.
Nomeado adido naval junto à embaixada do Brasil em Washington
em abril de 1944, em junho representou a Marinha brasileira na Comissão de
Defesa Brasil-Estados Unidos. No mês seguinte participou da delegação da
Marinha à Junta Interamericana de Defesa, e em abril de 1945 fez parte da
delegação brasileira à Conferência das Nações Unidas, realizada em São
Francisco, nos Estados Unidos.
Promovido
a vice-almirante em outubro de 1945, em dezembro foi nomeado
comandante-em-chefe da Esquadra, assumindo o cargo em janeiro de 1946, poucos
dias antes da posse do general Eurico Gaspar Dutra na presidência da República.
Exerceu a função até junho do mesmo ano, sendo substituído pelo vice-almirante
Adalberto Lara de Almeida. No mês seguinte assumiu a chefia do EMA, em
substituição ao vice-almirante José Maria Neiva, e em setembro foi promovido a
almirante-de-esquadra. Em 3 de outubro, deixou a chefia do EMA — passando o
cargo ao vice-almirante Adalberto Lara de Almeida — e tornou-se ministro da
Marinha, em substituição ao almirante Jorge Dodsworth Martins. Foi transferido
para a reserva em julho de 1950, deixando o ministério em janeiro de 1951, no
término do mandato presidencial do general Dutra, tendo sido substituído na
pasta pelo almirante Renato de Almeida Guillobel, nomeado já sob o segundo
governo de Getúlio Vargas.
Faleceu no Rio de Janeiro no dia 19 de junho de 1957.
Foi casado com Leonor Barros de Noronha.
FONTES: Grande
encic. Delta; HIRSCHOWICZ, E. Contemporâneos; MIN. MAR. Almanaque (1946 e
1950); SERV. DOC. GER. MARINHA; SOC. BRAS. EXPANSÃO COMERCIAL. Quem.